Por: Débora Machado Fracalossi
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Evoy Zaniboni Filho
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Samira Meurer
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Apesar de apresentar grande importância no cenário nacional, mais de 50% da piscicultura catarinense encontra-se baseada na produção de tilápias, uma espécie tropical não adaptada às condições climáticas da Região Sul, como pode ser evidenciado no rigoroso inverno de 2000, quando ocorreu grande mortalidade desta espécie em todo o estado. O modelo de produção mais participativo em Santa Catarina é o policultivo de carpas e tilápia em consorciação com suínos, sendo que a tilápia é a espécie principal, constituindo 80% da população dos viveiros. Este é um sistema que não necessita grandes investimentos iniciais, o que é bastante interessante para diversificar a produção e aumentar a renda do pequeno produtor rural. Para o grande investidor, porém, este sistema é de difícil manejo e acaba gerando baixos retornos financeiros e para o pequeno produtor, seria mais interessante o cultivo de uma espécie já adaptada às condições climáticas da região. Desta forma, o Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (LAPAD), pertencente ao Departamento de Aqüicultura da Universidade Federal de Santa Catarina, tem direcionado seus esforços para ampliar o conhecimento e gerar tecnologias de cultivo maciço de espécies adaptadas ao clima da Região Sul, pois credita-se que o repasse destas tecnologias ao setor produtivo, resultará no aumento da produtividade e do lucro para os piscicultores sulistas.
As espécies nativas da região e que evoluíram neste ambiente, apresentam adaptações que potencialmente se tornam mais aptas ao cultivo nestas condições. Para conhecer a composição da comunidade de peixes e identificar as possíveis espécies com características zootécnicas desejáveis à piscicultura, a equipe(1) do LAPAD tem estudado, desde 1995, uma porção do trecho superior da bacia do rio Uruguai, a maior bacia hidrográfica da região. As instalações do LAPAD estão localizadas na Lagoa do Peri, em Florianópolis – SC e se distribuem em laboratórios de pesquisa (nutrição de peixes, microscopia, limnologia), e infra-estrutura com tanques destinados à realização de experimentos de nutrição, qualidade da água, larvicultura e reprodução
Entre os peixes estudados, destacam-se o curimbatá, a piracanjuba, o dourado, a piava e os bagres jundiá, suruvi e pintado amarelo. Pesquisas têm sido desenvolvidas no LAPAD com o objetivo de conhecer a biologia e o potencial de cultivo destas espécies em cativeiro, já que poucos estudos neste sentido foram realizados nas condições climáticas da região Sul. A tabela na página 45 sumariza algumas características zootécnicas destas espécies.
Jundiá
Dentre os bagres, o jundiá (Rhamdia quelen) apresenta grande potencial para a aqüicultura na Região Sul, por ser uma espécie que apresenta rápido crescimento, mesmo nas baixas temperaturas observadas no inverno no estado de Santa Catarina, se reproduzindo praticamente ao longo de todo o ano, com exceção dos meses mais frios (junho a agosto). A equipe do LAPAD, através de estudo financiado pela EMBRAPA, realizou uma avaliação do potencial de crescimento em viveiro em duas regiões do estado de Santa Catarina: litoral e oeste. O peso inicial médio foi 8 g no litoral e 9 g no oeste. No litoral, ao final de 150 dias de cultivo, os peixes atingiram 128 g de peso médio e, no oeste, ao final de 210 dias de cultivo, atingiram 362 g. Estes dados são de cultivos realizados de março a setembro, incluindo, portanto, os meses de inverno. A larvicultura é fácil, com as larvas aceitando a ração desde o início da alimentação. É uma espécie de fácil manejo, tolerando cultivos intensivos.
O jundiá não apresenta espinhos intramusculares, sendo ideal para a filetagem na indústria. Tem hábito alimentar onívoro, aproveitando bem as fontes protéicas de origem animal e vegetal. A exigência protéica na dieta de alevinos foi determinada pela equipe do LAPAD e fica em 34%, quando a quantidade de energia na dieta é 3.500 kcal/kg e, em 38%, quando o conteúdo energético da dieta diminui para 3.000 kcal/kg. Apesar das várias qualidades desta espécie, alguns entraves à produção intensiva do jundiá merecem atenção.
Um dos principais problemas para o cultivo deste bagre está relacionado à reprodução precoce. Em viveiros, observa-se que exemplares machos, pesando em torno de 100 g, já estão maduros sexualmente. As fêmeas demoram um pouco mais para atingir a maturação sexual, mas ainda assim são consideradas precoces, visto que produzem uma grande quantidade de ovos antes de completarem um ano de idade. Este fato é prejudicial ao cultivo, já que a energia destinada ao crescimento e ganho de peso é desviada para a produção de gametas. Estudos estão em desenvolvimento no LAPAD para a obtenção de jundiás triplóides que, por não produzirem gametas, teoricamente não desviariam precocemente energia do crescimento para a reprodução. Outro problema com o cultivo do jundiá é a sua alta susceptibilidade ao parasita conhecido como íctio (Ichthyophtirus multifilis), durante a fase inicial da alevinagem. Nesta fase, é praticamente impossível o transporte dos alevinos sem que haja infestação com íctio. Estudos demonstraram que a elevação da temperatura da água a 32ºC, bem como o tratamento com sal (8 g/L) por sete dias, controlaram a infestação por este parasita. Tratamentos alternativos, passíveis de serem empregados em viveiros de alevinagem, devem ser ainda testados.
Suruvi
Um outro bagre com grande potencial aqüícola para a região sul é o suruvi (Steindachneridion scripta). É uma espécie carnívora muito apreciada pela população ribeirinha, que atinge um tamanho maior que o jundiá, sem apresentar, porém, reprodução precoce. Resultados de capturas efetuadas na bacia do rio Uruguai revelaram que machos apresentaram tamanhos normalmente inferiores aos das fêmeas, sendo que o peso mínimo observado foi de 0,2 kg e o máximo de 4,6 kg, enquanto as fêmeas apresentaram peso variando de 0,2 kg a 5,3 kg. Estudos preliminares em laboratório mostraram a docilidade do suruvi e sua resistência ao manejo. Sua reprodução, que ocorre por um período curto, na primavera, já foi induzida em cativeiro, em 2001, pela equipe do LAPAD. Estudos sobre a adaptação a diferentes fotoperíodos demonstraram que não houve diferença no crescimento, quando juvenis de suruvi foram submetidos a diversos fotoperíodos, a saber: 0L -24E (L=Luz, E= Escuro); 18L-6E; 14L-10E; 10L-14E; 6L-18E e, 24L-0E. Nos primeiros 15 dias, foi constatado baixo consumo de ração nos peixes submetidos aos mais longos períodos de luz (18L:6E e 24L:0E), assim como comportamento territorial. Porém, passados os primeiros dias, observou-se uma adaptação dos peixes à luminosidade. Ao final de 90 dias, não foram observadas diferenças na sobrevivência (100%), no comprimento total (212,5±2,5mm) e no peso final (100,4±4,1g), entre os juvenis de suruvi submetidos aos diferentes fotoperíodos. O consumo de ração artificial na presença de luz, como verificado para o suruvi neste estudo, é uma característica interessante do ponto de vista da aqüicultura, pela sua simplicidade. Esta característica permite um maior controle sobre o consumo do alimento ofertado, bem como uma redução nos gastos com mão-de-obra, já que dispensa o trabalho noturno, exigido para alguns bagres. Alguns estudos sobre o desenvolvimento embrionário e larvicultura desta espécie também foram desenvolvidos no LAPAD, mas há necessidade de maiores informações sobre seu crescimento em viveiros.
Pintado amarelo
Este bagre (Pimelodus maculatus) é um onívoro de pequeno porte, muito apreciado na região sul, onde também é conhecido como mandi ou somente pintado (RS). Nos últimos anos, a equipe do LAPAD conseguiu considerável avanço na produção de alevinos desta espécie. Inicialmente, grandes quantidades de larvas de pintado amarelo eram produzidas, mas poucas atingiam a fase de alevinos. Vários estudos relacionados à alimentação inicial e condições de cultivo propiciaram a adoção de novos procedimentos durante a larvicultura, sendo que, na safra 2001-2002 foram produzidos em torno de 6 mil alevinos do pintado amarelo. Em seu ambiente natural, esta espécie desova durante a primavera e verão, fazendo uma migração lateral, ou seja, deixando o leito do rio principal para desovar nos tributários. Os ovos são pequenos, com pouca reserva, fazendo com que as larvas necessitem de alimento de menor tamanho, tal como náuplios de Artemia. A equipe do LAPAD testou, como alimento inicial, ração (50% proteína bruta), farinha de peixe (60% proteína bruta) e náuplios de Artemia nas concentrações de 9, 20 e 30 náuplios/pós-larva/dia, sendo que os melhores resultados foram obtidos para pós-larvas alimentadas com 30 náuplios de Artemia/dia. Para aumentar a sobrevivência dos náuplios de Artemia, diferentes salinidades foram testadas na larvicultura: 0,0; 0,7; 1,4; 2,0 e 2,5‰. O melhor resultado foi obtido em salinidade 2,0‰, com 46,5% de sobrevivência. Não foi verificada diferença na sobrevivência e ganho de peso quando a larvicultura foi realizada em tanques de cor branca ou preta. Estudos são necessários para determinar a taxa de crescimento em viveiros e rusticidade.
Dourado
O dourado (Salminus brasiliensis) é uma espécie que tem uma grande aceitação pelo público consumidor, especialmente entre os praticantes da pesca esportiva. As primeiras desovas artificiais foram realizadas pelo LAPAD em 2000. As taxas de fertilização, que variavam em torno de 10 a 20%, chegam, hoje, a 85%, aumentando em muito o número final de larvas produzidas. Há severo canibalismo na larvicultura, se o alimento vivo não é fornecido quando as reservas do saco vitelínico se esgotam. Tem-se obtido bons resultados na larvicultura do dourado utilizando-se larvas de curimbatá (Prochilodus lineatus) como alimento inicial. Desovas de curimbatá, portanto, são programadas simultaneamente com as desovas de dourado. A relação de 20 larvas de curimbatá/larva de dourado, que foi a maior testada até o presente, propiciou um bom desenvolvimento das larvas de dourado e pesquisas estão sendo conduzidas para otimizar esta relação.
A larva aceita a ração somente a partir do quinto dia após a eclosão. Estudos estão em andamento para determinar qual o melhor período de transição do alimento vivo para a ração, através da análise da capacidade digestiva das larvas de dourado. Foi também realizada uma comparação do crescimento e sobrevivência de larvas de dourado, quando estas foram submetidas a diferentes fotoperíodos: 24 horas de luz, 24 horas de escuro e fotoperíodo natural. A melhor sobrevivência foi observada com 24 horas de luz e o maior crescimento com 24 horas de escuro. Para juvenis de dourado, a concentração letal de oxigênio dissolvido (CL50) varia de acordo com o período de exposição, ficando em torno de 0,6 a 0,8 mg/l, para um período de exposição de 4h à 72h. Ensaios preliminares em viveiros indicam um rápido crescimento inicial, mas uma diminuição na taxa de crescimento quando os animais atingem aproximadamente 100g.
O dourado é sensível ao manuseio, demorando alguns dias para retornar à atividade alimentar normal, após uma biometria. Estudos adicionais devem ser realizados, em viveiros, para definição de práticas de manejo e densidade de cultivo para a engorda deste peixe. A exigência protéica e energética para a dieta de alevinos desta espécie está sendo atualmente determinada no LAPAD.
Piava e curimbatá
Estas espécies de peixes migradores são onívoras, ou seja, aproveitam bem as fontes de proteína tanto vegetal como animal, o que é uma característica favorável para a piscicultura, já que diminui o custo das rações. O curimba ou curimbatá (Prochilodus lineatus) é onívoro-iliófago, ou seja, alimenta-se de substrato (lodo ou areia), onde o alimento é encontrado, enquanto que a piava (Leporinus obtusidens, piapara ou piavuçu na bacia do Paraná) é um onívoro-detritívoro, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, além de pequenas frutas e peixes (2). O curimba é de fácil reprodução e manejo, sendo que suas larvas têm sido utilizadas como alimento inicial para as larvas de dourado. A piava, entretanto, apesar de ser uma espécie muito apreciada pelas populações ribeirinhas, tem sido ainda pouco estudada pela equipe do LAPAD, devido à diminuição dos estoques naturais e conseqüente dificuldade na captura de reprodutores em seu ambiente natural. Os ovos do curimba apresentaram diâmetro médio de 2,9 mm e as larvas eclodiram após 14h e 30 min da fertilização, com comprimento médio de 3,5 mm, quando a incubação foi realizada a 28±0,8°C. Foi também testado o efeito da temperatura de incubação dos ovos na sobrevivência das larvas, sendo que os melhores resultados de fertilização e produção de larvas, foram obtidos na faixa de temperatura entre 23±0,7 °C a 28,8±0,4 °C. O curimba é facilmente cultivado, mas estudos precisam ser realizados para avaliar potencial de cultivo da piava em viveiros.
Piracanjuba
A piracanjuba (Brycon orbignyanus) é um onívoro migrador, muito apreciado na pesca esportiva e que está ameaçado de extinção na bacia do Rio Uruguai. Os vários estudos desenvolvidos pela equipe do LAPAD com esta espécie, têm sido efetuados com exemplares provenientes de populações de outras bacias hidrográficas, como a do Paraná. Apesar das prováveis diferenças existentes entre estas populações, os estudos já realizados sobre a larvicultura e nutrição desta espécie, aumentam o conhecimento sobre a sua biologia, facilitando o futuro cultivo de alevinos para repovoamento. Esforços estão sendo concentrados para captura de reprodutores de piracanjuba em uma porção do rio Uruguai que está inserida no Parque Estadual do Turvo, no oeste do estado. Neste parque, que ainda contém a vegetação original da mata pluvial do Alto Uruguai, a piracanjuba ainda é encontrada. Em laboratório, a equipe do LAPAD realizou inúmeros estudos com o objetivo de caracterizar as fases iniciais de desenvolvimento (ovos e larvas) e avaliar as melhores técnicas de manejo a serem adotadas nas distintas fases do desenvolvimento, para garantir maior sobrevivência e crescimento dos peixes. Foram desenvolvidos experimentos específicos para avaliar o efeito da qualidade da água, alimentação inicial, fotoperíodo e densidade na larvicultura; bem como para determinar a exigência protéica e energética na dieta de alevinos.
A piracanjuba apresenta rápido crescimento inicial, mas é bastante sensível ao manejo e apresenta altas taxas de canibalismo em laboratório, quando estocadas em tanques experimentais. Apesar dos diversos estudos desenvolvidos com esta espécie, ela ainda não é reproduzida em cativeiro no LAPAD, devido ao reduzido plantel de reprodutores. Estudos de crescimento em viveiros de terra, testando resistência ao manejo são muito importantes, antes da recomendação desta espécie para piscicultura.
Informações do campo
O corpo técnico do LAPAD realiza periodicamente excursões a campo em diferentes locais da bacia do rio Uruguai, a fim de capturar os peixes que serão utilizados para análise de conteúdo estomacal e desenvolvimento gonadal. Estudos sobre os ciclos biológicos, a partir de exemplares capturados na natureza, permitem a definição dos hábitos alimentares e características reprodutivas da espécie, facilitando assim a simulação das condições ambientais necessárias à reprodução e melhor desempenho destas espécies em situação de cultivo. Adicionalmente, estudos sobre o conteúdo estomacal nos fornecem valiosos subsídios para a determinação das exigências nutricionais de uma espécie.
Espécimes provenientes da natureza têm sido também capturados e selecionados para compor um plantel de reprodutores, o qual vem sendo mantido na Estação de Piscicultura de São Carlos (EPISCar), localizada no município de São Carlos, SC. Esta estação foi construída em 1996, através de uma parceria da UFSC com a prefeitura do município de São Carlos e a Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNIChapecó), sendo a obra financiada pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente. Nesta estação, os peixes são submetidos à reprodução artificial, seguindo os testes de indução hormonal convencionais. A partir daí, as larvas geradas servem para a realização de testes diversificados para a determinação da tolerância a variações de oxigênio dissolvido, salinidade, temperatura, pH, bem como estudos sobre primeira alimentação, cor de tanque, fotoperíodo e densidade de estocagem, entre outros.
Somente um exemplar de piracanjuba compõe o plantel de reprodutores da EPISCar. Conforme anteriormente mencionado, está sendo muito difícil formar um plantel de reprodutores desta espécie, já que ela está ameaçada de extinção, principalmente em virtude do desmatamento da mata ciliar e da sobrepesca. Neste sentido, a equipe do LAPAD está estudando a possibilidade da reintrodução da piracanjuba na bacia do rio Uruguai, através da soltura de alevinos desta espécie, bem como da adoção de outras ações complementares que proporcionem condições para o seu desenvolvimento, reprodução e conseqüente recuperação de seus estoques naturais. Exemplos destas ações são a definição e caracterização das áreas para a realização da soltura dos peixes e o acompanhamento das rotas migratórias através de biotelemetria, que consiste na implantação e acompanhamento de rádio-transmissores nos peixes. O repovoamento com outras espécies de peixes migradores de interesse para a piscicultura, tais como o dourado, o curimatã e a piava, cujas reproduções encontram-se ameaçadas pelos vários empreendimentos hidrelétricos instalados na região, também é alvo de estudo pela equipe do LAPAD.
A extensa previsão de construção de barragens ao longo da bacia do rio Uruguai implica na tomada de medidas de segurança a fim de garantir a manutenção da diversidade genética dos estoques selvagens, o que tem sido feito pela equipe do LAPAD de duas formas: através da formação de plantel de reprodutores, o qual constitui-se num banco “in vivo”, ou através da criopreservação do sêmen dos peixes, que consiste na formação de um banco “in vitro”, uma atividade que conta com a parceria de uma entidade não governamental canadense, a World Fisheries Trust (WFT).
Outra ação neste sentido está sendo a análise da diversidade das populações de dourado, piava, curimbatá e piracanjuba da bacia do rio Uruguai, através do uso de marcadores moleculares. A caracterização genética destes peixes, viabilizada através desta técnica, pode ser útil com vista à seleção de características zootécnicas interessantes ao melhoramento genético das espécies para cultivo. Sob o ponto de vista conservacional, a análise de DNA pode ainda ser uma boa maneira de introduzir referenciais que possibilitem a preservação das espécies.
A equipe do LAPAD realiza também a coleta de ovos e larvas de peixes na natureza, bem como a caracterização do ambiente onde estes foram amostrados, com o intuito de definir quais as condições ideais para a reprodução e larvicultura de cada espécie. Os dados obtidos geram informações básicas que servem como pontos de partida para a simulação de experimentos em laboratório. Desta forma, fatores ambientais essenciais aos processos vitais dos peixes também têm sido alvo de estudos a campo em suas diferentes fases da vida, a fim de estabelecer as condições ideais de cultivo que possibilitem a produção maciça de alevinos e o conseqüente ingresso destas espécies na piscicultura sul-brasileira.
Considerando ainda a formação dos lagos das Usinas Hidrelétricas de Itá e Machadinho, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, encontra-se em implantação um estudo para instalação de tanques-rede no reservatório da UHE Machadinho. Neste trabalho, pretende-se avaliar o potencial de crescimento de algumas espécies da bacia do Rio Uruguai, como o jundiá e o dourado, a fim de determinar a viabilidade deste tipo de cultivo para os moradores da região. A qualidade da água e do sedimento será monitorada antes e durante o desenrolar desta atividade, com o intuito de promover um desenvolvimento sustentável deste sistema de cultivo, visto que há uma enorme carência de informações com respeito aos reflexos desta atividade .
(1) A equipe de pesquisadores do LAPAD é composta por três professores doutores (Evoy Zaniboni Filho, Débora Machado Fracalossi e Alex Pires de Oliveira Nuñer), três mestres (David Reynalte Tataje, Marcos Weingartner e Samira Meurer), três técnicos de nível médio, 19 alunos de Mestrado em Aqüicultura e 14 alunos de graduação em Engenharia de Aqüicultura.
(2) Cabe ressaltar que o gosto de barro, conhecido como “off-flavor” é causado pela ingestão de algas cianofíceas que produzem determinados compostos que conferem este gosto à carne. Desta forma, não somente as espécies que ingerem o substrato, como a carpa comum e o curimba, estão sujeitos a este problema, mas também outras espécies, como o jundiá e o catfish (Ictalurus punctatus), desde que as condições do viveiro sejam favoráveis à reprodução excessiva deste tipo de algas).