Melhoramento Genético e a Doença dos Pontos Brancos
Nos últimos anos, a indústria camaroneira vem sendo afetada de maneira desastrosa pelo surgimento de novas enfermidades que, de forma sistemática, vem destruindo colheitas inteiras e produzindo perdas de cifras que chegam a somar vários bilhões de dólares. A maioria dos cultivos aquáticos se dá em sistemas intensivos de monocultura, o que torna-os extremamente vulneráveis a grandes perdas econômicas devido a epidemias de doenças. Perdas por enfermidades conhecidas e por patógenos ainda desconhecidos estão bem documentadas nos últimos 10 anos, sendo as culturas mais afetadas, aquelas que ainda utilizam animais não domesticados ou de linhagens desconhecidas. O desenvolvimento de linhagens resistentes a patógenos de importância econômica é uma maneira eficaz de abordar este problema.
O melhoramento genético produz linhagens domesticadas, mais adaptadas às condições de produção dos ambientes artificias das culturas em cativeiro, proporciona a capacidade de cultivar animais melhores e em menos tempo, com uma sobrevivência maior e a um custo mais baixo. A aqüicultura, no entanto, se mantém praticamente intocada pelos benefícios da aplicação de tecnologias mais avançadas de reprodução (breeding).
As condições ambientais dos sistemas de cultivo e aquelas do meio natural são muito diferentes. A maioria dos organismos utilizados pela indústria de aqüicultura continuam geneticamente semelhantes a seus parentes selvagens. Seria como se a indústria avícola e pecuária ainda estivessem usando os ancestrais selvagens do início da domesticação animal. É muito pouco provável que a aqüicultura consiga alcançar os êxitos e as produtividades de outros setores agrícolas a menos que atinja uma domesticação real das espécies cultivadas e, ferramentas genéticas podem direcionar e acelerar este processo, produzindo grupos de animais dentro da espécie cultivada que estejam mais adaptados ao meio de cultura.
Vannamei
A informação genética, que define todos os organismos vivos, está codificada no genoma de cada espécie. O genoma do camarão marinho L. vannamei consiste de aproximadamente 4 bilhões de pares de nucleotídeos. Teoricamente cada característica ou função de um ser vivo, está associada a pelo menos um gen. No entanto, na maioria dos organismos, apenas 5% do genoma apresenta função genética e os demais 95% estão associados a funções duplicatórias e regulatórias. Na seqüência que forma o genoma, existem combinações de pares de nucleotídeos que se repetem e formam grupos conhecidos como “micro-satélites”. Existem milhares de “micro-satélites” espalhados de forma randômica por todo o genoma de todos os organismos vivos e alguns podem ser localizados na mesma exata posição no genoma de animais da mesma espécie ou de espécies próximas. Isto significa que se identificamos um “micro-satélite” adequado para o L. vannamei, podemos identificar e distinguir indivíduos daquela espécie independentemente de sua origem – Peru, Panamá, México, Equador, e mesmo animais de origem altamente selecionadas como no caso do Brasil e da Venezuela.
“Micro-satélites” – Marcadores genéticos para o futuro: a ferramenta preferida da aqüicultura
Quando examinamos um “micro-satélite” específico proveniente de espécimes de L. vannamei de origens distintas, vemos que alguns apresentam uma grande variação dentro da mesma posição (locus). Esta variação é justamente o que nos permite usar este específico “micro-satélite” como um marcador em potencial e a variação como instrumento para diferenciar indivíduos, famílias e até mesmo populações. Alguns “micro-satélites” apresentam uma variação alélica muito grande e esta característica os torna especialmente atraentes para um número muito grande de aplicações, tais como: análise de pedigree, determinação de “inbreeding”, identificação de possíveis características de valor comercial (como resistência a enfermidades, crescimento rápido e etc.) e ajuda em programas de seleção e domesticação.
Vários setores da agricultura vem usando micro-satélites como ferramenta para a melhoria genética de seus produtos, sendo que a maioria dos produtos agrícolas terrestres vem sendo produzida utilizando-se plantas e animais geneticamente modificados para o aumento de sua performance comercial, mostrando pouquíssimas semelhanças com seus ancestrais selvagens. Se estima que a relação de custo/ benefício gerados por programas de melhoramento genético e domesticação variam entre 5:1 a 50:1.
Melhoria genética – como pode beneficiar o Brasil
A carcinicultura no Brasil adotou uma espécie exótica, o que a põe em uma posição vulnerável, já que o trabalho de muitas anos de seleções e de cruzamentos, pode ser perdido de forma devastadora pelo simples aparecimento de um agente patogênico novo ou por pressões ambientais. Por outro lado, com o conhecimento a nível genético das populações utilizadas está garantida a rápida reconstituição do plantel perdido.
Com o constante surgimento de epidemias atribuídas a doenças pré-existentes e a doenças novas, a carcinicultura vem passando por ciclos de alta e baixa produção que se devem exclusivamente ao fato de estar ainda sendo executada através da utilização de animais não domesticados e suscetíveis a enfermidades. A Aquafauna Bio-Marine, Inc. entende que sua sobrevivência como empresa depende da sobrevivência de seus clientes. Com esta necessidade eminente de manter a indústria do camarão viva, a Aquafauna, decidiu através da criação de uma empresa irmã, ASICO, combater este problema de forma mais direta. A ASICO é uma companhia de informação genética, que desenvolveu bancos de informação e marcadores genéticos, para as espécies de maior valor comercial. A tecnologia baseada em marcadores genéticos, tem sido usada para o melhoramento genético através de reprodução seletiva pelos últimos 20 anos.
Ao trazer esse serviço à indústria aqüícola, a ASICO proporciona aos produtores a possibilidade de desenvolver o pedigree dos animais utilizados, selecionar os espécimes mais adequados entre seus reprodutores para a obtenção de famílias resistentes a enfermidades, famílias com crescimento mais acelerado ou qualquer outra característica de valor comercial que o cliente queira desenvolver. Com as informações adquiridas o produtor obterá um maior controle de seus programas de reprodução seletiva, podendo sempre a qualquer momento voltar ao banco genético para avaliar o progresso de seus animais ou mesmo introduzir espécimes novos, sem comprometer o padrão das famílias usadas.
Para mais informações: ASICO, PO Box 5, Hawthorne , Califórnia 90250, USA fone: # (310) 973-5275, Fax: # (310) 676-9387