Notícias & Negócios Online- edição 117

De: Carlos A S Suleiman
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Assunto: Sobre reprodução

Após e extrusão dos ovos da fêmea já numa bacia, quanto tempo tenho para pegar os machos e obter sêmen para fecundação? Qual o momento certo e forma de hidratação desses ovos depois que espalhei o sêmen por cima dos ovos? Acho que falta esclarecer isso para um melhor sucesso nos meus desenvolvimentos de larvas/alevinos.

De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Sobre reprodução

O melhor é sempre coletar primeiro o sêmen, para depois fazer a extrusão dos ovos, e a seguir a inseminação, pelas seguintes razões: a) Os ovos não fecundados (óvulos) têm vida curta após a ovulação da fêmea. Em peixes ciprinídeos (carpas), a qualidade dos ovos, medida pela taxa de fecundação, começa a cair após 1 a 1,5 hora da ovulação, em temperaturas médias. Ainda não existem dados para peixes tropicais brasileiros, em alta temperatura, mas neles a qualidade deve diminuir igual ou mais rápido. Além disso, em geral quando a gente nota que a fêmea ovulou, uma parte daquele tempo já transcorreu, e a gente tem então que andar rápido. E quanto melhor tiver sido a indução hormonal, mais as fêmeas tenderão a ovular sincronizadamente, na mesma hora. Assim, a hora da extrusão é sempre uma correria, com confusão e água espirrando para todo lado. Aquele não é o momento para se ter que parar tudo de repente, para daí ir buscar os machos, anestesiá-los, extrair o sêmen e fazer a inseminação – sem saber se aquele sêmen estava prestando ou não. b) Coleta do sêmen: uma prática mais adequada é preparar o sêmen algum tempo antes da hora prevista para as fêmeas ovularem, ou quando se nota o início da ovulação delas. O sêmen dos nossos peixes e dos ciprinídeos podem ser conservados durante várias horas na geladeira ou num isopor com gelo. Eu soube até de um caso em que o testículo de uma pirarara foi deixado no congelador da geladeira durante uma noite, e ainda serviu para fecundar os ovos no dia seguinte; mas isso foi uma exceção. Já os peixes de água fria, como a truta e o salmão, podem ter o sêmen conservado em geladeira durante até um mês. O macho deve ser anestesiado, a urina removida por massagem e o corpo cuidadosamente enxugado com toalha macia, para remover todas as gotas de água ou urina. Se a água ou urina se misturarem com o sêmen, ativam a movimentação dos espermatozóides antes do tempo. O sêmen é coletado por extrusão sobre um recipiente de vidro ou plástico e mantido na geladeira ou em gêlo até a hora de usar. É melhor testar, se possível, se o sêmen de cada macho se move bem, pois algum macho pode produzir sêmen de baixa qualidade (acontece também com o ser humano). O teste de motilidade é feito com qualquer microscópio, mesmo aqueles de criança vendidos em banca de jornal. c) Inseminação: em peixes, o espermatozóide fica imóvel, inativo, até o momento da ativação. Nos nossos peixes, a ativação ocorre pelo contato com a água doce (choque osmótico). Após ser ativado, o espermatozóide só consegue fecundar um ovo durante 30 a 60 segundos, e morre logo em seguida. Como o espermatózóide só tem motilidade durante o período curto de até um minuto, devemos dar a ele, condição de estar junto do furinho (micrópila) de cada ovo, antes da ativação. Para isso, o sêmen é espalhado sobre a ova – a seco – e em seguida misturado cuidadosamente com uma pena de ave. Somente após a mistura completa a seco é que ativamos os espermatozóides, ao adicionar um pouco de água à bacia (o mesmo volume aproximado dos ovos). Misturamos levemente e paramos para a natureza fazer o seu milagre da vida. d) Hidratação: após 5 minutos da inseminação, adiciona-se mais água para hidratar bem os ovos (que incham bastante). Após uma hora pode-se transferir para a incubadora com fluxo leve de água. Portanto, preparar antecipadamente o sêmen evita confusão e erros na hora da extrusão das fêmeas e inseminação.

De: Carlos A S Suleiman
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Assunto: Re: Sobre reprodução

A reprodução foi de curimatãs e usei uma hipófise antiga que estava aqui. Peguei duas fêmeas e dosei às 18:30 da quinta-feira. Quando foi na sexta às 06:30 uma delas já tava expulsando os ovos no puçá de captura. Usei três dos cinco machos que ainda não haviam recebido dosagem, eles “pingaram” sêmen muito bem e apesar dos pingos há que se considerar a falta de dosagem pra eles. Não houve pingos de sangue e foram muito bem secos, assim como a bacia coletora, que estava bem seca. O espaço de tempo entre coleta de ovos e espermiação não passou de cinco minutos e depois de espalhar por uns dois minutos comecei a pingar água com pH de 7 e alcalinidade e dureza acima de 20 mg. Depois disso derramei calmamente dois copos americanos de ovos em cada uma das 3 incubadeiras de 220 litros. No domingo verificamos pouquíssimas larvas, muito poucas mesmo, coisa de unidades aqui e ali. Consultando um livro que tenho aqui verifiquei que o fluxo de água que vertia das incubadeiras estava muito forte desde o começo. Pode ter sido esse o erro em minha desova.

De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Sobre reprodução

Existem várias causas possíveis para a falha na produção de larvas: a) O ovário da fêmea que produziu os ovos podia conter ovos já excessivamente maduros (ovos “passados” ou “velhos”); b) A ovulação pode ter ocorrido há duas a três horas quando você inseminou, e os óvulos já tinham perdido a viabilidade; c) Pode ter havido problema na fecundação, se o sêmen estava velho dentro dos machos; d) Problema na incubação, se os ovos ficaram sujeitos a uma agitação forte, deletéria aos embriões; e) Outros. Esse tipo de ocorrência não é anormal, às vezes acontece mesmo. Na próxima vez, tente colocar os machos junto com a fêmea desde o início, para que, se ela ovular e houver espaço, eles desovem e fecundem naturalmente. Assim, mesmo se você perder a hora da ovulação, os machos farão o serviço. Ou ainda, quando se aproxima a hora da ovulação, os machos começam a cortejar a fêmea e você aí fica de olho para pegar o momento certo e fazer a extrusão.