Hibridação de Tilápia

Atualmente, quando a palavra de ordem na tilapicultura brasileira é a reversão sexual mediante a aplicação de hormônios, o trabalho de hibridação desenvolvido pela Estação de Piscicultura de Paulo Afonso – Bahia, pertencente à CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco, tem chamado a atenção dos técnicos e produtores que ali passam.

Encravada em plena região semi-árida nordestina, esta pequena Estação, de apenas 3,5 hectares de lâmina d’água, vem reproduzindo com sucesso ao longo dos últimos anos o famoso híbrido de tilápia resultante do cruzamento de Oreochromis hornorum (macho) X Oreochromis niloticus (fêmea), que representou, há duas décadas atrás, a grande esperança da consolidação do cultivo de tilápias no país.
Embora não se constitua na sua finalidade principal, a Estação tem produzido ultimamente, a cada ano, cerca de 50.000 alevinos híbridos. Este número, entretanto, é suficiente para atender cerca de vinte pequenos produtores distribuídos nos Estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas, que falam com satisfação do desempenho desse híbridos nos viveiros, bem como da eficiência do processo que, invariavelmente, resulta em 100% de machos ou “inférteis”.

Assim, não é difícil serem encontrados para comercialização nas feiras das cidades próximas a Paulo Afonso, híbridos de tilápias com excelente aparência e preço, advindos dessas pequenas pisciculturas.
Outro aspecto interessante desta Estação, construída pela CHESF em atendimento à Portaria SUDEPE nº 46/71, com início de funcionamento em janeiro de l973, é que embora sendo estatal, ao longo de toda a sua existência tem se mantido à margem das cíclicas crises das demais. Desta forma, a sua meta de produção, na ordem de quatro milhões de alevinos/ano, é facilmente alcançada, principalmente as de espécies nativas do São Francisco que são destinadas ao repovoamento das represas.

Na realidade, todo esse trabalho, inclusive o da hibridação de tilápias, é possível em função da dedicação e competência do tecnólogo em aqüicultura José Patrocínio Lopes, que dirige esta Estação desde 1984.

À propósito da produção do híbrido de tilápia, alguns aspectos devem ser ressaltados: inicialmente a rigorosa manutenção ao longo dos anos das linhagens parentais puras de O. hornorum e O. niloticus. Tais linhagens, assim como os primeiros passos da técnica de hibridação, Patrocínio trouxe da Estação de Piscicultura de Lima Campos – CE (DNOCS), onde no início da década passada trabalhou ao lado do renomado técnico Osmar Fontenele. Em segundo lugar, o aperfeiçoamento da técnica de hibridação a qual, dentre outros aspectos, inclui a formação de plantel de reprodutores a partir da larvas, ou seja a ‘afinidade de larvas ‘. Tais procedimentos, que breve estarão à disposição dos interessados mediante um artigo científico em elaboração, vêm permitindo ultimamente significativo avanço, de modo que a produção de uma fêmea por mês, que inicialmente era cerca de cinqüenta alevinos, atualmente alcança até duzentos e cinqüenta.