De: Antonio Dantas
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Assunto: Manejo de alevinos
Crio tilápias em tanques-rede em Alagoas, no Rio São Francisco, e uso bolsões com malha de 4 mm para estocagem dos alevinos, da seguinte forma: 1 – Coloco 4 mil alevinos de 1 g nos bolsões de 6 m3, durante 60 dias; 2 – Após este período diminuo a quantidade para 2.000 alevinos para os mesmos bolsões, durante mais 30 dias; 3 – Depois disso, distribuo os peixes na quantidade de 1.000 peixes por TR de 6 m3, diretamente nos tanques-rede sem os bolsões, até atingirem aproximadamente 500 g de peso, o que ocorre por volta de sete meses, quando serão comercializados. Logicamente que durante este período faço alguns manejos como biometria, repicagem, etc. Tenho observado que durante o período que os peixes se encontram nos bolsões eles crescem muito pouco, já que como a malha dos bolsões é muito pequena ocorre muito facilmente a colmatação destes bolsões e tenho que limpá-los semanalmente, o que, além de ser difícil, eleva bastante os custos. Gostaria de saber dos colegas se não era melhor usar pequenos viveiros de terra para estocar os alevinos até atingirem o peso de aproximadamente 40 g , quando seriam soltos nos tanques- rede, eliminando assim o uso de bolsões. Compro aproximadamente 15.000 alevinos de 1 g mensalmente. Tenho área na margem do Rio, com desnível quase zero e praticamente impermeável, além de energia elétrica. Se essa opção for a melhor gostaria então de saber qual a densidade recomendada até atingirem o peso em que poderiam ser soltos nos tanques-rede com malha de 19 mm? Que peso seria este? E qual o período previsto para atingirem este peso?
De: Francisco Moreira Dubeux Leão Junior
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Assunto: Re: Manejo de alevinos
Antonio, eu faço exatamente como você, porque não tenho tanques escavados de alevinagem. O crescimento é relativamente lento, pois eu levo os mesmos 90 dias para ter juvenis com média de 40g, de acordo com o que foi publicado na revista. Se você tem possibilidade de fazer os juvenis em tanque escavado, eu acho que vale a pena tentar, desde que você controle os predadores (pássaros e traíras) e não faça tanques muito grandes porque complicaria a despesca. De qualquer forma, gostaria de ouvir os demais especialistas da lista.
De: Marcos Martins
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Assunto: Re: Manejo de alevinos
Antonio, minhas sugestões são as seguintes: 1 – se você tem facilidade para colocar os alevinos em tanques escavados, faça-o. Por tudo que aprendi aqui nesta lista e na minha prática, tanques escavados bem preparados (calagem, esterco, fosfato, etc.) e livres de pragas, proporcionam crescimento muito mais rápido. Não acredito que essa vantagem se deva à colmatação da tela, mas sim à existência de mais nutrientes na água dos tanques escavados – preparada especificamente para esse fim – do que na água do rio. Temos um colega na lista, o Daniel Sonoda, que preconiza a criação em tanques escavados até 270 gramas e só a partir daí colocar em tanques-rede. Meu cultivo segue mais ou menos essa linha e estou muito contente com os resultados, com substancial redução no consumo de ração e no aumento do número de despescas por tanque-rede. 2 – Na minha experiência, a partir de 30g os alevinos já podem ser estocados em uma malha de 19 mm. É a malha que tenho e o peso que eu fazia a transferência, quando ainda trabalhava com peixes desse tamanho. Falando-se em média de lote, é mais seguro elevar para 40g. Mas, conforme o que falei anteriormente, não tenha pressa nessa transferência. 3 – Quanto à estocagem por m3, tenho estocado 1200-1300 peixes de 500g em tanques-rede de 4 m3 com bons resultados. Como seus tanques são de 6 m3, creio que você tem oportunidade de otimizar seus recursos.
De: Antonio Dantas
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Assunto: Re: Manejo de alevinos
Caro Marcos e Francisco, a densidade que desejo saber é a destes tanques escavados que receberão os alevinos até 40 gramas. Muito obrigado pelas respostas.
De: Robert Krasnow
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Assunto: Re: Manejo de alevinos
Prezado Antonio, aqui, no sertão paraibano, coloco 20 por m³ com pouca troca d’água. Com esta relação em um viveiro de 450m³, por exemplo, dará 9000. Nas minhas condições chegará a 40-50 gramas em 50-60 dias. Se estocar alto demais, a mortalidade provavelmente será alta, terá desuniformidade no crescimento e de modo geral os alevinos crescerão muito devagar. Cada local a situação é diferente. Depende de uma série de fatores: clima, solo, capacidade de troca d’água, aeração, etc. A realidade é que você tem que experimentar e analisar até achar a sua melhor opção custo/benefício. Concordo com as sugestões já dadas pelo Marcos e outros.
De: Jonatan Bachega
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Assunto: Re: Manejo de alevinos
Realmente você pode otimizar sua criação, criando os alevinos em tanques escavados até 35 – 45 g. Com isso você diminui a mortalidade dos mesmos, pelo controle maior sobre um viveiro e aumenta significativamente os fatores zootécnicos, principalmente ganho de peso e crescimento. Porém você pode adquirir o juvenil ou alevinão, como queira, caso os custos e oferta sejam viáveis. Com relação à estocagem, na maioria da criações que visitei devido minha profissão, recomendo uma estocagem de terminação com média de 100 kg de peixe vivo por metro cúbico. Ou seja, se você termina seus peixes com 500g é necessário colocar 200 peixes mais uma porcentagem referente a mortalidade, tipo mais 10%. No seu caso, em tanques-redes com 6 m3 recomendo colocar 1200 peixes mais 10%. Caso a qualidade da água seja excelente pode até aumentar essa quantidade. Na piscicultura temos que testar tudo e ver o que melhor se adapta ao ambiente em que se está inserido. Procure então fazer pequenos experimentos, colocando 150, 200, 250 peixes por m3 e veja qual dará melhores resultados na sua região.
De: Antonio Dantas
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Assunto: Re: Manejo de peixes
Prezado Jonatan, aqui no sertão alagoano, infelizmente, não temos disponível o juvenil ou o alevinão para a compra. Esta densidade na terminação que você cita é a que estou usando no momento. A densidade que gostaria de saber é a dos tanques escavados, onde serão colocados os alevinos. Muito obrigado pelas informações e um abraço.
De: Hiran Costa
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Assunto: Re: Manejo de alevinos
Antonio, as densidades de 50.000 a 100.000/ha funcionarão, dependendo da qualidade da tua água. Comece pela menor e vá progressivamente aumentando.
De: Arquileudo Matias
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Assunto: Alcalinidade
Amigos da lista, gostaria de saber de diversas regiões, qual é a alcalinidade ideal em mg/l para criação em um sistema intensivo sem renovação de água.
De: Andre Luiz Freitas
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Assunto: Re: Alcalinidade
Arquileudo, sistema intensivo sem renovação de água? Tome bastante cuidado!
De: Sergio Tamassia
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Assunto: Re: Alcalinidade
Olá André, por que este espanto todo quanto ao uso de sistema intensivo sem renovação de água? Se você se refere a sistemas de cultivo em viveiros talvez o seu espanto relacione-se com a magnitude em kg/ha/tempo que você considera! Mas produções de até 12.000kg/ha/ano podem ser conduzidas normalmente e sem muitas dificuldades em sistemas onde nova água entra basicamente para repor as perdas por percolação e evaporação. Aqui, no Modelo Alto Vale do Itajaí de Piscicultura Integrada, a alcalinidade recomendada, e que tem se mostrado eficiente para controlar variações diuturnas muito amplas do pH (6,7-10) em função da grande atividade fotossintética que ocorrem nos viveiros, é de no mínimo 50PPM (CaCO3). Existem várias referências bibliográficas que suportam estes valores, entre eles podemos citar Boyd, Vinatea, etc.. No geral as águas na nossa região apresentam alcalinidade na faixa de 8 a 15ppm. A correção que se mostrou eficaz é com o uso de calcário dolomítico, incorporado no solo do viveiro. A aplicação do calcário a lanço na água ou apenas sobre o solo, sem incorporação, não tem apresentado resultados satisfatórios! Uma questão que se levanta, quando se torna necessário: como incorporar calcário em terrenos pantanosos/brejinhos (onde no passado os viveiros eram construídos naquelas áreas que não serviam para outra atividade agrícola)? Aqui residem vários dos problemas atuais da piscicultura: a) que atravancam o licenciamento, pois do ponto de vista legal os terrenos molhados são APPs; b) e produtivos pois quando não se pode controlar a alcalinidade, fica difícil controlar a qualidade da água e se a qualidade da água não for controlada corre-se o risco de ter que proceder renovação, e aí mais um problema legal aparece, ou seja, o do impacto ambiental associado ao efluente!
De: João Manoel
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Assunto: Re: Alcalinidade
Caro Arquileudo, você vai encontrar as mais diversas respostas para sua questão. Se o cultivo for de peixes, pense em 20mg pelo menos, mas no caso de cultivo de camarões 50mg/l. Em um sistema fechado é mais fácil conseguir valores altos de alcalinidade uma vez que a água não vai embora e, portanto, não leva consigo a fonte usada para alcalinizar, ficando dentro do sistema. A preocupação do André com relação ao sistema fechado deve ser pela vulnerabilidade que o sistema tem, mas tudo isso é contornável e este é o futuro da aqüicultura. Quem não aprender a fazer vai ser proibido de produzir! Por este mesmo motivo tente conseguir uma alcalinidade um pouco mais alta, pelo menos as 50mg que sugere o Tamassia, por que assim o pH vai variar menos, o sistema vai ficar mais estável e os resultados de produtividade serão melhores. Conheço propriedades que produzem 15-20 tonelada/ha/ciclo apenas repondo a evaporação. Se você puder circular esta água entre os viveiros de produção e um viveiro onde a água possa “descansar” (wetland ou coisa que o valha) poderá pensar em produtividades ainda maiores.
De: Orlando Oliveira
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Assunto: Re: Alcalinidade
Caros amigos, restou uma dúvida. Se a correção da alcalinidade por lanço de calcário sobre a água não se mostra eficaz, como corrigir a alcalinidade em tanques já construídos e em plena atividade?
De: João Manoel
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Assunto: Re: Alcalinidade
Não tem outro jeito, tem que ser a lanço. A vantagem em incorporar é que parte do alcalinizante fica no solo e a água é uma solução do solo. Ao ser incorporado vai sendo liberado aos poucos, além de promover a alcalinização do solo o que melhora as condições deste e permite maior e melhor atividade de microrganismos.