Notícias e Negócios Edição 72

CADÊ O PROCAMOL? – Um conhecido produtor de tilápias em Jundiaí -SP, iniciou há um ano os contatos com o Banco do Brasil para financiamento de infra-estrutura utilizando o Procamol – Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Produção de Tilápias, Camarões e Moluscos. O primeiro problema a ser resolvido pelo produtor foi convencer a gerência do banco de que o Procamol existe, já que não consta da lista de produtos das agências. Após ter o cadastro aprovado e, por exigência do BB, contratou um técnico indicado pelo próprio banco para preparar o projeto, que foi, ao final, totalmente aprovado com garantias de que os recursos estariam disponíveis em mais 30 dias, sendo inclusive, aconselhado a já gastar por conta. Na hora de finalizar o contrato a agência passou a oferecer outros produtos e um deles era simplesmente um seguro sobre o financiamento, que tinha um custo maior que a metade dos juros da operação. Por se negar a contratar outros serviços que não tinham sido acordados anteriormente, de um dia para o outro o cadastro da empresa foi revisto e negado, apesar de já ter apresentado as garantias exigidas de 2,4 vezes o valor financiado. Apesar de ter sido considerada pelo banco uma “empresa de risco”, o piscicultor achou por bem seguir seu caminho e fazer os investimentos que necessitava com recursos próprios. Depois de tudo isso, não há quem o convença que tentar obter recursos do Procamol não passa de uma grande perda de tempo.

RECURSOS HÍDRICOS – Foi lançado no dia 31 de julho de 2002, em São Paulo, pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, e pelo Presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Evandro Mirra, o Portal de Recursos Hídricos (www.prossiga.br/recursoshidricos). O canal reúne informações atualizadas, de caráter geral e específico, no que concerne à preservação dos recursos hídricos no Brasil e no mundo, como as referentes à legislação (municipal, estadual, federal) e acordos internacionais que regem o uso. No portal, o internauta vai encontrar também informações sobre a conservação, preservação e a comercialização dos recursos hídricos brasileiros e internacionais; dados sobre associações científicas brasileiras e internacionais, organizações não governamentais e outras associações da sociedade civil organizada que atuam no tema; artigos e comunicações científicas de eventos, livros, teses e relatórios, além de dados atualizados sobre os projetos e programas desenvolvidos com recursos do Fundo Setorial de Recursos Hídricos (CT-Hidro).

AINDA A ABRAq – A partir de informações do Sr. Adilon de Souza, presidente da ABRAq – Associação Brasileira de Aqüicultura, a Panorama da AQÜICULTURA publicou na sua última edição 71 o nome da Dra. Tereza Cristina Vasconcelos Gesteira, como diretora de ensino, pesquisa e tecnologia da nova diretoria da ABRAq. Surpresa ao ver seu nome constando da relação de diretores, e salientando que não havia tomado conhecimento das manobras da última eleição, Gesteira declarou que havia, apenas, aceitado um convite para a coordenação Técnica-científica do Simbraq, que teria sede em Fortaleza em 2004. Diante dos fatos, Tereza Cristina solicitou a retirada do seu nome da referida diretoria, uma vez que não é sócia da Abraq e que nem mesmo havia estado presente ao Simbraq de Goiânia.

SANTA CATARINA – Segundo o Instituto Cepa de Santa Catarina, as atividades aqüícolas, brevemente vão figurar entre os produtos que ocupam os primeiros lugares do ranking do VBP – Valor Bruto da Produção agrícola catarinense. A produção da aqüicultura em 2001 alcançou o valor bruto de R$ 47.275.997,00, apresentando um crescimento de 28,10% com relação a 2000. A piscicultura, com a produção de peixes de águas interiores, somou R$ 27.633.645,00, a mitilicultura com R$ 7.351.410,00 e a ostreicultura R$ 6.688.179,00. Para garantir a conclusão de projetos de desenvolvimento, entre eles a maricultura, o estado de maior produção de moluscos do Brasil vai, através da Epagri-SC – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, contratar a partir de setembro técnicos e extensionistas já aprovados por concurso. Há mais de uma década nenhum funcionário era contratado. No ano passado o cultivo de mexilhões catarinenses teve queda de 7% na produção e, como forma reconquistar as 12 mil toneladas de mexilhões produzidas de 2000, a Epagri-SC está substituindo o uso dos atuais bancos naturais de sementes por coletores artificiais já testados anteriormente. Os parques de coleta, porém, deverão suprir a necessidade de apenas metade dos produtores que fazem parte Associações de Maricultores de São Francisco do Sul. O primeiro deles estará localizado do Balneário de Enseada, em São Francisco do Sul. US$ 100 MILHÕES – Criado em 1998, o DPA – Departamento de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricultura foi um instrumento fundamental para que o Brasil melhorasse o desempenho das vendas externas do setor pesqueiro. Naquele ano, o país registrou um déficit na balança comercial de pescados de US$ 332 milhões. No ano seguinte, em 1999, o déficit caiu para US$ 150 milhões e, em 2000, caiu ainda mais tendo sido registrado o déficit de US$ 58 milhões. Em 2001, com o auxílio luxuoso das exportações de camarões cultivados, o setor já apresentou um superávit de US$ 22,6 milhões. Devido ao aumento da captura de novas espécies e ao crescimento da carcinicultura no País, a expectativa do Ministro Pratini de Moraes é de que o saldo positivo da balança comercial no setor pesqueiro alcance os US$ 100 milhões no final deste ano.

COOPEROSTRA – Após uma extensa investigação para identificar parcerias comunitárias que promovam a redução da pobreza através do uso sustentável da biodiversidade, o Comitê Técnico Consultivo da Iniciativa Equatorial escolheu a Cooperostra – Cooperativa dos Produtores de Ostras de Cananéia -SP, para estar entre os 25 projetos mais importantes em todo o mundo. A iniciativa é uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), governo do Canadá, Television Trust for the Environment, Fundação das Nações Unidas, International Development Research Center, World Conservation Union, Nature Conservancy e BrasilConnects. Dois representantes do projeto, desenvolvido em parceria com a Fundação Florestal do Estado de São Paulo e apoio do Ministério da Agricultura, foram convidados a participar da RIO+10 – Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável em Johannesburgo, na África do Sul, de 26 de agosto a 4 de setembro. A América Latina concorre ao todo com 11 projetos, sendo quatro do Brasil. Um júri selecionará seis projetos que receberão o Prêmio da Iniciativa Equatorial no valor de U$ 30.000,00. Este é mais um importante reconhecimento ao projeto sobre exploração racional de ostra em Cananéia, que já recebeu o prêmio Eco 99, oferecido pela Câmara Americana do Comércio de São Paulo. A ostreicultura em Cananéia foi implantada pelo Instituto de Pesca, que iniciou suas pesquisas em 1973. Três anos mais tarde, pescadores já recebiam treinamento sobre o cultivo, depuração, acondicionamento, transporte e comercialização do produto, além de noções sobre cuidados com a saúde, moradia e de como melhorar oseu padrão social com a atividade. Quase duas décadas depois, os bons resultados levaram a formação da Cooperostra com a finalidade de legalizar o escoamento da produção e melhorar o produto cultivado, ao mesmo tempo em que comunidade local se envolvia com a defesa do meio ambiente. Por ocasião da formação da Cooperativa, a remuneração média pela dúzia de ostras era de apenas R$ 0,50. A partir da organização da produção de forma cooperada, a remuneração passou a R$ 1,70 e, atualmente, os ostreicultores já podem planejar uma remuneração mensal ao redor de R$ 800,00.

FILÉS DE TRUTA – Com uma produção anual de 120 toneladas de trutas frescas, a Tecnotruta, que já distribui seus peixes nos mercados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, se prepara para comercializar também filés. Além do mercado interno, a truticultura pretende conquistar também os mercados europeu e americano. O volume da exportação ainda não foi definido, mas a idéia da empresa é exportar filezinhos para aperitivo e filés pré-cozidos no vapor de caldo de legumes, ervas aromáticas e vinho branco. Atualmente, a Tecnotruta comercializa seus filés de truta apenas no Espírito Santo. A empresa está sediada em Ibitirama, a 250 quilômetros de Vitória.

NOVIDADES – A Socil Guyomarc‘h está lançando no mercado de rações a Laguna Santé, um produto desenvolvido segundo modernos conceitos de balanceamento de rações, com altos níveis de vitamina C, energia e imuno-estimulantes naturais, essenciais no combate ao estresse e prevenção de doenças dos peixes. Pode ser utilizado nas fases de crescimento, engorda e terminação e, principalmente, na preparação dos peixes para o período de estresse, como antes do transporte ou durante períodos de oscilações de temperatura e qualidade de água. O novo produto ajuda também na prevenção de enfermidades que ocorrem durante o inverno. A Socil está lançando também um novo serviço: o LABRO – Laboratório de Análises Bromatológicas, dotado de equipamentos de última geração e uma equipe altamente profissional, que atenderá as indústrias alimentícias, e fabricantes de rações, além das empresas de matérias-primas que entram na composição dos alimentos. Um dos grandes destaques do LABRO é a análise que detecta farinha animal nas rações, um forte aliado na rastreabilidade da origem dos alimentos. O laboratório já estará disponível ao público a partir de setembro de 2002.

NEGÓCIOS CARIOCAS – A Urca, um dos bairros mais charmosos da zona sul do Rio de Janeiro, abrigará uma loja especializada em venda de Litopenaeus vannamei, cultivados na Bahia. A loja é uma iniciativa do empresário Paulo da Luz que pretende abastecer casas e restaurantes com o camarão, vendido limpo e congelado. Os vannamei que Paulo da Luz vai comercializar vêm da Valença Maricultura, que produz mensalmente 450 toneladas. A loja comercializará também carne de siri, filés de tilápia e lagosta.

WEB – A página do BMLP- Brazilian Mariculture Linkage Program na Internet está com novidades. Lá, o internauta vai conheçer as técnicas canadenses que estão sendo aplicadas em Santa Catarina para garantir o suprimento de semente de ostra no estado; saber como pesquisadores do BMLP e pescadores pretendem melhorar a maricultura artesanal na Bahia; saber sobre os investimentos que podem transformar a Universidade de Malaspina em centro de referência na pesquisa de moluscos, entre outros assuntos relevantes. A missão do Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura é aumentar a capacidade das universidades nordestinas selecionadas, agências de extensão governamentais e organizações não governamentais (ONG´s) com o objetivo de desenvolver as atividades de maricultura nas comunidades e programas correlatos. O endereço da BMLP é http://web.uvic.ca/bmlp/port-index.html e vale uma visita.

CAPACITAÇÃO – A Purina realizou entre os dias 29 de julho e 2 de agosto em Paulo Afonso – BA um treinamento de Capacitação Técnica de Peixes Avançada com sua equipe de vendas de todas as unidades da Purina no Brasil. Paulo Afonso – BA foi escolhida como sede desta capacitação, por ser referência na piscicultura nacional. A frente do treinamento Fernando Kubitza e Alberto J. P. Nunes, dois dos mais conceituados especialistas em aqüicultura do País. O principal objetivo foi ampliar a capacitação técnica da equipe de vendas para dar maior suporte técnico aos clientes de norte a sul do Brasil, visando conquistar os melhores resultados de produtividade nos cultivos. Aproveitando a oportunidade, no dia 30 de julho a Purina inaugurou em Paulo Afonso a sua Estação Demonstrativa de Piscicultura, que tem como objetivo simular os seus programas nutricionais e obter resultados nas reais situações de campo, para testes com novos produtos e ainda como unidade de treinamento para funcionários e de difusão de tecnologia para clientes e técnicos de campo.

MONODON – Uma fêmea da espécie Penaeus monodon com 220g de peso e comprimento de 28,5 cm foi encontrada no litoral de Fortaleza -CE. O camarão foi capturado, a cerca de 500 m da costa, por pescadores através de arrasto realizado próximo ao Porto do Mucuripe, uma região muito utilizada pela pesca artesanal de espécies nativas. Este é o terceiro relato comprovado da ocorrência do P. monodon no Ceará dentro de um período de um ano e dois meses. O P. monodon também é conhecido como camarão tigre gigante, por seu tamanho desproporcional em relação a outras espécies de peneídeos e por apresentar listras duplas de coloração marrom e amarelo ao longo de todo seu abdômen, cefalotórax, nadadeiras e apêndices. O camarão tigre tem sua ocorrência natural no Oceano Índico e Sudoeste do Oceano Pacífico, do Japão a Austrália. É uma espécie que apresenta rápido crescimento sob as mais variadas condições de cultivo, sendo a mais cultivada no mundo, com uma alta aceitação nos mercados americano e japonês. O P. monodon é, contudo, altamente susceptível às enfermidades virais Mancha Branca (WSSV) e Cabeça Amarela (YHV). Foi introduzido no Brasil na década de 80, mas seu cultivo foi abandonado devido a resultados zootécnicos insatisfatórios. Entre algumas hipóteses para a sua ocorrência no litoral brasileiro estão: o estabelecimento de populações naturais como resultado de espécimes fugitivas ou remanescentes dos cultivos da década de 80; a migração através de correntes marítimas vindas de outros países da América Latina onde está espécie já foi cultivada e, o transporte e introdução acidental através da água de lastro de cargueiros intercontinentais. Para validar as hipóteses levantadas, a Universidade Federal do Ceará vai iniciar um trabalho de isolamento e amplificação do DNA genômico do camarão capturado para comparar as bandas de RAPD (Poliformismo de DNA Amplificado) encontradas nos camarões asiáticos P. monodon, obtidos em análises prévias realizadas por outros pesquisadores.