Notícias & Negócios – edição 26

TOP SECRET ou COMO NOS VELHOS TEMPOS – O Dr. Fuad Alzuguir, do Ministério da Agricultura, desculpou-se e não quis revelar o conteúdo do relatório final contendo as recomendações provenientes dos diversos segmentos da aqüicultura brasileira e as diretrizes para a elaboração da Política Nacional de Aqüicultura, (ou será Pesca e Aqüicultura?). Indagado o por quê desse mistério em torno do assunto durante sua participação no Seminário de Aqüicultura do Mercosul em Toledo – PR, Alzuguir alegou não poder revelar o conteúdo de um documento elaborado para ser entregue a ministros e ao próprio presidente da República. Bem, dos ministros do antigo governo não sobrou nenhum na Esplanada e o próprio presidente Itamar, descansa agora em paz ao lado de sua linda namorada. Ficaram então no ar outras perguntas: Será que os aqüicultores, principais interessados no conteúdo desse documento, devem continuar sem conhecê-lo? Em que gaveta jaz nesse momento esse documento? Quem souber as respostas levante o dedo!!!

EXEMPLO NOTA 10 – Terá inicio no próximo dia 26 de janeiro em Toledo – PR, o primeiro Curso de Formação de Instrutores em Piscicultura. É uma iniciativa inédita do SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural ministrado por Robert “Bob” Hickson do Centro de Piscicultura Ambiental de Toledo – PR. O curso tem duração de quatro dias, com aulas teóricas e práticas. É voltado para profissionais formados em áreas afins e tratará de legislação, construção de viveiros, manejo, doenças, qualidade de água e pedagogia, visto que os formandos terão como principal tarefa, instruir produtores rurais nas práticas de cultivo. Os alunos terão assegurados transporte e hospedagem pagos pelo SENAR, numa clara disposição de incentivar profissionais multiplicadores dos conhecimentos dos menejos da aqüicultura. Tal iniciativa poderá ser copiada pelos profissionais de outros estados, comprometidos com o desenvolvimento da atividade. Esses poderão entrar em contato com o SENAR do Paraná e conversar com Patricia Lupion Torres pelo tel (041)-2261861 e fax (041) 253-1615.

SUBTILIS – Apesar dos excelentes resultados de engorda que vem sendo obtidos por produtores brasileiros de Penaeus vannamei, um problema vem surgindo com a adoção dessa espécie no Brasil. Deve-se a dependência de reprodutores oriundos dos países onde a espécie ocorre naturalmente, agravada pela dificuldade operacional da importação constante desses reprodutores. Tais dificuldades já despertaram os empresários envolvidos e a Sibra, na busca de alternativas economicamente viáveis, já está testando formulações para a espécie nativa Penaeus subtilis. Os testes já estão sendo realizados na Fazenda Formosa em Canguaretama, com pós-larvas provenientes da Kep e da Secom do Piauí.

SANTA CLARA CLAREOU – A Piscicultura Santa Clara, em Visconde de Mauá, a exemplo de outros truticultores, alcançou bons resultados com a utilização do Carophyl Pink (astaxantina do Laboratório Roche) incorporada à sua ração. Esses e outros resultados estimularam a Estação de Salmonicultura Dr. Ascanio de Faria, em Campos do Jordão, a realizar mais testes com o produto, que deverão ser iniciados antes do fim de janeiro. A empresa Arcobaleno, representante exclusivo da Roche, já dispõe para os interessados, de literatura técnica relativa ao uso do Carophyl Pink nas rações para cultivo de crustáceos marinhos e de água doce.

PROBIÓTICOS – Dois laboratórios produtores de pós-larvas de camarões marinhos, a Aquatec em Canguaretama – RN e a Maricultura da Bahia em Valença – BA, sob consultoria da WTS de Miami, aprimoram seus laboratórios incorporando tecnologia e equipamentos para maior controle sobre a qualidade da água. A WTS trouxe um consultor do Equador, Dr. John Birkett, para operar as mudanças que vão permitir, inclusive, que esses laboratórios utilizem a tecnologia de probióticos, possivelmente a novidade tecnológica mais importante no cenário da carcinicultura mundial. São microrganismos produzidos pela biotecnologia, com características benignas cuja presença na água de incubação desalojam e inibem o crescimento de microrganismos patogênicos.

QUEM AVISA AMIGO É – O impacto do aumento dos preços do cisto de Artemia no mercado internacional atingiu em cheio os produtores brasileiros, aliás, conforme previsão publicada na Panorama da AQÜICULTURA edição 24 . O preço do cisto de Artemia vem caindo ano a ano até meados de 1994 fazendo a alegria dos produtores em todo o mundo. De repente, os preços subiram sensivelmente e muitas empresas não estão conseguindo atender a todos os pedidos. O fato é que, a pesca dos cistos do inverno passado foi fraca e tudo indica que uma situação parecida esteja se repetindo novamente. Para justificar tal acontecimento, alguns culpam as condições invernais, outros a sobrepesca, e ainda há quem diga que os recursos naturais de Artemia são limitados para acompanhar o boom que a aqüicultura mundial vem experimentando. De toda forma, não custa repetir que é bom que os larvicultores passem a ir se acostumando com formas alternativas para o seu cultivo. Para fazer a redução do uso de Artemia, o larvicultor tem que levar em consideração diversos fatores de manejo, além da qualidade do alimento suplementar que vai substituir parcialmente o náuplio de Artemia.

METAS SUPERADAS – Flávio Lindenberg e Max Lucas, proprietários da Moana Aquacultura de Cananéia – SP, estão muito satisfeitos com os primeiros meses da safra de alevinos (outubro, novembro e dezembro), onde duplicaram a produção obtida em igual período do ano passado. A Moana Hatchery parte agora para o “segundo tempo” da safra que terminará com a chegada do inverno. Esse aumento da demanda, segundo os proprietários, mostra que o crescimento da atividade é substancial e, mais importante, está sendo acompanhado pela mudança de atitude dos aqüicultores, a seu ver, cada vez mais profissionais. E para acompanhar esse desenvolvimento, a Moana continua investindo em equipamentos, tecnologia e instalações, inaugurando no momento mais uma bateria de viveiros que, somados aos já existentes, totalizarão 6 ha somente para alevinagem. Muito trabalho e dedicação são necessários para manter a seriedade e o profissionalismo no atendimento dos seus clientes, o que resulta numa pronta entrega hoje, com disponibilidade de alevinos de pacu, tambacu, tambaqui, carpas e catfish africano. Ao que tudo indica, a meta de comercialização prevista de 3 milhões de alevinos, será superada.

ELEMENTAR CARO WATSON – O brasileiro Mario Hoffman despede-se da INVE onde trabalhou por muitos anos para, em companhia de sócios franceses, tocar sua Watson Food Trading, que se ocupará de importação, exportação e comercialização não somente de produtos do mar mas também de água doce, frescos e congelados. A sede da empresa fica na bela cidade de Nice na França, muito bem localizada e com acesso fácil aos principais mercados europeus. Os produtores brasileiros interessados poderão se contactar (em português) com a Watson Food Trading pelo tel +(33) 93 870070 ou fax +(33) 93 821764.

SUPER ESTOQUE – Procurando suprir a falta de hipófises de carpas que pegou de surpresa muitos produtores brasileiros em novembro e dezembro últimos, a Bernauer Aquacultura encomendou e acabou de receber 50 gramas de hipófises de carpas dessecadas com certificado de qualidade expedido pela TEHAG e já encomendou ao mesmo fornecedor húngaro outras 50 gramas de modo a manter permanentemente disponível um bom estoque.

PRESSÃO – O grupo Canaã, detentor do controle acionário do Projeto Marine, concluiu a construção da sua fazenda de camarão de 210 ha. Em 1994 a Marine produziu 350 t e para 1995 tem projeções de 900 t. Para viabilizar este incremento, a Marine conta com a chegada de novos aeradores paddle wheel, além disso, o grupo Canaã está importando rações balanceadas do Peru e dos EUA com o objetivo de melhorar a performance dos cultivos e pressionar as empresas nacionais fabricantes de rações, de forma a obter melhores preços e qualidade.

SUPER SAFRA – A novidade sobre o mercado produtor europeu são as super safras das duas espécies mediterrâneas Sparus aurata (dourada) e Dicentrarchus labrax (robalo europeu). O aumento constante de produção tem obrigado os seus produtores a procurarem mercados alternativos como a Bélgica, Alemanha e Inglaterra. Esta grande produção tem reflexo direto sobre os preços, que em algumas épocas do ano chegaram a baixar até os níveis de produção – entre 10 e 13 dólares, dependendo da região. A produção de alevinos das duas espécies em 1994 chegou perto dos 170 milhões. Isso significará que a produção de engorda estará atingindo daqui à dois anos, cifras recordes de 40.000 toneladas com peixes com 300-400 g de peso médio.

BAÚ UNIVERSITÁRIO – O Departamento de Biologia Marinha da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro possui um banco de monografias diponível a qualquer um, com preciosidades de grande valia para os interessados em aqüicultura. Foram apresentadas 145 monografias de 1982 até agosto de 1994. Dessas, 3 são sobre camarões marinhos, 9 sobre camarões de água doce, 4 sobre mexilhões, 1 sobre ostras, 1 sobre rã, 2 sobre algas, 1 sobre piscicultura marinha, 2 sobre piscicultura de água doce e 4 sobre larvicultura (instalações, etc). Ao todo, são 27 monografias que estão direta ou indiretamente ligadas a aqüicultura e mostram que nos últimos 12 anos, 18,6% dos biólogos marinhos formados pela UFRJ se mostraram interessados pela atividade, tendo feito pelo menos um grande trabalho a respeito. Imeginem se todos eles estivessem hoje exercendo a profissão?

AO REDOR DA TRUTA -O VIII Encontro Nacional da ABRAT – Associação Brasileira de Truticultores, foi realizado nos dias 26 e 27 de novembro último no Hotel Fazenda São João em Nova Friburgo-RJ, com a presença de 22 participantes sócios e não sócios. Na ocasião foi eleita a nova diretoria com a reeleição de Claudio Schmidt para a presidência e Nelson Rocha Faria como seu vice. Os destaques ficaram por conta da palestra do associado João Luiz Sauer, com sugestões de manejo pré e pós abate de forma a possibilitar a obtenção de um produto de melhor qualidade, e da Dra. Marília Oetterer do Departamento de Tecnologia Rural da ESALQ – USP, que apresentou técnicas de salga, fermentação (anchovagem) e defumação. Os interessados em obter o material didático do VIII ENA poderão solicita-lo a ABRAT (021) 221-4911.

SAIU PORTARIA DOS BAGRES – Foi assinada em 26 de dezembro de 1994 a portaria nº 147 que determina a proibição da introdução, cultivo e comercialização de formas vivas dos bagres (catfish) americano (Ictalurus punctatus) e africano (Clarias gariepinus) nas Bacias dos rios Amazonas e Paraguai. Para efeito da portaria, entende-se como áreas abrangidas, os estados onde se inserem os rios Amazona e Paraguai, seus afluentes, lagos e lagoas marginais.

PESCA INTERDITADA – Foi assinado em 12/12/94 pelo governador Pedro Pedrossian um decreto proibindo a pesca com fins comerciais em todo o Mato Grosso do Sul, com o objetivo de garantir a capacidade de renovação dos estoques pesqueiros nos rios do estado e conservar o patrimônio estadual. Somente poderão ser comercializados pescados de origem marítima, de piscicultura ou de outros estados. A pesca artesanal para subsistência e consumo no próprio município está autorizada, desde que se respeite o período de piracema.

DOAÇÃO AJUDA PESQUISA UNIVERSITÁRIA – São raras as vezes que no Brasil deparamos com a iniciativa privada interagindo com a pesquisa universitária. É o caso recente da Mogiana Alimentos S.A. – Rações Guabi, fabricantes de rações para organismos a-quáticos, que acaba de doar seu sistema experimental de nutrição e alimentação de peixes e camarões ao Centro de Aqüicultura da UNESP de Jaboticabal – SP. Foram cedidos pela Mogiana, 48 tanques plásticos de 120 litros, reservatórios de 1000 e de 500 litros, bombas d’água, aquecedores de 2.000 watts, tubos e registros. Estes equipamentos foram utilizados seguidamente nos últimos quatro anos para estudos e pesquisas do Departamento de Nutrição da Mogiana e farão parte do novo laboratório de nutrição de peixes da universidade.

AUSTRÁLIA – Na Austrália, o balanço do ano finalizado em junho de 1993, mostrou que a exportação Australiana de organismos marinhos cultivados somou A$ 1,240,000,000 , um aumento de 14% sobre o ano anterior. Os pricipais produtos foram a lagosta, o camarão e o abalone. A exportação da lagosta cultivada gerou divisas da ordem de A$ 467,600,000, um crescimento de 22%. O camarão gerou A$ 197,000,000 crescendo 27% e o abalone A$ 187,000,000 crescendo 11%. Estas informações foram extraídas de uma mensagem da lista de discussão Aqua-L enviada por Ray Wong, um comerciante de Sydney, Austrália. Segundo Wong, seus bons contatos com o mercado do sudeste da Ásia o estão estimulando a investir em uma fazenda piloto para criação de animais marinhos com bom potencial, com ênfase em espécies de alto valor comercial. Wong conclama biólogos marinhos do mundo todo para que entrem em contato com ele e mostrem os “projetos dos seus sonhos”, pois quem sabe ele poderá ajudar a realiza-los na Austrália. Seu e-mail para contato é [email protected].

PEIXINHOS – Nos EUA, durante os primeiros seis meses de 1994, a importação de peixes ornamentais alcançou a cifra de 24.4 milhões de dólares, um acréscimo de 3% em relação ao ano anterior. As importações continuam sendo dominadas pelos países do Sudeste da Ásia sendo a Tailândia a principal fonte. Por outro lado, as exportações norte-americanas na primeira metade de 1994 totalizaram 10 milhões de dólares (aumento de 19% em relação ao ano anterior) fazendo dos peixes ornamentais o produto proveniente da aquacultura com o maior valor de exportação. A Europa continua sendo o maior mercado apesar dos maiores crescimentos terem acontecido no comércio com o Japão, Taiwan, Hong Kong e Singapura.