NOTÍCIAS & NEGÓCIOS – Edição 141

O CÉU É O LIMITE – O secretário-executivo do MPA, Brigadeiro Átila Maia da Rocha, revelou no encontro realizado em 17 de fevereiro, em Brasília, quando fez um balanço parcial do Plano Safra da Pesca e Aquicultura, que a produção brasileira atual já é da ordem de 2,5 milhões de toneladas anuais e a que a população já consome, em média, 14,5 quilos por habitante/ano. Mas quem é do mar sabe que não é bem assim. Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão – ABCC, Itamar de Paiva Rocha, os números divulgados, não passam de uma quimera, que não se sustenta diante da mais elementar análise. Segundo Itamar, o Brasil, sob-hipótese alguma produziu 2,5 milhões de toneladas de pescado. Disse ainda não ter medo de afirmar que a produção brasileira de pescado não atingiu sequer 1,5 milhão de toneladas. E aproveitou para desafiar “os mentores desse verdadeiro descalabro para apresentarem a matriz que gerou essas fantasiosas e engendradas estatísticas”. Lembrou ainda que não será por essa equivocada via que o Brasil vai se destacar na produção de pescado. Muito pelo contrário, a história não perdoará esses falsos profetas e manipuladores da verdadeira e catastrófica decadente situação do setor pesqueiro brasileiro. Isso, unicamente por obra e graça da incompetência que está dominando a politica pesqueira brasileira, arrematou o presidente da ABCC.

NORMA DA ABNT – No dia 18 de março terminará o prazo para a Consulta Pública sobre a Norma que a ABNT está preparando para a aquicultura. A Panorama da AQÜICULTURA recebeu da Comissão que prepara a Norma uma nota de esclarecimento sobre o artigo publicado na última edição, escrita pelos biólogos Ricardo Tsukamoto e Neuza Takahashi, intitulado “Norma NBR da Aquicultura: um tiro no pé?”. Logo ao recebê-la divulgamos em várias listas de discussão, já que publicá-la nesta edição não seria lida a tempo por quem desejasse se manifestar na consulta pública. A recomendação foi que ela fosse lida, juntamente com o artigo, para que o maior número de pessoas do setor produtivo pudesse se manifestar sobre as minutas apresentadas. O resultado da consulta pública será divulgado e comentado na próxima edição.

TESTE DE DNA CONTRA FRAUDE – Quem já não esbarrou com o panga sendo vendido como linguado? Ou como tilápia? Quem já não teve vontade de chamar alguma autoridade para desmascarar uma fraude no comércio de pescado, mas não sabia como obter as provas necessárias. E, afinal, quem deve ser punido? O comerciante alega que compra direto do distribuidor, mostra a nota para provar que o panga que está vendendo foi comprado como linguado. Uns jogam a culpa nos outros, e segue o baile. O fato é que muitos filés se assemelham e o consumidor, em geral, não consegue distinguir e acaba levando panga por linguado. Para combater essa fraude a Secretaria de Pesca e Maricultura de Florianópolis tomou a iniciativa de usar o exame de DNA e assim está gerando provas incontestáveis. Segundo o Secretário Adjunto de Pesca e Maricultura de Florianópolis, Tiago Bolan Frigo, foi realizada uma investida em bancas de pescado, supermercados e restaurantes, onde as amostras foram coletadas. Após análises, uma das amostras comercializada como congrio rosa, foi identificada geneticamente como Gadus chalcogrammus (polaca do Alasca). Em outra amostra comercializada como linguado, a análise genética indicou a espécie Pangasius hypophthalmus. Outra amostra ainda, comercializada como garoupa, foi identificada geneticamente como Polyprion americanos (cherne). Os estabelecimentos foram notificados pelo PROCON e, não sendo acatada a defesa que têm direito, receberão uma multa que pode variar de R$600 a R$3.000.000,00, de acordo com o faturamento bruto do estabelecimento. Se essa moda pegar, todo mundo vai ganhar.

OS DETENTORES DE CONHECIMENTO – Chamou a atenção a nota da assessoria de imprensa do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), explicando que seu presidente, Benedito Arruda, enviou ofício à Câmara dos Deputados se manifestando contra o conteúdo do projeto de Lei nº 2944/2011, que pretende acrescentar à Lei nº 11.959, de 2009, dispositivos que priorizem a aquisição de lotes em parques e áreas aquícolas por “detentores de conhecimento” sobre produção aquícola. É que na redação atual esse texto legislativo limita estes profissionais como sendo apenas os registrados no Sistema CONFEA/CREA e que tenham formação em aquicultura e pesca, ou seja, engenheiros de pesca e engenheiros de aquicultura. Ao contrário do que muitos poderiam esperar, e por isso chama a atenção, é que a manifestação do CFMV não é contrária a um projeto de Lei que cria “prioridades”. Na verdade o chororô do CRMV é para que os médicos veterinários e zootecnistas não fiquem de fora na hora das “prioridades”.

PRODUTO ESPECÍFICO PARA AQUICULTURA – A aquicultura brasileira também pode contar com a qualidade, tecnologia e os serviços da Phibro Saúde Animal, que possui um antimicrobiano indicado para o tratamento das patologias de crustáceos e peixes. O TM® 700 é um produto à base de oxitetraciclina em alta concentração, que trata as infecções causadas em peixes e crustáceos por: Aerococcus viridans, Haemophilus piscium (enfermidade ulcerativa), Aeromonas salmonicida (furunculose), Aeromonas liquefaciens (septicemia hemorrágica) e enfermidade por Pseudomonas. Segundo Paulo Teixeira, diretor da Unidade de Avicultura e Suinocultura da Phibro, e também da área de Aquacultura, o TM 700® possui características ideais para tratamento via ração, tais como alta estabilidade sob diferentes condições de temperatura e de pH. A oxitetraciclina possui comprovada eficácia contra bactérias Gram positivas e Gram negativas, e além disso, é eficaz contra outros tipos de microrganismos, tais como Chlamydia e Rickettsia. “O TM® 700 é um dos mais eficazes antimicrobianos de amplo espectro usados em piscicultura”, garante Paulo Teixeira. Mais informações sobre a utilização do produto podem ser encontradas no site da empresa: www.phibro.com.br

AQUICULTURA SUSTENTÁVEL – “Uma aquicultura sustentável no Brasil” foi tema do workshop realizado em fevereiro, em Brasília, com o apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). O encontro, coordenado pelo professor Wagner C. Valenti, do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (UNESP), faz parte da consolidação de uma rede nacional de pesquisa com a participação de mais de 40 especialistas. A proposta é que até 2015, sejam definidos indicadores de sustentabilidade que poderão ser levados em conta em políticas públicas e em iniciativas empresariais. O trabalho leva em consideração a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento social e a produção lucrativa.

TOLERÂNCIA TÉRMICA – O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) desenvolve projeto de pesquisa para avaliar como os peixes de água doce de regiões tropicais serão afetados pelo aumento da temperatura da água em resposta às mudanças climáticas globais. O projeto Hot Fish, uma parceria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da Universidade de Carleton, em Ottawa, no Canadá, é baseado na “Hipótese de Jansen”, criada em 1967, que sugere uma diferença na tolerância térmica entre organismos de regiões temperadas e tropicais, devido, principalmente, a menor variação na temperatura do ambiente nos trópicos. A especialista em Ecofisiologia de Peixes Dominique Lapointe explica que as espécies de regiões tropicais podem não sofrer esta tolerância térmica devido ao ambiente aquático ter poucas variações sazonais de temperatura, e isso pode ser comprovado pela observação da grande variação na temperatura corpórea desses organismos entre os períodos de inverno e verão nas regiões temperadas. Ela relata que as mudanças climáticas podem ser potencialmente prejudiciais à manutenção do equilíbrio dos ambientes de água doce de regiões tropicais, como no Rio Negro, já que estes sustentam uma importante diversidade biológica.

CONSUMO DE RAÇÕES – As vendas de rações para peixes e camarões em 2013 cresceram 14%, atingindo 740 mil toneladas. A previsão para esse ano é que devem manter o bom desempenho do ano passado. A previsão do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) é produzir mais de 840 mil toneladas de rações para peixes e camarões em 2014. Já a produção de alimentos para pets cresceu 5,3%, alcançando 2,4 milhões de toneladas em 2013 e deve crescer novamente 5% este ano.

AGROPECUÁRIA EM ALTA – O IBGE anunciou que no ano passado a economia brasileira cresceu 2,3%, e que dentre os setores que contribuíram para a essa alta, o destaque foi para a agropecuária, com a impressionante alta de 7% sobre o ano passado, reafirmando que esta tem papel decisivo no crescimento do país. Sendo assim, segundo o economista da FEA-USP, Eduardo Daher resta, aos líderes do governo, e à sociedade civil como um todo, repensarem os rumos econômicos do país de modo a remover antigos entraves que ainda prejudicam a agropecuária, de modo a estimular investimentos no setor.

A VEZ DA AUSTRÁLIA – A Austrália acolhe este ano dois importantes eventos da aquicultura mundial. De 25 a 30 de maio, a cidade de Cairns, na Grande Barreira de Coral, receberá o 16º Simpósio Internacional de Nutrição e Alimentação de Peixes (International Symposium on Fish Nutrition and Feeding – ISFNF) e, em junho, de 7 a 11, será a vez de Adelaide, a capital do Sul da Austrália, receber o World Aquaculture Adelaide 2014. O Simpósio Internacional sobre Nutrição e Alimentação de peixes é o principal fórum internacional para pesquisadores, acadêmicos e da indústria que lidam com a nutrição e alimentação de animais aquáticos, e atrai pesquisadores, acadêmicos e representantes da indústria de todo o mundo. A expectativa esse ano é a de que, pelo fato de ser realizado na Austrália, atraia os nomes de peso da indústria de alimentação da Ásia. Já o World Aquaculture Adelaide 2014 vai combinar a conferência internacional anual da Sociedade Mundial de Aquicultura (WAS) com o bem sucedido evento bienal conhecido como “Australasian Aquaculture”. Mais informações no Calendário Aquícola desta edição.

LACQUA14 – Em 2014, o evento anual do Capítulo Latino Americano e Caribenho da Sociedade Mundial de Aquicultura – LACQUA14 – está sendo organizado junto com o 9o Foro Internacional de Acuicultura – FIACUI – em Guadalajara, México. Neste evento, que será realizado de 04 a 07 de novembro de 2014, serão apresentadas conferências de alta qualidade e haverá um programa especialmente direcionado aos produtores aquícolas. Mais de 100 estandes são esperados no 9o FIACUI & LACQUA14, que também vai reunir aquicultores, empresários e especialistas de toda a região da América Latina e do mundo. Os participantes poderão assistir a várias palestras magistrais oferecidas por especialistas de renome mundial, bem como trocar ideias sobre as pesquisas e analisar as opções de negócios com um importante conjunto de empresas de todo o mundo que estarão presentes. As línguas oficiais da conferência são o Espanhol e Português. Os organizadores do evento, liderados pelo Capítulo Latino Americano e Caribenho da Sociedade Mundial de Aquicultura (LACC-WAS), esperam que mais de 1000 profissionais do setor da aquicultura compareçam na reunião em Guadalajara. Informações atualizadas sobre a conferência e inscrições estão disponíveis em www.was.org, bem como as informações para envio dos resumos em espanhol ou português. O prazo final para submissão é 15 de agosto de 2014.

FENACAM 2014 – Depois de 10 anos seguidos sendo realizada em Natal (RN), a FENACAM se mudou para Fortaleza (CE), e este ano vai comemorar a sua 11ª edição em Fortaleza (CE) no moderno Centro de Eventos da Cidade de Fortaleza. E a data também mudou. Tradicionalmente realizada no mês de junho, este ano, por conta da Copa do Mundo e das Eleições (Outubro), a FENACAM alterou seu calendário e vai acontecer de 10 a 13 de novembro. Desde 2004 os eventos FENACAM vêm sendo realizados anualmente pela ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão, envolvendo os segmentos da carcinicultura, com enfoque principal para o camarão marinho, e a piscicultura de água doce (tilápia, tambaqui e surubim), já tendo se consolidado como o mais importante fórum de discussão e promoção do setor aquícola brasileiro. Para incentivar e motivar a participação dos produtores de peixes e camarões cultivados, especialmente dos micro e pequenos, que constituem parte significativa da cadeia produtiva desses segmentos, a FENACAM’14 oferecerá atrações e incentivos voltados para atender suas demandas. Desta forma, o evento incluirá a realização simultânea e independente de dois importantes eventos técnicos: XI Simpósio Internacional de Carcinicultura e VIII Simpósio Internacional de Aquicultura, disponibilizando tradução simultânea para as palestras proferidas em Inglês, de forma que todos terão a mesma oportunidade de acesso às informações apresentadas nos referidos eventos, que ao final incluirá um CD com todas as palestras, em Power Point, proferidas pelos conferencistas. Como em todas as edições, na FENACAM 2014 os participantes poderão participar da XI Feira Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços para a Aquicultura, que esse ano contará com dezenas de Empresas, nacionais e internacionais, expondo equipamentos, produtos e serviços para aquicultura. Mais informações no site www.fenacam.com.br

FRIPEIXE – O grupo JBS-Friboi, o maior do segmento de carne bovina do mundo, e que já gera 300 empregos diretos no Acre deve investir também na piscicultura no estado. O governador Tião Viana em conversa com o diretor-presidente da empresa, Wesley Batista, lhe falou sobre as ações do governo para o aumento da produção de pescado, principalmente na construção do Complexo da Piscicultura, onde estão sendo investidos R$ 62,9 milhões.

ALTERNATIVA PARA ALIMENTAÇÃO – Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) estudam alternativa para redução do preço da alimentação oferecida ao camarão marinho quando cultivado em cativeiro. O estudo testa a substituição da farinha de peixe pela silagem de peixe feita com resíduos de pescado comumente descartados. Além dos benefícios para o meio ambiente o uso da silagem é 10 vezes mais barata que a farinha de peixe. Nesse estudo serão analisados o crescimento, a sobrevivência e a qualidade da carne dos camarões. A pesquisa é desenvolvida pelos professores do curso de Engenharia de Pesca da UFERSA, Filipe Ribeiro e Alex Augusto Gonçalves faz parte do Programa Nacional de Carcinicultura – RECARCINA, financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, através da FINEP. Os pesquisadores utilizam como metodologia a avaliação em dois sistemas de produção: o sistema tradicional, que consiste na recirculação de água transparente e o sistema bioflocos.