Notícias & Negócios – edição 97

ERRATA – Na última edição, publicamos erradamente o endereço do portal de informações dedicadas à aqüicultura do Departamento de Pesca e Aqüicultura da Universidade de Auburn, que contou com a colaboração do professor Len Lovshin. O endereço correto do portal é: www.alearn.info

ESTUDO SETORIAL – A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) está realizando um estudo direcionado ao levantamento de informações setoriais básicas sobre a aqüicultura brasileira. A proposta é compreender melhor as cadeias produtivas de nossa aqüicultura; os números (em termos de produção e valor econômico) envolvidos; os sistemas de produção empregados; o papel que o Poder Público tem desempenhado no desenvolvimento da atividade, bem como aspectos sobre a sua viabilidade ambiental e econômica. O estudo tem caráter preliminar, pois se sabe que não há confiabilidade suficiente e, em alguns casos, sequer coleta minimamente sistematizada dessas informações ao longo do país. Mesmo assim, esse é um trabalho importante, pois servirá como base para que a FAO defina suas prioridades e planeje suas ações a médio e longo prazo no Brasil.

TRUTA AO AZEITE – Mónica Fernández Navarro do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Granada, na Espanha, estudou o crescimento de trutas alimentadas com ração suplementada com o ácido maslínico. O efeito desse ácido, que é encontrado na pele das azeitonas, na saúde humana, vem sendo estudado desde 1996 pelos pesquisadores da universidade espanhola. Já se conhece bastante a sua capacidade de inibir a apoptose, ou morte celular programada, bem como os seus efeitos antioxidantes e anti-cancerígenos. O estudo realizado com as trutas concluiu que as dietas complementadas com o extrato de azeite de oliva promoveram um crescimento mais rápido e reduziu bastante a mortalidade, além dos animais se apresentarem mais saudáveis, com um brilho mais intenso nas escamas e nas nadadeiras. A mortalidade dos peixes cultivados, que normalmente situa-se entre 5 e 10%, foi reduzido a quase zero.

PEIXES GORDUROSOS – Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association do Karolinska Institutet, da Suécia, revelou que o hábito de comer peixes gordurosos, pode ajudar a evitar câncer nos rins. A pesquisa se baseou em resultados de mamografias e de um questionário distribuído no final dos anos 80, para noventa mil suecas. Agora, uma década mais tarde, com a ajuda de outro questionário e de registros de casos de câncer, os cientistas suecos concluíram que esse hábito protege também contra o câncer renal. Mulheres que durante o período (1987-2004), incluíram em suas dietas semanais, pelo menos uma porção de peixe gorduroso, tiveram o risco de câncer reduzido em 74%, em comparação com as mulheres que nunca comiam esse tipo de peixe. A diferença entre os peixes gordurosos e os demais é a quantidade de ômega-3 e vitamina D que contêm. O estudo incluiu salmão, sardinhas, arenque e cavala.

PISCICULTURA NORTISTA – Dados da Secretaria Estadual de Produção Rural do Amazonas apontam que a região Norte do Brasil é a que menos contribui para a criação de peixes no país, respondendo por apenas 9% da produção nacional, segundo informou o Secretário Executivo de Pesca e Aqüicultura do Amazonas, Geraldo Bernardino, durante o 1º Seminário de Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento Regional. O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas – IDAM estima que haja no estado 770 piscicultores, na maioria, pequenos ou médios produtores. De acordo com dados divulgados pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Amazonas, organizadora do seminário, o peixe representa 70% da proteína consumida pela população da Amazônia. O consumo de peixe na região é de 155 gramas de peixe/per capita/dia, enquanto que a média nacional é de apenas 16 gramas diárias.

POLICULTIVO DE PEIXES – Pesquisadores da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (UPF) estão desenvolvendo um projeto de Policultivo de jundiás, tilápias e carpas. A pesquisa coordenada pelo professor Leonardo Barcellos é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – FAPERGS. A piscicultura no Rio Grande do Sul é feita tradicionalmente com carpas, mas a nova técnica introduz jundiás e tilápias, em cada tanque de criação. O projeto pretende ampliar a produção anual de peixes de duas toneladas por hectare para uma produção média de até cinco toneladas por hectare. Na pesquisa já foram investidos mais de R$ 80 mil.

CERÂMICA + PEIXE – O Estado do Piauí poderá terminar o ano contabilizando uma produção de 3,5 milhões de alevinos. A Codevasf e o governo do Piauí inauguraram mais uma nova estação de piscicultura, onde meio milhão de reais foi investido. A Estação de Piscicultura Deputada Francisca Trindade, no distrito de Nazária (PI), localizado na Zona Sul de Teresina, foi ampliada, o que possibilita a triplicação da sua capacidade de produção, passando de três milhões de alevinos/ano para 10 milhões de alevinos/ano. Com isso, estarão disponíveis para os produtores da região os mais modernos recursos tecnológicos em piscicultura. Na Estação de Nazária será aproveitada a água dos barreiros provocados pela retirada de material usado pelas indústrias cerâmicas na fabricação de telhas e tijolos, promovendo uma nova experiência na produção de peixes. Foram instalados 7 tanques-redes para criação e engorda. O trabalho de utilização dos barreiros está sendo feito no âmbito da Cerâmica Mafrense, localizada no povoado Nazária e está apresentando bons resultados ao se transformar numa nova utilidade para áreas que estavam sendo degradadas pela retirada da argila, podendo se constituir numa opção para produção de pescado em locais com essa característica. No total, a Codevasf já investiu R$ 6,4 milhões em piscicultura no Piauí.

UNIÃO EUROPÉIA – A União Européia aprovou o Plano Nacional de Contenção de Resíduos e deve participar de um comitê União Européia-Brasil para agilizar o entendimento sobre as questões de sanidade e qualidade animal e vegetal. A aprovação é um resultado da visita do comissário da EU para a defesa e saúde do consumidor, Markus Kyprianou, que se reuniu com o ministro e com secretários do Ministério da Agricultura. No encontro o comissário reconheceu que o Brasil tem adotado medidas para atender às necessidades desse mercado, entre elas, a realização de testes sobre quantidade de histamina em todos os lotes de pescados exportados. As análises efetuadas até agora, conforme Gregolin, deram negativo. A histamina é um forte indicador de frescor do pescado, principalmente dos atuns. Até agosto o Brasil exportou US$ 237 milhões em pescados, 54% ou US$ 129 milhões para a União Européia. Os produtos mais exportados são camarões, lagostas e peixes, principalmente atuns. Até agosto foram exportados US$ 3,3 milhões em atuns para o bloco econômico, US$ 1,3 milhões em peixe fresco e US$ 1,97 em congelado.

LABORATÓRIO – O ministro da SEAP, Altemir Gregolin, visitou a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, para conhecer de perto o Laboratório de Aqüicultura da Escola de Veterinária – Laqua, que recebeu recursos da SEAP na ordem de R$ 527,3 mil para funcionar adequadamente, incluindo um moderno sistema de recirculação de água. O laboratório, que está instalado numa área de 2 mil m2, já se tornou referência no desenvolvimento da aqüicultura no Brasil. O complexo de pesquisa e produção de peixes é pioneiro na América Latina, e foi planejado para desenvolver toda a cadeia produtiva do cultivo, desde a alevinagem até o beneficiamento. A SEAP apostou no laboratório devido ao interesse do governo em desenvolver o conhecimento tecnológico e as pesquisas na área aqüícola. A partir do próximo ano o laboratório pretende oferecer cursos para produtores e técnicos. Os estudos iniciais do Laqua serão focados na produção de surubim e de tilápia e num segundo estágio, nas espécies dourado e matrinxã, que serão destinados ao peixamento do São Francisco e seus afluentes.

GUERRA BIOLÓGICA – Desde maio, pescadores de Idaho, nos Estados Unidos, têm recebido dinheiro e bilhetes de loteria do governo americano para irem pescar no Lago Pend Oreille, localizado na região norte do estado. Os pescadores que conseguirem retirar do lago, trutas arco-íris e trutas do lago (lake trout) que meçam mais de 30 cm recebem da Secretaria Estadual de Pesca e Esportes, o pagamento de US$ 10. O objetivo é reduzir a população de trutas para aumentar a quantidade de kokanees, um peixinho também salmonídeo, que serve de alimento para as trutas e que corre risco de extinção. Em apenas cinco meses, já foram retiradas do Pend Oreille cerca de 2.300 trutas arco-íris e 6.500 lake trouts, porém as estimativas da Secretaria é de que hajam, hoje, 17.000 fêmeas de kokanees aptas para a reprodução, contra 36.000 lake trouts e 27.000 trutas arco-íris com mais de 40 cm.

NOVA COOPERATIVA – Ostreicultores catarinenses pretendem inaugurar em novembro a Cooperativa Aqüícola da Ilha de Santa Catarina (Cooperilha), a primeira unidade de processamento em forma de cooperativa de Florianópolis. A Cooperilha, que foi construída pela prefeitura de Florianópolis em uma área de 150 metros quadrados, no Ribeirão da Ilha, proporcionará aos maricultores a obtenção do SIF – Selo de Inspeção Federal, possibilitando a expansão do mercado de ostras cultivadas. A intenção é ampliar, no próximo ano, a produção de ostras em até 50%.

TURBULÊNCIA – Pesquisadores da Universidade de Victoria, no Canadá, observaram que cardumes do pequeno crustáceo krill, podem provocar grande turbulência nas águas do oceano, tanto quanto o vento ou as marés considerados os principais responsáveis pela agitação dos mares. A conclusão do estudo foi publicada na revista Science de setembro, e sugere que um terço da movimentação das águas é causado por minúsculos organismos desse tipo. Segundo os pesquisadores, a mistura da água traz nutrientes do fundo para a superfície e regula a troca de gases com a atmosfera, mantendo o chamado Cinturão Termohalino Mundial, que liga as correntes oceânicas. Para que pudessem observar o fenômeno, uma sonda lançada ao fundo do mar registrou variações no movimento e na temperatura da água. Ao anoitecer, quando o radar indicou a subida de um cardume de krill, com 1,5 cm de comprimento, vindo de águas mais profundas, foi registrada uma grande turbulência repentina.

DIA DE CAMPO EM GUARAPARI – Para incrementar a aqüicultura de águas continentais no Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) realizou no dia 20 de outubro, em Guarapari, um dia de campo sobre a atividade. O encontro teve como objetivo principal estimular a diversificação de culturas dentro da propriedade familiar. Produtores, estudantes, técnicos e empresários do setor gastronômico, participaram do evento. Técnicos do Incaper e da iniciativa privada informaram sobre sistemas alternativos para piscicultura e cultivo de camarão em água doce, bem como sobre as alternativas de comercialização dos produtos. O Espírito Santo é o estado que mais produz o camarão Macrobrachium rosenbergii no Brasil onde são produzidos cerca de 250 toneladas/ano. Os camarões pesam entre 25 e 60 gramas e o preço, no produtor, varia entre R$ 15,00 e R$ 40,00 o quilo.

MAIS RECURSOS – O ministro da Aqüicultura e Pesca do Brasil, Altemir Gregolin, anunciou a concessão de 1 milhão e 300 mil reais, destinados a dez projetos de pesquisa que têm como objetivo melhorar a cadeia produtiva de peixes nativos e outros organismos aquáticos da Amazônia. Foram selecionados pelo Governo Federal projetos de cultivo do pirarucu, tambaqui, e de peixes ornamentais, a serem desenvolvidos por instituições como o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e as universidades federais do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Tocantins. O Ministério de Ciência e Tecnologia/MCT destinou R$ 800 mil, através do Fundo Setorial de Infra-Estrutura/CT-INFRA, e a SEAP investiu R$ 500 mil.

CARANGUEJO-UÇÁ – A “Biologia reprodutiva do caranguejo-uçá, Ucides cordatus em Iguape, SP, Brasil”, foi tema da primeira defesa do “Programa de Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do Instituto de Pesca”. O mestrando Bruno Sampaio Sant’Anna ([email protected]) teve a orientação do Dr. Evandro Severino Rodrigues ([email protected]) e co-orientação do Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro. Segundo Bruno Sant’Anna, a escolha do tema se deve ao fato de que os estudos sobre a reprodução da espécie na região Sudeste-Sul do Brasil são escassos, requerendo uma avaliação mais completa que possibilite a otimização do manejo e a estabilidade populacional do crustáceo. Para ele os estudos de monitoramento contínuo da época reprodutiva e do período de “andada” do uçá são vitais à eficácia das portarias de defeso implementadas pelo IBAMA. A “andada” é a época que os animais saem das tocas para o acasalamento.

NOVA DIRETORIA DA CONAPE – Em cerimônia realizada no Salão Leste do Palácio do Planalto, no dia 18 de outubro, foi empossada pelo ministro da SEAP, Altemir Gregolin, a nova diretoria do Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca – Conape, que é constituído por 54 membros (27 representantes da sociedade civil e 27 de instituições governamentais). Compõem a nova diretoria, Entidades da Sociedade Civil; do Segmento Empresarial; do Segmento de Pesquisa e, Entidades Governamentais. Este será o segundo mandato do Conape. A nova diretoria foi eleita em três assembléias realizadas nos dias 11 de julho (para o segmento empresarial), 19 de julho (para integrantes do segmento de pesquisa) e 27 de julho (para representantes do segmento de trabalhadores). O Conape é um Conselho consultivo que tem como atribuições subsidiar a formulação e a implementação de políticas públicas para o setor, propor estratégias de acompanhamento, monitoramento e avaliação e estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos mecanismos de participação e controle social no desenvolvimento da pesca e aqüicultura nacionais.

MESTRADO EM BIOECOLOGIA AQUÁTICA – Estão abertas até o dia 30 de novembro, as inscrições para o mestrado em 2007 do Programa de Pós-graduação em Bioecologia Aquática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O curso de mestrado em Bioecologia Aquática tem o objetivo de preparar pessoal para atender a crescente demanda por profissionais especializados na área, em setores como docência, pesquisa, assessoria, supervisão e planejamento de serviços. Serão oferecidas 20 (vinte) vagas para 2007. As inscrições podem ser feitas no Departamento de Oceanografia e Limnologia localizado na Via Costeira. O processo seletivo ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de dezembro. O início das aulas está previsto para março.