NOTÍCIAS E NEGÓCIOS ON-LINE – Edição 75

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De: Patricia Kofuji [email protected]
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Assunto: Desenvolvimento larval

Caros Colegas da Lista, será que alguém poderia me esclarecer o que significa a medida dias-grau (day degrees post hatching) no desenvolvimento de larvas de peixe?.

De: Ricardo Y. Tsukamoto [email protected]
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Assunto: Re: Desenvolvimento larval

Cara Patrícia, dia-grau é o número de dias de desenvolvimento do embrião ou larva multiplicado pela temperatura em graus Celsius a que o organismo esteve exposto. É um dado essencial para padronizar o estágio de desenvolvimento dos organismos, uma vez que a velocidade do desenvolvimento dos animais pecilotérmicos varia com a temperatura. O conceito dia-grau é geralmente usado para peixes de águas frias, como salmonídeos e coregonídeos, em que o desenvolvimento embrionário leva de muitos dias a até meses. Já para peixes de águas temperadas ou tropicais, como os ciprinídeos (carpas em geral) e os peixes brasileiros, é usado o conceito de grau-hora, uma vez que o desenvolvimento leva de algumas horas a alguns dias. Como você mencionou “days-degree post hatching”, é importante notar que tal conceito não fica restrito à fase após a eclosão. Pode ser usado para todas as fases do ciclo de desenvolvimento, como por exemplo, para a indução artificial da reprodução, o desenvolvimento após a fecundação, a maturação sexual, etc. Como você está fazendo pós no Japão, caso precise de alguma informação detalhada sobre o desenvolvimento de peixes, faça contato com um dos maiores especialistas mundiais no tema, o Prof. Dr. Carlos A. Strussman, brasileiro que há vários anos é professor da Tokyo University of Fisheries (Tosuidai).

De: Hilton Amaral Junior [email protected]
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Assunto: Re: Desenvolvimento larval

Patrícia, em países onde a temperatura média da água é mais alta (tropicais e sub tropicais) se faz a medida em horas graus. Como por exemplo, no Brasil, as carpas desovam em média geral, com 240 horas- grau após a segunda hipofisação. Em países onde a temperatura da água é mais fria, a contagem é feita em dias-grau. Nestes países as carpas normalmente levam 2 a 3 dias graus, o que para nós seria mais ou menos algo em torno de 1200 horas-grau. Portanto, nestes países é mais fácil contar em horas-grau.

De: Luiz Carlos Modesto [email protected]
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Assunto: Problemas com o Ph.

Olá, preciso de orientação relativa a um tanque para peixes. Meu tanque tem aproximadamente 33m3 de capacidade e foi construído enterrado, de concreto e recebeu impermeabilização com Vedacit. Na utilização, o tanque apresenta elevação persistente do Ph que, de 6.8 (Ph da água utilizada, proveniente de poço semi-artesiano), eleva-se em alguns dias para algo como 8.4. O tanque tem recirculação com: bomba de ½ hp; filtro mecânico de 0,5m de diâmetro, abastecido com 1.500 bioballs (plásticas); filtro UV (esterilizador) com 160Watts de potência (4 lâmpadas de 40W cada); retorno da água por cascata com 1m de altura e mais quatro pontos de injeção a meia altura da lâmina d’água. As medições realizadas e exames demonstram que as 23 carpas adultas e cerca de 40 filhotes de 6 meses que vivem no tanque estão saudáveis, sendo queos testes químicos apontam: amônia em zero ppm; nitritos em zero ppm. Apesar de todos os resultados satisfatórios o pH persiste em 8.2 a 8.4, sendo que, mesmo se reduzido quimicamente (por adição de sulfato de alumínio ou outro acidulante) volta a este patamar em 2 ou 3 dias.Além do risco para os peixes, o pH elevado estimula a proliferação de algas e prejudica a função estética do tanque. Um criador me sugeriu que o elevado pH pode ser devido ao concreto com Vedacit que foi utilizado na construção do tanque. Esta informação procede? O que posso fazer para resolver/minorar este problema? O pH acima de 8 pode trazer conseqüências para a saúde das carpas? Existe alguma pintura ou revestimento que possa resolver?

De: Phil Scott [email protected]
Para: [email protected] 

Assunto: Re: Problemas com o pH

Minha experiência diria para você olhar estas coisas. 1. quanto a revestir o tanque, embora um pouco caro, e provavelmente desnecessário, eu faria com tinta epoxi, o que neutralizaria o efeito do cimento em contato com a água. 2. Eu mediria, a dureza e a alcalinidade da sua água. Valores baixos, (abaixo de 20 ppm) e muito diferentes entre sí, indicam que a água tem pouca capacidade ‘tampão’, o que explicaria a variação de pH. Se este for o caso, na verdade você teria que aumentar a disponibilidade de carbonatos para o seu sistema, e isto poderia ser alcançado adicionando em algum ponto do seu sistema um recipiente com dolomita (ou outra fonte de carbonato de cálcio). É uma técnica usada em sistemas fechados marinhos, com sucesso. Pode até mesmo usar a dolomita como um filtro mecânico. 3. A água de poço semi-artesiano, muitas vezes pode vir de um profundidade considerável, onde, não há luz ou oxigênio. Pode vir com uma concentração de gás carbônico alta, bem mais alta do que nas águas superficiais, o que pode favorecer na eutroficação rápida da água uma vez em contato com a luz, e outros nutrientes presentes num viveiro de terra batida. A aeração vigorosa, antes do uso, já deu resultados para mim. A adição de sulfato de alumínio não creio que resolva nada….

De: Carlos Alberto S. Suleiman [email protected]
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Assunto: Calcário Dolomítico

Tenho um problema sério em minha piscicultura. Não tenho conseguido fazer desovas, estou há um ano trabalhando muito e agora me parece que a resposta está próxima, tenho tentado corrigir a água que uso para fazer desova (que vem de um rio), com o uso do Calcário Dolomítico mas não está me parecendo muito eficaz, quero saber se existe um meio mais adequado de uso do que simplesmente a colocação nos reservatórios de passagem da água do rio.

De: Ricardo Y. Tsukamoto [email protected]
Para: [email protected] 

Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Qual é o pH da água que você está usando para desova? Provavelmente o problema não está aí. E se você está na Região Sudeste, o período de desova das espécies nativas já praticamente acabou.

De: Carlos Alberto S. Suleiman [email protected]
Para: [email protected] 

Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Estou localizado na região Nordeste do Brasil, mais precisamente no Maranhão. Estamos aqui em plena época de desova, muita gente a minha volta está produzindo, mas eu não. Estou lidando com tambaquis, tambacus e curimatãs-pacu. A temperatura local é sempre de 24,5Cº a 26Cº. Tenho um motor bombeando água de um rio o qual o pH está sempre em 4,5 e 5,0, não tem também nenhuma dureza ou alcalinidade, porém também não tem problemas com gás carbônico e amônia, do rio vai para uma caixa d’água de 10.000 litros e daí para um reservatório escavado no chão e elevado alguns metros acima do nível das incubadeiras, esse motor fica ligado 24 horas por dia durante 6 dias seguidos.

De: Ricardo Y. Tsukamoto [email protected]
Para: [email protected] 

Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Realmente o seu pH está baixo e o teor de íons na água também deve ser muito baixo. Para elevar o pH da água, tente colocar brita fina de calcário nas caixas de passagem e na caixa central, para que ele dissolva aos poucos. Note, porém, que o calcário demora para dissolver na água e corrigir o pH. Se o tempo de detenção da água nas caixas não for suficiente, o pH continuará baixo. Neste caso, use cal hidratada de boa qualidade (do tipo usado para fazer doces), misturada em água. A cal é tremendamente alcalina, de forma que uma pequena quantidade é suficiente para elevar o pH até a faixa desejada (pH 7 a 8). Faça um teste para saber quanto precisa adicionar por litro e daí veja um jeito de tratar toda a água da caixa ou de tratar em fluxo. A temperatura da água também está baixa. Mesmo aqui em São Paulo, os peixes redondos e o curimatá têm problemas para desovar nesta faixa de 24 a 26 graus. Por vezes, acontece da gente iniciar a indução hormonal em temperaturas de 28 a 31 graus, e entrar uma frente fria à tarde ou à noite, baixando a temperatura para 25-26 graus. Simplesmente não desova nada. Portanto, tente aquecer a água do tanque de indução para estimular os peixes (aqueça gradativamente, para evitar choque térmico). A água da serpentina do fogão de lenha é uma alternativa de água quente. Há também várias formas de usar gás de cozinha para aquecer a água. Como o Maranhão tem japoneses, procure no comércio, o tipo de aquecedor usado para a banheira japonesa (ofuro), que tem a serpentina dentro do queimador, e permite circular a água do tanque automaticamente. Com um aquecedor destes, o controle da temperatura é mais fácil

De: Danilo Streit [email protected]
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Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Este ano aqui em Maringá onde faço meu Doutorado com reprodução de pacu (peixe redondo), conseguimos obter desova em grande parte do nosso lote, entretanto a eclosão foi praticamente nula, vindo a gorar os ovos entre 8 e 10 horas de incubação, sendo que em várias oportunidades estes ovos com 6 horas de incubação estavam com 80% de viabilidade. Adotamos inúmeras estratégias para contornar o problema como misturar lotes de matrizes, esgotamento total do reservatório de água, captação direta da água do rio, entre outras estratégias. Bem, pudemos observar, porém, que houve um adiantamento do período pois em fins de novembro praticamente não havia mais animais bons, sendo que, sem-pre trabalhamos com reprodução de novembro até meados de janeiro. Colhi depoimentos de piscicultores de Toledo (PR) e Maringá além do interior de São Paulo e, verifiquei a mesma dificuldade, além do problema de efetivamente não desovarem. Pois bem, chegamos a conclusão que talvez o fator ambiental (El Ninõ) possa ter afetado o processo reprodutivo de algumas espécies aqui no Sudeste/Sul. Observe como foi alimentação destas matrizes no período preparatório, qual idade de seu lote (muito novos ou muito velhos), estes animais estão em uma estocagem ade-quada, o Prof. Zaniboni (UFSC), adota a aplicação, prévia, de 0,25 mg/kg de peixe um dia antes da aplicação tradicional 10% doze horas depois 90% (pode ser que ajude), particularmente acho a acidez elevada para estocar as tuas matrizes (pode ser um fator estressante), o manejo deste tanque é intenso? Se for, estes animais podem ter regredido.

De: Alvaro Graeff [email protected]
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Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Aproveitando o assunto, chamou-me a atenção sobre sua observação quanto ao desvio padrão das desovas de algumas espécies de peixes de seu período natural. Pois bem, em nossa estação também não conseguimos no período natural desovas de Carpas Hungaras (20%) e por outro lado conseguimos 100% com as Israel que seriam mais tarde, também com os jundiás não temos conseguido sucesso pleno. Será que realmente o fenômeno El Nino tem sua parcela de culpa? Já que em outros anos não ocorreu nada de diferente dos protocolos habituais?

De: João Batista [email protected]
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Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Aqui no Centro de Aqüicultura da UNESP, em Jaboticabal, também tivemos atrasos na reprodução do pacu e piauçu. Normalmente trabalhamos com estes peixes em novembro, mas este ano só tivemos reprodução em meados de janeiro. Seria alguma alteração climática que estaria provocando isto? Pelo visto o fenômeno está bem generalizado.

De: Alexandre Honczaryk [email protected]
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Assunto: Re: Calcário Dolomítico

Aqui na Amazônia, ou no Amazonas também verificamos uma certa desordem em relação ao período natural de desovas, principalmente com a matrinxã. A primeira desova ocorreu em 28 de setembro e várias outras no decorrer de outubro novembro e dezembro, mas logo no início de janeiro já havia sinais de que a época chegava ao fim. Qual não foi a surpresa ao constatar na semana passada (17/02) que o lote de fêmeas de matrinxã trabalhadas em outubro novembro e dezembro estavam novamente bem preparadas (ótima coloração e quantidade de ovócitos) para uma nova indução. Aqui normalmente chove muito em janeiro e fevereiro, mas este ano tivemos muito pouca chuva, muito pouca mesmo, com algumas nascentes quase secando! Assim, podemos verificar que realmente alguma coisa fora do padrão climático normal aconteceu. E com outras pisciculturas no Mato Grosso e no sudeste será que algo semelhante também ocorreu?