Notícias & Negócios Internacionais – edição 53

ANTI-INCRUSTANTE – Foi lançado no mercado internacional durante o encontro da WAS em Sydney- Austrália ocorrido em abril último, uma linha de produtos resistentes à incrustações biológicas em ambientes marinhos. A empresa é a “Flexabar-Aquatec” de Nova Jersey – EUA, e se apresenta como a pioneira no domínio da tecnologia de materiais anti-incrustantes para ambientes marinhos. Segundo a empresa, um tanque-rede utilizando-se desta tecnologia ficaria sem maiores problemas resistentes às incrustações biológicas de dez meses a um ano. A empresa recomenda apenas cautela para os potenciais importadores de países com águas tropicais, uma vez que a abundância de larvas disponíveis na massa d’água dessas regiões costuma ser bem maior e mais constante ao longo dos 12 meses do ano.

PROTOCOLO – Cientistas da EAFP – Associação Européia de Patologia de Peixes e representantes de 10 países com forte presença na aqüicultura mundial, esperam viabilizar para os próximos três anos um protocolo internacional contra doenças aquáticas onde serão expostos os mais eficazes métodos para prevenção e tratamento de infeções bacterianas em peixes. Além deste protocolo, um extenso banco de dados para efetivas comparações de diferentes drogas e métodos já utilizados por pesquisadores, estará disponível para consulta. O Dr. Peter Smith, do Departamento de Microbiologia da Universidade Nacional da Irlanda, considera que o principal objetivo do protocolo seja o de evitar que aconteça com a aqüicultura o mesmo que vem acontecendo na medicina, onde são aplicados diferentes métodos e drogas de combates à determinadas doença em diferentes países, sem uma maior reflexão ou conhecimento do que esteja sendo feito para combater a mesma doença em um país vizinho.

LINGUADO – Na cidade chilena de Iquique, está sendo realizado o projeto “Otimização e Diversificação de Tecnologias de Cultivos de Peixes”, onde o linguado Paralichtys olivaceus está sendo aclimatizado para uma eventual introdução para cultivo em sistemas fechados no Chile. Esta espécie tem sido um importante recurso pesqueiro no Japão desde o século XVI, mas atualmente a população natural vem entrando em rápido declínio devido ao grande esforço de pesca. O P. olivaceus requer entre 16 à 18 meses para atingir o peso comercial que varia entre 900 e 1200 gramas, em uma temperatura de 20 a 25 °C, representando a primavera-verão no ambiente natural desta espécie. Atualmente o projeto dispõe de cerca de 3.000 exemplares juvenis entre 10 e 15 gramas, estando dominados os conhecimentos técnicos do cultivo desde o berçário até a engorda. A espécie já está autorizada pelas autoridades chilenas para ser cultivada em ambiente controlado.

NOVO GELO – Um novo tipo de gelo desenvolvido pela Autoridade da Indústria de Peixes Marinhos, na Inglaterra, aumenta a eficiência de conservação de pescado por resfriamento. O “novo gelo” é conhecido como “binary ice” e consiste de mínimas partículas de cristais de gelo suspensas em água do mar. A natureza líquida deste tipo de gelo resulta em uma possibilidade de bombeamento, gelando o peixe mais rapidamente a uma temperatura abaixo do gelo convencional. Também no Chile, a “Sabroe Chile S.A.”, colocou no mercado o “Flo-Ice”, que permite um rápido congelamento de pescados. Este tipo de gelo é elaborado a partir da formação de cristais de gelo suspensos em água do mar em uma concentração de 20% e uma temperatura entre -1,8 e -2,4 °C. Parece que esta tecnologia será, muito brevemente, a grande sensação na conservação de pescado em baixas temperaturas.

QUARENTENA – Segundo a Associação dos Centros de Aqüicultura da Ásia-Pacífica, o período de quarentena para o pescado envolve quatro principais etapas: a identificação do peixe; a identificação da doença; o tratamento e desinfecção do peixe doente e, a desinfecção e destruição das embalagens e containers usados no transporte destes peixes. Durante a quarentena, as características físicas, comportamentais e climáticas das doenças são observadas e os métodos de tratamento incluem a imersão em banhos de curta duração em alguns produtos como o permanganato de potássio. No Sudeste Asiático são adotados os seguintes procedimentos de quarentena e certificados de saúde: 1) o estabelecimento de um comitê regional para padronizar os procedimentos e elaborar uma lista de doenças; 2) a formação de um centro de coleção e informação da saúde do pescado; 3) o treinamento de especialistas com técnicas avançadas de detenção de doenças de peixes e, 4) a elaboração de um comitê técnico em nível nacional que traça as diretrizes para cada país, com um procedimento operacional coordenando todas as atividades relacionadas com a quarentena do pescado. Os procedimentos asiáticos incluem também normas onde os exportadores e importadores devem registrar suas fazendas de cultivo informando às autoridades sobre qualquer mortalidade fora do normal. Além disso, devem providenciar que os peixes importados fiquem em piscinas isoladas ao chegarem às fazendas, sendo liberados apenas após a emissão do certificado de saúde.

NO DESERTO – Um projeto do FONTEC – Fundo Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Produtivo, no deserto de Atacama – Chile está produzindo a microalga Dunaliella como uma fonte alternativa de betacaroteno, substância percursora da vitamina A e também de betacaroteno 9, que é um importante agente antioxidante e anticancerígeno. Está sendo construída pela a empresa Guattavara Ltda uma planta piloto em pleno deserto do Atacama, onde as condições de solo e clima são extremamente favoráveis à este cultivo. Segundo os representantes da empresa em uma primeira etapa, espera-se exportar 300 kg de alga seca, principalmente para o Brasil.

BANANAS EM BAIXA – A indústria camaroneira do Panamá obteve uma exportação recorde no ano de 1998 totalizando US$ 106, 2 milhões, ultrapassando pela primeira vez as exportação de bananas, que até então era o principal produto de exportação do Panamá. Atualmente os camarões cultivados representam um total de 80% das exportações totais deste crustáceo. Este avanço foi impulsionado pela produção de larvas que alcançou 75 milhões por mês em 1998, tendo um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. O crescimento da produção de larvas para este ano é estimado entre 20 e 30%, valendo-se de semelhantes projeções para a produção do camarão em peso e tamanho comercial.

ÁGUA SALGADA I – O Laboratório de Ciências Marinhas da Universidade Autônoma de Guadalajara, México, esta realizando um experimento com cultivo de tilápias em ambientes marinhos. Híbridos de tilápia (Oreochramis nilotica X O. mossambica) estão sendo adaptados em diferentes salinidades e avaliados para cada salinidade os valores para o crescimento específico, conversão alimentar, índice de sobrevivência, entre outros. Organismos de 80 g em média foram manejados em tanques-rede de 1,2 m3 com uma densidade de 100 peixes por cada tanque. Depois de 15 semanas, os resultados foram de 70% de aproveitamento do alimento e 100% de sobrevivência. O peso médio alcançado neste período foi de 500 g, sendo que alguns exemplares alcançaram até 1 kg. Esta pesquisa abre uma nova possibilidade de se utilizar águas salobras para a aqüicultura, canalizando o uso de água doce, principalmente onde esta é escassa, para atividades básicas como na indústria, agricultura e para o consumo humano.

ÁGUA SALGADA II – A tilápia na água salgada está sendo também a grande sensação do mercado Filipino no “Philippine-US Trade Show” à ser realizado em Los Angeles, EUA. Os filipinos estão conseguindo um peso médio de 300 g em 120 dias cultivo em salinidades de até 35 ppm. O projeto de cultivo de tilápias em água salgada já esta no seu segundo ano e já transformou a economia da região de Mindanao, no extremo sul das Filipinas. Atualmente a Mindanao Tilápia, como está sendo conhecida, é produzida para o consumo local, mas os aqüicultores já perceberam o imenso potencial de exportação para o mercado americano, que já deu sinais de bastante interesse.

PUBLICITÉ – Abril foi o “Mês do Pescado” na França. Uma estratégia publicitária reuniu campanhas em 5 canais de TV, 11 revistas de alta circulação no país e 3 publicações específicas sobre comércio de pescado, alcançando um público de 53 milhões de pessoas. Esta campanha focalizou principalmente as potencialidades gustativas e nutricionais da truta para um público que aprecia os bons e sofisticados pratos, mas que esta pouco acostumado a comprar produtos provenientes da aqüicultura. A França é um dos maiores produtores mundiais de truta, mas o consumo interno deste pescado está em terceiro lugar, perdendo para o bacalhau e o salmão. A tendência para uma campanha de marketing bem agressiva parece ter tomado conta dos produtores franceses pois o Comitê Nacional para o Cultivo de Moluscos (CNC) também se prepara para a sua campanha. Os produtores de moluscos da região da Normandia são os mais empolgados e apostam em uma dobradinha que tem a cara da França: turismo e boa comida (entenda-se bons pratos com ostras e coquiles).