De: Carlos Suleiman [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Tempo Exato
Quanto tempo devo esperar entre a coleta de ovos e a fertilização com sêmen até a hidratação dos mesmos? Me disseram que eu demoro muito para hidratar e que não pode ser rápido, senão a água fecha a micrópila dos ovos antes que os espermatozóides tenham tempo para fertilizá-los, lembrando que as desovas são de curimbas e tambaquis.
De: Ricardo Y. Tsukamoto [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Re: Tempo Exato
O processo de fecundação é bem diferente. Os espermatozóides permanecem imóveis no sêmen, até o momento em que sejam ativados. Após a ativação, os espermatozóides só se movem durante 30 a 45 segundos – e esse é todo o tempo que eles têm para entrar na micrópila de cada ovo e fecundá-lo. Porém, nestas espécies que você mencionou (bem como na quase totalidade das nossas espécies), o espermatozóide permanece imóvel enquanto você não adicionar água. Isso porque a ativação é causada por um baixo teor de potássio no meio. Assim, o ovo só é inseminado após você adicionar a água. Não se preocupe com a “micrópila fechar”, porque isso só ocorre vários minutos depois dos espermatozóides perderem a capacidade de se mover e fecundar os ovos. Você pode até melhorar a taxa de fecundação se adicionar novas doses de sêmen aos ovos a intervalos de 30 segundos até uns 3 minutos após adicionar a água. Portanto, misture o sêmen aos ovos e adicione água logo em seguida, misturando gentilmente. Não adicione muita água de início, pois isso causa uma diluição excessiva dos espermatozóides. É essencial contar com bons reprodutores e bom manejo. Faça a extrusão dos ovos tão logo a fêmea atinja a ovulação (“ovos soltos”), pois uma hora de espera – tanto no ventre quanto na tijela – diminui muito a viabilidade dos ovos. Tire o sêmen poucos minutos antes de fazer a extrusão, e mantenha na geladeira ou no gelo até a sua utilização. Não exponha o sêmen à luz solar direta. Verifique sempre a motilidade do sêmen de cada reprodutor, ou faça uma mistura de sêmen de vários reprodutores, para garantir que ao menos um deles tenha espermatozóides saudáveis e vigorosos.
De: Carlos Suleiman [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Tilápias
Aqui no Maranhão começou no inicio de janeiro o período de chuvas. Com isso a temperatura cai ainda que levemente, e pelo meio da madrugada a água do viveiro de reprodutores de tilápias deve chegar a 20oC. Minha pergunta é: isso é o bastante para interromper o ciclo reprodutivo das tilápias, pois em dezembro chequei a obter mais de 100.000 larvas e agora não acho quase nada? Tenho no viveiro cerca de 150 casais e o mesmo mede 500 m2. Tenho essas tilápias há mais de cinco anos. Será que esgotei a capacidade reprodutiva delas? Em dezembro comecei a colher pela primeira vez as pós-larvas e a sexagem é feita nos hapas. Então mais uma pergunta: qual a quantidade de larvas que devo colocar por m3? O hapa tem 1,50 x 1,00 x 1,00 de lâmina d’água, e a coleta é feita desprezando qualquer larva que não passe numa malha de 2,78 mm e a ração com hormônio é ofertada por 28 dias.
De: Teresa Cristina Koberstein [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Re: Tilápias
Trabalhamos com reversão sexual de tilápias desde 98, no Centro de Aqüicultura da Unesp, Jaboticabal. Aqui, a temperatura da água (primavera, verão e outono), varia entre 24 a 30°C. Com esta temperatura, a tilápia tem reproduzido bem. Quando cai abaixo de 22°C, não conseguimos a reprodução, ou quando esta acontece, a taxa de eclosão dos ovos é baixíssima. Pelo que entendi, você faz coletas por nuvens. Um dos maiores problemas que encontramos, foi a variação da temperatura, do dia para a noite. Às vezes, caía de 30 para 23°C durante a madrugada. Resolvemos este problema, com a incubação artificial dos ovos, separando os reprodutores e colocando-os em locais com temperatura controlada. A densidade que percebemos ser a ideal, é de 4 peixes/m3, numa proporção de 3 fêmeas para cada macho. Nossos reprodutores são trocados a cada ano e meio, ou quando atingem 800 – 1.000g, pois notamos uma queda no rendimento com reprodutores de tamanho superior e/ou dificuldades no manuseio. Utilizamos, com sucesso, 3.000 larvas por m3, do início ao fim da reversão, ou 5.000 larvas por m3, durante os primeiros dez dias, e depois, dividindo-as em dois berçários até o fim dos 30 dias de reversão. Geralmente é isto mesmo que se usa: malha de 2,8mm para contenção das larvas indesejadas, ou maiores que 13mm.
De: Eva Monteiro de Carvalho Faria [email protected]
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Assunto: Sangria de Tilápia
Alguém conhece alguma técnica sobre sangria de tilápias?
De: Ricardo Y. Tsukamoto [email protected]
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Assunto: Re: Sangria de Tilápia
Para remover o máximo de sangue possível do corpo da tilápia e outros peixes, o local ideal para fazer a sangria é a saída do coração. Esta estratégia usa o coração como uma bomba para puxar o sangue do resto do corpo e descartar logo em seguida. Vire o peixe de barriga para cima, e olhe o ponto em que os opérculos se juntam, formando um V invertido. A saída do coração está na ponta deste V invertido, onde os opérculos se unem com a parte ventral do peixe (local denominado istmo). Use uma tesoura afiada para dar um corte profundo na ponta do V, de modo a cortar essa “ponte” de carne – dentro da qual passa a artéria que sai do coração. Imediatamente após cortar o istmo, coloque o peixe dentro d’água para deixar sangrar pelo período desejado. Opcionalmente, se pode adicionar ácido cítrico ou suco de limão a essa água, para melhorar a sangria (pois evita a coagulação do sangue), mas essa adição nem sempre é necessária. Essa sangria é excelente para peixes destinados a sashimi – onde não deve ficar sangue residual na carne. Pela mesma razão, é boa também para produtos ou culinária Kosher. Uma vantagem estética desta técnica é que se o peixe for vendido inteiro, o aspecto físico fica intacto.
De: Marcio D. de Almeida [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Policultivo
Tenho numa chácara um pequeno tanque com 1,70m de profundidade e 20m de largura por 100m de comprimento. Tenho ali apenas tilápias e traíras (nativas). Que espécies posso acrescentar neste tanque para um policultivo?
De: Sergio Tamassia
[email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Policultivo
De uma maneira genérica, os policultivos são associações de peixes com hábitos alimentares complementares. No Brasil hoje temos disponíveis para a utilização em policultivo as carpas chinesas (capim, prateada e cabeça grande) e as densidades de povoamento utilizadas podem se basear num “velho ditado chinês”: 1 carpa capim, com 2 carpas prateadas, com 4 carpas cabeça grande, com 8 carpas comuns (ou equivalente em biomassa de tilápia). Sistemas assim, se alimentados adequadamente, sem renovação de água e sem aeração mecânica, podem produzir em média 5 ton/ha/ano e se alimentados adequadamente e com aeração mecânica podem facilmente passar das 10 ton/ha/ano.
De: Jorge Cotan
[email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Re: Policultivo
Neste sistema de policultivo com carpas gostaria que me esclarecesse algumas questões: no modelo “chinês” proposto, temos 15 peixes (1 herbívoro, 2 fitoplanctófagos, 4 zooplanctófagos e 8 iliófagos). Dúvidas: a ração utilizada deve ser de dois tipos (que bóia e que afunda) ? Qual deveria ser ofertada primeiro ? Esta quantidade de carpas comuns não iria aumentar muito a turbidez da água prejudicando o desenvolvimento de fito e zooplâncton? Qual a relação entre a quantidade de peixes ou quilos de peixes por metro quadrado de viveiros ou por metro cúbico de água?
De: Sergio Tamassia
[email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Re: Policultivo
Aqui na região do Alto Vale do Itajaí percebemos que uma biomassa final entre 5 a 7 ton não apresenta problemas. Hoje, por aqui as tilápias ainda estão sendo os peixes de maior mercado e portanto iniciamos o cálculo do povoamento a partir delas. Aqui na região, após alguns ciclos de cultivo, determinado o número de tilápias requeridas, consideramos este valor como 100% e adicionamos mais 10% (em relação ao numero de tilápias) de carpas comuns e 5% de carpas chinesas e um carnívoro. Esta composição tem permitido obter uma biomassa equilibrada e a manutenção da qualidade da água dentro de limites interessantes, eliminando a necessidade de renovação. A proporção do ditado chinês, foi baseada em sistemas de cultivo onde a alimentação suplementar oferecida era mais direcionada para as carpas capim. No nosso caso a alimentação é direcionada principalmente para as tilápias. Com relação à ração utilizada, ela é calculada a partir da espécie principal, que no nosso caso atual é a tilápia. Utilizamos apenas um tipo de ração. Observamos que em certas situações as extrusadas foram melhores e em outros casos foram as peletizadas. Este fato não está relacionado com a qualidade da ração mas sim ao manejo adequado do viveiro. Aqui no Alto Vale do Itajaí temos uma condição climática que favorece a estratificação. Em viveiros com estratificação e que os peixes ficavam na camada inferior, quando se utilizava ração extrusada no período da tarde os peixes não vinham se alimentar na superfície. Com base nesta observação, pudemos inferir que com ração peletizada fornecida a peixes que estavam confinados na camada superior ocorriam perdas. Esta observação é corroborada por analises que mostram que nos viveiros que se utilizou mais aeração durante o dia, as produtividades foram maiores.
De: Gustavo Duarte [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Importação de Matrizes
Gostaria de saber qual o procedimento para importação de organismos exóticos para experiências de viabilidade econômica e técnica em território nacional. Que licenças são necessárias, para trazer organismos exóticos ainda não cultivados no Brasil?
De: Sergio Tamassia
[email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Re: Importação de Matrizes
O Hilton Amaral, do Campo Experimental de Piscicultura de Camboriú ([email protected]), tem bastante experiência sobre o tema, pois está tentando viabilizar a importação do tenca (Tinca tinca) para testes de viabilidade econômica de produção de “trutas de águas quentes”.
De: Newton Castagnolli [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Re: Importação de Matrizes
Você terá, antes de qualquer coisa, que procurar o Escritório Regional do IBAMA mais próximo do local onde você pretende fazer a criação. Caso esse escritório não tenha condições de te oferecer a orientação completa, o escritório Central desse Órgão Ambiental (sediado na Capital do teu Estado) deverá te proporcionar a orientação necessária, caso a espécie em apreço não tenha alguma restrição específica de entrada no Brasil.
De: Eudes M. Paulino da Silva [email protected]
Para: [email protected] Assunto: Frigorífico para tilápias
Sou Presidente da ACEAq – Associação Cearense de Aqüicultores, e há quase dois anos tentamos conseguir aqui em Fortaleza e em outras cidades vizinhas, frigorífico com HACCP para beneficiamento de tilápias para exportação. Até esta data não conseguimos nada. Visitamos, em Minas Gerais, um frigorífico que já exporta e está todo legalizado para tal e desde então estamos tentando fazer o mesmo aqui em Fortaleza. Ano passado deixamos de exportar tilápias para Europa e filé para os EUA por não termos como beneficiá-las com o devido HACCP.
De: Sergio Tamassia
[email protected]
Para: [email protected] Assunto: Re: Frigorífico para tilápias
Lendo a mensagem do seu e-mail, algumas curiosidades surgiram:
a) quais são as dificuldades que vocês estão enfrentando para implantar um frigorífico com o HACCP?
b) para exportar para os USA é necessário o HACCP? Pelo que temos disponibilizado na Internet, uma grande parte do camarão brasileiro vai para os USA, isto significa que a industria camaroneira brasileira tem HACCP?
c) O HACCP depende apenas das características da unidade de proces-samento? Ou depende do monitoramento de toda a cadeia de produção?
De: Eudes M. Paulino da Silva [email protected]
Para: [email protected] Assunto: Re: Frigorífico para tilápias
A maior dificuldade que temos para montar um frigorífico aqui em Fortaleza é com relação à fidelidade dos fornecedores da matéria prima. O mercado de tilápias aqui no Ceará é com certeza o melhor do Brasil, visto que o consumo hoje é em torno de 3 mil toneladas mês. O preço é ainda melhor. Hoje comercializamos a tilápia no pé do viveiro a R$ 4,00 para quantidades acima de 1 ton, e R$ 4,50 para pequenas quantidades. Estes preços seriam os preços normais se não houvesse as concorrências desleais, como a tilápia vinda do médio e baixo Tietê que chega no mercado cearense com preço entre R$ 1,50 a 1,80 (peixes de 500 a 900g), entre outras. Com estes preços, não há produtor que queira destinar seus produtos ao frigorífico. Hoje é exigido HACCP com característica da unidade de processamento para cada produto. Um exemplo é que no caso da tilápia eles exigem a depuração para retirar o sabor de barro (off flavor), que em alguns casos existe na tilápia. Esta depuração tem que ser feita com o peixe vivo, e os frigoríficos que trabalham com camarão, quando procuramos, não se dispuseram a fazer as adaptações exigidas, dentre elas a depuração. Talvez agora com o problema que os camaroneiros estão enfrentando, quando alguns produtores já estão estocando tilápias em seus viveiros, a coisa mude de figura. Como podemos perceber, o frigorífico não é problema, e sim a fidelidade do produtor de tilápia, que é ainda muito amador e não vê o mercado futuro. Temos certeza de que a agregação de valor ao produto é a maior saída para nós.
De: Alisson Matos [email protected]
Para: [email protected] Assunto: Re: Frigorífico para tilápias
A dificuldade de implantar ou encontrar um frigorífico com HACCP não existe. O que existe é a questão da depuração que nem os produtores nem os frigoríficos querem ter esse trabalho. Hoje em dia o HACCP é uma exigência básica do ministério da agricultura para qualquer frigorífico que pretenda exportar pescado. Para cada tipo de produto tem de ter um HACCP, isto é, se você trabalha com um produto (camarão) e exporta: com cabeça, sem cabeça, descascado, etc., você vai ter de ter um HACCP para cada variação do produto. O HACCP de um frigorífico só diz respeito às características de cada unidade de beneficiamento, tanto é que hoje em dia muita gente fala em gestão de qualidade nas fazendas de camarão e tilápia com a implantação do HACCP nas fazendas. Vale salientar que o HACCP nada mais é que uma descrição detalhada de todo o processo industrial.
De: Paul Johnson”
[email protected]
Para: [email protected] Assunto: Qualidade das PL caindo?
Gostaria de ter uma discussão sobre um tema bastante criticado: a queda da “qualidade” dos PL. Nas últimas edições da Revista Panorama da Aqüicultura se tem alegado que o camarão está demorando mais, para crescer menos, sendo citado o fato de que alguns anos atrás se produziam L. vannamei de 16g em 120 dias e hoje está levando 160 dias para produzir com 10-12g. Ouvi dizer que a qualidade das PLs baixou (como? porque? tem como provar?) ou que é devido à densidade mais alta que está sendo usada nos viveiros, etc. Me parece um tema de grande importância e que deveríamos tentar solucionar. Alguém tem algum comentário? Existe algum estudo mostrando o porquê desta queda de produtividade? E mais importante ainda: qual a solução? Importação de matrizes SPF e geneticamente melhorados? Ou, será que estamos enfrentando alguma doença até agora não descoberta que afeta crescimento sem grandes índices de mortalidade?
De: Alexandre
[email protected]
Para: [email protected] Assunto: Re: qualidade das PL caindo ?
Na PRIMAR temos L.vannamei de 15 gramas em 70 dias no sistema de cultivo orgânico. Serão as larvas ou os sistemas que são ruins?
De: Paul Johnson
[email protected]
Para: [email protected] Assunto: RE: Qualidade das PL caindo?
Nem todos os produtores podem ou irão implementar uma produção orgânica. E quando os custos de produção aumentam, o preço de venda diminui, e com uma competição forte no mercado internacional, é imprescindível que tentemos manter um nível de produtividade competitivo, sendo uma parte disso a “qualidade” das pós-larvas. Quando leio artigo do Enox de Paiva Maia querendo criar camarão Penaeus subtilis porque o desempenho do Litopenaeus vannamei está piorando, quando vejo que o Werner Jost está partindo para uma criação em menor densidade e que a “performance” do camarão sofreu do inicio do ano até o final (sem ter dado razão no artigo para isto), quando ouço em palestra dada pela Ana Carolina, da Aquatec, que vão começar um projeto de melhoramento genético mas que isso deve demorar uns anos até ter uma pós-larva para venda aos produtores, me parece um assunto em que todos teriam interesse. Não tem produtores assinantes desta lista que podem constatar ou não alguma queda de “performance” do Litopenaeus vannamei? Será que o assunto não merece algum comentário dos participantes? E as empresas que acompanham a produção em várias fazendas? Não têm nada a acrescentar? Tem se constatado alguma perda de performance? (N.E. – Passadas duas semanas ninguém havia respondido a essa pergunta formulada na lista)