“A aquicultura e a pesca vivem momento especial no Brasil, com crescimento de 20% ao ano, e Minas Gerais tem enorme potencial nessa área. Por isso o novo curso de aquicultura na UFMG é estratégico.” O ministro Altemir Gregolin, iniciou dessa forma a aula inaugural que ministrou em 16 de março, no auditório da Escola de Veterinária da UFMG, para os alunos do novo curso de aquicultura, falando com otimismo das perspectivas do setor, do trabalho realizado pelo governo federal e das promissoras áreas de atuação para os novos bacharéis em aquicultura.
O curso de graduação oferecido pela UFMG, o terceiro no Brasil e o primeiro na Região Sudeste (os outros estão em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte), tem como objetivo aperfeiçoar a produção comercial de organismos aquáticos, oferecendo uma visão completa sobre essa produção, desde a reprodução até o processamento e a comercialização do pescado. De acordo com o ministro, as perspectivas de crescimento são maiores na aquicultura que na pesca, e é preciso que o país se torne competitivo. “Precisamos conquistar alta produtividade e baixo custo, o que inclui o desenvolvimento da pesquisa”, afirmou Gregolin, que anunciou estudos adiantados para a criação de um núcleo da Embrapa para o setor e a iminente transformação da Secretaria de Aquicultura e Pesca em ministério. Gregolin ofereceu apoio ao curso e aos alunos, e destacou que eles devem encontrar ótimas oportunidades nessa área, especialmente em Minas Gerais, “que dispõe de fartura de água, especialmente em reservatórios de hidrelétricas, que serão utilizados para o incremento da produção”.
O curso de bacharelado em aquicultura, com duração de cinco anos, oferece 50 vagas por ano. Os quatro primeiros semestres são destinados à formação básica, e atividades em outras unidades da UFMG, como os institutos de Ciências Biológicas (ICB) e Ciências Exatas (ICEx). O estudante vai aprender desde aspectos técnicos e naturais, até questões gerenciais e administrativas relacionadas à área, em cinco segmentos de aprendizado: biologia aquática; sistemas de produção e sanidade aquícola; engenharia aplicada à aquicultura; administração e economia; e meio ambiente (legislação e controle). Os seis períodos restantes, que compõem o ciclo profissional, serão cursados em sua maioria na Escola de Veterinária, onde está o Laboratório de Aquacultura (LAQUA), referência nacional em pesquisa na área. Também haverá atividades nas unidades de demonstração da Fazenda Experimental de Pedro Leopoldo, que pertence à unidade.
A aquicultura na UFMG
Desde a década de 80 a Escola de Veterinária da UFMG (EV/UFMG) tem empenhado esforços para desenvolver a aquicultura como atividade de produção de alimentos de alta qualidade, que beneficiem as variadas classes sociais formando profissionais capacitados e criando mecanismos de difusão de novas tecnologias. Em 2001 a FINEP financiou a construção do hoje denominado LAQUA (Laboratório de Aquacultura), investindo cerca de um milhão de reais, quando a EV/UFMG tornou-se uma das pioneiras na implementação de um complexo de laboratórios, único na América Latina, envolvendo a produção de organismos aquáticos em recirculação de água, englobando todas as etapas da cadeia produtiva. Segundo o diretor da EV/UFMG Francisco Lobato, a SEAP tem atuado de forma importante para a viabilização do LAQUA, que deverá funcionar integralmente até 2010. Em 2005, a SEAP investiu R$527.300,00 na implementação de uma unidade de reprodução e produção de formas jovens de tilápia (Oreochromis spp) e surubim (Pseudoplatystoma spp) e posteriormente, em 2006, R$1.360.000,00 para implantação do setor de engorda e processamento de pescado. Em agosto de 2006, quando visitou as instalações do LAQUA o ministro Altemir Gregolin manifestou o desejo de criação de um curso de graduação em aquicultura na UFMG, tendo em vista a inexistência de um curso desta natureza na Região Sudeste. Em resposta a essa solicitação a UFMG desencadeou o processo de criação do Curso de Aquicultura que veio de encontro ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI. Em dezembro de 2007 a proposta de criação do curso foi aprovada pelo Conselho Universitário – CEPE – UFMG.
A aula inaugural do curso contou com a participação do Superintendente da SEAP/MG Wagner Alves Benevides, do Assessor de assuntos agropecuários do Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais Prof. Roberto Baracat de Araújo, do Diretor da Escola de Veterinária Prof. Francisco Carlos Faria Lobato, da Coordenadora do Curso de Aquicultura Profª Denise Aparecida Andrade de Oliveira, dos demais professores e, principalmente, com a participação dos primeiros 25 alunos do bacharelado em aquicultura da UFMG.
Para compor o corpo docente do Curso de Aquicultura, inicialmente a UFMG disponibilizou oito vagas para professores, nove vagas para equipe técnica além de seis vagas para equipe administrativa. O projeto pedagógico completo, a matriz curricular e os editais de contratação de professores encontram-se no site da Escola de Veterinária da UFMG (www.vet.ufmg.br).
