Notícas da FAO – Edição 63

PRODUÇÃO MUNDIAL – Segundo a FAO, a produção mundial de pescados provenientes da captura e da aqüicultura, baixou de 122 milhões de toneladas, em 1997, para 117 milhões em 1998 devido, principalmente, aos efeitos climáticos causados pelo El Niño. Segundo as estimativas preliminares o volume de produção em 1999 ascendeu a uns 125 milhões de toneladas (resultados ainda não totalizados). O aumento se deveu principalmente a aqüicultura, já que a produção da pesca de captura se manteve relativamente estável. Em 1998, do total dos peixes destinados ao consumo humano, apenas 79,6% tiveram esse fim. Os outros 20,4% restantes foram utilizados para outros propósitos como farinha e óleo. Naquele ano, 36% da produção pesqueira mundial foi comercializada como pescado fresco já que os 64% restantes se destinaram a alguma forma de processamento Do pescado utilizado para o consumo humano direto, o fresco foi o produto mais importante (45,2%), seguido do pescado congelado (28,8%), do enlatado (13,9%) e do curado (12%).

AS ÁGUAS CONTINENTAIS – Em 1998, a produção mundial de pescados em águas continentais foi de 26,7 milhões de toneladas, das quais 18,7 milhões de toneladas foram provenientes da aqüicultura e, as 8 milhões de toneladas restantes, foram provenientes das capturas. Para 1999 há uma estimativa que o total capturado em águas continentais tenha alcançado as 28 milhões de toneladas, com a aqüicultura contribuindo com cerca de 19,8 milhões de toneladas e a pesca com 8,2 milhões de toneladas.

O MAR – O total capturado nas águas marinhas, em 1998, foi de 90,4 milhões de toneladas com a aqüicultura contribuindo com 12,1 milhões de toneladas e a pesca com 78,3 milhões de toneladas. As estimativas sugerem que em 1999 a produção marinha tenha atingido as 97,2 milhões de toneladas, com a aqüicultura contribuindo com 13,1 milhões de toneladas e a pesca com 84,1 toneladas.

AQÜICULTURA GLOBAL – A maior parte da aqüicultura mundial tem se desenvolvido em água doce e, principalmente, na Ásia. A produção aqüícola de água doce consiste principalmente na piscicultura, com destaque para a ciprinicultura (cultivo de carpas). A aqüicultura em águas salobras tem se dedicado principalmente à carcinicultura, promovendo o crescimento dos mercados de exportação de camarão. Com relação a maricultura, o que mais se tem produzido em volume são as algas e moluscos. As estatísticas dão a impressão de que estes produtos se orientam pelo mercado de exportação. O volume total de camarões marinhos e peixes, como salmões, exportados é menor que o de peixes de água doce como tilápias ou carpas, porém seus preços são mais elevados, o que constitui um importante componente em valor. Em 1998 os peixes de água doce cultivados em todo o mundo somaram 17,3 milhões de toneladas, enquanto os moluscos somaram 9,1 milhões de toneladas, as plantas aquáticas 8,5 milhões de toneladas, peixes que vivem na água doce e salgada 1,9 milhões de toneladas, crustáceos 1,5 milhões de toneladas, peixes marinhos 781 mil toneladas e outros organismos aquáticos 111 mil toneladas.

PAÍSES – A China continua liderando a produção aqüícola mundial tendo produzido, em 1998, 27 milhões de toneladas. Em segundo lugar, mantendo uma considerável distância, veio a aqüicultura da Índia com 2 milhões de toneladas produzidas, seguida do Japão com 1,29 milhões de toneladas, Filipinas com 955 mil toneladas, Indonésia com 814 mil toneladas, Coréia com 797 mil toneladas, Bangladesh com 584 toneladas, Tailândia com 570 mil toneladas, Vietnam com 538 mil toneladas e demais países que somam 4,7 milhões de toneladas.

PROTEÍNA – Para 1 bilhão de pessoas no mundo (aproximadamente 17% da população mundial) o pescado é a fonte principal de proteínas animais. Outros 20% dependem do pescado para obter pelo menos 20% de sua ingestão de proteínas animais. As proteínas de pescado são essenciais nas dietas de alguns países de população densa, onde a ingestão total de proteínas pode ser baixa. A dependência do pescado parece ser maior nas zonas costeiras que nas continentais. Entretanto, a produção mundial de pescados, após fornecer a população mundial o equivalente a 16,1 quilos per capta em 1997, sofreu uma queda em 1998 suprindo apenas 15,8 quilos per capta e, para 1999, há uma estimativa que não tenha ido além dos 15,4 quilos per capta. Especialistas acreditam que exista um limite da quantidade de alimento – incluindo pescados – que cada indivíduo ira consumir, e tetos para consumo serão estabelecidos. Está claro, entretanto, que esse limite será alcançado primeiro pelos paises com economias prósperas e mais rapidamente ainda pelos países onde os pescados fazem parte da tradição alimentar, como o Japão.

EXPANSÃO – Segundo o relatório da FAO, o crescimento econômico nos próximos 30 anos dará lugar a um aumento do número de pessoas com hábitos estabelecidos e constantes de consumo de pescado. Se consumirá uma grande variedade de produtos, porém, o volume total por pessoa não flutuará demasiadamente. A aqüicultura se expandirá geograficamente, no que diz respeito às espécies cultivadas e às tecnologias utilizadas. É muito pouco provável que a Ásia continue dominando a produção na mesma proporção ocorrida nos anos 90. A maricultura representará uma parte maior da produção total, principalmente se a tecnologia do cultivo no mar se mostrar viável.

MODIFICADOS – A FAO conclui que modificações genéticas de espécies aquáticas pode incrementar muito, tanto a quantidade como a qualidade dos produtos da aqüicultura. O melhoramento genético tradicionalmente feito com os animais, a manipulação da estrutura cromossômica e a hibridação têm proporcionado notáveis contribuições à produção aqüícola e já se pode prever que estas contribuições aumentem à medida que as espécies aquáticas se tornem mais domesticadas e se siga aprimorando a tecnologia do melhoramento genético. Embora todas estas técnicas impliquem na modificação genética, OMG – organismos modificados geneticamente são definidos por acordos internacionais e muitas legislações nacionais, num sentido muito restrito, como organismos transgênicos, ou seja, organismos em cujas células se tem inserido genes estranhos. Por outro lado, vários genes identificados têm sido úteis ao serem transferidos para algumas espécies. Entre os genes que se têm identificado, figuram os que produzem: hormônios de crescimento para aumentar o crescimento e a eficiência; a proteína anticongelação para incrementar a tolerância ao frio e crescimento; a lisozima para elevar a resistência às enfermidades; os hormônios prolactinas que influem na incubação, regulação ósmica, comportamento e metabolismo geral. É preciso porém, enfrentar questões relacionadas com a segurança para o ambiente e saúde humana a fim de aproveitar plenamente o potencial desta tecnologia. Outros setores que se deve levar em conta são a proteção da propriedade intelectual, o comércio e a ética. Ficam as perguntas: em que medida os organismos modificados geneticamente são diferentes dos não modificados e que regulamentos, cautela e vigilâncias adicionais devem ser aplicadas quando necessário?

ENFERMIDADES – Se tem identificado uns 200 tipos diferentes de enfermidades transmitidas por alimentos. Em zonas mais pobres de países em desenvolvimento a pobreza, a má nutrição, o analfabetismo e a insuficiência dos serviços públicos contribuíram provavelmente para agravar a situação. O pescado, como qualquer outro alimento pode causar problemas de saúde, já que pode ser contaminado desde a sua captura até o consumo. A contaminação pode produzir-se porquê os microorganismos patógenos formam parte da flora normal do pescado. Em outros casos, ocorrem as substâncias tóxicas provenientes de contaminação cruzada, re-contaminação ou má manipulação e elaboração. Um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde estimou que cerca de 39 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com parasitos transmitidos pela ingestão de peixes e crustáceos de água doce, crus ou mal cozidos.

ACIDENTES – A pesca no mar é uma das ocupações mais perigosas do mundo. Nos EUA, por exemplo, a taxa de acidentes fatais é de 25 a 30 vezes maior que a média nacional das demais atividades, e na Itália e 21 vezes maior. Estima-se que cerca de 36 milhões de pessoas em todo o mundo participam da pesca e da aqüicultura, e que aproximadamente 15 milhões trabalham a bordo de barcos dedicando-se a pesca e captura marinha dos quais 90% trabalham em embarcações menores que 24 metros. As conseqüências das fatalidades recaem gravemente sobre as famílias das vítimas, principalmente nos países em desenvolvimento, onde as viúvas têm um nível de vida baixo e não possuem subvenções estatais que as apóiem. São especialmente preocupantes as informações coletadas junto aos órgãos de administração pesqueira e organizações de pescadores, que indicam um aumento significativo nos índices de acidentes na pesca artesanal dos países em desenvolvimento.