Piscicultura produziu 551,9 mil toneladas, com alta de 4,3% frente a 2019
Desde 1945, a Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM do IBGE investiga, anualmente, informações sobre as espécies animais criadas – bovinos, suínos, galináceos, equinos, caprinos e ovinos, e inclui a produção de produtos de origem animal, como o leite, ovos, mel, lã entre outros. A PPM é uma referência segura e, por décadas, ajuda a nortear essas cadeias. Por conter a produção dos municípios, auxilia o setor público na elaboração de políticas e o setor privado, na melhor forma de oferecer seus insumos, produtos e serviços. Entretanto, foi somente a partir de 2014 que o IBGE passou a coletar sistematicamente informações da produção de peixes, camarões e moluscos cultivados, bem como o preço médio pago aos aquicultores, tendo incorporado definitivamente a aquicultura na Pesquisa Pecuária Municipal. De lá para cá, o órgão vem aprimorando ano a ano a sua capacidade de avaliar a produção aquícola brasileira. A coleta das informações se dá de janeiro a março e a divulgação da produção do ano anterior acontece nos meses de outubro.
O ano aquícola de 2020
O IBGE divulgou em outubro deste ano o perfil da produção aquícola de 2020. A produção de peixes foi de 551,9 mil toneladas, um aumento de 4,28% em relação a 2019, e foi avaliada em R$ 4,04 bilhões. A produção de camarão cresceu 14,07% e totalizou 63,16 mil toneladas despescadas, avaliadas em R$ 1,32 bilhão, 9,32% superior ao apurado em 2019. Já produção de moluscos, apesar de ter registrado queda de 6,38% no volume (14,3 mil toneladas), teve um aumento de 11,36% no total das vendas, avaliadas em R$ 78 milhões.
No total, a aquicultura brasileira despescou 629,4 mil toneladas de pescado, um aumento de 4,91% frente ao que foi produzido em 2019. Nas vendas, o setor movimentou R$ 5,44 bilhões, superando em 15,69% o ano de 2019 (Tabela 1).
Como nos anos anteriores, a produção de peixes apurada pelo IBGE em 2020 diverge de forma significativa dos números divulgados, no início do ano, pela Associação Brasileira de Piscicultura (PEIXE BR). Segundo o Anuário da Associação, em 2020 o país produziu 802 mil toneladas de peixes, um volume 45,32% maior que as 551,9 mil toneladas apuradas pelo IBGE. Da mesma forma, o volume da produção de camarão divulgado pela Associação Brasileira de Produtores de Camarão (ABCC) para o ano de 2020 (112 mil toneladas) foi 77,6% maior que a produção apurada pelo IBGE (63,2 mil toneladas).
Formas jovens
A produção das formas jovens – alevinos de peixes, pós-larvas de camarão e sementes de moluscos -, movimentou 507,6 milhões de reais, um valor 12,88% maior que o apurado pelo órgão em 2019.
Segundo o IBGE, em 2020 foram produzidas 12,5 bilhões de pós-larvas do camarão vannamei, avaliadas em R$ 170,6 milhões, um aumento de 4,54% no número de PLs produzidas e 12,56% no valor recebido pelos laboratórios, em relação a 2019.Já a produção de alevinos, principal insumo da piscicultura, atingiu 1,36 bilhões de unidades, e superou em 2,18% a quantidade produzida em 2019, movimentando R$ 336 milhões, ou 13,28% a mais em relação ao ano anterior.
Na malacocultura a produção de sementes de moluscos – ostra, mexilhão e vieira -, sofreu uma queda acentuada em 2020, quando foram produzidas 26,4 milhões de unidades, uma quantidade 42,64% menor que a produzida em 2019. A produção de sementes movimentou R$ 1,1 milhões, um valor 31,1% menor que em 2019 (Tabela 2).
A piscicultura em 2020
Segundo o IBGE, a produção total de peixes para consumo em 2020 cresceu 4,3% e atingiu as 551,9 mil toneladas. Neste cenário a tilápia se manteve como a espécie mais cultivada, tendo sido despescadas 343,6 mil toneladas. A tilápia também aumentou sua participação no total de peixes cultivados, representando agora 62,26% da produção nacional.
O tambaqui se manteve como a segunda espécie mais cultivada no país, com 100,5 mil toneladas despescadas, um volume 0,5% menor que o apurado em 2019 (101,07 mil toneladas). O tambaqui representou 18,32% da produção nacional em 2020. A soma da produção dos “peixes redondos”, representados pelo tambaqui, pacu, pirapitinga e todos os seus híbridos, foi de 156,8 mil toneladas, um aumento de 1,1% em relação ao ano anterior.
Além do tambaqui, outros peixes também tiveram seus volumes de produção reduzidos em relação a 2019. São eles: carpa (-3,4%), lambari (-4,54%), pacu e patinga (-3,94%) e pirarucu (-0,37%) (Tabela 3).
Em 2020, o ranking dos cinco principais estados produtores de peixes se manteve o mesmo de 2019. O Paraná, movido pela tilapicultura, manteve a liderança da produção de peixes, com 140,2 mil toneladas despescadas. São Paulo também aumentou em 8,14% a sua produção, e manteve a segunda colocação com 54,9 mil toneladas. Rondônia, ainda que tenha tido uma queda de 0,84% no volume total produzido, se manteve na terceira colocação com 48,3 mil toneladas. Minas Gerais, que vem apostando todas as fichas na tilapicultura, cresceu 0,46% e despescou 36,3 toneladas, mantendo a quarta colocação. Mato Grosso manteve a quinta colocação com 35,4 mil toneladas despescadas, tendo crescido 4,28% em 2020. Na outra extremidade, Amapá (906 toneladas) e Rio de Janeiro (1.251 toneladas) foram os estados que menos produziram peixes cultivados em 2020. (Tabela 4)
A tilapicultura está presente em todos os estados brasileiros com exceção do Amazonas, Roraima e Rondônia, e foi encontrada em 2.510 municípios do país. O Paraná, lidera disparado a produção de tilápias, com 134,3 toneladas, fruto de um surpreendente aumento anual de 11,56%. São Paulo, na segunda colocação, despescou 50,2 mil toneladas, e também experimentou um aumento formidável de 10,18%. Minas Gerais, Santa Catarina e Pernambuco completam os cinco principais produtores. Entre os municípios, os cinco principais foram Nova Aurora (PR) 19,7 mil toneladas, Morada Nova de Minas (MG) 14,9 mil toneladas, Palotina (PR) e Toledo (PR) com 10,5 toneladas cada uma, e Santa Fé do Sul (SP) 10,3 mil toneladas.
O tambaqui segue sendo a segunda espécie de peixe mais cultivada no Brasil, com registros de produção em todos os estados, exceto Santa Catarina. Criações de tambaqui foram encontradas em 1.120 municípios do país, e totalizaram 100,5 mil toneladas. No ranking dos cinco principais estados produtores, Rondônia lidera com 39,6 mil toneladas produzidas, seguido do Maranhão com 11,5 mil toneladas, Roraima com 11,2 mil toneladas, Pará com 8,4 mil toneladas e Amazonas com 6,2 mil toneladas. Entre os municípios, Ariquemes (RO) lidera com 8,9 mil toneladas, Amajari (RR) com 4,3 mil toneladas, Cujubim (RO) com 4,1 mil toneladas, Almas (TO) com 4 mil toneladas e Paragominas (PA) com 3,2 mil toneladas.
Carcinicultura
A carcinicultura está presente em 169 municípios de 16 estados brasileiros. Segundo o IBGE, em 2020 foram produzidas 63,1 mil toneladas de camarão, um aumento de 14,07% frente a 2019. Com crescimento anual de 5,77%, o Rio Grande do Norte produziu 21,9 mil toneladas e liderou o ranking dos estados produtores, seguido pelo Ceará (20,9 mil toneladas), Paraíba (5.200 toneladas), Sergipe (4.500 toneladas) e Bahia (3.189 toneladas) (Tabela 5). Os principais municípios produtores foram Aracati (CE) (3.919 toneladas), Pendências (RN) (3.777 toneladas), Acaraú (CE) (2.626 toneladas), Canguaretama (RN) (2.620 toneladas), e Arês (RN) (2.580 toneladas) .
Mexilhões, Ostras e Vieiras
Em 2020, a criação de moluscos (malacocultura) foi praticada em dez estados litorâneos brasileiros. O volume produzido alcançou as 14,3 mil toneladas, avaliadas em R$ 78 milhões, uma queda de 6,38% no volume e um aumento de 11,36% em valor de venda. Esses números atestam que a produção ainda se mantém bem distante das 21 mil toneladas, média do volume que foi produzido entre 2013 e 2017. O Estado de Santa Catarina ainda é, de longe, o principal polo produtor. As 13,8 mil toneladas produzidas pelo estado em 2020, representam 96,5% do total produzido no país. Paraná foi o segundo colocado no ranking com 185 mil toneladas, seguido do Rio de Janeiro (67,2 mil toneladas), Alagoas (51,2 mil toneladas), Pará (48,8 mil toneladas) e São Paulo (43,7 mil toneladas), uma queda de 34% no volume produzido em 2019 (Tabela 6).
A malacocultura foi encontrada em 43 municípios litorâneos. O município catarinense de Palhoça foi responsável pela produção de 8,8 mil toneladas, representando sozinho 63,7% da produção nacional. Foi seguido de Florianópolis (1,8 mil toneladas), Bombinhas (1,07 mil toneladas), São José (SC), 760 toneladas e Penha (600 toneladas).