Notícias & Negócios Internacionais_edição 56

AQÜICULTURA NA RIVIERA – O AQUA 2000, um trabalho conjunto da WAS – World Aquaculture Society com a EAS – European Aquaculture Society, é um evento que, segundo seus organizadores, deverá atrair mais de 220 expositores e um público participante proveniente de 100 diferentes países. O AQUA 2000 é na verdade a soma de dois grandes encontros anuais já tradicionais da aqüicultura mundial – o Aquaculture Europe e o World Aquaculture, e será realizado na próxima primavera de Nice, no coração da Riviera Francesa. Diariamente, de 2 a 6 de maio, acontecerão nada menos que 12 sessões simultâneas com temas que vão desde a genética até a engenharia de construção de estruturas para a aqüicultura. Além disso, os organizadores já confirmaram o recebimento de mais de 700 abstracts e informaram que a seção de pôster, com 190 trabalhos, estará disponível aos participantes do evento que poderão também contar com excursões para Cannes, Córsega e Monpellier. Para mais informações http://www.was.org/meetings/france/default.htm

A VEZ DO ZOOPLÂNCTON – Anualmente, 250 mil toneladas anuais de óleo de pescado são utilizadas na formulação de rações para peixes, o que representa 25% de toda a produção mundial de óleo. Estima-se que por volta de 2010, a indústria da aqüicultura venha a consumir todo o óleo de pescado que vier a ser produzido, o que acarretará numa grave crise que já pode ser facilmente vislumbrada face a crescente demanda deste insumo pelas indústrias de alimentos para humanos e animais domésticos. Mas, segundo Snorre Tilseth diretor da Norsildmel, organização norueguesa ligada ao comércio de óleo e farinha de peixe, o Mar da Noruega poderá ser uma grande fonte desse insumo se for possível a exploração de dois milhões de toneladas anuais de seu zooplâncton. Aos preservacionistas de plantão, Tilseth cita um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Marinhas de Bergen, em que foram avaliadas as produções anuais de krill, amfípodas e Calanus finmarchicus na costa norueguesa. A produção anual de zooplâncton situa-se entre 250 e 400 milhões de toneladas e, para Tilseth, a pesca de “apenas” dois milhões de toneladas pode vir a ser considerada uma exploração modesta e responsável deste recurso natural. A partir de dois milhões de toneladas de zooplâncton podem ser produzidas 200.000 toneladas de óleo com exatamente a mesma qualidade daquele proveniente de espécies de peixes como o arenque e o capelin, o que deixará bastante tranqüilos os bem sucedidos produtores noruegueses de salmão.

ALERTA – Cientistas da Academia Nacional de Ciências dos EUA publicaram um alerta para a possível fuga de salmões geneticamente modificados para o meio ambiente porque, segundo eles, se isso vier a ocorrer a espécie estará seriamente ameaçada de extinção. Os salmões geneticamente modificados crescem mais rápido e são maiores que os demais porque carregam genes ligados a produção do hormônio de crescimento de seres humanos. Esses animais são mais bem sucedidos que os animais não modificados no momento de atrair seus parceiros, mas, grande parte da prole desses cruzamentos morre antes de estarem sexualmente maduros. Se os animais geneticamente modificados escaparem, os resultados serão catastróficos com a distribuição rápida do gen dos hormônios de crescimento através das populações de salmões, que morreriam rapidamente. Os testes com salmões geneticamente modificados foram realizados por cientistas da Universidade de Purdue, Indiana, EUA que batizaram este gen de Troiano, porque pode chegar às populações como algo benéfico, terminando por destruí-las. Os cientistas testaram essa hipótese com um peixe japonês chamado medaka. Os machos cresceram bem mais e atraíram quatro vezes mais as fêmeas que os machos não modificados. Concluíram também que somente 2/3 dos medakas geneticamente modificados sobreviviam até a idade reprodutiva. Um modelo matemático então, calculou o que aconteceriam se 60 peixes geneticamente modificados fossem introduzidos numa população de 60.000 peixes selvagens: a população seria extinta em 40 gerações. Essas descobertas foram as primeiras a demonstrar que um organismo geneticamente modificado é capaz de trazer efeitos catastróficos a sua própria espécie e, alertaram ainda, que o escape de apenas um organismo pode ter o mesmo efeito catastrófico, apenas seguido de um processo de extinção mais demorado.

 BONS VIZINHOS I – Nos últimos dez anos a aqüicultura transformou-se numa das atividades produtivas mais importantes do Chile. Atualmente, o valor de suas exportações já alcançou US$ 800 milhões e representa 5% do total exportado pelo País. Não é à toa que os candidatos a presidência em disputa no segundo turno, em encontro com representantes do setor aqüícola chileno, já se comprometeram a fomentar e consolidar a aqüicultura através de atenções especiais como medidas urgentes para desburocratizar os atuais mecanismos de entrega de concessões de áreas para cultivo, defesa ferrenha dos interesses dos produtores chilenos frente as barreiras protecionistas de outros países e o resguardo do patrimônio sanitário. Um bom exemplo para o Brasil.

BONS VIZINHOS II – A revista chilena AquaNotícas Internacioal, em sua última edição, traz para seus leitores, sob o título “El mercado brasileño: las contradicciones de um gigante”, uma resenha do mercado brasileiro para os pescados chilenos e uma análise dos trâmites para as exportações que fazem do Brasil o terceiro mercado, atrás apenas do Japão e EUA. Entre os problemas apontados para que seus peixes cheguem aqui, a revista chilena destaca a burocracia brasileira e as severas exigências sanitárias do DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos Animais do Ministério da Agricultura. Entra as vantagens, destacam os baixos custos dos fretes para o Brasil, que podem ser até terrestres, além da inexistência de uma aqüicultura local capaz de abastecer a demanda por pescados por estar nas mãos do governo. Por fim, informam, erroneamente, que a aqüicultura brasileira produz somente 1% do total capturado, o que significaria algo ao redor de 7.000 toneladas anuais. Infelizmente não existem estatísticas para se conhecer a produção aqüicola nacional, mas pode-se estimar que já ultrapassa os 10% do total capturado pela pesca.