Notícias & Negócios – Edição 14

AGRADECIMENTOS – Os editores do Panorama da AQÜICULTURA agradecem a todos que enviaram mensagens gentis de estímulo pela passagem de ano. Agradecem também aos que tanto nos apoiaram em 1992, principalmente nossos patrocinadores, pelo voto de confiança em nós depositado. A eles e a todos os nossos leitores nossos sinceros votos de um próspero 1993.

ANUÁRIO – Informamos às centenas de criadores, consultores, pesquisadores e empresas que enviaram o “Quem é quem” preenchido para constarem do primeiro “Anuário da Aqüicultura Brasileira”, que estamos processando as informações de modo que apareçam seguindo um critério de busca que estamos estabelecendo para facilitar as consultas. Informamos também que os espaços publicitários do Anuário estão sendo comercializados. Aqueles que desejarem um destaque para sua empresa podem entrar em contato com nossa redação. E, aos leitores que por algum motivo ainda não tenham enviado o formulário, estimulamos que o façam o mais breve possível pois ainda há tempo. Os assinantes do Panorama receberão gratuitamente ao contrário dos que recebem como cortesia. Por isso assine já e receba grátis.

ABCC – Desde 30/11/92 Eduardo Viera é o novo presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarões.

AJUDA GOVERNAMENTAL – Reuniram-se em 13/01/93 na sede da FIPERJ, no centro do Rio de Janeiro, o Grupo de Trabalho para elaboração do Programa Inter-institucional de Desenvolvimento da Aqüicultura no Rio de Janeiro, instituido em 30/09/92 pelo Secretário de Agricultura do Estado. Sob este nome pomposo reuniram-se representantes da Secretaria de Estado, da EMATER, da PESAGRO-RIO, do IBAMA, da APISC – Associação dos Piscicultores e da UFF. Na reunião, o presidente da APISC, Otávio Jardim, encaminhou ao Grupo de Trabalho uma solicitação dos sócios da APISC para que o estado reveja as taxas para obtenção das licenças ambientais que estão absurdamente altas no estado do Rio e que está fazendo com que muitos piscicultores se instalem clandestinamente. É um bom momento para refletir e lembrar das várias ocasiões onde o setor público resolveu “ajudar” a aqüicultura. Nessas ocasiões as soluções sempre foram paternalistas e o setor público sempre acabou competindo com a iniciativa privada na distribuição de alevinos, muitas vezes usados para fins eleitoreiros. Essas estórias são bem conhecidas e para muitos a aqüicultura é coisa séria e não dá mais para suportar conversa fiada.

NOVIDADE EM NUTRIÇÃO – As rações da Agroceres tem ajudado os grandes produtores brasileiros de camarões a alcançarem seus melhores resultados de engorda até o momento. É com base nesse sucesso que a Agroceres em breve estará lançando a AGROCAMARÃO START. De acordo com a companhia esta nova ração é um produto elaborado com níveis mais adequados de proteína para alimentar os camarões do 7º ao 50º dia de cultivo. A ração é destinada ao produtor interessado em obter maior ganho de peso na fase inicial da engorda e alcançar maior produtividade.

FAX – Segundo fax de José Roberto Borghetti, foi com o objetivo de aumentar a produção pesqueira no Rio Paraná, a jusante da Hidroelétrica de Itaipú, que a equipe de Meio Ambiente da Empresa Binacional desenvolveu um modelo experimental de canal de migração. O desenho hidráulico da escada de acesso (33 metros) já tem permitido uma migração ascendente de até 2.800 peixes por dia no período da piracema. Nossa limha de fax continua aberta para informações enviadas pelos nossos leitores.

QUALIDADE – A Bernauer S.A. – Aquacultura, através da divisão Pirapoty, de Blumenau – SC, iniciou com o pé direito a sua atuação na área da tecnologia de manuseio e produção para piscicultura e carcinicultura. Já efetuou vendas de aeradores, alimentadores, máquinas para selecionamento e bombeamento de peixes, máquinas para embalagens de alevinos, caixas e containers para manuseio e transporte de animais vivos além de todo o instrumental e equipamentos eletrônicos, incluindo peças de reposição. A Pirapoty representa importantes fabricantes de Taiwan, Alemanha, Itália e Áustria e pretende para breve, iniciar a fabricação de equipamentos no Brasil visando sempre o melhor preço para o produto, ou seja, uma relação custo/benefício aliada a melhor tecnologia e qualidade para atender este promissor setor.

AUBURN UNIVERSITY – O International Center for Aquaculture and Aquatic Environments da Auburn University iniciará de 18 de março a 8 de julho de 1993 o curso chamado “Aquaculture Training Program”. A Auburn University pesquisa, há 60 anos, os temas Aqüicultura e Pesca. São 34 profissionais trabalhando no Centro que possui 900 hectares de área de pesquisa com 100 ha de espelho de água. A tradição do curso data de 1976 e, desde então, 230 pessoas de 58 países já receberam treinamento com certificado. Os tópicos do curso incluem qualidade de água, reprodução, gerenciamento de produção, construção de viveiros, produção, nutrição, patologia, economia, extensão e computação. Os participantes devem ter pelo menos dois anos de estudos universitários ou experiência prática anterior no ramo. O curso é ministrado em inglês, embora muitos dos participantes e professores do curso falem outras línguas inclusive o português. O centro, que já treinou vários brasileiros, também oferece o curso de mestrado em aqüicultura. É provavelmente o maior centro de pesquisa de catfish (Ictalurus punctatus) nos EUA. Entre o staff, encontram-se John Jensen e Len Lovshin, fluentes em português e com experiência em aqüicultura no Brasil. São 16 semanas de curso, e o custo é de US$ 5,500. Este custo inclui as despesas de livros, laboratório, transporte e serviços médicos. Os custos mensais (alojamento e alimentação) para estudantes solteiros variam de 700 a 900 US$ por mês. Para maiores informações contactar Dr. William G. Deutsch – Dept. of Fisheries and Allied Aquacultures – Auburn University, Alabama 36849-5419 EUA fax (205) 844 9208 tel (205) 844 4786.

UM ANO LUCRATIVO PARA OS CRIADORES DE CAMARÕES – Segundo o periódico GLOBEFISH da FAO, o mercado norte-americano de camarão não foi afetado pela recessão e fraqueza do dólar em 1992. Os preços aumentaram nos últimos meses do ano. O mercado japonês recuperou em agosto de 1992, após um período fraco no início do ano. Já o mercado europeu voltou a comprar o camarão de água doce a medida que os preços do P. monodon se elevaram. A carcinicultura equatoriana no primeiro semestre de 1992 foi negativamente afetada pela corrente marítima El Niño, que em abril de 1992, destruiu muitos viveiros de criação. A taxa de crescimento dos camarões no início de 1992 foi muito baixa devido a ocorrência de vírus e sobrepovoamento dos viveiros que, produziram principalmente camarões pequenos (51/60), em torno de 18g por unidade. A previsão para a segunda safra equatoriana do ano parece ser bem melhor. Já no México e EUA, a produção pesqueira do primeiro semestre de 1992 foi abaixo da média. As expectativas das safras para a Índia, o Paquistão e as Filipinas também estão abaixo da safra de 1991. Por outro lado, a demanda interna da China aumentou a tal ponto que os preços estão acima da média do mercado internacional, o que deve diminuir a oferta deste país para o mercado internacional. Espera-se que a até o final de 1992 a Tailândia tenha produzido aproximadamente a mesma quantidade de 1991. Enfim, entre outros, esses fatores contribuiram para que os que o preço do camarão tenha aumentado em 1992. Os criadores esperam um acréscimo de US$ 2.00 a 3.00/kg no preço para a segunda metade de 1992, tornando novamente interessante o cultivo depois do desapontamnto de 1991.

TARTARUGAS – Para muitos países exportadores de camarão foi importante a decisão de um juiz americano terminando o processo iniciado por um grupo ambientalista visando banir a importação de camarão de mais de 70 países que ainda não utilizam a rede excluidora de tartarugas (TED – Turtle Excluder Device), incluindo aí o Brasil.

PORTUGAL – Enquanto a importação francesa de Penaeus Monodon caiu com o aumento de US$ 1.00/kg a mais do que no ano passado, os espanhóis e, principalmente, os portugueses estão importando mais camarões vindos de países do leste africano como Tanzânia, Moçambique, Kenya e Madagascar. Estas importações totalizam 18% das importações de camarão de Portugal enquanto o produto cultivado na Colômbia e Equador (P. vannamei) já totaliza 8%. O consumo concentrado nos restaurantes de Lisboa cresceu de 0,1 kg/capita em 1982 para 0,9 kg/capita em 1991.

WOYNAROVICH – Uma bela iniciativa foi a promoção da APISC – Associação de Piscicultores – em convidar o laureado professor húngaro Elek Woynarovich para uma visita ao Brasil. O Dr. Woynarovich estará entre nós até o mês de março e a APISC informa que, se outras associações ou universidades, estiverem interessadas em palestras e workshops, os contatos poderão ser feitos através da APISC pelo tel (021)532-4265 .

NOTA 10 – O serviço de pesca dos EUA (National Marine Fisheries Service) iniciou o monitoramento do desenvolvimento do camarão cultivado em todo o mundo a partir de 1983. Isto por uma razão bastante importante; a pesca de camarões naquele país gera cifras acima de meio bilhão de dólares anuais (1991) e tem importância fundamental, principalmente para as comunidades costeiras do Golfo do México. O incremento massivo da produção de camarão cultivado já criou baixa real (inflação ajustada) nos preços de camarões marinhos. Assim começa o prefácio dos 2 volumes intitulados ‘World Shrimp Farming’ publicado pelo U.S. Department of Commerce no sentido de esclarecer a comunidade pesqueira sobre as tendências passadas e ajudar nas projeções econômicas baseadas nas perspectivas de safras de camarão cultivado. O trabalho enviado ao Panorama da Aqüicultura por Dennis Weidner teve a importante colaboração do Bob Rosenberry editor do consagrado World Shrimp Culture. Conta com um capítulo sobre o Brasil, com várias fotos de fazendas e laboratórios. O trabalho não se propõe a ser um paper científico, mas certamente será uma das principais obras de referência nos próximos anos para aqueles que desejarem estudar o assunto.