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PANORAMA-L – Os participantes da lista de discussão Panorama-L foram pegos de surpresa com a suspensão dos serviços prestados pelo provedor Alternex que fez com que a lista deixasse de funcionar em 23 de agosto último. A dificuldade para colocar a lista novamente no ar se dá pelo fato de que, em função da grande quantidade de e-mails indesejados na internet, também conhecidos como “spans”, o serviço de lista de discussão não esteja mais sendo oferecido pela maioria dos provedores. Informamos, porém, que estamos tomando todas as providências para que no prazo mais curto possível a Panorama-L volte novamente a estar no ar. Pedimos, portanto, a compreensão de todos.


FLORIPA EM NOVEMBRO – A próxima SEMAQUI – Semana de Aqüicultura da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina já está agendada para ser realizada nos dias 3, 4 e 5 de novembro no Centro de Ciências Agrárias – Campus Itacorubi, em Florianópolis. O evento acadêmico vai trazer para discussão temas que incluem o cultivo de macroalgas; hematologia de peixes; montagem e manutenção de aquários marinhos; patologia de camarões marinhos; aqüicultura orgânica; cultivo de cefalópodos; uso de antibióticos em tanques de piscicultura; consultoria e legislação ambiental; ecologia, entre outros. Mais informações sobre a programação e todos os demais dados do evento podem ser obtidas no site www.semaqui.ufsc.br  ou com a estudante Camilla Nunes, da comissão organizadora, pelo e-mail: [email protected] 


ARGILA – Viveiros de tilápia com argila em suspensão na água e a sua relação com a menor incidência de off-flavor foi um tema levantado por Paulo Colherinhas ([email protected]), na lista de discussão Panorama-L. Em resposta, Ricardo Y. Tsukamoto ([email protected]) disse que isso talvez esteja relacionado ao fato da argila ter a propriedade de adsorver um vasto número de substâncias orgânicas da água, removendo-as do meio. Segundo Tsukamoto, a observação de Colherinhas a respeito da melhora no gosto da tilápia está provavelmente associada a esta propriedade, além do fato da argila dispersa na coluna d’água atuar como bloqueador da luminosidade, inibindo o crescimento das algas. A capacidade adsorvente varia conforme o tipo de mineral que constitui a argila, sendo que a capacidade máxima está nas bentonitas ou smectitas. O efeito adsorvente das argilas é análogo ao do carvão ativado. Como o carvão ativado é produzido especificamente para esta finalidade sua eficiência é maior, porém, possui custo centenas de vezes maior do que a argila. Na natureza, disse Tsukamoto, é comum que as araras se alimentem de frutos nutritivos, mas venenosos, e uma vez por dia vão a um determinado barranco comer argila, que adsorve a toxina e atua como “antídoto” da toxina. Também na indústria alimentícia, todos os óleos vegetais (soja, milho, arroz, palma, etc.) são tratados com argila ativada para remover os pigmentos que eles contém (clorofila e carotenóides), antes de serem comercializados. Na discussão foi levantada também a hipótese de que, na aqüicultura, a argila venha a ser incluída na ração de peixes e crustáceos para adsorver as toxinas produzidas por fungos (micotoxinas, como a aflatoxina), impedindo que a toxina tenha efeito tóxico e cancerígeno sobre o animal.


MÁRMORE ECOLÓGICO 
– Um inventor de Alicante, na Espanha, patenteou no último dia 15 de junho, junto ao Escritório de Patentes e Marcas de Madri, uma espécie de mármore para utilização na construção civil, feito com as conchas de mexilhões provenientes das indústrias de conservas. O inventor de 36 anos de idade, o espanhol Abel Martinez Díez, informou que o material funciona como isolante térmico, acústico, não absorve umidade e pode ser fabricado em diversas cores. As conchas são submetidas a processos químicos distintos, resultando num excelente mármore para o revestimento, com uso na construção civil, com características mais interessantes que a pedra natural. O peso por metro quadrado é bastante inferior ao da pedra natural, possuindo grande resistência à ação de produtos químicos. Além disso, o material é maleável, visto que no início do processo de produção, o seu estado é líquido, o que permite sobre pressão, injeção ou decantação, adquirir formas complexas sem que seja necessário talhar ou cortar a pedra com maquinários custosos. Ainda de acordo com o seu inventor, devido às suas propriedades técnicas, o material pode ser reciclado e reprocessado quantas vezes for necessário.


CANCELADO – O curso “Verticalizando a Produção de Tilápias” que seria ministrado por Fernando Kubitza nos dias 24 e 25 de setembro, em Jundiaí, foi cancelado. Kubitza está indo para o VI ISTA – Simpósio Internacional de Tilápia, nas Filipinas onde vai apresentar uma palestra sobre a evolução do cultivo de tilápia no Brasil. O especialista foi convidado também para expor, num evento paralelo em Manilla, a sua visão sobre o impacto da introdução de espécies exóticas em lagos e reservatórios no Brasil e sobre a experiência do cultivo de tilápia em tanques-rede nos reservatórios brasileiros. A sexta versão do ISTA dará ênfase especial aos avanços genéticos com a espécie e ao desenvolvimento dos mercados internacionais.


MUDANÇA DE TELEFONE – A Maccaferri do Brasil Ltda está mudando os telefones de algumas de suas filiais. A unidade mineira, localizada em Belo Horizonte atende agora no número (31) 3497-4455; em Recife o telefone novo é (81) 3271-4780 e, no Rio de Janeiro (21) 3866-8844. A Maccaferri produz a TelaPesc, uma tela fabricada com arames de zinco revestidos com PVC desenvolvida para a construção de tanques-rede utilizados em piscicultura.


VALOR AGREGADO – O Rio Grande do Norte está ganhando mais uma empresa de beneficiamento de camarão. Trata-se do frigorífico da Aquática, que faz parte da holding pernambucana Intergrupo, controladora do complexo de empresas dos setores de crustáceos e de alimentos que se implantou recentemente no Estado. O frigorífico, que será mais uma opção para os produtores locais comercializarem sua produção, fica no município de Porto do Mangue, região de Pendências, a cerca de 200 km de Natal. Inicialmente 100 funcionárias já estão em fase de treinamento para atender à demanda, oriunda principalmente da própria produção da fazenda Aquática (320 hectares em operação), e também terceirizada. Além do beneficiamento básico para exportação, o frigorífico também vai trabalhar com elaboração do produtos com valor agregado. Para isso, pretende empregar 200 funcionárias, que receberão treinamento de dois consultores da Tailândia e Honduras.


MERENDA ESCOLAR – Para quem tem planos de produzir produtos à base de pescado para merenda escolar, é bom saber que desde agosto o valor da merenda escolar no Brasil, que é calculado por alunos/dia, passou de R$ 0,13 para R$ 0,15. Os recursos são provenientes do Programa Nacional de Alimentação Escolar, e irão beneficir mais de 35 milhões de estudantes. Segundo o ministro da Educação, Tarso Genro, o aumento foi uma decisão de governo federal, já que a merenda escolar é considerada fundamental para a segurança alimentar do País. Com o propósito de atrair alunos à sala de aula, o MEC estendeu, desde o ano passado, o benefício da merenda escolar às creches e às comunidades indígenas. O valor da merenda escolar das creches é de R$ 0,18 e o das escolas indígenas é R$ 0,34.


DEGUSTAÇÃO – Em um teste cego de degustação na convenção anual da Federação Americana de Culinária, a maior e a mais prestigiada organização de chefes de cozinha dos EUA, 89 chefes e outros associados à indústria de culinária degustaram salmões cultivados e selvagens, preparados da mesma maneira. Os filés frescos foram cozidos e nenhum tempero foi adicionado. Sessenta e seis chefes disseram que preferiram o paladar do peixe cultivado, enquanto somente 23 (vinte e três) preferiram o do peixe selvagem. Muitos chefes de cozinha descreveram o paladar do peixe cultivado como de sabor rico e suave, e ficaram impressionados não só com o sabor, mas também com a textura.


BAGAÇO DA AZEITONA 
– O ácido maslínico, originado do bagaço da azeitona, incluído na dieta de trutas cultivadas faz com que estes peixes cresçam mais e de forma mais rápida, além de reduzir a mortandade. Assim foi demonstrado num estudo da professora Mónica Fernández, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Granada, na Espanha. Os experimentos levaram cerca de 225 dias em três anos consecutivos com aproximadamente 4.000 exemplares de trutas arco-íris. Este composto funciona como inibidor das proteases serinas e faz com que os peixes que o consome cresçam mais e em menos tempo, que suas escamas e nadadeiras apresentem um melhor aspecto e que a mortalidade habitual nas truticulturas (entre 5 e 10%), diminua praticamente a zero. De acordo com a UGR a aplicação deste composto na dieta de animais já se encontra próxima de ser patenteada a nível internacional.


PISCICULTURA – Tecnologia desenvolvida no Estado de Alagoas poderá ajudar a reduzir os custos na piscicultura. Consultores do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (SEBRAE/AL) e Instituto do Bambu (Inbambu) desenvolveram um protótipo de tanque-rede construído em bambu, com custos 400% menores que os modelos tradicionais. A técnica de construção já está sendo repassada aos piscicultores do Baixo São Francisco, em um curso realizado no município de Penedo.


PIRARUCU NO CEARÁ – A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (Seap) firmou convênio com o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) para iniciar o processo de reprodução do pirarucu, peixe específico da Região Amazônica, na estação de piscicultura do DNOCS, em Pentecoste, município a 88 quilômetros de Fortaleza. O investimento do governo federal no projeto é de R$ 1,25 milhão e visa, através das técnicas adquiridas no DNOCS, onde a espécie foi introduzida na década de 40, incentivar a criação do peixe em cativeiro pela iniciativa privada, com fins comerciais. O governo investirá em pesquisa e estrutura, enquanto que as empresas ficarão responsáveis pela engorda e pela reprodução. Os recursos destinados pelo governo serão utilizados na contratação de técnicos especialistas em reprodução e para a aquisição de equipamentos, reprodutores e rações. O convênio, no entanto, desagradou os pesquisadores do eixo Belém-Manaus onde se concentra a maior parte dos estudos realizados com o pirarucu. Segundo um pesquisador, que pediu para não ser identificado,” não é de hoje que são solicitados recursos para solucionar os gargalos que ainda restam para que se possa cultivar comercialmente esse peixe nativo da Amazônia e não temos tido retorno”.


CURSOS EM MEIO AMBIENTE – Será realizada no período de setembro a novembro de 2004, a primeira rodada de cursos na área ambiental, promovida pelo Instituto Altervita, em parceria com o CRBio2, com o apoio da empresa SIGHTGPS. Os cursos se destinam a profissionais que atuam ou estão ingressando na área de meio ambiente, bem como a todos os interessados no tema. Maiores informações encontram-se disponíveis no endereço: http://www.crbio2.org.br/PropostaCursos2004_2.doc.


ERRATA 1 – A forma como foi redigida a legenda da figura 2 do artigo “Carcinicultura Ameaçada”, de autoria de Alberto Nunes, Pedro Cunha Martins e Tereza Gesteira, publicado na última edição, causou interpretações errôneas quanto aos organismos visualizados. Marcio Souza, pesquisador do Laboratório de Fitoplancton e Microorganismos Marinhos (FURG) e autor da foto, em correspondência a redação da Panorama da AQÜICULTURA, pede desculpas pela confusão e esclarece que “de fato os organismos facilmente visíveis são o dinoflagelado Scrippsiella trochoidea (celulas maiores, piriformes), já que os tricomas de cianobactérias não ficaram tão bem focalizados naquela foto”. Os filamentos de cianobacterias da Familia Pseudanabaenaceae, Ordem Oscillatoriales estão na foto e podem ser vistos ao fundo. A foto foi feita com aumento de 1000x, contraste de fase; escala de 20,0 µm.


ERRATA 2 – O artigo “Coletânea de Informações Aplicadas no Cultivo do Tambaqui, do Pacu e de outros Peixes redondos” de Fernando Kubitza, também publicado na última da Panorama da AQÜICULTURA, foi diagramado, por falha nossa, sem mencionar que as devidas referências bibliográficas podem ser solicitadas ao autor ou diretamente à nossa redação através do e-mail [email protected]


25 ANOS – A Alisul Alimentos completou no dia 30 de agosto passado 25 anos de existência no mercado de nutrição animal. Esse trabalho resultou em cinco fabricas (São Leopoldo-RS, Carazinho-RS, Itajaí-SC, Maringá-PR e Anápolis-GO), que geram uma gama de mais de 350 produtos distintos entre rações comerciais e linha pet. A Alisul possui hoje 600 colaboradores e uma extensa rede de distribuidores no Brasil, e países como Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai, Bolívia, Equador e China, onde os produtos da Supra também são comercializados.


BACTÉRIAS E CARCINICULTURA 
– A aqüicultura também sofre com os impactos da poluição dos mananciais, com a ocupação desordenada ou com algumas ações humanas. Neste sentido, a criação de animais aquáticos necessita de um ambiente sadio em termos de bactérias patogênicas ao homem para poder alcançar sua sustentabilidade em toda sua plenitude. Assim, a “Influência do meio ambiente em áreas de risco na qualidade bacteriológica do camarão cultivado no Estado do Ceará” foi o tema escolhido pelo analista ambiental do IBAMA, Raúl Malvino Madrid para desenvolver sua tese de pós-doutorado. O trabalho avaliou o impacto negativo do ambiente exógeno à carcinicultura em termos de contaminação de bactérias patogênicas que possam afetar negativamente a qualidade do camarão cultivado nos principais estuários cearenses, através da análise da água e do sedimento, bem como do camarão despescado e depois da lavagem na indústria. O tema se reveste de grande importância já que o mercado internacional está cada vez mais exigente nesta questão. Os interessados no estudo podem solicitá-lo diretamente ao autor através do e-mail: [email protected]


FARINHA DE PEIXE
 – Uma boa notícia para fabricantes e consumidores de ração. A produção peruana de farinha de peixe cresceu cerca de 53% neste primeiro semestre de 2004 (1.119.700 toneladas), com relação ao mesmo período do ano passado (729.700 toneladas). De acordo com o Ministério da Produção, esse fato se deu basicamente em função do aumento da pesca da anchoveta.


CAMARÃO BAIANO – O grupo MPE, com sede no Rio de Janeiro, um dos maiores produtores de camarão de cativeiro do Brasil, ampliou seus negócios no Estado da Bahia, ao comprar a participação de 50% de seu sócio (a empresa Vivenda do Camarão), na Fazenda Sohagro, na Bahia. A MPE passou a deter o controle total da fazenda com 120 hectares de viveiros, localizada no município baiano de Olivença. Além da Sohagro, o grupo MPE detém o controle das fazendas Valença da Bahia Maricultura, Maricultura da Bahia e Salinas das Margaridas, totalizando 1.150 hectares de viveiros no Estado. Nestas fazendas são produzidas, ao todo, cerca de 500 toneladas por mês que resultam em exportações mensais de cerca de US$ 1 milhão.


CARPAS ORNAMENTAIS 
– O Koi Herpes Vírus (KHV), causador da doença que já atingiu nos últimos seis anos diversos países da América do Norte, Ásia, Europa, África e do Oriente Médio, foi identificado na África do Sul em dezembro de 2003. O vírus, responsável por taxas de mortalidade que podem variar de 70 a 100% em poucos dias ou uma semana, nos cultivos de carpa ornamental e de carpa comum (Cyprinus carpio), foi primeiramente identificado em 1998, em lotes de carpas ornamentais cultivadas nos EUA e em Israel. Parece ser, até o momento, específico à esta espécie, uma vez que foram conduzidos experimentos tentando a infecção das espécies Carassius auratus, Ctenopharyngodon idellus, Hypophthalmichthys molitrix, Bidyanus bidyanus e Oreochromis niloticus, com resultados negativos. De acordo com pesquisadores, a infecção se dá de forma horizontal (através da transmissão via peixes infectados), e muito provavelmente a sua dispersão mundial, seja muito maior do que é atualmente conhecida, principalmente em função do intenso comércio de peixes ornamentais. Segundo os pesquisadores, o KHV é altamente contagioso e a mortalidade é cumulativa, sendo que a temperatura da água é um importante fator para a sua manifestação já que o vírus se torna ativo em temperaturas da água variando entre 18 a 28 oC. Até agora não existem registros da presença deste vírus em nenhum país da América Latina. De qualquer forma, os produtores brasileiros de carpas ornamentais devem estar atentos com a importação de exemplares de peixes provenientes de países onde a doença já está instalada. Maiores detalhes sobre o KHV podem ser encontradas na página http://www.frmltd.com/Workshop_KHV.htm.