Notícias & Negócios – edição 101

CABEÇA AMARELA – Uma notícia publicada no jornal El Nuevo Diário, da Nicarágua, colocou em alerta a indústria do camarão cultivado na América Latina e levou as autoridades nicaragüenses do Ministerio Agropecuario y Forestal (Mag-For), a fechar as fronteiras para a importação de larvas de camarão da vizinha Honduras, já que os laboratórios estavam utilizando alimentos de larvas importados da China, suspeitos de serem portadores da doença da “Cabeça Amarela”. Fiscais do Mag-For, em inspeção aos laboratórios de larvas de camarão de Honduras, encontraram, além de artêmia e poliquetas, alimentos da China cuja importação também não havia sido reportada às autoridades hondurenhas de sanidade animal. A preocupação das autoridades nicaragüenses deve-se a possibilidade desses alimentos não estarem livres da doença da “Cabeça Amarela” e, por isso, decidiram não por em risco as fazendas nicaragüenses. A doença da “Cabeça Amarela” é considerada pior que a da “Mancha Branca”, que apareceu em 1998, e está atualmente controlada, mas que ocasionou grandes perdas para a indústria nicaragüense. Os hondurenhos, estão também muito preocupados porque o fechamento do mercado nicaragüense para as suas larvas pode dar início a uma reação em cadeia, que pode culminar com o fechamento das exportações para os mercados dos Estados Unidos e Europa, com perdas superiores a 219 milhões de dólares, fruto da exportação anual de 22.650 toneladas.

CAMARÃO EQUATORIANO – O camarão equatoriano marcou um novo recorde em vendas ao exterior, exportando em maio 11.400 toneladas. Isso representa a entrada de 51 milhões de dólares. Segundo a Câmara Nacional de Aqüicultura, esse volume de venda por mês foi registrado como o mais alto da história das exportações de camarão do país. O crescimento tem sido progressivo. Em 2006, as vendas já aumentaram 24% com relação a 2005. No primeiro trimestre de 2007, 62% das exportações foram para os EUA. A boa notícia para os produtores equatorianos veio na primeira semana de junho, quando o Departamento de Comércio dos EUA  (DOC) anunciou que o camarão equatoriano poderia ingressar com taxa zero nesse  mercado. A decisão deve ser  ratificada  antes de 20 de agosto próximo.

FUNDADA A FEAq – Acaba de ser fundada em Florianópolis (SC) a Federação das Empresas de Aqüicultura, FEAq, cujo objetivo primordial é servir como órgão de representação das empresas aqüícolas existentes em Santa Catarina. São sócios fundadores as empresas Ostra Sul, Blue Water Aquaculture, Fazenda Marinha Ostravagante, Alternativa Produtos do Mar, Santana Cultivos Marinhos, Fazenda Marinha Atlântico Sul, Fazenda Marinha Ostra Viva e Mar do Sul e Ad Oceanum, todas com forte atuação na área de malacocultura. A presidência da entidade está a cargo do maricultor e engenheiro agrônomo Fabio Faria Brognoli, da Fazenda Marinha Atlântico Sul. Brognoli assinala que há muito tempo as empresas de aqüicultura precisavam se organizar para levar adiante suas reivindicações. “Precisamos fazer com que o muito que pagamos em impostos, taxas e tarifas retornem na forma de projetos, leis, fomento, crédito, obras e melhorias, e venha solucionar os problemas de toda ordem que as empresas se deparam no dia a dia” – explicou Brognoli.

BOM EXEMPLO – Moradores do bairro Santa Rita, localizado próximo ao centro de Piracicaba-SP, comemoram a produção de duas toneladas de tilápias. Há dois anos um grupo de 30 moradores se uniu para limpar os tanques abandonados do Centro de Piscicultura, situados em Área de Preservação Permanente (APP), e passaram a investir na tilapicultura, transformando-se em piscicultores autodidatas. Hoje, após formarem a Associação dos Piscicultores do Santa Rita, exploram 11 mil m2 distribuídos em 15 tanques, que variam de 350 a 1000 m2, onde foram colocados 11 mil alevinos. Para recuperar os tanques e tocar o projeto de piscicultura, os associados empregaram recursos próprios e tudo o que conseguiram com rifas e doações. Além disso, firmaram parcerias com a Prefeitura e buscaram apoio da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Popular (Nepep). O trabalho de recuperação da área onde estavam os tanques atraiu também outros parceiros, como a Fraternidade Cristã e a Associação dos Deficientes de Piracicaba e Região, que se interessaram em utilizar parte do terreno para o plantio de ervas medicinais, com o objetivo de promover renda para os portadores de deficiência física. Dentro de duas semanas deverá ser aprovado na Câmara de Vereadores o projeto de lei que autoriza a exploração da área pela Associação dos Piscicultores do Santa Rita e libera recursos municipais para suprir custos básicos. A aprovação da lei permitirá também que a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Sema) comercialize os peixes. A renda obtida com a venda de parte dos peixes será distribuída entre as famílias carentes do Santa Rita. A outra parte da produção será doada à escola do bairro, para ser utilizada na merenda escolar.

CAMARÃO CATARINENSE – A atual safra da produção de camarão em Santa Catarina ficou reduzida para apenas 300 ton. reflexo da doença do vírus da “Mancha Branca” nas criações em 2004. Antes da doença, a produção do Estado, o quinto maior produtor nacional, foi estimada em 4,2 mil toneladas de camarão, após crescimento de 31% da produção. Segundo a Epagri-SC, mesmo sem a manifestação da doença, de um total de 109 fazendas catarinenses, apenas 12 conseguiram produzir camarão este ano.

PIRÁ TURBO 36 – O Grupo Guabi apresenta ao mercado aqüícola a sua nova ração para peixes, a Pirá Turbo 36, desenvolvida especialmente para as situações de estresse. Com altos teores de vitamina C, de gordura e de proteína, a ração ajuda a minimizar efeitos negativos do estresse que ocorrem por conta de altas densidades de estocagem, variações ambientais ou manejo intenso. A nova opção Pirá Turbo 36 deve ser administrada de forma preventiva, ressalta o gerente de produtos para aqüicultura da Guabi, João Manoel. O Pirá Turbo 36 tem 1.000 mg de Vitamina C/kg, alto teor de gordura (8% extrato etéreo) e de proteínas (36% PB). A vitamina C é um antioxidante natural que reduz os efeitos negativos do estresse, potencializa a resistência dos peixes e pode ser fornecido como reforço para outras rações menos enriquecidas. Esta nova ração é acrescida dos principais nutrientes, de modo que, mesmo ingerida em pequenas quantidades, fornece as vitaminas necessárias, aminoácidos e gorduras de alta digestibilidade, suficientes para melhorar o quadro geral dos peixes afetados. A Pirá Turbo 36 pode ser administrada pura ou misturada a outras rações para aumentar os níveis de nutrientes ou melhorar sua digestibilidade. O produto é apresentado em dois diâmetros 2-4 mm e 6-8 mm, atendendo todas as espécies e tamanhos de peixes. Mais informações no site: www.guabi.com.br

REDE PARANAENSE I – Mais de 60 municípios do Estado do Paraná estão se beneficiando com a Rede Paranaense de Pesca, com investimentos de R$ 22 milhões da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior/Fundo Paraná, e cerca de 80% dos projetos estão em fase adiantada de execução. A Rede foi criada em 2003, pelo Governo do Estado, e reúne mais de 20 pesquisadores de 13 instituições, entre elas a UFPR, PUC, Unioeste, Fundação Terra e Emater. No litoral, os principais projetos para desenvolvimento de tecnologia estão voltados para a produção de sementes de ostras em laboratório, alevinos de robalo peva Centropomus paralelus, formas jovens de caranguejo uçá Ucides cordatus e pós-larvas de camarão branco Penaeus schmitii, para repovoamento das baías. A rede também faz o lançamento de armadilhas antiarrasto e de recifes artificiais em zonas próximas à orla marítima, e ainda está construindo, reformando e ampliando 15 laboratórios de universidades e adquirindo 14 veículos e oito lanchas para uso no mar e em rios.

REDE PARANAENSE II – No Mercado de Peixes de Paranaguá já foram instalados quatro módulos de depuração de moluscos (ostras e mexilhões) e quatro no Mercado Municipal de Guaratuba. Outras duas unidades serão instaladas ainda em Guaraqueçaba. Segundo o engenheiro de pesca Luiz de Souza Viana, os projetos desenvolvidos no interior do estado tratam basicamente do repovoamento de rios e represas com espécies nativas como a piapara Leporinus elongatus, pacu Piaractus mesopotamicus, curimba Prochilodus lineatus, surubim do iguaçu Steindachneridion melanodermatum, jundiá Rhamdia sp. e lambari Astyanax sp. No Oeste e Sudoeste do Paraná, os projetos mais importantes estão relacionados à certificação do sistema de produção de tilápia em viveiros escavados. Também estão sendo implantados um frigorífico-escola e uma fábrica de ração, envolvendo mais de 180 piscicultores em nove municípios, em parceria com a Unioeste, para produção de almôndegas, quibes, macarrão, sopas, entre outros itens que vão compor a merenda escola das escolas municipais.

PAPYTEX – A empresa paulista Papytex, com mais de 25 anos de atuação na indústria têxtil, foi certificada em dezembro passado com a ISO 9001, o que significa dizer que a empresa estabeleceu uma abordagem sistêmica para a gestão da qualidade dos seus produtos. A Papytex oferece ao mercado da Aqüicultura produtos em multifilamento de nylon sem nós (Raschel), como a Rede anti-pássaro (polietileno com proteção Anti -“UV”); Rede para despesca (com ou sem saco) e Tanques-rede (tipo berçário) com ou sem tampa. A empresa confecciona também produtos sob medida e com garantia. Credenciada junto ao BNDES, a Papytex pode comercializar e financiar seus produtos através do cartão BNDES (www.cartaobndes.gov.br).

EUA VETA PRODUTOS CHINESES – Após inúmeras advertências ao governo chinês, a agência que controla os alimentos e medicamentos dos EUA (FDA) emitiu, em 28 de junho, um “alerta importante” proibindo a venda de cinco tipos de pescados cultivados na China – camarão, bagre, enguia, basa (Pangasius sp.) e dace (Cyprinidae). A medida foi uma resposta aos repetidos casos detectados de contaminação com aditivos alimentares e medicamentos veterinários não aprovados. Segundo o FDA a ação foi tomada após anos de alertas e uma recente visita às fazendas aqüícolas chinesas. O assunto foi noticiado pelo jornal The New York Times, que reproduziu a opinião do professor Robert Romaire, da Universidade Estadual da Louisiana, criticando o manejo nas fazendas chinesas ao dizer que “às vezes chega a ter de 10 a 20 vezes a densidade de peixes de um ambiente natural” e, para isso, alguns criadores chineses usam substâncias proibidas, principalmente fungicidas e bactericidas, para prevenir doenças. Como os viveiros ficam freqüentemente lotados, os peixes e camarões podem adoecer à medida que a água fica poluída com rações e dejetos. Nenhum dos antibióticos e aditivos alimentares encontrados nos pescados cultivados chineses – nitrofurano, verde malaquita, violeta genciana e fluoroquinolonas – está na lista aprovada pelo FDA. Segundo o órgão, a exposição a longo prazo ao nitrofurano, verde malaquita e violeta genciana, que também são ilegais na China, causou câncer em animais de laboratório. Já as fluoroquinolonas, permitidas na aqüicultura chinesa, não são permitidas nos Estados Unidos porque seu uso em rações animais pode aumentar a resistência a antibióticos. Ainda não é possível avaliar o impacto da medida, já que a China é responsável por 22% das importações de pescados feitas pelos EUA. Sobre as importações, os pescados somente poderão ser vendidos nos Estados Unidos se os importadores fornecerem testes independentes comprovando que os peixes e frutos do mar não contêm os contaminantes.

MONITORAMENTO HIDROBIOLÓGICO – A apostila sobre o “Monitoramento Hidrobiológico em Fazendas de Cultivo de Camarão”, editada pela Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco – FAEPE com o apoio do SEBRAE-PE, encontra-se publicada no site do SEBRAE Nacional. O link para acesso é www.biblioteca.sebrae.com.br

CADEIA DA TILÁPIA – Piscicultores cearenses elaboraram um diagnóstico da cadeia produtiva da tilápia, que aponta vários obstáculos referentes ao elo da cadeia produtiva desse peixe. O documento foi baseado num estudo feito por empresários do segmento, por ocasião da visita de uma delegação cubana ao Estado do Ceará no mês passado. O diagnóstico, entregue ao Governo do Estado, aponta a falta de informação técnica oferecida e relata as dificuldades encontradas pelos produtores quanto ao licenciamento ambiental dos seus cultivos. Além disso, enumera críticas à política de cobrança de impostos, a falta de incentivos e políticas para o setor, e a falta de incentivos ao consumo dos subprodutos da tilápia. O documento identifica ainda, os gargalos do processamento, como a falta de fábricas de gelo, a falta de unidades de beneficiamento que visem o aproveitamento integral da tilápia. Os tilapicultores preocupados em sofrer a mesma crise do camarão, solicitam também o incremento de pesquisas sobre mortalidade dos peixes nos períodos de chuva, além de que sejam disponibilizadas as estatísticas sobre o setor.