Norma Dulce a nova presidente da ABRAq

A ABRAq – Associação Brasileira de Aqüicultura, vinculada a Associação Latino-Americana de Aqüicultura – ALA, foi constituída em 9 de novembro de 1977 no Centro de Capacitação Docente “El Macaro”, em Maracay, Venezuela. Curiosamente a 1º ata permaneceu em aberto até a 1º Assembleia Geral Extraordinária, por ocasião do II SIMBRAq em Jaboticabal – SP em 1980. A associação permaneceu ainda sob o controle do pessoal de Maracay, seus idealizadores, e João de Oliveira Chacon foi nomeado o primeiro presidente. A primeira diretoria da ABRAq eleita em assembleia geral ordinária ocorreu somente por ocasião do III SIMBRAq em São Carlos – SP, onde saiu eleito Newton Castagnolli.

A ABRAq foi criada com o propósito de coordenar o desenvolvimento da aqüicultura no Brasil, contribuir para o bem estar social e econômico e estabelecer vínculos organizados com outras associações afins em todo o mundo e nos seus 17 anos de vida, a ABRAq já percorreu o Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e o Sul do Brasil.

No último SIMBRAq realizado em Piracicaba – SP, a Assembleia Geral Ordinária foi a mais concorrida de toda a sua história com 3 chapas, muito bem representadas, disputando voto a voto a chance de levar adiante os objetivos da associação.

A PRESIDENTE

Norma Dulce de Campos Barbosa é a nova presidente da ABRAq. Mineira de Paraopeba, Norma Dulce é bióloga, com dois mestrados – Fisiologia Animal e Zootecnia e doutorado em Produção Animal na UNESP de Jaboticabal. Norma Dulce atualmente é a bióloga responsável pela Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de Volta Grande da CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais e, mesmo ainda não tendo recebido a ABRAq das mãos do ex-presidente, fala aos leitores da Panorama da AQÜICULTURA.

Panorama – O que a levou a candidatar-se ao cargo de presidente da ABRAq?

Norma Dulce – Trazer a presidência para Minas Gerais era um dos objetivos do grupo mineiro. Por duas gestões consecutivas participamos da diretoria da Associação Mineira de Aqüicultura (AMA) e o plano era ao término do mandato, que ocorreu em outubro de 1994, tentar a direção da ABRAq.

Panorama – A diretoria “café com leite”, composta de membros espalhados por Minas Gerais e São Paulo, não terá dificuldades para articulações, reuniões, etc…?

Norma Dulce – Isso pode até parecer dificultar um pouco mais, mas estamos acostumados com este imenso Brasil e mesmo com estados de dimensões continentais. Acreditamos que, mesmo com uma diretoria em uma mesma instituição, para se fazer uma reunião é preciso fazer uma programação com antecedência. Para isto faremos um cronograma de maneira que possamos cumpri-lo, e com uma vantagem, cada reunião poderá ser realizada na instituição de cada membro da diretoria. Como vêm esta diretoria espalhada por Minas Gerais e São Paulo é bem saudável. Serão informações de vários locais, que conseqüentemente irão contribuir para uma ABRAq atuante, participativa e principalmente, com informações descentralizadas. Além disso, esta diretoria já está ligada por outros motivos. Com o vice-presidente, Dalton José Carneiro, temos aqui na CEMIG, alguns trabalhos de pesquisa em andamento, além da ABRANOA (Associação Brasileira de Nutrição e Alimentação de Organismos Aquáticos), criada recentemente, da qual fazemos parte da diretoria. Com Maria José T. Ranzani de Paiva e Elizabeth Romagosa vices secretária e tesoureira respectivamente, ambas do Instituto de Pesca, e Paulo Sérgio Ceccarelli, do CEPTA, já estamos participando de grupos de pesquisa mantendo assim, um contato constante. E com o secretário José Eduardo Rasguido, pela sua função de extensionista dentro da EMATER, é impossível a pesquisa encontrar dificuldade de articulação, uma vez que o alvo da pesquisa é a produção. Entendemos que para haver um aumento de produção é preciso ter um elo permanente entre pesquisa , extensão e produtor.

Panorama – O que devemos destacar nos planos atuais da nova diretoria?
Quais os temas prioritários?
O que os associados devem esperar da atual diretoria?

Norma Dulce – A aqüicultura no Brasil, de uma maneira geral, tem uma série de pontos que precisam ser atacados urgentemente. Um deles, é levantar a produção pesqueira. Outro é levantar a bibliografia e insumos brasileiros no sentido de conhecer as condições e o potencial da aqüicultura. Incentivar os pesquisadores a publicarem seus trabalhos e experiências também são metas da atual diretoria. Para isto, a ABRAq irá tentar viabilizar uma publicação própria, ou eleger uma revista para publicação. Outra meta prioritária, é a aproximação com o produtor. Mais uma vez afirmamos, é essencial que pesquisa, extensão e produtores estejam cada vez mais próximos. A volta do representante estadual atuante, também é uma das pretensões da diretoria eleita.

Panorama – Quantos sócios possui a ABRAq atualmente e desses, quantos estão com a sua anuidade em dia? Administrativamente e financeiramente, como anda a saúde atual da ABRAq?

Norma Dulce – Ainda não recebemos a ABRAq. Sabemos que existem muitos sócios inscritos ou inadimplentes. Muitas vezes estes sócios se filiaram na época que eram estudantes, sem muita definição de área de atuação. É preciso rever o estatuto para tentar solucionar este problema, como também, procurar um meio de tornar a ABRAq mais atrativa. Mas tudo isto, após receber a ABRAq e a analisar a situação.

Panorama – A ABRAq congrega associados de todos os segmentos do setor e suas diretorias são sempre compostas (majoritariamente) por pesquisadores e acadêmicos. Os produtores, por outro lado, estão sempre pouco representados nas diretorias, até porque quase não estão presentes nos SIMBRAq’s, onde essas diretorias são eleitas. Na sua opinião, esses fatos mostram que a ABRAq se distanciou do produtor?
O que fazer para atrair o produtor?
O que fazer para um SIMBRAq se tornar interessante para produtores e investidores?

Norma Dulce – Historicamente a ABRAq é um forum de pesquisadores. Foi com o objetivo de reunir pesquisadores da área de aqüicultura, como uma associação de classe, que ela foi fundada. Reconhecemos que ela não é atrativa para o produtor. É como em qualquer profissão. O cliente deseja um produto final de qualidade. Cabe aos pesquisadores da área, descobrirem a melhor maneira de resolver os problemas. Com a experiência adquirida nas gestões da AMA, acreditamos que uma boa solução será realizar dois encontros por mandato. Um para produtor, outro para pesquisadores. Para isto, a ABRAq pretende se reunir a ABRACOA (Associação Brasileira de Criação de Organismos Aquáticos) criada justamente para produtores, e juntas, montar estratégias para um gerenciamento assistido e permanente. Mas para isto é preciso saber o que o produtor deseja e então, de acordo com as necessidades, montar seminários com programas práticos, interessantes, convidando pessoas que falem a linguagem da aqüicultura brasileira, para atender a nossa realidade. E tanto o produtor é importante para a ABRAq, que mesmo sem tomar posse, estamos articulando um encontro para criadores juntamente com a Prefeitura Municipal de Sete Lagoas, ABRACOS e EMATER.

Panorama – A ABRAq tem assento na Câmara Setorial de Pesca e Aqüicultura, uma instituição que pouco ou nada tem feito pelo desenvolvimento da aqüicultura. Para a atual diretoria, a Câmara Setorial continuará sendo um forum de debates e reivindicações? Ou novas estratégias serão adotadas para encaminhar as soluções para os entraves da atividade no Brasil?

Norma Dulce – Esta é mais uma pergunta sem resposta ainda. Sabemos que esta Câmara foi criada para assessorar o Ministro da Agricultura em relação à pesca e à aqüicultura. É preciso, que a diretoria anterior nos informe o que foi articulado para que possamos tomar uma decisão. Quando o grupo “café com leite” se dispôs a se candidatar, sabia que tudo isto era um desafio, daí o nome da chapa. Mas desafio maior será comprovar a importância e a responsabilidade da ABRAq perante a sociedade. Para isto, esperamos poder contar com a colaboração das associações de aqüicultura estaduais, tanto as de caráter de pesquisa como de produtores, como a ABRAPOA, ABRACOA, investidores, empresários, CNPq, órgãos estaduais financiadores de pesquisas, universidades, enfim, todos que de alguma forma estão envolvidos com a aqüicultura. E é claro esperamos que os sócios mantenham contato com a ABRAq. De maneira especial, desejamos continuar contando com a Panorama da AQÜICULTURA. Nesta oportunidade, queremos parabenizar a direção e todos os envolvidos com a revista, pelo importante papel de divulgação de informações.