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De: Carlos Henrique A. Lopes
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Assunto: Aeração em viveiros de camarão

Alguém sabe a fórmula para calcular a quantidade de HP por hectare, necessário para aeração no viveiro de camarão?

De: Marcelo Lima Santos
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Assunto: Re: Aeração em viveiros de camarão

Geralmente nós calculamos a quantidade de aeradores de acordo com a densidade que se pretende trabalhar e o peso médio final do camarão a ser despescado. Por exemplo: se você colocar 40 camarões/metro2 em um viveiro de 2 hectares,  para despescar com peso médio de 11g, então sua biomassa final será de aproximadamente 6.160Kg (70% sobrevivência). Sendo assim, você terá que ter uma capacidade instalada de 6 a 7 aeradores de 2HP (1HP/500Kg). O negócio é o seguinte: após o povoamento você teoricamente não necessitará de aeração, devido a biomassa ser muito pequena. Com o crescimento da biomassa e acompanhamento dos parâmetros físico-químicos, você então vai acionando os aeradores disponíveis de acordo com a necessidade. Lembre-se de que a recomendação de 1HP/500Kg de biomassa é uma sugestão. Então você parte deste princípio técnico e depois faz seus ajustes pra cima ou pra baixo. Lembre-se de que o oxigênio dissolvido e o pH da água são dois parâmetros que deverão estar sendo monitorados pelo menos duas vezes ao dia (manhã e tarde), para você ter uma noção melhor das tendências do sistema. O oxigênio deverá se manter acima de 4mg/litro nas primeiras horas da manhã  e o máximo de 7 a 9mg/litro no final da tarde. Valores muito altos de oxigênio dissolvido no final da tarde significam que seu viveiro está eutrofizado e certamente deverá haver declínios noturnos, o que não é recomendável. Neste caso, suspenda a fertilização e faça a renovação de superfície, de modo que a transparência da água se mantenha entre 35 e 45cm. Excesso de alimentação prejudica a qualidade da água e faz com que o oxigênio decline pela ação das bactérias aeróbicas durante a oxidação da matéria orgânica advinda das sobras de ração. Oxigênio baixo no final de tarde (menor que 5mg/L) significa que seu sistema está desequilibrado. Você terá que rever alimentação, fertilizações e fazer análise de matéria orgânica do solo. Tempos nublados, com pouca ventilação, podem causar também problema semelhante. Neste caso mantenha aeradores ligados durante todo o dia para suprir o oxigênio necessário para manter em equilíbrio o sistema produtivo e quebrar possíveis estratificações térmicas. Com relação ao pH este deverá se manter em torno de 7 e 9. Variações bruscas do pH possuem ação sinérgica com outros parâmetros da água, principalmente a amônia tóxica. Por exemplo: uma variação de 1 unidade de pH pode elevar as concentrações de amônia tóxica em 10 vezes, a saber: sua leitura matinal de 0,4mg/L (que teoricamente estaria dentro do limite aceitável pra o camarão) pode subir para 4mg/litro (tóxica para o camarão) com a variação diária de apenas uma unidade de pH. Para manter o pH estabilizado é necessário que você faça um tamponamento da água do viveiro com aplicação de calcário, cal ou bicarbonato de sódio, pela disponibilização dos íons carbonato e bicarbonato. A reserva alcalina advinda deste tamponamento sequestrará os íons de hidrogênio produzido, pelas reações químicas do sistema, e manterá o pH estabilizado. Neste caso, a alcalinidade deverá estar acima de 80mg/L, quando falamos em camarão cultivado. Esta alcalinidade servirá como indicador de tamponamento. Ademais o cálcio oriundo do calcário será aproveitado pelo camarão para auxílio na questão da muda, entre outros benefícios. Caso você tenha problemas com o equilíbrio iônico da água, recomenda-se 1:3:1 com relação ao cálcio, magnésio e potássio, e precise corrigir o íon magnésio, então o uso calcário dolomítico (carbonato de cálcio e magnésio) micronizado servirá para este propósito. Lembre-se de que o calcário calcítico servirá apenas para tamponamento da água. No caso de ajustar o íon potássio, então use sulfato de potássio agregando na ração por ser inviável corrigir a água em viveiros de grande volume (corrigir água somente em berçários e raceways). O ajuste da dureza, esta pode ser corrigida com uso de gesso agrícola. É por aí. Espero ter colaborado.

De: Claudio Luis Tessarolo
Bernauer Aquacultura Ltda.
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Assunto: Re: Aeração em viveiros de camarão

Muito bem explanada pelo Sr. Marcelo Lima a questão da aeração em viveiros de camarão. Mas é preciso levar em consideração que existem muitas diferenças em termos da quantidade de oxigênio transferida em função do modelo e do fabricante dos aeradores. Por este motivo é indispensável sabermos qual é a taxa de transferência de oxigênio do aerador que será utilizado. Vale salientar que ocorre uma grande variação na eficiência dos aeradores de pás, de acordo com cada fabricante. Esta variação chega a ser superior a 40%, portanto a potência instalada tão somente pode não ser o correto para determinar quantos aeradores é preciso instalar em cada viveiro. Desde o ponto de vista da ecologia de ecossistemas aquáticos, o oxigênio dissolvido é considerado o principal subsídio para a produtividade natural, principalmente daquela representada pelos organismos heterotróficos, isto é, dos que precisam retirar oxigênio da água para poder viver. Os senhores sabem que nos ambientes de cultivo de organismos aquáticos este princípio é fundamentalmente o mesmo, sendo que a presença de níveis adequados de oxigênio dissolvido na água pode fazer grande diferença entre a alta produção e a baixa produção, inclusive entre o êxito e o fracasso dos cultivos. Apesar da aquicultura contar atualmente com grande variedade de aeradores, nem sempre eles vêm acompanhados de indicadores de eficiência que facilitem calcular qual a potência a ser instalada. É por esta razão que foi desenvolvido nos Estados Unidos o conceito conhecido como Taxa Padrão de Eficiência de Aeração, ou SOTR, da sua sigla em inglês Standard Oxigen Transfer Rate, capaz de expressar informação sobre a quantidade de quilogramas de oxigênio que um determinado aerador consegue transferir em água limpa num período de uma hora. A verdadeira importância do SOTR radica na possibilidade de poder, com base no seu valor e no consumo de energia do motor elétrico, calcular o SAE (Standard Aeration Efficiency), que vem a ser a quantidade de oxigênio (kg  O2) que um aerador pode transferir por unidade de consumo de energia. De posse desta informação, pode-se iniciar tecnicamente o cálculo da potência de aeração necessária para cada viveiro. O que define a quantidade de aeradores por hectare é o SOTR do aerador, respiração da água, respiração do camarão e a respiração dos sedimentos. A partir destas informações, é realizado o seguinte cálculo: Número de aeradores/ha = TOD (demanda total de oxigênio do viveiro) / OTRT (taxa de transferência de oxigênio no viveiro em função do SORT dos aeradores).

De: Lukas Melo
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Assunto: Vannamei em água doce

No cultivo de L. vannamei em água doce com alcalinidade e dureza baixas, alguns produtores têm dificuldade para equilibrar os íons de sais que garantam a sobrevivência e o crescimento do camarão marinho. Qual seria a indicação de fertilizantes acessíveis aos produtores que garantam o sucesso da atividade?

De: Marcelo Lima Santos
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Assunto: Re: Vannamei em água doce

Cultivar L. vannamei em água de baixa salinidade já uma realidade no interior dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. As preocupações são com a alcalinidade que deve estar superior a 80mg/L; a dureza que deve estar superior a 1000mg/L, e a relação cálcio:magnésio:potássio que deve estar ao redor de 1:3:1. A alcalinidade é corrigida com uso de calcário, cal ou bicarbonato de sódio. A dureza tu podes utilizar o gesso agrícola, e a relação entre o cálcio, o magnésio e o potássio geralmente só pede a correção do potássio que no caso tu deves adicionar na ração em viveiro de grande volume, ou na própria água no caso de cultivo em berçários intensivos e raceways. Maiores detalhes sobre as tecnologias tu podes encontrar em: “Procedimentos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança para Fazendas de Criação de Camarões do Brasil”, disponível do site da ABCC.

De: Fábio Sussel
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Assunto: Re: Vannamei em água doce

O cultivo de vannamei em água doce só é recomendado para águas com alcalinidade e dureza altas (>100). Pra isto, você não precisa de fertilizantes em si, mas sim corretivos de pH, ou seja,  calcário e gesso agrícola. Fertilizante é mais empregado para produtos que forneçam nitrogênio, fósforo e potássio. Considere que o vannamei em água doce não precisa deste minerais para seu crescimento em si, mas sim para a efetiva troca de carapaça. Via de regra, os principais nutrientes para o crescimento do camarão ele obtém da ração. Enquanto que os nutrientes para a ecdise, especialmente cálcio e magnésio (entre outros), ele consegue absorver da água. Não que isto seja exatamente como escrevi, apenas tenha este conceito na cabeça. Poderá ser útil para o êxito de sua criação. Via de regra, o êxito da criação do vannamei em água doce é tanto maior quanto maior for a alcalinidade e dureza. Não somente pela participação do Ca e Mg nas ecdises, mas também por proporcionar um ambiente mais adequado para produtividade primária do viveiro. Para correção da alcalinidade e dureza destas águas, comece com 40 gramas/m2 de calcário dolomítico. Não sendo suficiente, pode ir adicionando maiores quantidades. Porém, é imprescindível acompanhar o pH. Pode ser que a adição de grandes quantidades de calcário implique em alterações bruscas do pH.

De: Lukas Melo
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Assunto: Re: Vannamei em água doce

O problema é, que mesmo em berçários intensivos para aclimatação das PLs a baixa salinidade com dureza e alcalinidade aumentadas com calcário dolomítico e bicarbonato de sódio e a salinidade de 5 a 10 ppt (dependendo salinidade da água que vem da larvicultura),  há uma mortalidade media de 50% dos pls estocadas (com oxigenação ativa em todos os dias de permanência das pls no tanque).

De: Marcelo Lima Santos
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Para: [email protected]
Assunto: Re: Vannamei em água doce

Se você conseguir manter os parâmetros de alcalinidade, dureza e equilíbrio iônico da água dos berçários, além de outros importantes fatores (alimento natural, oferta de alimento suplementar, sanidade, parâmetros dentro das recomendações, etc.) não é para ter tamanha mortalidade. Interessante seria você pedir as larvas já aclimatadas para a salinidade que se encontrar em teus tanques berçários. Existe laboratório que envia larvas com salinidades menores que 10 ups (= 10 ppt  = 10‰). Este procedimento impedirá a aclimatação local da salinidade que é muitíssimo demorada e estressante para as pls. Depois do povoamento do berçário então a redução da salinidade de 1‰/dia garantirá tua sobrevivência. Veja também os procedimentos de transporte e qualidade da larva que estás adquirindo. No Manual de Procedimentos de Boas Práticas de Manejo e Medidas de Biossegurança para Fazendas de Camarões do Brasil, da ABCC, tu encontrarás maiores informações sobre estes comentados procedimentos. Livre para download site www.abccam.com.br

De: Alexandre Alter Wainberg
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Assunto: Efeito da EMS na carcinicultura chinesa

A produção de camarão na China em 2013 foi a pior desde 2008, declinando de 1,4 milhões de toneladas em 2012 para 1,1 milhões de toneladas em 2013 com perda, principalmente dos cultivos com L. vannamei. Mais detalhes em: https://www.shrimpnews.com/FreeReportsFolder/NewsReportsFolder/ChinaProductionIn2013.html. A queda na produção chinesa é equivalente a 5x a produção da carcinicultura brasileira. Será que veremos o efeito Smirnoff (eu sou você amanhã) tal qual a mancha branca?

De: Marcio Bezerra
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Para: [email protected]
Assunto: Re: Efeito da EMS na carcinicultura chinesa

Deve ter muita gente torcendo para que isso aconteça! Com os outros. Escutei uma frase curiosa de um produtor que me dizia: “Santa NIM! Imagina se não tivéssemos ela nos últimos 5 anos no Brasil? Onde iríamos ter lucro e colocar 140-150.000 toneladas previstas de camarão com o custo Brasil e nas atuais condições de mercado (dólar, concorrência, etc.)?” E olha que este mesmo produtor sofreu bastante com essa doença. E hoje consegue conviver com ela. Curiosidades à parte, o histórico com enfermidades na qual todos os países vivenciaram nos indica que, enquanto por aqui no Brasil a gente mais torce do que se protege, é muito possível que isso possa acontecer. Aqui e em outros países. Ninguém vive numa bolha e o tempo guarda sem pressa surpresas futuras.

De: Jomar Carvalho Filho
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Assunto: Relatório MPA 2013

Para conhecimento de todos, estou encaminhando em anexo o Relatório “preliminar” elaborado pelo MPA com a produção da aquicultura e da pesca no Brasil no ano de 2013. (baixar em: www.panoramadaaquicultura.com.br/relatoriompa2013.pdf)

De: Ricardo Campos
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Assunto: Re: Relatório MPA 2013

Caramba! O Maranhão produziu 170 mil toneladas na aquicultura em 2013? E o Ceará produziu 165 mil toneladas na pesca? Que salto! Já somos país de primeiro mundo, consumo per capta 17,16kg de pescado em 2013. É preliminar, mas foi elaborado com informações oficiais das superintendências.

De: Alvaro Graeff
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Para: [email protected]
Assunto: Re: Relatório MPA 2013

O Brasil cresceu 54,18% de 2011 para 2013? O Pará com 34% do total de pesca e aquicultura e 23% da Aquicultura? Que crescimento espantoso! Podemos multiplicar os pães, mas não muito porque até os Santos desconfiam.

De: Alexandre Oliveira
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Assunto: Re: Relatório MPA 2013

É demais publicar uma grosseria dessas. Quem está ganhando com isso? Com estes “galopes” nas estatísticas passaremos a China na próxima semana.

De: Edson Falcão
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Para: [email protected]
Assunto: Re: Relatório MPA 2013

Qual é a fonte de informação de 12 mil toneladas no Piauí? Por série histórica de 10 anos a produção da pesca extrativa rondou 2.700 ton, onde cerca de 58% disso representado pelo recurso caranguejo, quando não tínhamos defeso. Nossa produção aquícola, quando a carcinicultura estava no auge da produção com cerca de 16 fazendas, contou com produção de 4 mil ton. Como chegamos a 8 mil toneladas?

De: Humberto Hazin
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Para: [email protected]
Assunto: Re: Relatório MPA 2013

Gostaria de dar minha opinião sobre o assunto de forma a clarificar alguns pontos. Talvez muitos não saibam mas a CGMIP/SEMOC/MPA que é a coordenação responsável pela estatística da pesca e aquicultura nunca foi oficialmente procurada, muito pelo contrário, nós fomos atrás para averiguar esse crescimento na produção, visto que não confrontava com nossos dados. Identifiquei inúmeras inconsistências graves nesse relatório, promovido pela Secretaria Executiva do MPA, particularmente no Pará! Tentamos resolver isso internamente, onde fizemos vários alertas quanto a essa produção e seus dados, sendo seu último em 25 e 26/02/2014, e para nossa surpresa o referido relatório foi divulgado e posto em pauta no dia 18/03/2014 na primeira reunião do CONAPE, onde receberam diversas críticas do setor e dos conselheiros. Por sua vez, os conselheiros solicitaram a CGMIP que se manifestasse em relação ao mesmo. Expusemos, em nossa apresentação, nossa opinião de forma meramente técnica identificando as inúmeras inconsistências. O presidente da ABCC, representantes do setor, MMA, assim como outros foram extremamente pertinentes em suas colocações sobre esse aumento repentino da produção, entretanto caso se sintam à vontade, que se manifestem. Após isso, 3 dias depois (21/03/2014) fomos pego de surpresa com a minha exoneração do cargo de coordenador geral da CGMIP, por expor minha visão meramente técnica, sem o aviso prévio ao meu Secretário Dr. Américo Tunes, o qual me convidou.

De: Emerson Soares
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Para: [email protected]
Assunto: Re: Relatório MPA 2013

A mensagem do Humberto, mostra de certa forma que ocorreram inconsistências no relatório preliminar do MPA. Conheço o Humberto e sei que o mesmo tem argumentos e conhecimentos técnicos suficientes para não deixar que informações absurdas ocorressem deliberadamente. Algo aconteceu com estes dados, algo demonstra no MPA que não estão levando a sério a pesca e aquicultura brasileira, pelo menos com os dados estatísticos. Parece a inflação da Argentina onde o governo afirmava ser de 10%, enquanto toda a população afirmava que este índice poderia chegar aos 30% anuais, ficando assim um país desacreditado. Cada vez mais ficamos órfãos de colegas competentes que acreditaram que com a criação do MPA algo poderia ser mudado na atividade. A cada dia que passa, vemos um ministério que reproduz o que é de mais perverso na política, o toma lá da cá, o faz de conta. Acordemos pessoal, estamos indo para o paraíso dos bobos e o governo nos leva pelo caminho encantado. Ainda tenho respeito por alguns sobreviventes do MPA, que insistem em tentar mudar esta realidade, e a estes parabenizo pela luta. Aos que se forem por vontade própria ou exonerados a força, meus sentimentos, só vocês sabem o que passaram lá. Aos aquicultores e pescadores de verdade, meus pêsames.