Por: Melania Alice Costa
O Projeto Martim Pescador reuniu, nos dias 7 e 8 de dezembro, em Caraguatatuba, no litoral do Estado de São Paulo, técnicos em maricultura, autoridades municipais e representantes do Ministério da Agricultura, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, da F AO – Food and Agriculture Organization envolvidos no sub-projeto ‘ Criação de Mexilhões’ .
O objetivo do encontro foi o de promover um balanço das atividades do projeto na primeira fase e deflagrar a segunda fase que se inicia em 92, coincidindo com a chegada do Projeto Aquilla II, também da FAO.
A proposta também era de nivelar o conhecimento técnico com a apresentação dos resultados obtidos na primeira fase e o repasse da tecnologia, com aulas práticas no próprio cultivo, para núcleos de Mangaratiba, Cabo Frio e Bertioga que estão em fase de implantação.
Aspectos como o levantamento ambiental, extensão em aqüicultura, aspectos sanitários e técnicos, foram discutidos e avaliados, assim como foram elaboradas as metas para a segunda fase.
Fundamental o depoimento de pescadores, hoje maricultores, que garantem, ao final de um ano de colheita ininterrupta, que o projeto é de excelente viabilidade econômica, por adotar técnicas simples de cultivo e permitir o envolvimento de homens, mulheres e jovens.
A possibilidade de desenvolver uma atividade econômica próxima da sua realidade e de seu ambiente de trabalho, aproveitando todos os seus conhecimentos sobre o mar, atraiu ao encontro pescadores de outras regiões além do litoral paulista.
“A situação da pesca é caótica ” afirma um dos presentes.”Quando se pesca 90 dias, ficando desempregado por mais 90, é necessário partir para outras atividades”. Para a FAO, a importância do projeto vai muito além de uma faixa do litoral paulista. A Maricultura e a cultura de bivalves visa a possibilidade do Brasil, como um todo, ser um produtor de alimentos para um contexto mundial.
RESULTADOS DO ENCONTRO
Definidas as técnicas básicas de cultivo através da experiência e pesquisa da primeira fase, incluindo as características sociais do projeto, as metas principais para a segunda fase são a definição dos critérios sanitários para a produção e a comercialização; ampliação dos núcleos; desenvolvimento de pesquisas relativas à semeadura e colheita; maior envolvimento na abrangência social do projeto com as escolinhas de rede e a participação de jovens e mulheres.
O Projeto Martim Pescador garante o acompanhamento técnico aos núcleos cujo objetivo é a criação de mexilhões, independente da forma de agregação, sejam à partir de colônias, das Secretarias Municipais de Agricultura do Meio Ambiente, das Universidades ou de iniciativas da própria comunidade.
O alerta de Geraldina Leonice de Almeida, coordenadora do projeto, ao final de sua avaliação junto aos pescadores, já maricultores ou em fase de treinamento, é para que esta liberdade de formação de novos núcleos se alie à responsabilidade de, sendo estes os primeiros pescadores mitilicultores do país, terem como prioridade a produção com qualidade para que seja consumido sem problemas sanitários.
“O mexilhão produzido pelo projeto Martim Pescador deverá ter como diferencial a alta qualidade que lhe garantirá lugar seguro no mercado competitivo onde não há hoje a mínima preocupação quanto à origem, produção, armazenamento e distribuição”, afirma Geraldina.