Por: Helga Josupeit – FAO – Fish Utilization and Marketing Service
Os padrões de comércio de pescados têm sido modificados pelo cultivo de espécies de grande valor comercial destinadas, normalmente, à mercados exportadores. Dois commodities que experimentaram um substancial aumento de comércio devido a aqüicultura foram os salmões e os camarões. O comércio de produtos a base de camarões duplicaram nos últimos dez anos, alcançando um milhão de toneladas. Também as exportações de salmões frescos ou congelados mais que duplicaram no mesmo período, com destaque para o incrível crescimento no comércio de salmões frescos. Os maiores crescimentos na produção da aqüicultura foram, geralmente, seguidos de uma perturbação no mercado e de um súbito declínio dos preços.
CAMARÕES
Em 1989, os preços dos camarões caíram aproximadamente 40% à medida que os camarões chineses chegaram ao mercado (Fig. 1 – abertura da matéria). Da mesma forma, os preços despencaram em 1991, quando os camarões tailandeses inundaram o mercado.
O pico da produção mundial de camarões pela aqüicultura aconteceu em 1992 com 840.000 t, com a China se destacando como principal produtor (Fig. 2). Em 1993, este país colocou o mercado internacional de camarões num rodamoinho. Rumores de doenças nos viveiros de camarões chineses começaram a ser espalhados em setembro de 1993.
A produção chinesa caiu de 220.000 t em 1992, para 55.000 t em 1993 e, ainda por problemas de doenças, fechou 1994 com 35.000 t, uma queda de 40% sobre a produção de 1993. Desde então, o mercado ainda não se recuperou e, em registros de fevereiro de 1995, os preços dos camarões continuavam subindo.
A indústria de camarões cultivados recuperou-se parcialmente em 1994 (Fig. 1), mas este aumento foi devido somente a uma boa safra tailandesa. A Tailândia é no momento o principal produtor de camarões cultivados no mundo, tendo produzido 225.000 t em 1994, aproximadamente 75.000 t a mais que em 1993.
A produção de camarões da Índia em 1994 foi estimada em 70.000 t e, os relatórios preliminares da safra 1995, apontam para o um grande desastre, em termos de perda de produção, na costa Sudeste da Índia. Rumores, não confirmados, apontam também para os viveiros vietnamitas, como afetados por doenças provocadas por vírus no início deste ano.
A Tailândia, é praticamente o único país produtor que gerencia o crescimento de sua carcinicultura sem muitos problemas. O país aprendeu com os problemas por que passou nos anos 80 e as fazendas de camarões, especialmente aquelas instaladas na costa sul, utilizam estratégias para manter a boa qualidade da água nos viveiros.
SALMÃO
Os preços dos salmões caíram vertiginosamente em 1989, 1990 e 1993 quando a enorme produção norueguesa entrou no mercado. Uma estratégia de estabilização utilizada pelos produtores noruegueses obteve um grande sucesso na medida em que as produções de 1993 e 1994 cresceram ainda mais, sem contudo provocar novos declínios nos preços de mercado. Atualmente o preço do salmão do Atlântico, a principal espécie cultivada, está 40% abaixo dos preços anteriores a 1989 (figura 3).
A Noruega é, com larga vantagem, o principal país produtor de salmão, responsável por 48% da produção mundial (Fig. 4). Em 1995, o país espera produzir 250.000 toneladas.
Para não assustar o mercado, criando problemas de preços para os produtores noruegueses de salmão, novos mercados são constantemente pesquisados para a colocação do produto e, curiosamente, a China, mesmo tendo uma cozinha não muito apropriada para o uso do salmão, acaba de ser identificada como um grande mercado potencial.