Notícias & Negócios Online – edição 115

De: Luciano Kellner
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Assunto: Pintado do Amazonas 

Está surgindo em nosso meio uma grande promessa de aumento de renda. Na teoria, o pintado do Amazonas, peixe híbrido resultado do cruzamento do pintado ou do cachara com o jundiá, segue os hábitos e exigências alimentares dos onívoros. Partindo desta informação, até então baseada em afirmações de terceiros e consideradas por mim totalmente sem embasamento, venho até vocês sugerir uma mesa redonda para troca de informações a respeito da criação desta nova espécie, tanto na piscicultura tradicional como na piscicultura em tanque-rede.

De: Francisco das Chagas de Medeiros
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Assunto: Re: Pintado do Amazonas 

Prezado Luciano, o novo sempre é difícil para todos nós. Hoje voltei meu foco para a produção e para, efetivamente, obter resultados positivos. Se o peixe é onívoro eu realmente não sei, mas conseguimos fechar um ciclo com 17.000 peixes, produção de 29.523 kg. Consumiu ração de alevinos de tambacu 42% PB até 240g e terminou o ciclo com a mesma ração que era fornecida aos tambacus com 32% PB. Conversão alimentar de 1,62:1. Como não sou da academia, e sim da produção, informo que o resultado financeiro para mim é muito bom, pois o peixe foi comercializado a R$ 7,00/kg, na beira do viveiro. Coloco a disposição os dados coletados, e as propriedades na região de Cuiabá-MT para quem desejar visitar e acompanhar o desenvolvimento do peixe.

De: Thyago Campos
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Assunto: Re: Pintado do Amazonas

Boa noite, meu nome é Thyago Campos, acadêmico de medicina veterinária pela UFG (Universidade Federal de Goiás). No setor de piscicultura da UFG está sendo observado o híbrido jundiara (jundiá x cachara) em diferentes densidades. Não se trata de uma pesquisa, pois não houve repetições de tratamentos. Em três tanques de engorda tradicional estão estocadas três densidades. São elas: 0.7 peixes/m²; 1.0 peixes/m² e, 1.3 peixes/m². A observação foi iniciada em meados de dezembro de 2008 e até o presente momento (11/10/2009) foram realizadas seis biometrias parciais que nos apontam que a melhor densidade para engorda dos híbridos seria a 1.0 peixes/m². Essa densidade mostra conversão um pouco melhor que as demais, e ainda melhor desenvolvimento dos peixes, até mesmo se comparada a densidade de 0.7 (provavelmente atribuído a competição, que pode impulsionar uma maior ingestão de ração). A observação segue com arraçoamento de ração de 42% de proteína bruta até o final da engorda (data ainda não determinada). Não sabemos ao certo sobre a fisiologia alimentar do híbrido, se o mesmo trata-se de carnívoro ou onívoro. Contudo, foi observada uma boa conversão alimentar, ao redor de 1.4 – 1.5:1, na desidade de 1.0 peixes/m², sendo que este está sendo tratado como carnívoro. Tenho pouca experiência no mercado de pescado, entretanto pelo que tenho observado aqui, são valores um pouco mais expressivos que o de nosso amigo Francisco, de Cuiabá. Aqui em Goiânia está na casa de R$9,00/kg. Logo, é possível concluir com base na conversão e no preço comercial do híbrido, que ele é altamente rentável, mas ainda vale ressaltar que o preço do alevino deve ser analisado com cautela, pois o mesmo deve seguir tendências do pintado que, diga-se de passagem, é bastante elevado: em Goiânia, a unidade de pintado em torno de 12 cm está sendo comercializada na faixa de R$ 3,50.

De: Paulo Faria
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Assunto: Re: Pintado do Amazonas

Prezados, realizei uma pesquisa com este peixe com o título “Densidade de estocagem na produção do híbrido (Pseudoplatystoma fasciatum x Leiarius marmoratus) em sistema de recirculação de água”. Segue o resumo do artigo: o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da densidade de estocagem na produção de “cachadiá”, híbrido do cruzamento entre fêmea de cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) e macho de jundiá onça (Leiarius marmoratus) em diferentes fases de vida. O experimento foi dividido em quatro fases e realizado em sistema de recirculação de água (SRA). Ao final da engorda foi avaliado o rendimento corporal dos animais em diferentes classes de peso. O cachadiá mostrou boa adaptação ao cultivo em SRA atingindo média de 1,1kg em sete meses de cultivo. Este híbrido apresentou excelente conversão alimentar (CA) nas diferentes fases de vida. Taxas de CA entre 0,84 e 1,38:1 foram registradas. Ao final da engorda, o rendimento de carcaça e filé não foram influenciados pelas diferentes classes de peso avaliadas. Estes resultados mostram o potencial deste híbrido para a piscicultura em função da adaptação ao cultivo intensivo em SRA com ótimo desempenho.

De: Marcelo Catharin
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Assunto: Cianobactérias

Prezados listeiros, gostaria de saber se alguém de vocês sabe me informar qual a concentração de cianobactérias que causa mortalidade em tiápias cultivadas em tanques-rede ou se conhecem artigos sobre a toxicidade deste tipo de microorganismo em peixes cultivados.

De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Cianobactérias

Caro Marcelo, as cianobactérias podem ESTAR ou não tóxicas, dependendo de uma numerosa combinação de fatores genéticos, fisiológicos e ambientais. Para começar, dentre as cianobactérias tóxicas, cada espécie tem um ou mais tipos de toxinas. Uma determinada toxina pode afetar o peixe, e a outra toxina não. Uma mesma espécie de cianobactéria “potencialmente tóxica” geralmente apresenta indivíduos tóxicos e não tóxicos numa mesma população, e a toxicidade dependerá do balanço dessas populações tóxicas da mesma espécie. As condições limnológicas de cada viveiro podem condicionar o grau de toxicidade. A toxina fica contida dentro da célula da cianobactéria, e só é liberada quando ela morre. Assim, num dia em que o fitoplâncton está bem, a toxina livre na água é baixa. Mas se na noite seguinte ocorrer um colapso do viveiro por falta de oxigênio, a população de cianobactérias morre e libera a toxina em massa na água do viveiro. Peixes que se alimentam de fitoplâncton, como a tilápia nilótica e a carpa prateada, têm enzimas no fígado que degradam boa parte das toxinas das cianobactérias ingeridas. Por isso, estes peixes são mais resistentes que outras espécies. Em condições normais, a tilápia é capaz de tolerar oxigênio dissolvido ZERO na água do viveiro durante várias horas. Porém, na presença de cianobactérias tóxicas, as tilápias podem começar a morrer em baixos teores de oxigênio, que normalmente não causariam problemas a elas. Portanto, simplemente NÃO existe uma correlação geral entre concentração de cianobactérias e morte de tilápia. Depende da combinação de muitos fatores. Nesse sentido, é o mesmo que perguntar que concentração de bactérias mata a tilápia? Que bactérias, sob que condições?

De: André Pellanda de Souza
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Assunto: Conserva de tilápia

Gostaria de saber a opinião de produtores de filés de tilápia sobre beneficiamento e viabilidade econômica, tendo em vista que são necessários três quilos de tilápia viva para obter um quilo de filé de tilápia. Sem falar no filé do salmão chileno que pode ser comprado em média a R$ 10,00 o quilo!!!

De: Luiz Henrique Barrochelo
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Assunto: Re: Conserva de tilápia

Há uns três anos, quando trabalhava em um grande frigorífico que processava tilápia, tentei iniciar um processamento de tilápias em conserva e fui a fundo pesquisar o negócio. Esbarrei de cara no custo de produção. Ao contrário da sardinha a tilápia inteira não fica boa em conserva pois suas espinhas não são finas. O cozimento prévio que antecede o processo de esterilização não é suficiente e quando calculamos uma temperatura que cozinhe esses espinhos no esterilizador (F zero), esta queima o pescado. Em uma latinha de conserva cabe um filé de 65 gr em média, o restante é líquido de cobertura que pode ser óleo, molho de tomate, etc..Estive também visitando uma empresa em São Gonçalo que produzia filé de tilápia em conserva, e vi que as vendas não eram boas devido ao custo. Quando se fala em conservas temos que ter um volume muito grande, pois cada batelada no esterilizador deve conter um numero x de latas que não são poucas. O custo das latas é alto, a embalagem de papelão que protege a latinha é cara, as perdas que ocorrem por estufamento e vazamento das latinhas são grandes. Resumindo: se engana quem acha que vai produzir tilápia, enlatar e vender por cerca de R$ 5,50 a lata e estará tendo um lucro imenso.

De: Alvaro Graeff
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Assunto: Re: Conserva de tilápia

Acredito que o que queremos é processar o que hoje ainda não se processa, ou seja: pele, vísceras e cabeça. Filé de peixe por si só já agrega valor não sendo necessário, acredito eu, novas fórmulas para se escoar. Em certo período do ano poderíamos aproveitar as hipófises das tilápias, que depois de processadas poderiam diminuir o custo de produção do filé (1.200 kg de peixes darão 1 grama seca de hipófise). Do fígado poderíamos fazer belos patês (1.000 kg de peixes darão 15 quilos de fígado) e, do coração sete quilos de patê. Fora a polpa retirada da carcaça do filé, que agrega mais uns 15%. Então pessoal quem tiver escala de processamento de filé está jogando um monte de dinheiro fora, com um pequeno investimento de formas de agregação de valores. Nem só de filé viverá o peixe maravilha.