Marcadores genéticos na identificação de estoques de truta arco-íris
Nos últimos anos, uma grande quantidade de informações tem se acumulado na literatura mundial mostrando a valiosa contribuição da genética e da citogenética em projetos de monitoramento e conservação biológica de espécies usadas na pesca e principalmente na piscicultura. O conhecimento da estrutura genética das populações é fundamental tanto para a compreensão dos processos evolutivos, como também para o manejo adequado dos estoques. Constitui-se num requisito prévio para a execução de programas de conservação de recursos biológicos, bem como para o gerenciamento adequado de plantéis cultivados. As populações de truta arco-íris existentes atualmente no Brasil, compreendem indivíduos representantes ou descendentes dos primeiros estoques introduzidos, como é o caso do estoque da Estação Experimental de Salmonicultura de Campos do Jordão e do rio Gavião, na Serra da Bocaina, Estado do São Paulo; compreende também linhagens de origens diversas, procedentes de diferentes partes do mundo e cultivadas por vários truticultores. Freqüentemente, em condições de cultivo, estas linhagens de diferentes origens e histórias adaptativas são colocadas em contacto. Estudos genéticos realizados no Laboratório de Biologia e Genética de Peixes/IB/UNESP/Botucatu, utilizando marcadores cromossômicos e moleculares demonstraram que as linhagens da Estação Experimental de Salmonicultura de Campos do Jordão e do rio Gavião têm a mesma origem, prov avelmente a partir do estoque inicial introduzido há aproximadamente 50 anos no Brasil. Indicaram também que as demais linhagens importadas apresentam marcadores citológicos diferentes e específicos, comprovando sua identidade e origem diferenciadas. A continuidade da análise evidenciou a presença de híbridos intra-específicos em algumas propriedades que realizaram cruzamentos envolvendo representantes destes diferentes estoques. Tais resultados indicam que a estrutura das populações de truta arco-íris hoje cultivadas no país é muito mais complexa do que se pensava anteriormente. O monitoramento genético adequado destes plantéis poderia
Microsatélites
Outro estudo sobre a diversidade genética utilizou marcadores de microssatélites e foi desenvolvido pela Profa. Geisa Leitão Ribeiro da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sob a orientação do Prof. Dr. Fausto Foresti, para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas, área de Genética, no Instituto de Biociências da UNESP/Botucatu. Foi realizado em trutas pertencentes a estoques naturais e cultivados na região sudeste do Brasil. Foram observadas diferenças entre todos os estoques analisados para todos os loci de microssatélites. Da diversidade genética total, a maior parte encontra-se dentro dos estoques, sendo muito reduzida a diversidade entre os estoques, o que está de acordo com as observações já feitas para a espécie. O déficit de heterozigose observado nestas populações estudadas pode ser decorrente de acasalamentos direcionados ou do tamanho reduzido dos estoques fundadores utilizados. A perda da variabilidade genética (ou o aumento da consangüinidade), em populações naturais, diminui a capacidade evolutiva de uma espécie e aumenta as possibilidades de extinção, enquanto que nos cultivos artificiais, pode levar a uma queda dos índices produtivos. Estes resultados, além de serem pioneiros no Brasil, fornecem subsídios importantes para o desenvolvimento de estudos futuros, envolvendo o cruzamento de indivíduos de diferentes estoques, visando o incremento da heterozigose da espécie e possibilitando a formação de estoques sensíveis à aplicação de técnicas de melhoramento genético. evitar o surgimento de combinações deletérias e ainda propiciar a seleção de características produtivas desejáveis.
Publicação – Acaba de ser publicada a Plataforma do Agronegócio da Truticultura pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo/Departamento de Pesca e Aqüicultura. Este documento é resultante de uma análise ampla e participativa de todos os setores da truticultura, pelo estudo das Cadeias Produtivas e da metodologia das Plataformas Tecnológicas e foi desenvolvido em parceria entre os Ministérios da Ciência e Tecnologia, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a ABRAT. O documento identifica as principais vantagens comparativas e competitivas da truta e os maiores entraves da truticultura e propõe ações estratégicas para a consolidação do setor em relação às suas necessidades políticas, econômicas, técnicas e científicas. Os interessados na publicação devem entrar em contato com a ABRAT.
Pratos que atraem turistas – Há muito que Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, quase São Paulo, descobriu sua vocação turística/gastronômica. A cidade, que já foi nos anos 70 uma referência do movimento hippie, hoje comporta cerca de 50 restaurantes e é referência no Guia Quatro Rodas. Mauá mistura sua belíssima paisagem com a rusticidade da boa mesa, onde os ingredientes obrigatórios são a truta e o pinhão, fruto da araucária presente em todas as mesas da cidade no período de maio a agosto, gerando um concurso gastronômico. Na última edição do concurso, o prato premiado foi um quibe de truta recheado de pinhão, uma das inúmeras variações da truta nas receitas de pratos típicos da região. Entre as criações culinárias estão o ravióli de truta com molho de funcho e ovas do próprio peixe, o cartoccio thai – trutas com capim-limão ao molho de ostra e pimenta vermelha, além do quenelle- um nhoque de peixe, a truta ao molho de gergelim com purê de mandioquinha e o sashimi de truta.
Mercado de salmonídeos – O total de salmonídeos exportados pelo Chile na safra 2000/01 foi de 300.138 ton., distribuídas entre as espécies: salmão do Atlântico (146.395 ton.), salmão coho (85.946 ton.) e truta (67.979 ton.). A quantidade de salmonídeos (salmões e trutas) que o Brasil importou do Chile no período de janeiro a novembro de 2001 foi de 9.005 ton. totalizando US$ 23,6 milhões. Este volume correspondeu a apenas 2,7% do total exportado por aquele país, que foi de 265.478 ton. para o período citado, com um retorno de US$885,5 milhões. Segundo a Associação de Produtores de Salmões e Trutas do Chile, os retornos com a exportação de salmonídeos cresceram somente em 0,8% entre janeiro e novembro de 2001, em relação ao mesmo período de 2000, enquanto que, em volume, houve um aumento de 48%. Estas cifras são uma demonstração da profunda queda de preços registrados a partir do 2º semestre de 2001, situação que foi acentuada pelo mercado japonês, devido a maior depreciação do yen em relação ao dólar. Japão e Estados Unidos continuam sendo os principais importadores do Chile com 81% do total. Diante deste quadro, a direção da Associação reforça a necessidade de se reduzir o crescimento da produção planejada para 2002. A expectativa é de se recuperar os preços à partir do 2º semestre deste ano e então retornar aos níveis de crescimento dos anos anteriores. Apesar do retorno ter sido inferior ao estimado inicialmente devido a conjuntura econômica internacional, o presidente da Associação, Victor Hugo Puchi considera a atividade como sendo uma das mais prósperas de seu país. (Fonte: Revista Aqua Notícias no 65, nov/2001 e nº 67, fev/2002).