CARCINICULTURA PERNAMBUCANA 1 – Os carcinicultores pernambucanos encontraram-se no último dia 5 de maio com o governador Jarbas Vasconcelos para apresentar as dificuldades enfrentadas pelo setor. Segundo o presidente da ABCC, Itamar Rocha, o governador se mostrou sensível ao apelo dos criadores e até o final do mês de maio a ABCC deverá apresentar uma proposta de flexibilização para a lei ambiental. Um estudo realizado pela comissão de carcinicultura da Federação da Agricultura e Pecuária (Faepe) demonstra que o Estado tem potencial para a implantação de 5 mil novos hectares de viveiros, gerando 10 mil novos empregos diretos. Atualmente, a área ocupada pela atividade é de 1,1 mil hectares e o número de trabalhadores no setor é de 4,2 mil. A flexibilização da lei ambiental, segundo os produtores, é fundamental para que a atividade cresça e venha a garantir o abastecimento do mercado internacional. Os carcinicultores afirmam que a rigidez da legislação tem impedido o crescimento da atividade, fazendo com que o Pernambuco reduza sua participação no volume regional de produção de 11,3%, em 2002, para 6,5%, em 2003. A queda na produção do Estado de Pernambuco neste período foi de 16,7%, passando de 6,7 mil para 5,5 mil toneladas. Os produtores de camarão querem que o Governo do Estado reduza os custos com o licenciamento ambiental necessário para que as empresas iniciem as suas operações e que o Governo do Estado prorrogue o prazo da licença de operação das empresas do setor, atuando como intermediário em várias questões que podem aumentar a competitividade das empresas.
CARNICICULTURA PERNAMBUCANA 2 – Os criadores de camarão pernambucanos passarão a contar, a partir de junho, com uma rota semanal ligando o Porto de Suape aos terminais marítimos europeus. Esta rota será feita pela empresa alemã Hamburg Süd. Hoje as exportações do camarão produzido no estado acontecem através dos portos de Salvador e Pecém, no Ceará. Esta nova alternativa viria a reduzir os custos com o transporte do camarão, que nas últimas 200 operações de embarque, realizadas pelos portos de Pecém e Salvador, teve um custo adicional com transporte de cerca de R$ 300 mil.
EXPORTAÇÕES DE CAMARÃO 1 – O camarão cultivado no Brasil já tem como principal destino os países da União Européia, deixando para trás os Estados Unidos, que até o primeiro trimestre do ano passado era o maior importador do crustáceo nacional. O aumento das exportações para a União Européia já vinha ocorrendo gradualmente em 2003, mas com a abertura do processo antidumping nos Estados Unidos, no fim do ano passado, contra os seis maiores produtores de camarão do mundo, incluindo o Brasil, as vendas para o mercado americano despencaram. No primeiro trimestre de 2004, cerca de 84% das exportações brasileiras tiveram como destino a União Européia, enquanto somente 15,2% foram para os EUA. No mesmo período de 2003, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os embarques para a Europa representavam 43,31% das exportações de camarão, enquanto os EUA detinham 56,21%. Os criadores brasileiros reclamam do comportamento dos importadores americanos, que estariam aproveitando o processo antidumping para exigir preços mais baixos pelo camarão brasileiro. Na Europa, ao contrário, os preços estão atraentes e não há produção local para ser protegida. Na França, segundo a ABCC, o quilo do camarão pequeno para o consumidor final chegou a quase 24 euros, mais de R$ 80,00. Os países da União Européia são os maiores importadores mundiais do produto. Em 2003, consumiram 569 mil toneladas. Nos Estados Unidos, o consumo não passa de 500 mil toneladas por ano. No fim do ano, 63% do camarão exportado tinha a UE como destino. Em 2002, esse percentual era de 52%. Já a fatia destinada aos EUA caiu de 45% em 2002 para 35% em 2003. Em 2003, o Brasil exportou menos de 1% de produtos com valor agregado e a expectativa para este ano é aumentar essa quantidade para 10%.
EXPORTAÇÕES DE CAMARÃO 2 – Os exportadores brasileiros de camarão estão avaliando a possibilidade de abrir filial de suas companhias nos Estados Unidos, como alternativa para fugir dos impactos negativos da ação antidumping, movida pelos pescadores americanos. A idéia é que os próprios produtores possam comercializar crustáceos nos Estados Unidos, evitando a intermediação do importador. A expectativa da ABCC é que até o fim do ano pelo menos 20 empresas nacionais se instalem no mercado norte-americano. Com a ameaça de sobretaxa ao camarão dos seis países acusados no processo antidumping (Brasil, China, Tailândia, Índia, Vietnã e Equador), alguns importadores norte-americanos estariam pedindo uma espécie de seguro, para o caso de o produto ser taxado posteriormente. Desde dezembro, a cotação do quilo do camarão 80-100 (11 gramas) saltou de US$ 5,06 para US$ 6,71. No ano passado a média paga pelo quilo do camarão no mercado americano para os 10 maiores exportadores de camarão para os Estados Unidos foi de US$ 7,32, enquanto os exportadores brasileiros receberam apenas US$ 4,33.
PROJETOS DE CARCINICULTURA PARALISADOS NO PIAUÍ – A deputada estadual Flora Izabel (PI), que é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Meio Ambiente, disse que estão paralisados por causa de embargos na Justiça ou determinação de órgãos ambientais, 18 projetos de criação de camarão em cativeiro no litoral piauiense, que aguardam o licenciamento ambiental do Ibama de Brasília. Segundo a deputada, a carcinicultura ocupa o quinto lugar na pauta de exportações do Estado do Piauí. Em 2002, foram exportados US$ 3,2 milhões e em 2003 a exportações fecharam em US$ 6,7 milhões, representando um aumento de cerca de 110%.
CRÉDITO PARA A CARCINICULTURA – O Banco do Brasil estuda a abertura de uma nova linha de crédito rotativo no valor de R$ 100 milhões destinada ao financiamento da estocagem do camarão nos períodos de baixa nos preços do mercado internacional. A nova linha de financiamento deve atender diretamente cerca de 900 produtores e 42 unidades de beneficiamento em todo o País, abrindo espaço para o aumento das exportações do camarão como produto industrializado e não mais como um commodity. O crédito permitirá a estocagem do camarão por um período de até quatro meses e abrirá a possibilidade para os carcinicultores direcionarem um volume maior do produto para a indústria de beneficiamento. A carcinicultura brasileira já conta com linhas de crédito para investimento e custeio disponibilizadas pelos bancos do Brasil e do Nordeste. Com o financiamento para comercialização e estocagem poderá ser atendida toda a cadeia produtiva. Caso venham a ser liberados, esses recursos possibilitarão o beneficiamento do produto, elevando seu valor e atendendo às exigências dos principais centros consumidores como a Europa e os Estados Unidos. No ano passado, das 504,8 mil toneladas importadas pelos norte-americanos, 60% foram de camarão beneficiado industrialmente, com preço até 30% mais caro do que o camarão in natura.
FINEP e a UFRN – A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) divulgou recentemente as instituições qualificadas para efetuar pesquisas com o apoio financeiro para a formação da Rede de Carcinicultura do Nordeste (Recarcine). Das oito linhas disponibilizadas na chamada pública do início do ano, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi qualificada a desenvolver pesquisas em cinco: qualidade de água, sedimento e solo; manejo de cultivo; estudos nutricionais; melhoramento genético e estruturação de um serviço de informação e gestão de pesquisa. Cerca de R$ 1,5 milhão serão liberados. A Rede tem como principal objetivo articular os grupos de pesquisa do Nordeste com o setor produtivo deste ramo de atividade. Sua formação foi iniciada oficialmente no Seminário promovido pela UFRN e pela FINEP durante a Feira Nacional do Camarão realizada no início de fevereiro. A Recarcine beneficiará a carcinicultura do Nordeste, assegurando a sustentabilidade da atividade a partir de um respaldo científico.
CARCINICULTURA POTIGUAR 1 – Pela primeira vez nos últimos cinco anos, o Rio Grande do Norte ultrapassou o Ceará nas exportações brasileiras de camarão. No primeiro bimestre de 2004, o Rio Grande do Norte exportou 3,1 mil toneladas de camarão (US$ 11,9 milhões), contra 2,4 mil (US$ 8,6 milhões) do Ceará. Nos dois primeiros meses do ano os carcinicultores potiguares passam a responder por 36,4% das exportações de camarão do País, seguidos pelos carcinicultores cearenses que ficaram com a fatia de 28,2%. No ano passado, o Ceará foi responsável por 34,4% dos embarques contra 32% dos potiguares. Em 2003, o Rio Grande do Norte exportou 18,7 mil toneladas de camarão, gerando uma receita de US$ 71 milhões, enquanto que os exportadores cearenses embarcaram 20,1 mil toneladas do crustáceo e faturaram US$ 80,9 milhões. A diferença para o Ceará, que em 2002 foi de 5 mil toneladas, caiu para apenas 1,4 mil toneladas em 2003. Dentre os quatro maiores estados produtores nacionais de camarão, o Rio Grande do Norte foi o que apresentou o maior índice de aumento nas exportações. Os embarques do crustáceo tiveram um aumento de 64,8%, passando de 11,3 mil para 18,7 mil toneladas. O Ceará também apresentou um expressivo crescimento (48,1%) nas vendas externas. Esse desempenho reflete a ampliação na participação dos carcinicultores potiguares na produção nacional de camarão cultivado, de 30,7% para 41,5%.
CARCINICULTURA POTIGUAR 1 – Representantes dos proprietários de viveiros de camarão atingidos pelas chuvas do início do ano tiveram audiência com a governadora Wilma de Faria, que autorizou o início das obras de recuperação de 6,5 quilômetros de estradas que ligam o município de Pendências às fazendas da região. Estas obras irão beneficiar cerca de 2 mil hectares de área cultivada. Ficou acertado também, que o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema) irá acelerar o processo para a simplificação das licenças ambientais para a atividade, podendo ampliar de um para três anos o prazo de validade de cada licença concedida.
SÍNDROME DO CRESCIMENTO RETARDADO – ALERTA TAILANDÊS – Os carcinicultores tailandeses vêm desde 2002 passando por severos problemas com o baixo crescimento do camarão tigre Penaeus monodon. Após cerca de quatro meses de cultivo sem problemas, são despescados camarões com 5 a 10g de peso médio, ao invés de 25 a 35g como esperado. Apesar de alguns poucos produtores relatarem baixos índices de sobrevivência nos viveiros afetados, normalmente são alcançadas taxas normais (60% a 80%). Em muitos casos, mais de 80 % da população é afetada pelo baixo crescimento, sendo menor que 0,12 g/dia a média de crescimento nesses viveiros, em contraste com o ganho de 0,2 g/dia ou mais normalmente esperada para esta espécie durante os quatro meses de cultivo. Alguns camarões crescem normalmente nesses viveiros, apesar da grande quantidade de camarões pequenos que são encontrados. A maioria dos camarões afetados é bastante ativa, mas em muitos casos apresentam o corpo com uma coloração mais escura que o normal, podendo também apresentar listras azuis e amarelas nos pleópodos e pereiópodos. Esta enfermidade está sendo conhecida como a síndrome do baixo crescimento no monodon, ou MSGS (Monodon Slow Growth Syndrome) e é um desastre talvez maior que o causado pelo White Spot ou pelo vírus Yellow Head (YHV). Pesquisas em andamento sugerem que agentes conhecidos não são os principais causadores desta enfermidade, sendo cogitada a ação de um novo tipo do vírus YHV, como agente causador. Não é excluída a possibilidade de que outros agentes, sozinhos ou em combinação com o novo YHV sejam a causa do baixo crescimento.
PROBIÓTICOS SÃO EXAMINADOS – Em matéria publicada recentemente na revista Global Aquaculture Advocate, o renomado professor Claude Boyd (Alburn University) apresenta uma discussão, que promete causar polêmica, a respeito da utilização de probióticos na aqüicultura. Segundo Boyd, os poucos estudos sobre a utilização de probióticos para o aumento da qualidade do solo e da água de cultivo dos viveiros, fornecem poucas evidências de sua eficácia. Alguns estudos mostraram que os probióticos podem aumentar a sobrevivência de peixes e camarões, porém o mecanismo para esse aumento na sobrevivência ainda é enigmático e aparentemente não está relacionado com a melhoria do solo ou da água que reduzem o estresse das espécies cultivadas. Diversos estudos replicados em viveiros, conduzidos nos últimos 20 anos na Universidade de Alburn bem como na Universidade do Estado do Mississipi não demonstraram melhoria na qualidade do sedimento e da água dos viveiros tratados com inóculos de bactérias e enzimas. Essa discussão levantada por Claude Boyd não pretende dizer que a melhoria causada pelas bactérias e enzimas é ineficiente, e sim ajudar os produtores a pensarem a respeito da possível ação desses produtos e desafiar os fabricantes e vendedores a desenvolverem evidências mais substanciais de suas afirmações.