De: Sergio Tamassia
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Assunto: Preços do Camarão Exportado
Lendo dados sobre as exportações brasileiras, no site do Ministério da Agricultura, verifiquei que o preço médio do camarão exportado decresceu de US$7.756,54/t em 2000 para US$6.350,40/t em 2001. Por outro lado, o preço do pescado aumentou de US$1.541,18/t em 2000 para US$1.956,24/t em 2001. Alguém da lista Panorama-L sabe o porquê deste decréscimo para o camarão? E para o pescado? Existe alguma influência de peixes oriundos da aquicultura? Tentando satisfazer mais um pouco da minha curiosidade, até que nível o setor de camarão tolerará a queda de preços? Tem ainda grande folga na margem atual de lucros para continuar a exportar? Ou deverá direcionar a produção para o mercado interno? O mercado interno para camarões até que ponto está “imune” a instabilidade da economia americana? O salmão pode ser um competidor para o camarão, pois o preço dele também tem dado sinais de queda?
De: Alexandre Wainberg
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Assunto: Re: Preços do Camarão Exportado
Quanto ao camarão, já baixou muito e ainda está baixando mais. Enquanto houver instabilidade na economia americana a tendência de queda não se reverterá. Você pode obter várias informações nos sites: www.fao.org da FAO – Food and Agriculture Organization; www.urnerbarry.com Urner Barry; www.shrimpnews.com da Shrimp News International. Com relação as perguntas: 1- Até que nível o setor de camarão tolerará queda de preços? Quem sabe? As empresas podem ser classificadas quanto a escala. Em depressão de preços, primeiro morrem os médios que não tem escala de custo. Hoje, está difícil. Minha margem caiu de 30% para 12%. 2 – Tem ainda grande folga na margem atual de lucros para continuar a exportar? Se não exportar, onde vai vender 40 mil toneladas? 3 – Ou deverá direcionar a produção para o mercado interno? Que mercado interno? O Brasil mal consome 20 mil ton. Aqui é igual aos EUA. Se a economia está mal, cai o consumo de frutos do mar de maior valor. 4 – O mercado interno para camarões até que ponto está “imune” a instabilidade da economia americana? Não. Está tudo ligado. 5 – O salmão pode ser um competidor para o camarão, pois o preço dele também tem dado sinais de queda? No mercado interno você tem que lembrar que o salmão é importado e cotado em dólar. O preço da commodity está caindo vagarosamente no mercado internacional, mas no Brasil o câmbio mata qualquer redução e o preço está subindo. O salmão mais que dobrou de preço no supermercado desde 1999.
De: Newton José Rodrigues da Silva
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Assunto: Piscicultura Ornamental
Prezados Colegas, as políticas públicas (pesquisa, extensão e crédito) executadas objetivando o desenvolvimento da piscicultura no Brasil, historicamente, comparando-se com outras áreas, foram muito tímidas. Em se tratando de piscicultura ornamental, a situação piora. Produzir peixes ornamentais, não há dúvida, pode ser uma importante fonte de renda para os produtores rurais. Considerando que essa lista é assinada por colegas de diferentes estados e instituições, solicito as seguintes informações: 1- quais as instituições de pesquisa que possuem uma linha de trabalho com peixes ornamentais? 2- quais órgãos de extensão rural possuem profissionais com formação nessa área atuando em projeto? (Informo que a CATI não possui). 3- os colegas que atuam nessa área, estão recomendando quais publicações a outros técnicos ou produtores?
De: Walter Boeger
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Assunto: Re: Piscicultura Ornamental
Newton e demais colegas da lista, talvez um dos trabalhos mais bonitos sendo desenvolvidos com peixes ornamentais no Brasil, seja o coordenado pelo Dr Chao (UFA) em Manaus. Não sei se eles estão desenvolvendo algo com cultivo em si, mas é possível checar as linhas gerais do projeto no seu site www.angelfire.com/pq/piaba. Meu laboratório vem desenvolvendo trabalhos sobre parasitologia de alguns peixes de interesse comercial de aquário (ex. Colomesus aselus, Corydoras spp.) por algum tempo. Eles têm sido utilizados, ainda, como modelos para o desenvolvimento de métodos de controle de enfermidades em piscicultura em geral.
De: Manuel V. Vidal Jr.
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Assunto: Re: Piscicultura Ornamental
Newton, no Brasil a piscicultura ornamental está pouco disseminada, existem grandes regiões produtoras, a maior é a de Muriaé (onde dou assistência e consultoria). As outras, como a baixada fluminense e cidades próximas a Mogi (SP), são mais modestas em número de produtores. Talvez por isso ainda não existam muitas pesquisas. Eu venho trabalhando com introdução de novas espécies e para isso pesquiso a propagação (na maior parte por hipofisação). Outros trabalhos têm sido com corantes para ração e reversão sexual. Todos os resultados (positivos) das pesquisas tenho aplicado a campo em Muriaé. Infelizmente você verá que no país só existem uns cinco profissionais na área e nem todos estão próximos aos produtores. Quanto às instituições, eu diria que nenhuma possui um plano de pesquisa. Enquanto eu estava na EPAMIG (até o mês passado) existia algumas linhas, mas não haverá continuidade, aí no CAUNESP o João Batista e o Assano estão tentando fazer alguma coisa mas não sei se já foi institucionalizado. Pretendo ir para a UENF (Campos, RJ) e continuar os trabalhos. A vantagem de se estar próximo dos produtores é que eles estão financiando as pesquisas e liberando instalações (tanques, estufas, laboratórios de hipofisação ) e assim posso continuar os trabalhos com certa independência.
De: Carlos Alexandre Gomes de Alencar
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Assunto: Re: Piscicultura Ornamental
O Instituto de Ciências do Mar – LABOMAR/UFC tem um Grupo de Estudos em Ictiologia Marinha Tropical, voltado aos peixes ornamentais marinhos. Para maiores informações, o telefone do LABOMAR é (85) 242-6422. Na mesma linha (peixes ornamentais marinhos), há um grupo trabalhando junto à UFPE e CEPENE/IBAMA. Ressalto que, quanto aos peixes ornamentais marinhos, mesmo sendo uma grande fonte de divisas na área pesqueira, praticamente não há estudos sobre reprodução e criação dos mesmos em cativeiro.
De: Gilberto P Júnio
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Assunto: Re: Piscicultura Ornamental
O curso de Engenharia de Aqüicultura da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, tem oferecido a seus alunos uma disciplina optativa que é “Cultivo de Peixes Ornamentais”. Vários alunos já se matricularam e nas conversas acredito que existe grande chance de muitos ficarem nessa área fazendo pesquisas (também sou aluno da Engenharia de Aqüicultura). Potencial o Brasil tem, um número crescente de profissionais da área estão sendo formados então acredito de daqui há alguns anos a aquariofilia vai ocupar um espaço maior na nossa lista de discussão.
De: Marcelo Assano
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Assunto: Re: Piscicultura Ornamental
Caros colegas, faço mestrado em aqüicultura no CAUNESP e já fiz estágio no Japão, Singapura e Muriaé (MG) sempre com peixes ornamentais. Aqui no CAUNESP existe um laboratório de peixes ornamentais, porém, existem outros pesquisadores que trabalham com peixes ornamentais como Prof. Mauro Squetino de Ouro Preto, Dr. Manuel Vazques Vidal (EPAMIG), o Ricardo de Maringá, o Mauricio Nagata no Instituto de Pesca,e, em Botucatu temos o doutorando Jener Zuanon. Mas o mais importante disso tudo é que a piscicultura de peixes ornamentais ainda passa por dificuldades pois muitos ainda classificam-na como um hobby e não como uma atividade piscícola familiar. Esta atividade está de acordo com as últimas resoluções da FAO de sustentabilidade familiar, pois é praticada em pequenas propriedades com não de obra familiar e altamente rentável. Para se ter uma idéia, no ano de 1996 Singapura exportou 64 milhões de dólares em peixes ornamentais somente para os EU.A., considerando que Singapura detém 70% do mercado mundial de peixes ornamentais, e o Brasil, junto com a Colômbia, detém 3% desse mercado. Quantas divisas não estamos perdendo? Outros fatores também devem ser considerados: no Brasil os 3% de peixes exportados são de peixes capturados, principalmente na Amazônia, e segundo declarações recentes do Diretor do CEPTA, “a pressão de pesca sobre os peixes ornamentais, de uns três anos para cá, tem sido superior a capacidade de recomposição do meio ambiente.” Agora fica uma dúvida, Singapura já é o maior produtor mundial de peixes Amazônicos, os nossos estoques naturais de peixes já estão dando sinais de esgotamento, será que novamente teremos que comprar riquezas que são nossas?
De: Sérgio Almeida
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Assunto: Olhos saltados em Tilápias
Temos recebido nos últimos meses, aqui no Estado do Ceará, relatos cada vez mais freqüentes de mortalidade de tilápias. Geralmente os peixes apresentam olhos saltados e esbranquiçados, natação errática e vem a morrer em curto período de tempo. Os viveiros possuem área média de 1000 m2, a densidade utilizada é de no máximo 4 peixes/m2, com aeração, boa renovação de água e os parâmetros de qualidade de água normais. A mortalidade é mais acentuada em peixes acima de 350g de peso médio. Os peixes nesta fase estão sendo alimentados com rações estrusadas com 28% de P.B. Conto com a colaboração dos colegas e especialistas em patologia, no intuito de melhor informar nossos produtores a respeito das medidas de prevenção contra problemas desta natureza, dado a grande dificuldade por parte dos produtores no diagnóstico de tais enfermidades. Desde já, agradeço as considerações.
De: Alvaro Graeff
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Assunto: Re: Olhos saltados em Tilápias
Almeida, seria interessante você ver quais os constituintes da ração utilizada, não a bromatológica, mas os conservantes e outros aditivos, origem da ração, conservação etc…etc… extra fórmula, pois os sintomas de peixe acima de 350 gr. nadar errático, sugerem entre outras coisas, intoxicações.
De: Jomar Carvalho Filho [email protected]
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Assunto: Re: Olhos saltados em Tilápias
Prezado Álvaro e demais coleas da lista, as mortalidades de tilápias após aparecerem com esses sintomas parecem não ser mais privilégios das regiões sul e sudeste do país. Como vemos, o nordeste também foi premiado. Você sugere substâncias nas rações que possam estar causando intoxicações. E isso, de fato, pode ser um caminho a ser pesquisado. Mas, o que me intriga é que praticamente todas as fábricas de rações devem estar com problemas com essas substâncias pois, até onde sei, esses casos de mortalidades têm ocorrido com usuários de todas as marcas de rações. A dúvida que fica é: ou nossa indústria de ração está totalmente “bichada” ou estamos diante de “algo diferente”, que até se reproduz indesejadamente. Lembro que colocar a culpa no fabricante da ração nem sempre é a maneira mais acertada de resolver muitos problemas.
De: Alvaro Graeff
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Assunto: Re: Olhos saltados em Tilápias
Na realidade o que se sugere é ver a origem da ração, se é para peixe mesmo, pois casos de tilapias com sintomas parecidos aqui estavam sendo alimentadas com rações para aves, e na composição contém um coccidiostático altamente letal para as tilápias (intoxicação crônica). Portanto, cuidado ao alimentar-se organismos de diferentes origens pois os aditivos a que me referi anteriormente são para certos animais e não servem aos peixes. Além de antibióticos, probióticos, simbióticos, etc…que fazem parte de rações de outras criações e não recomendável se utilizar em peixes. Também pode-se suspeitar de aflatoxinas na ração por mal acondicionamento das mesmas em lugares precários com umidades etc.
De: Flavio R. Moraes
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Assunto: Re: Olhos saltados em Tilápias
Oi Sérgio, descartada a possibilidade de deficiência nutricional e de produtos tóxicos na ração, existem algumas viroses que causam os olhos saltados ou exoftalmia. Todavia, acho que não temos descrição de sua ocorrência no Brasil (o que não quer dizer que não existam). Algumas dessas viroses são espécie-específicas como a do bagre do canal; ou a necrose pancreática dos salmonídeos que acomete outras espécies também incluindo a carpa; ou a necrose hematopoiética também descrita quase que exclusivamente em salmonídeos; ou septicemia hemorrágica também descrita em trutas e salmões. Entre as infecções bacterianas, deve-se considerar a septicemia entérica do catfish causada pela E. ictaluri que, embora descrita em bagres, também ataca outras espécies como trutas, salmões e outras, visto que se trata de bactéria oportunista, não sendo agente patogênico obrigatório. Alguns parasitos também podem provocar exoftalmia como por exemplo Trichodina sp. Deve ser dada atenção aos fatores de estresse que possam estar atuando, como manejo inadequado ou má qualidade ambiental. Todavia, para o bom direcionamento necessita-se de mais informações. Informar sobre condições de manejo e ambiente sobretudo a ocorrência de fatores estressantes. A rigor o diagnóstico depende do isolamento do eventual agente etiológico, mas o exame anatomopatológico, pesquisando a presença de parasitos e bactérias e, em particular, histopatologia de brânquias, fígado, rim, baço e pâncreas pode ser fornecer bons subsídios.
De: Marcos
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Assunto: Re: Olhos saltados em Tilápias
Meu nome é Marcos, sou diretor de uma associação de tilapicultores e tive oportunidade de acompanhar vários casos no interior de São Paulo, semelhantes ao que você conta. Ao que parece isso começou há dois anos, primeiro em algumas pisciculturas no Paraná (não tenho certeza), e depois se espalhando para outros lugares, o que o Jomar fala tem fundamento, identificamos casos em engordas que usavam rações diferentes, e não é só isso, com sistemas de engorda totalmente diferentes, onde não dava para estabelecer um padrão e colocar a culpa na qualidade da água ou na ração. Recebemos a visita de vários técnicos, o motivo da temperatura aqui ter se mantido num patamar muito alto durante muito tempo nos fez acreditar que isso estaria relacionado a mortalidade, nas análises também pouco se avançou, a não ser uma amostra que levamos até o laboratório de bacteriologia da UEL em Londrina que identificou Streptococcus no encéfalo das tilápias, no antibiograma mostrou sensibilidade a alguns medicamentos que foram aplicados e cessou de imediato a mortalidade, só que isso coincidiu com o restabelecimento da temperatura entre 26 e 28oC ? E agora? Vamos esperar o próximo verão??? Um fabricante de rações sinalizou com a possibilidade de estar buscando fora do Brasil sistemas de imunização. Espero ser surpreendido!