Notícias & Negócios – edição 83

RESULTADOS CONTESTADOS – Por iniciativa da ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão, 13 fabricantes de alimentos para camarão tiveram seus produtos enviados para análises em laboratório fora do país. Os resultados iniciais mostraram que todas as rações estavam em desconformidade com seus conteúdos estampados nas embalagens. A notícia já se espalhou entre os produtores, e tem levado muitos ao equívoco de associar as altas mortalidades decorrentes do vírus IMNV à qualidade da ração que consomem. Do outro lado, as indústrias produtoras de rações se defendem explicando que o laboratório que realizou as análises deveria utilizar metodologias específicas para identificar alguns produtos presentes nas rações, e isso não foi feito. Entre outros exemplos, destacam o caso da vitamina C, cuja busca foi feita pelo “ácido ascórbico” e não pelo “L–ácido ascórbico monofosfato”, a vitamina C utilizada por muitas fábricas. Este descuido levou o laboratório a afirmar que muitas empresas simplesmente não utilizam a vitamina C em seus produtos. Lamentando a divulgação precipitada desses laudos, as indústrias de alimentos lembram que não é de hoje que sofrem acusações. Segundo um representante do setor, isso não é de se estranhar porque até hoje, em nenhum momento, o importante papel das rações brasileiras foi reconhecido pelos carcinicultores quando se comemora e se propaga as razões que levam o Brasil a ser o campeão mundial de produtividade.


CÃO AMIGO – Os cães estão próximos de se tornar também os melhores amigos dos produtores de catfish, no estado do Alabama (EUA). Em demonstração feita na Universidade de Auburn, pesquisadores do Laboratório de Pesquisa de Animais Aquáticos do Departamento da Agricultura e da Escola de Medicina Veterinária da universidade, apresentaram aos produtores de catfish o uso de cães treinados para detectar a presença do off-flavor já a partir da água dos viveiros. Na demonstração, dois cães das raças pastor alemão e labrador, treinados nos laboratórios da universidade para reconhecer o odor de terra e mofo característico do off-flavor, foram obrigados a passar diante de cinco amostras de água, das quais apenas uma encontrava-se contaminada. Em segundos, após farejarem, os animais se sentaram diante da amostra contaminada. De acordo com os pesquisadores, cães treinados podem auxiliar a detectar muito mais antecipadamente que os humanos a presença do off-flavor na água, antes mesmo que este seja detectado pelo paladar humano na carne dos peixes.


GATO POR LEBRE – A Piscicultura Aquabel faz um alerta sobre os falsos revendedores de seus alevinos, que vêm agindo em diversos estados brasileiros. Segundo Ricardo Newkirchner, responsável pela empresa paranaense, oportunistas estão se utilizando da credibilidade conquistada pela Aquabel para comercializar alevinos de origem desconhecida. Os falsos revendedores enganam os piscicultores, prometendo entregar alevinos e juvenis das tilápias Tailandesa e Supreme, esse um produto exclusivo Aquabel, registrado no INPI. Além de prejudicar a imagem da sua empresa, Ricardo considera que esse comércio ilegal traz prejuízos aos piscicultores já que acreditam estar engordando alevinos de qualidade e acabam se deparando com longos períodos de engorda, alto consumo de ração, reversão sexual indesejada e custos altos de produção. Ricardo solicita aos piscicultores que denunciem esses falsos revendedores para que sua empresa possa tomar as medidas legais cabíveis.

ACORDO À VISTA – O ministro Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, informou que o Brasil poderá chegar a um “acordo político” com os EUA na ação que os americanos movem contra vários países exportadores de camarão. Em função dessa ação antidumping, que poderá resultar em multas retroativas, as importações americanas do camarão brasileiro caíram cerca de 47% neste ano de 2004. Segundo o ministro, o acordo poderá ser possível em função da pequena participação do Brasil nas importações americanas de camarão (apenas cerca de 3%), visto que a ação dos EUA visa grandes exportadores, como Vietnã, Malásia e China.


CONVÊNIO – 
A Alicorp (Nicovita), convencida da importância que tem a pesquisa para o desenvolvimento industrial, firmou durante a Conferência de Prensa realizada no dia 27 de maio na Colômbia, um convênio de desenvolvimento científico com o Centro de Investigações de Aqüicultura  da Colômbia – CENIACUA e a Universidade Autônoma do México – UNAM. Neste importante convênio caberá ao CENIACUA continuar as pesquisas de desenvolvimento genético de camarões marinhos e à Nicovita, o desenvolvimento de alimentos para estes animais, reforçando sua participação internacional. Na foto, da esquerda para a direita, Martín Carrión Lavalle, Gerente de Negócio/Nutrição Animal da Alicorp S.A.A.;Jorge Arturo Suárez, do CENIACUA e Dagoberto Sánchez, Gerente Técnico de Negócio/Nutrição Animal da Alicorp S.A.A.


BARREIRA FISCAL – O Governo do Rio Grande do Norte decidiu fechar a porta de saída para o camarão marinho, aplicando 12% de ICMS nas operações interestaduais. Esta medida visou evitar o que vinha ocorrendo há tempos com o camarão produzido no Rio Grande do Norte, que era exportado para outros estados (principalmente Pernambuco), para ser beneficiado e exportado. Para evitar o desemprego de inúmeros trabalhadores das indústrias processadoras pernambucanas, a ABCC sugeriu, através do vice-governador de Pernambuco, que seja assinado um protocolo com o Rio Grande do Norte, reconhecendo o convênio AE-15/74. O documento permite a suspensão do ICMS nas remessas interestaduais de produtos destinados à industrialização, desde que os produtos retornem ao estado de origem no prazo de 120 dias. Desta forma, as indústrias processadoras pernambucanas poderiam continuar processando parte do camarão produzido no Rio Grande do Norte e assim continuar mantendo o emprego e a renda nos dois estados. Atualmente, Pernambuco é o único estado no Nordeste que não participa desse mecanismo fiscal.


NOVA COOPERATIVA –
 Os piscicultores cearenses de Curupati estão estruturando uma cooperativa para a comercialização de seus peixes. O projeto vai beneficiar 100 famílias até 2005 e prevê a implantação de 640 tanques-rede, que vão gerar uma produção mensal de 96.000 kg de tilápia e uma renda familiar de R$ 800,00. Até o final desse ano a cooperativa deve beneficiar 50 piscicultores atingindo uma produção de 27 toneladas/mês. A primeira despesca já retirou três toneladas de peixes e em julho serão despescadas mais cinco toneladas de peixes. O DNOCS investiu até agora R$ 561 mil para a compra de tanques-rede, ração, construção de armazém, e prometeu implantar uma unidade produtora de alevinos. Até o final de 2006, o governo espera ampliar a produção a partir de parcerias com empresários.


PEIXE NA GRAVIDEZ – Pesquisa desenvolvida pela Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, concluiu que mulheres que comem peixe nos meses de gestação podem estimular o crescimento de seus bebês. Quase 12 mil mulheres anotaram a quantidade de peixes que consumiram ao longo das 32 semanas de gravidez para que pudesse ser calculada a ingestão total de Omega 3. Em média, as mulheres comeram diariamente o equivalente a 0,15 gramas desses ácidos graxos. A pesquisa recomendou que as mulheres grávidas incluam pelo menos duas porções de peixe por semana em suas refeições. Os ácidos Omega-3 atuam tornando os sangues menos viscosos, facilitando assim a sua circulação pela placenta, aumentando, dessa forma, a quantidade de nutrientes disponível para o feto.


EXPORTAÇÃO – A Bluefish Piscicultura, a maior produtora de catfish americano no Brasil, está, atualmente, exportando para o mercado americano e europeu, 100% da sua produção. A piscicultura, localizada em Blumenau-SC, iniciou o processamento de catfish (Ictalurus punctatus) no ano passado. Após o processamento, onde são filetados, embarcam mensalmente em container de 20 toneladas. A empresa conta com o apoio da ACCS – Associação de Criadores de Catfish do Sul, que em função da segurança do novo mercado e de um contrato cujo valor foi pré-fixado em dólar, passou a vender a maior parte da sua produção para a Bluefish, que é a responsável pelo transporte até a processadora, para posterior comercialização para o mercado externo. Atualmente, 30% do catfish exportado pela Bluefish é proveniente dos vinte associados da ACCS. Os outros 70% são produzidos em seis pisciculturas pertencentes à própria empresa. André Luiz Theiss, diretor da Bluefish, acredita que o mercado externo dá a segurança e a rentabilidade para que os produtores brasileiros de catfish ampliem a produção. Segundo ele, nem mesmo os bagres “Basa” (Pangasius bocourti) e “Tra” (Pangasius hypophthalmus), produzidos no Vietnam, têm chegado ao mercado europeu ou americano com preços mais baixos. 


WAS 2005 – Já está agendado para os dias 9 a 13 de maio de 2005, em Nusa Dua, Bali, na Indonésia, o próximo encontro anual da Sociedade Mundial de Aqüicultura (WAS na sigla em inglês). Os interessados em submeter trabalhos para apresentações orais ou posters devem fazê-lo até o dia primeiro de novembro. Os trabalhos submetidos por fax não serão aceitos, sendo o método on line de submissão o escolhido pela comissão organizadora do evento. Para isso deve acessado o endereço: www.was.org/SubmitAbstract.asp?Code=WA2005


EXPORTAÇÕES PARA OS EUA – Desde dezembro de 2003, todas as empresas estrangeiras que exportam camarões, pescados e outros alimentos para os EUA, precisam ter estabelecido um registro especial, com um ultimate consignee ou responsável final, caso a alfândega e/ou outros órgãos federais venham inspecionar e solicitar mais informações sobre o embarque. Esse “responsável final” precisa ser uma entidade norte americana, e é mais uma norma restritiva imposta pelo governo dos EUA na luta contra o bio-terrorismo. Com isso, o governo americano pretende também minimizar os contrabandos dentro de containeres, bem como a introdução de doenças via produtos exportados. No caso do camarão brasileiro, o ultimate consignee será também responsável, de forma retroativa, pelo pagamento junto à alfândega de uma eventual tarifa antidumping que poderá em breve vir a ser cobrada. Em acréscimo poderá haver taxas adicionais (acima de US$250/embarque) exigidas pelo Departamento de Agricultura (USDA) para cobrir os custos de movimentação de containeres, de checagem com modernos equipamentos de raios-X, de abertura de containeres para fins de inspeção, de aluguel de espaço em portos e de permanência em solo americano durante o período de investigação, dentre outros.


DE PESCADORES A INTERMEDIÁRIOS – A pesca no Baixo Rio São Francisco já não fornece mais alimento e sustento aos pescadores da cidade de Propriá (SE) e redondezas. De acordo com o Presidente da Colônia de Pescadores Z-8, Sr. Francisco “Nica” Rodrigues da Silva, os peixes comercializados na Banca do Peixe de Propriá, principal ponto de comercialização de pescados da cidade, são na sua maior parte provenientes das pisciculturas. Com o declínio da pesca, restou aos pescadores apenas o papel de intermediários na comercialização do tambaqui, tambacu, curimatã e tilápias provenientes das pisciculturas.


ANTIDUMPING – O Departamento de Comércio dos EUA anunciou em 6 de julho as tarifas punitivas que serão aplicadas a China e ao Vietnam, países que junto com o Brasil, Equador, Índia e Tailândia, vêm sendo acusados de estarem comercializando camarões no mercado norte-americano praticando preços artificialmente baixos. As tarifas foram diretamente dirigidas a cinco empresas da República Popular da China e a outras cinco empresas vietnamitas e ficaram abaixo daquelas solicitadas pela SSA (Southern Shrimp Alliance). As empresas chinesas receberam tarifas punitivas que variaram de 7,67 a 112% e as vietnamitas de 12,11 a 93, 13%. Essas empresas têm agora um prazo para apresentarem suas defesas e no dia 24 de novembro será anunciada a decisão final do Departamento de Comércio. A decisão das tarifas que eventualmente serão impostas ao Brasil e aos demais países acusados será anunciada apenas no final de julho. A expectativa é grande.


CONSUMO DE PESCADO DA AQÜICULTURA – Segundo Jochen Nierentz, representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), no ano de 2020 cerca de 41% do pescado a ser consumido no mundo (aproximadamente 128 milhões de toneladas), será proveniente da aqüicultura, enquanto os restantes 59%, serão procedentes da pesca extrativa. No ano de 1997 as capturas de pescados por meio da pesca extrativa representavam 69%, enquanto que o consumo proveniente da aqüicultura era de 31% (93 milhões de toneladas). Ainda de acordo com Nierentz, em 2020, a China será responsável por 36% do consumo mundial de pescados.


SUCESSO DO FILÉ FRESCO – A produção de tilápia já apresenta posição de destaque na indústria aqüícola latino-americana, sendo o Equador, Costa Rica e Honduras, os principais produtores na região, e responsáveis por 90,5% das 18 mil toneladas de filés frescos que ingressaram nos EUA em 2003, avaliados em US$ 102 milhões. O restante das importações de filés frescos foram provenientes da China (4,77%), Taiwan (1,57%), Brasil (1,16%) e El Salvador (1,05%). A China continua mantendo a liderança das exportações de filés de tilápia congelados (68%), seguida da Indonésia (15,41%), Taiwan (10,62%), Tailândia (4,04%), Equador (0,80%), entre outros.


NUTRI-CAMARÃO –
 A Nutricil, que está oferecendo no mercado a sua Linha Nutri-Camarão para garantir um rápido crescimento e ganho de peso dos camarões em todas as fases da criação, informa seu telefone para contato, que por engano não foi publicado em seu anúncio em nossa última edição: (84) 223-7986. Mais informações: www.nutricil.com.br


MEXILHÕES ORGÂNICOS – A maior empresa processadora e fornecedora do mexilhão da concha verde da Nova Zelândia, a Sealord Group Ltd, está pronta para lançar no mercado inglês a sua primeira partida de mexilhões produzidos com o selo orgânico, junto à cadeia de supermercados Waitrose. A empresa criou uma marca de referência mundial para o seu mexilhão, que é cultivado segundo um programa de monitoramento abrangente que inclui normas e práticas de cultivo aprovadas pela Bio-Gro, agência neozelandesa de certificação. De acordo a Sealord, existe também um grande interesse por parte de compradores norte-americanos, embora lá o produto não possa ainda ser classificado como “orgânico” em função das normas federais para os produtos orgânicos. O diretor técnico da empresa certificadora Bio-Gro considera um grande desafio a definição de critérios para a certificação orgânica de produtos aqüícolas, em função da natureza dos cultivos marinhos, no entanto, acredita que o modelo da Sealord pode ser promovido à uma marca de referência para normas que estão sendo atualmente desenvolvidas para a maricultura. A empresa gastou cerca de NZ$600.000 (R$1,2 milhões) nos últimos cinco anos preparando o processo de certificação e estima que o selo orgânico venha oferecer ao produto um valor premium 30% superior.