IBGE: Conheça os números da produção aquícola de 2015

Piscicultura cresce 1,88% em 2015, apesar da produção de tilápia no período ter crescido 9,7% em relação a 2014

Por:
Jomar Carvalho Filho
Revista Panorama da AQÜICULTURA

A piscicultura nas águas continentais, principalmente os peixes criados em viveiros, tanques-rede e outros sistemas, totalizou 483.241 toneladas, e demonstrou um crescimento de 1,88% em relação ao ano de 2014 (Tabela 1). A produção de camarões foi de 69.859 toneladas e cresceu de 7,45% em relação a 2014. A malacocultura – produção de ostras, vieiras e mexilhões – produziu 21.63 toneladas, e apresentou uma queda de 4,5% se comparada com a produção apurada em 2014.

Com relação aos insumos biológicos, os laboratórios produtores de pós-larvas de camarões produziram 17,05 bilhões de PLs, um desempenho 23,9% superior ao ano de 2014. Os laboratórios produtores de alevinos produziram 955,6 milhões de alevinos, um aumento de 19,84% em relação a 2014. A produção de sementes de ostras alcançou os 66.504 milheiros, 0,26% a menos que no ano anterior.


Piscicultura

Segundo o IBGE, em 2015 a produção total de peixes foi de 483.241 toneladas, com aumentos nas Regiões Norte (6,2%), Sudeste (12,7%) e Sul (13,1%). No Nordeste e Centro-Oeste, foram registradas quedas de 4,7% e 19,7%, respectivamente. A Figura 1 mostra os números da piscicultura nos anos de 2013, 2014 e 2015.

Com relação aos índices de crescimento anual, em 2015, a piscicultura mostrou um crescimento de 1,88% em relação a 2014. Esse índice é pequeno se comparado com o crescimento de 2014, que foi de 20,85% em relação a 2013. A ausência de chuvas, com reservatórios alcançando seus níveis mais baixos das últimas décadas, contribuiu bastante para isso. Entretanto, é importante lembrar que 2013 foi o primeiro ano que o IBGE foi a campo para conhecer, pela voz do produtor, os números da aquicultura brasileira, e a apuração a menos já era esperada. O próprio IBGE, na ocasião, previu que seriam necessários pelo menos cinco anos para que os números que passou a apurar fiquem o mais próximo possível dos números reais da produção aquícola brasileira.

 

Com relação a produção por Unidade da Federação, em 2015 o Estado de Rondônia manteve a primeira posição do ranking, tendo despescado 84.491 toneladas de peixes, registrando um aumento de 12,6% em relação a 2014. O Paraná assumiu a segunda posição, por ter despescado 69.264 toneladas, um aumento de 20,8% em relação a 2014, ultrapassando o Mato Grosso, que produziu 47.437 toneladas e assinalou uma queda de 22,2%. A produção por estado no ano de 2015 e o valor dessa produção, bem como os percentuais de crescimento podem ser vistos na Tabela 2. Os estados do Rio de Janeiro e Amapá foram os que menos produziram pela aquicultura, com 1.277 toneladas e 645 toneladas, respectivamente.

Com relação a produção municipal, o IBGE apurou que o Município de Rio Preto da Eva (AM) foi o principal produtor nacional de peixes, registrando a despesca de 14.100 mil toneladas. O Município de Jaguaribara (CE), mesmo com a queda de 18,4% de sua produção, continuou na segunda posição, com 13.800 toneladas em 2015. Lamentavelmente, em 2016, a estiagem severa levou as autoridades a proibir o cultivo de tilápia no Castanhão, paralisando, desta forma, a produção em Jaguaribara.

Tabela 2 - Quantidade produzida e valor da produção de peixes, segundo as Unidades da Federação – 2015 | Fonte: IBGE
Tabela 2 – Quantidade produzida e valor da produção de peixes, segundo as Unidades da Federação – 2015 | Fonte: IBGE

A pesquisa apontou ainda que Sorriso (MS), que vinha liderando a produção por município nos anos anteriores, caiu para a quarta posição devido a pronunciada redução ocorrida na criação de praticamente todas as espécies de peixes. Os motivos, de acordo com o levantamento realizado no município pelo IBGE, foram os altos custos de produção e a paralisação de um grande frigorífico na região, o que levou muitos produtores a reduzirem os investimentos ou até mesmo a desistirem da atividade.

A tilápia continua sendo a espécie mais criada no Brasil, com 219.329 toneladas despescadas em 2015, representando 45,4% do total da despesca nacional. Ainda que tenha tido uma queda de 2,7% com relação ao total produzido em 2014, a segunda espécie mais criada foi o tambaqui, com 135.867 toneladas despescadas, representando 28,1% do total de peixes produzidos no ano. A produção por tipo de peixe e o valor podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3 - Quantidade produzida e valor da produção de peixes, segundo a espécie ou grupo de peixes – Brasil – 2015 | Fonte: IBGE
Tabela 3 – Quantidade produzida e valor da produção de peixes, segundo a espécie ou grupo de peixes – Brasil – 2015 | Fonte: IBGE
Camarão

A produção de camarão foi de 69.859 toneladas em 2015, e apresentou um aumento de 7,45% em relação a 2014. A Região Nordeste foi responsável pela quase totalidade da produção nacional (99,3%), sendo os estados do Ceará e Rio Grande do Norte os maiores produtores. Na Tabela 4 é possível acompanhar a evolução da produção de camarões no país de 2013 a 2015, o valor estimado da produção e a evolução do preço médio do quilo do crustáceo.
O Ceará se manteve na liderança nacional, respondendo por 58,3% dos camarões produzidos, seguido pelo Rio Grande do Norte com 25,5%. Juntos, os dois estados responderam por 83,8% do total nacional. Os cinco principais estados produtores estão na Tabela 5.

Tabela 4 - Evolução da produção de camarões no país 2013-2015, valor estimado da produção e evolução do preço médio | Fonte: IBGE
Tabela 4 – Evolução da produção de camarões no país 2013-2015, valor estimado da produção e evolução do preço médio | Fonte: IBGE
Tabela 5 - Cinco principais estados produtores de camarão e sua produção, em toneladas | Fonte: IBGE
Tabela 5 – Cinco principais estados produtores de camarão e sua produção, em toneladas | Fonte: IBGE

Os cinco primeiros municípios do ranking foram cearenses: Aracati, Acaraú, Jaguaruana, Beberibe e Camocim. Mossoró e Canguaretama, ambos do Rio Grande do Norte, ficaram na sexta e na sétima posição, respectivamente. Os dez municípios que mais produziram camarão estão na Tabela 6. A chegada do vírus da Mancha Branca aos viveiros cearenses, principalmente no primeiro semestre deste ano, promete afetar de forma significativa a produção de camarão do país em 2016.

Tabela 6 - Dez principais municípios produtores de camarão | Fonte: IBGE
Tabela 6 – Dez principais municípios produtores de camarão | Fonte: IBGE

Ainda segundo o IBGE, a produção de larvas e pós-larvas de camarão, em 2015, foi de 17,04 milhões de milheiros, com um crescimento de 23,94% em relação a 2014. Assim como a produção de camarão, a produção de larvas e pós-larvas concentrou-se na Região Nordeste, principalmente nos estados do Ceará (50,2%) e Rio Grande do Norte (44,9%). O município Aracati (CE), foi o principal produtor de pós-larvas, respondendo por 26,1% da produção nacional e 52,1% da produção total do Estado do Ceará. Canguaretama (RN) e Touros (RN), segundo e terceiro colocados, respectivamente, responderam juntos por 82,7% do total produzido no Rio Grande do Norte (Tabela 7).

Tabela 7 - Dez principais municípios produtores de pós-larvas de camarão | Fonte: IBGE
Tabela 7 – Dez principais municípios produtores de pós-larvas de camarão | Fonte: IBGE

Ostras, vieiras e mexilhões

A produção de ostras, vieiras e mexilhões em 2015 foi de 21.063 toneladas, apresentando uma queda de 4,65% em relação ao ano anterior. O Estado de Santa Catarina se manteve isolado como o principal estado produtor, sendo responsável por 98,1% da produção brasileira. Segundo apurou o IBGE, a queda da produção observada no estado catarinense foi de 4,6% e decorreu de diversos fatores, entre eles a redução na demanda em virtude do alto valor desses produtos, associada à diminuição do poder aquisitivo da população. Outro fator detectado pelo IBGE foi a redução da oferta em razão de maior fiscalização sanitária, que reduziu o número de produtores informais. Dos 10 principais municípios produtores, nove são catarinenses, sendo Palhoça o de maior destaque, responsável por 65,2% da produção nacional e 66,5% da produção estadual.

A produção total de sementes de ostras, vieiras e mexilhões foi de 66,5 mil milheiros, representando uma queda de 0,26% em relação a 2014. A capital Florianópolis (SC) foi responsável por 91,1% do total de sementes de moluscos produzidas no país.

Tilápia

Em 2015, a produção da tilápia aumentou 9,7% em relação a 2014, um crescimento bem inferior aos 18,1% registrados no ano de 2014, em relação a 2013. Vale lembrar novamente que 2013 foi o primeiro ano em que o IBGE incluiu a aquicultura na Pesquisa Pecuária Municipal, e a produção apurada, por diversos motivos, foi abaixo do que estava realmente sendo produzido no campo. O valor total da produção de tilápia foi avaliada em 2015, pelo IBGE, em R$ 1,17 bilhão. E o preço médio recebido pelo produtor foi R$ 5,36, um valor 10,74% maior do que o preço médio recebido em 2014 (Tabela 8).

Tabela 8 - Evolução da produção de tilápia no país 2013-2015, valor estimado da produção e evolução do preço médio | Fonte: IBGE
Tabela 8 – Evolução da produção de tilápia no país 2013-2015, valor estimado da produção e evolução do preço médio | Fonte: IBGE

Com exceção do Amazonas, Roraima e Rondônia, todos os demais estados brasileiros e Distrito Federal, registraram a produção de tilápia (Tabela 9). O Estado do Paraná registrou um crescimento extraordinário de 23,38% com relação a 2014, e liderou a produção nacional com 63.025 toneladas, seguido por São Paulo, Ceará, Santa Catarine e Minas Gerais. O Ceará foi o único estado que registrou queda (-23,12%), caindo para a terceira posição em decorrência das grandes mortalidades ocorridas no açude do Castanhão, onde atualmente está proibida a instalação de tanques-rede.

Tabela 9 - Cinco principais estados produtores de tilápia e sua produção, em toneladas | Fonte: IBGE
Tabela 9 – Cinco principais estados produtores de tilápia e sua produção, em toneladas | Fonte: IBGE

Dos 5.570 munícipios do país, o IBGE encontrou a tilapicultura sendo praticada em 1.945 deles. O município de Jaguaribara (CE), embora tenha apresentado queda acentuada em relação a 2014, se manteve na liderança do ranking da produção de tilápia, com 13.800 toneladas despescadas. Nova Aurora (PR), que em 2014 ocupava a 10ª posição, passou a ser o segundo município produtor de tilápia (9.067 toneladas). Assis Chateaubriand (PR) manteve a terceira posição, com a produção de 7.000 mil toneladas, seguido por Toledo (PR), Santa Fé do Sul (SP) e Orós (CE). Os dez municípios com a maior produção de tilápia e a respectiva produção podem ser vistos na Tabela 10.

Tabela 10 - Dez principais municipios produtores de tilápia - Fonte: IBGE
Tabela 10 – Dez principais municípios produtores de tilápia – Fonte: IBGE

A Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE

Por quase três décadas a indústria aquícola brasileira ficou sem saber com um mínimo de precisão, o seu tamanho e por onde se distribuía. Eram dados fabricados em gabinetes, na maioria das vezes para atender interesses políticos. Desde que passou a ser feita pelo IBGE, uma das mais confiáveis instituições brasileiras, o setor passou a ser agraciado com dados que, a cada ano, se aprimoram. Assim sendo, o setor aquícola deve prestar seu apoio para que a apuração dos dados seja ainda mais refinada, e que dê respostas ainda mais úteis para que, tanto a indústria de suprimentos quanto os produtores e consumidores desfrutem mais e melhor da produção aquícola nacional.