NOTÍCIAS & NEGÓCIOS ON-LINE – edição151

De: Dijaci Araújo
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Assunto: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido
Matéria publicada na Tribuna da Bahia diz que a Embrapa
descobriu que sem machos, tambaqui fêmea cresce mais rápido.

“Técnica já utilizada na produção de diversos peixes com valor comercial está sendo estudada e adaptada para o tambaqui (Colossoma macropomum) e pode resultar em aumento significativo da produtividade da espécie. Trata-se da formação de populações monossexo com apenas fêmeas de tambaqui, já que o gênero tem a capacidade de ganhar até 20% mais peso do que os machos da espécie.

O peixe é nativo da bacia Amazônica e um dos mais apreciados para consumo no Brasil. Para formação de populações de fêmeas, é preciso atuar na definição do sexo dos peixes. Conforme a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) e líder do projeto, Fernanda Loureiro de Almeida O’Sullivan, os peixes nascem sem sexo definido, com gônadas que não são considerados testículos nem ovários.

Após um período, diferente para cada espécie, os genes naturalmente determinam se o peixe vai ser fêmea ou macho, e só a partir de então formam-se as gônadas diferenciadas: testículos nos machos e ovários nas fêmeas. Por isso, a pesquisa vai elaborar um protocolo eficiente e seguro para definir como feminino o sexo do tambaqui, por meio da utilização do hormônio estradiol, um estrógeno natural, aplicado diretamente na ração dos peixes. “O fornecimento da ração com o estradiol tem de ser anterior à diferenciação sexual do tambaqui. Assim, mesmo que o peixe tenha os genes para formação de um testículo, é possível mudar essa informação e formar fêmeas com ovários funcionais”, explica Fernanda. A pesquisa para formação de população monossexo de tambaqui está na metade do caminho e vem trabalhando com três variáveis: tamanho ou idade em que os alevinos devem receber o hormônio para a reversão sexual; concentração mínima do hormônio e duração do tratamento.

“A alimentação dos alevinos com a ração tratada é realizada em tanques de circulação fechada e a água desses reservatórios é manejada corretamente, devido aos resíduos gerados”, observa a pesquisadora. Nesse contexto, o planejamento do projeto contempla outras ações importantes, como as avaliações de impacto ambiental da tecnologia e a análise da existência ou não de interferência do hormônio na carne do tambaqui alimentado com a ração tratada. “Esperamos, com isso, identificar o período necessário para que o peixe esteja livre de resíduos hormonais”, ressalta Fernanda.

Depois de estabelecer o protocolo, também será realizada a análise econômica da tecnologia, buscando determinar os custos do uso da inversão sexual em sistemas maiores de produção, como uma fazenda produtora de tambaqui, por exemplo. “Se a técnica der certo, se ela se provar totalmente segura e as análises econômicas forem positivas, com certeza teremos a capacidade de produzir cerca de 20% a mais de peso de tambaqui em uma mesma área de produção, resultando, consequentemente, em maior lucratividade para o produtor”, destaca a pesquisadora.

A técnica de formação de lotes monossexo de peixes já é utilizada nas principais fazendas produtoras para outras espécies. No caso da tilápia, por exemplo, são formadas populações apenas com machos, que ganham mais peso e, consequentemente, geram mais lucro para os produtores.”

De: Andre Muniz
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Sou contra a utilização de hormônios em peixes de corte, ainda que se comprove que não haverá resíduos na carne do animal abatido. Sabemos que para reprodução, muitas vezes, não há como fugir, mas pra engorda prefiro apostar em outras tecnologias. A indústria do frango sofre preconceito até hoje por conta disso e a população desconhece o fato de que no Brasil não se pode trabalhar com hormônios promotores de crescimento ou miogênicos. Frango não tem hormônio. Mas cultura popular é algo difícil de ser combatido. Queremos essa imagem para o pescado? Existe alternativa à hormonioterapia?

De: Dijaci Araújo
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Existem algumas alternativas como o uso do supermacho ou da temperatura no caso da tilápia, mas são técnicas pouco difundidas pela falta de reprodutores disponíveis e principalmente pelos custos relacionados à formação de um plantel (supermacho) ou por protocolos que não garantem os mesmos resultados da indução hormonal (temperatura). Existem também as técnicas de manipulação cromossômica. Em relação ao uso de hormônios para a produção de populações monossexo existem prós (melhor desempenho zootécnico, maior padronização do produto, redução de custos e preços finais ao consumidor – o que melhora a competitividade principalmente em relação a outras fontes de proteína, etc.) e contras (marketing negativo provocado pela falta de conhecimento do consumidor). Diante disso, é preciso ponderar a respeito e acredito que outros segmentos sejam um bom ponto de partida. A indústria do frango, por exemplo, sofre mais pressões por questões associadas ao uso de antibióticos do que pelo senso comum em relação ao uso de hormônios. O uso de antibióticos é associado ao surgimento das superbactérias, apesar das autoridades em saúde ressaltarem que ainda não é possível comprovar a relação entre o consumo de carnes de animais criados com antibiótico e o aparecimento das superbactérias. No caso dos hormônios, apesar do censo comum, a indústria parece não sofrer impactos significativos relacionados à queda no consumo.

De: Ricardo Tsukamoto
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Caso o sexo no tambaqui seja determinado por um gene sexual, e este gene esteja localizado num cromossomo típico masculino, como o do ser humano e da truta arco-íris, é possível produzir uma população 100% fêmea sem tratar os animais de produção com hormônio. Esta é a estratégia utilizada em trutas há mais de duas décadas na Estação Experimental de Salmonicultura de Campos do Jordão, SP. A reversão sexual é realizada numa primeira geração, pelo uso de metil-testosterona nos alevinos (tal como se faz em tilápia), para gerar uma população de machos fenotípicos. Porém, metade desta população revertida será constituída por machos genéticos e metade por fêmeas genéticas que ficaram com fenótipo de macho. O que nos interessa são essas fêmeas revertidas. Quando elas se tornam adultas, passam a produzir sêmen, mas que contém somente a carga genética de fêmea. Ao fecundar ovos normais com este sêmen de fêmea revertida, toda a prole gerada será automaticamente de fêmeas. Sem nenhum tratamento hormonal nesta geração para produção. Desta forma, o tratamento hormonal é usado apenas para gerar as fêmeas revertidas a serem usadas como genitoras (P). Nenhum indivíduo de produção (F1) terá sido tratado com hormônio. O sêmen de fêmeas revertidas pode ser criopreservado para uso durante muitos anos. Este processo de produção de lotes 100% fêmea é tradicionalmente usado na produção de trutas em Campos do Jordão desde o milênio passado. Muitos dos detalhes envolvidos estão sendo agora otimizados e acelerados com base em técnicas de Biologia Molecular, pelo pesquisador da FAPESP, Ricardo S. Hattori, baseado naquela instituição.

De: Flavio Lindenberg
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

A técnica proposta pela Embrapa é um caminho para baixar custos e viabilizar a produção, nada tem a ver com crescimento a base de hormônios. Talvez para outros nativos, além dos Serrasalmideos também seja muito interessante, como Pimelodideos (Pintado), Anostomideos (Piauçú). Tal polêmica já passou pela tilápia e ela está aí, nosso tema atual é ela nas praias, revertida, pois se não o fosse não teria logrado tal êxito. Nossa consciência de estar produzindo alimento inócuo é importante e o esclarecimento da população também, mas nos retrair de pesquisar diante de uma possível ignorância futura, nos colocaria mais atrás do mercado e nos faria mais dependentes. O frango sempre foi acusado de usar hormônio de crescimento sem usar, e o Brasil é o 2o maior consumidor de frango e líder mundial na exportação da ave. Os nutricionistas sugerem frango orgânico e ovos free, um nicho de mercado importante e interessante, mas é mais caro e elitizado. O tambaqui orgânico de certo também terá seu lugar.

De: Alvaro Graeff
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Eu não vejo dificuldade nenhuma em utilizar hormônios, antibióticos e OGM desde que através de pesquisas que comprovem não causar danos em primeiro lugar aos animais e aos homens, e por consequência à natureza.

De: Andre Muniz
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Minha linha de raciocínio é pela não utilização de hormônios. Acho pertinentes todas as colocações, mas a opinião pública é feita de pessoas, bem e mal informadas, assim como bem e mal intencionadas. Há muitos anos a Coca-cola espalhou o boato que o mate causava impotência (broxava, no linguajar popular). Até hoje tem gente que crê nisso. Hoje ela é dona da antiga Mate Leão, concorrente na época. É obvio que existem vertentes orgânicas ainda timidamente exploradas.

De: Jenner Menezes
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Não existe dimorfismo aparente entre machos e fêmeas jovens de tambaqui e redondos em geral. A fêmea do tambaqui naturalmente já cresce mais que o macho, por volta de 15 a 20%, o isolamento dos machos no ambiente de cultivo é que foi novidade. Boa informação. Creio que possa haver possibilidade de incremento na geração com maior percentual de fêmeas com manipulação na larvicultura ou em encontros de hibridação entre espécies de redondos que se faria com conhecimento do genoma do tambaqui, que já está com estudo avançado pela Embrapa. Os desafios são grandes e o campo é muito vasto para pesquisa desses fabulosos peixes amazônicos, uma vez que foram realizadas pouquíssimas pesquisas com estes. A Embrapa poderá ser determinante nesse propósito e todos esperamos muito dela, pois o aquicultor brasileiro em geral tem pouco capital, material humano e estrutura para estas pesquisas. Muita coisa se pode esperar desses peixes.

De: Ricardo Tsukamoto
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Os europeus tentaram desenvolver uma linhagem de carpa com ausência dos espinhos intra-musculares (“espinhas”). Pois as espinhas eram um dos grandes gargalos na aceitação do peixe. Mas aquela pesquisa falhou, sem conseguir resultados positivos após 20 anos de cruzamentos. Se vocês já têm uma linhagem de tambaqui com tal característica, é uma ótima característica.

De: Jackson Pantoja
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Assunto: Re: Sem machos, tambaqui fêmea cresce rápido

Participei da banca de mestrado da estudante Vanessa Ribeiro para o experimento utilizando 17 beta extradiol. O estudo mostrou a eficácia do produto na indução à diferenciação sexual para produção de fêmeas. Em breve a dissertação estará disponível para divulgação completa. Não se trata de reversão sexual. O método proposto induz a produção de população monossexo. Em resumo, foi observado que o experimento foi eficaz no descarte do hormônio na carne dos juvenis e também no tratamento da água onde foi realizado o experimento. Este tema trará ainda muita discussão, mas de antemão, o experimento foi um sucesso.

De: Tarciso Lopes
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Assunto: Sedativo para desova induzida 

Gostaria de informações, sobre onde posso adquirir o anestésico “Benzocaína – ethyil-p aminobenzoato” para uso como sedativo em matrizes de peixes na preparação para desova induzida.

De: Gilcinea Santana
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Assunto: Re: Sedativo para desova induzida 

Não existe proibição ao uso do anestésico. A proibição que existe seria do abate e consumo logo após a utilização. No entanto, na reprodução o uso do anestésico é controverso. Porque ambas as condutas podem interferir (o uso e o não uso do anestésico) nos parâmetros reprodutivos. O pessoal alega que os anestésicos poderão interferir na motilidade espermática e na viabilidade de ovos em algumas espécies. No entanto, o estresse da manipulação e da aplicação parenteral dos hormônios também influencia. No meu entendimento poderá, ou não, ser utilizado. Poderia usar o método do paninho para administrar os hormônios. A vantagem do uso do anestésico é que ele garante segurança ao operador e reduz o estresse, os acidentes com os peixes. Os animais recebem geralmente duas doses do hormônio e a coleta se dá por pressão manual da cavidade abdominal algumas horas após a última aplicação. O eugenol é eficiente e mais acessível. No entanto cuidado na hora de comprar porque tem farmácia de manipulação que não vende o eugenol e sim o óleo que não tem ação anestésica. Eu tenho especificação de um eugenol que funciona e que compro em loja que vende produtos odontológicos.

De: Néa Correia
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Assunto: Re: Sedativo para desova induzida 

O óleo de cravo é um excelente anestésico e analgésico para peixes. Possui o eugenol como principal componente (superior à 80%). Atenção apenas ao detalhe: deve ser diluído em álcool (1 ml do óleo para cada 9 ml de álcool).

De: Mario Porto
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Assunto: Medidor de bancada de pH

Efetuo diariamente medidas de pH para o cálculo da amônia tóxica, mas tenho tido muitos problemas com os medidores de pH de bancada e portáteis que adquiro. Eles não duram muito, sua manutenção é difícil e não consigo comprar sondas para reposição. Gostaria de algumas sugestões de modelos de bancada, encontrados no mercado nacional, de simples manutenção e que tenham oferta de venda da sonda separadamente.

De: Fernando Kubitza
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Assunto: Re: Medidor de bancada de pH

Esse é o problema com os pHmetros digitais. Se não calibrar todos os dias as leituras ficam pouco confiáveis. Por isso, acho que a melhor saída é usar um teste colorimétrico, que chega a ser até mais rápido que, com o pHmetro, porque a leitura é imediata, não precisa esperar estabilizar a leitura. E o indicador químico é preciso.

De: Flavio F Lindenberg
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Assunto: Re: Medidor de bancada de pH

Como bem colocou o “mestre” Fernando, os testes colorimétricos que você pode encontrar na Aquaimagem, Alfakit, quites de piscina, devem te atender. Até mesmo as fitinhas da Merck se padronizar a metodologia de análise e der uma checada nos refis e, se não tiveres a necessidade de muita precisão, podem te atender.

De: Mario Porto
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Assunto: Re: Medidor de bancada de pH

Realmente já estou até pensando em usar o método colorimétrico. Se o problema fosse somente a calibragem, tudo bem. Mas quando pifa a sonda, você é obrigado a comprar outro aparelho completo. E isso não demora muito.

De: Fabrício Menezes Ramos
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Assunto: Re: Medidor de bancada de pH

Eu uso um aparelho digital desde 2004, e só compro a sonda quando quebra a ponta. Isso quando alguém que empresto ou não está acostumado acaba usando, e encosta no vidro do aquário ou em algo sólido. Pode ainda fazer uma capa protetora com cano de PVC, e assim parar de quebrar. Nos aquários usamos diariamente. Em campo, poucas vezes ao ano. Somente a sonda, comprada no início do ano, custou em torno de 200 reais. A precisão também é maior em relação aos colorímetros, duas casas decimais. Indico apenas para experimentos ou para animais sensíveis a variação do pH.