De: Antonio Dantas
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Assunto: Adubação de viveiros
Caros colegas, estou iniciando a estocagem de alevinos de tilápias (1g) em viveiros de terra para posterior criação em tanques-rede, aqui em Alagoas. Gostaria de saber como devo adubar os viveiros em questão.
De: Fábio R. Sussel
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Assunto: Re: Adubação de viveiros
Pode-se proceder da seguinte forma: 300 gramas de esterco bovino por m2 ou 120 gramas de esterco de aves (ambos devem ser “triturados”, objetivando melhor dissolução na água); mais 5 gramas de uréia para dar o “quique” inicial à produção de fitoplâncton; de preferência com o viveiro ainda vazio, distribua o esterco mais a uréia por toda a extensão do fundo; abasteça o viveiro com água somente até a metade; após 3 dias proceda a soltura dos alevinos e complete o nível do viveiro. É possível substituir o adubo orgânico por adubo químico.
De: Robert Krasnow
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Assunto: Re: Adubação de viveiros
Prezados Antônio e Fábio, verifiquem a transparência da água antes de adubar. Se a transparência estiver a redor de 30 cm não é necessário adubar, ao contrário, adubar sem necessidade pode ser prejudicial. De toda forma, se a água for transparente demais, pode adubar seguindo as indicações de Fábio.
De: Fábio R. Sussel
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Assunto: Re: Adubação de viveiros
Está correto Robert! Inclusive se os viveiros tiverem mais de 5-6 anos de uso, há que se considerar que já existe um residual de matéria orgânica dos cultivos anteriores. Neste caso, talvez somente a utilização da uréia para dar o “quique” inicial seja suficiente. Bem lembrado que a adubação sem necessidade é prejudicial.
De: Anderson Rodrigues
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Assunto: Alimentação de Tilápias
Prezados, tenho algumas dúvidas primárias sobre a alimentação de tilápias e agradeceria se alguém pudesse me ajudar: 1) Como produzir uma ração para tilápia com um custo reduzido, quando comparado às rações prontas (de marca) encontradas no mercado? Alguém tem experiência com a ração utilizada para frango? 2) Qual a quantidade de tratos por dia ideal? Vi aqui na lista há uns meses que estudos comprovam que uma quantidade maior de tratos diária favorece o ganho de peso. Mas, na prática, como é feito? 3) Vi numa reportagem a utilização de bandejas de alimentação, e achei interessante, pois desperdiça menos ração e diminui a quantidade de tratos diários, facilitando o manejo. Que tipo de ração utilizar nestas bandejas uma vez que a extrusada é flutuante?
De: Álvaro Graeff
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Assunto: Re: Alimentação de Tilápias
Estimado Anderson, 1) Produzir rações caseiras podem e devem ser eficientes quando monitoradas por profissional experiente, caso contrário é mais caro do que as comerciais (conversão alimentar alta, digestibilidade baixa, relação cálcio e fósforo, nitrogênio/fósforo, proteína bruta e energia erradas, etc.). Quanto a utilização de rações de animais diferentes eu acho o maior erro, pois as necessidades também são diferentes, além de que têm em sua composição produtos incompatíveis com os peixes. 2) Os trabalhos divergem na freqüência, mas o ideal econômico/biológico/prático é no mínimo 2 vezes ao dia quando utilizado o homem. Quando mecânico, melhor 4 vezes. 3) Há controvérsias neste modelo, pois veja: deixar à disposição a alimentação, logo ela não é mais ração e torna-se matéria orgânica (adubação de luxo), também não estimula o peixe a comer com eficiência (etologia), quanto não desperdiçar, concordo e o tipo de ração neste sistema é a peletizada.
De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Alimentação de Tilápias
Caro Anderson, o objetivo expresso no seu e-mail de consulta, é produzir tilápia com o custo mais baixo possível. Porém, fazer ração caseira pode sair mais caro e resultar em eficiência bem menor do que a ração comercial, conforme esclarecido pelo Álvaro Graeff. Por isso, considere uma alternativa mais barata, mas freqüentemente esquecida pelos interessados em criação de tilápia. A tilápia nilótica é uma das melhores espécies de peixe existentes para cultivo, já que é muito resistente, mas acima de tudo, por ser um excelente incorporador da produção natural do viveiro. Em contraste à maioria das espécies de peixe, a tilápia é capaz de filtrar a água do viveiro e dali extrair as algas microscópicas (microalgas). Estas algas dão a típica cor verde à água do viveiro e estão ali presentes em grande quantidade, mas não podem ser “colhidas” por outros peixes. Já a tilápia nilótica tem uma “rede de plâncton” nas brânquias, que permite a ela filtrar até as menores microalgas (que têm cerca de 3 micra = 3 milésimos de mm). Além disso, mesmo as algas tóxicas (cianobactérias ou algas verde-azuladas) são ingeridas e bem aproveitadas pela tilápia. Por esta razão, a tilápia pode ser considerada o “boi” da água, pois pasteja e incorpora a produtividade natural (plantas verdes que fazem fotossíntese) do viveiro – recurso alimentar que está sempre crescendo graças somente à luz do sol (gratuita e farta) e nutrientes. Para produzir tilápia em tanque-rede, onde não há possibilidade de usar esta produtividade natural, deve-se usar uma ração artificial equilibrada para garantir a saúde e o crescimento dos peixes ali confinados. Porém, para quem trabalha com peixes soltos em viveiro, a produtividade natural é um grande trunfo, pois pode representar a maior parte do alimento ingerido pelas tilápias em cultivo. No Brasil, um excelente exemplo deste uso da produtividade natural está na criação consorciada, desenvolvida há séculos na China, e aqui formatada pela Epagri, de Santa Catarina – que conta nesta lista com o grande incentivador Sérgio Tamassia. Mas se você pretende criar só tilápia no viveiro, há numerosos trabalhos técnicos à respeito. Um destes trabalhos (Brown, 2000) mostra que a produtividade natural supre as tilápias durante os 45 a 75 dias iniciais do ciclo de criação, “sem” usar ração – o que permite economizar mais de um terço do custo total da criação, sem afetar o valor da colheita (ou seja, sem afetar o crescimento). A pesquisadora Zuleika Beyruth, da APTA-SP ([email protected]), trabalha há mais de uma década com a relação entre a produtividade natural do viveiro e a tilápia nilótica. Seus trabalhos mostram até cada tipo de microalga e de bichinhos comidos pela tilápia no viveiro (trabalho na íntegra: ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/Beyruth30_1.pdf). A conclusão é que o manejo eficaz da produtividade, ou seja, maximizar o quanto a tilápia irá aproveitar dela, resulta em menor custo de produção e maior ganho ambiental. Para fomentar a produtividade natural na piscicultura através da adubação orgânica, existe também uma interessante tese da Unicamp sobre a eficiência do consorciamento porco-peixe em Santa Catarina (segundo modelo Epagri). Naquele trabalho, se buscou a melhor eficiência na relação porco-peixe. Nas propriedades rurais analisadas, o lucro obtido com peixe foi maior que com os suínos. A tese está disponível na íntegra na internet em: http://www.unicamp.br/fea/ortega/extensao/Tese-OtavioCavalett.pdf . Já para um “manual” geral de criação de tilápia, com ênfase também em adubação orgânica para barateamento de custo, existe a publicação on-line da Emater-Paraná em: http://www.emater.pr.gov.br/arquivos/File/Comunicacao/Premio_Extensao_Rural/1_Premio_2005/ModeloEmaterProd_Tilapia.pdf
De: Álvaro Graeff
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Assunto: Re: Alimentação de Tilápias
Estimados Anderson e Tsukamoto, aproveitando o assunto adubação orgânica lembrei que na Revista Panorama da AÜICULTURA vol. 16, nO 97 de setembro de 2006, na seção Lançamentos Editoriais consta: “Recomendações para o uso de fertilizantes orgânicos com baixo impacto ambiental para piscicultura” edição da Epagri.
De: Jefferson Midei – Listas
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Assunto: Berçário
Alguém pode me informar o volume de um berçário “padrão” para tanques-rede? Que malha usa-se para fazer o berçário?
De: Chico Machado
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Assunto: Re: Berçário
Quem determina o tamanho do berçário é o tanque-rede que você utiliza. Tanques-rede de 4m³, 6m³ ou outro volume. Aqui em Sergipe utilizamos berçários de 4m³ em tanques-rede de 2m x 2m x 1,20m (volume útil de 4m³) para alevinos de tilápia com peso inicial de 3g ou de 5g, na 1ª fase do cultivo, com malha de 4mm e 7mm a depender do tamanho do alevino, por um período de 30 a 45 dias. Nas duas fases seguintes utilizamos tanques-rede de 6m³. A biomassa na despesca de cada fase dependerá da capacidade de suporte do seu ambiente para cultivo. Utilizamos 25Kg/m³ na primeira fase, 50Kg/m³ na segunda e 75Kg/m³ na 3ª e última fase com despesca de peixes com 600 a 700g. Os berçários podem ser adquiridos prontos ou confeccionados por você.