Maricultura

A atividade é incentivada de Norte a Sul do País


O alto valor comercial e a pequena oferta de moluscos no mercado vem despertando a atenção para o seu cultivo, que pode ser uma boa opção de renda para comunidades pesqueiras, tanto no Norte quanto no Sul do Brasil. A exemplo de Santa Catarina, que já conquistou com Florianópolis o título de capital nacional da ostra, os Estados do Rio de Janeiro e do Ceará também se organizam de forma a implementar projetos de cultivo como os de Paraty-Mirim, município localizado no litoral sul do Rio de Janeiro, e os de Amontada e Itarema, no litoral cearense, cuja proximidade de Fortaleza facilita a comercialização de Crassostrea rhizophorae, garantindo ganhos extras para famílias carentes envolvidas no cultivo desta espécie nativa.

A ostreicultura nesses dois municípios vem sendo desenvolvida pela ONG – Fundação Netuno, em conjunto com o Sebrae-CE e a Secretaria do Trabalho e Ação Social e há uma expectativa geral de que em dezembro os moluscos estejam prontos para comercialização quando a dúzia da ostra será vendida a R$ 5,00. Com a comercialização o ganho mensal dessas famílias poderá passar de R$ 30,00 a R$ 300,00. Assim que a cadeia produtiva tenha completado seu ciclo o cultivo deverá se expandir a outros municípios.

A Fundação Netuno está desenvolvendo também outros projetos no litoral cearense como o do cultivo de vieiras Nodipecten nodosus, em conjunto com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente e de ostras perlisera Pintacta margaritifera, produtoras de pérolas, com apoio da Secretaria da Ciência e Tecnologia do Ceará. A fazenda marinha, instalada a 63 quilômetros de Fortaleza, já conta com 400 matrizes de perlisera. A Fundação Netuno pretende produzir ainda a ostra intã Spondylus americanus, para ser vendida como artesanato, para isso está testando e já conseguiu junto ao IED-BIG – Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, as duas únicas desovas em laboratório dessa espécie no mundo.

Fazenda-modelo

A Baía da Ilha Grande, localizada no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, possui lindas praias, ilhas virgens, mar calmo e água transparente. Para perpetuar esta maravilha natural, o IED-BIG – Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande, vem desenvolvendo de forma sustentável junto a comunidade pesqueira, os cultivos de ostras, mexilhões e vieiras, além de promover o repovoamento da natureza com juvenis destas espécies.

Em Paraty, o IED-BIG está dando início ao programa de transferência de tecnologia junto à comunidade, sob o patrocínio da Petrobrás. Em conjunto com a Prefeitura Municipal, a Associação dos Maricultores, o Instituto de Preservação Histórica e Ambiental do Cairuçu e a Associação dos Moradores e Amigos de Paraty-Mirim o IED-BIG está desenvolvendo o POMAR – Projeto de Povoamento Marinho da Baía da Ilha Grande que implantará uma fazenda marinha modelo, na qual todos os interessados poderão receber informações e treinamento sobre esses cultivos. A fazenda-modelo será gerida pela comunidade e custeada, por três anos, pelo IED-BIG e a Petrobrás. Prevê a contratação de funcionários fixos, cursos gratuitos, e a presença constante de um especialista para orientar os interessados.

A iniciativa é uma das principais medidas para promover a geração de empregos e de renda na zona costeira, uma das prioridades do Plano Comunitário desenvolvido recentemente em Paraty-Mirim. O presidente do IED-BIG, José Luiz Zaganelli, esteve no SEBRAE em Paraty para uma reunião junto aos pescadores, quando apresentou o programa. O prefeito José Cláudio garantiu total apoio à iniciativa.