Notícias & Negócios Online – edição 97

De: Edson Falcão
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Assunto: Venda de alevinos
Por um grande período coordenamos uma base pública de reprodução de alevinos- colossomas, curimbas e ciprinídeos. Diante da questão da oferta e outros interesses de gestão, mercado e crescimento da atividade, não é chegada a hora de o setor público definir uma política nacional que garanta repassar essa missão para iniciativa privada? A questão é de ação. Como fazer e o que fazer com as Estações de Reprodução, se discute depois. Certamente haveremos de encontrar um espaço de contribuição exponencial para essas unidades.

De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Venda de alevinos
Caro Edson, concordo plenamente com você. Na criação de animais aquáticos, a produção de alevinos, pós-larvas e sementes é um dos elos da cadeia produtiva, tal como as etapas de engorda, de distribuição e outras. Por isso, a larvicultura para produzir lotes comerciais deve ser feita por fornecedores do setor privado. Ao setor público cabe ter larviculturas dedicadas a manter linhagens específicas para conservação e melhoramento genético, tal como o fazem na agricultura, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a EMBRAPA. O papel dos técnicos do setor público é gerar tecnologia, bom material genético e divulgá-los (extensão e fomento). Nisto está inclusa a produção inicial de espécies novas para abastecer os produtores, até que aquele setor forme os seus próprios fornecedores. Mas não pode existir a meta do setor público ser o grande fornecedor permanente do mercado, pois levaria a criar grandes estruturas (elefantes brancos) com gente desmotivada, e custos elevados sem retorno para a sociedade. Acho o exemplo da truta interessante. A truticultura é um setor pequeno da aqüicultura nacional, pela carência de águas frias. É formada por dois ou três grandes produtores e um grande número de pequenos produtores, pulverizados pelas serras do Sudeste e Sul do país. O centro tecnológico do setor é a Estação Experimental de Salmonicultura de Campos do Jordão (não tem larvicultura no nome), pertencente ao governo estadual de São Paulo (Instituto de Pesca – APTA). Conta com apenas dois pesquisadores locais (do tipo “faz-tudo”) e um pequeno número de assistentes. Esta estação mantém reprodutores de várias linhagens (origens) para pesquisa e desenvolvimento, além de produzir ovos embrionados e alevinos especiais (triplóides e/ou 100% fêmeas) e normais para abastecer produtores, mas de modo a somente complementar a atuação das larviculturas privadas. O preço dos ovos e alevinos é mantido no patamar do setor privado, para evitar subsídio ou concorrência desleal, e a quantidade a produzir é discutida com o setor privado. As pesquisas são realizadas pela Estação em conjunto com um grande número de pesquisadores de outras instituições. Assim, permanece enxuta, transparente, prática, eficaz e sem pretender paternalismo. Em contraste, o governo federal (antigo IBDF, agora IBAMA) construiu há duas décadas em Santa Catarina, um grande elefante branco, cuja meta era produzir ovos e alevinos de truta para abastecer todo o Brasil. Consumiu milhões, e até hoje não se sabe o que fazer com a estrutura, que fica rodando nas mãos de sucessivos órgãos, e permanece como fantasma improdutivo desde o início. Querem até aterrar uns tanques de concreto para criar ovelhas. Se tivesse dependido daquela megalomania burocrata, a truticultura nacional não existiria até hoje.

De: Edson Falcão
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Assunto: Re: Venda de alevinos
Caro Ricardo, como você fez a citação da truticultura, esse ou qualquer outro segmento econômico não pode ficar refém de um determinado gestor e política de governo. O exemplo está aí no atual governo. Taí a SEAP/PR como trabalho interessante na maricultura (vide Revista Panorama da AQÜICULTURA edições 90 e 91).Vamos supor que o governo do Estado de São Paulo, não destine recursos para essa Estação Experimental de Campos do Jordão. Como ficariam os investimentos e compromissos assumidos dos produtores?

De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Venda de alevinos
Caro Edson, acho que o papel do governo é servir de semente do desenvolvimento para as atividades econômicas. Vejo como um grande exemplo, o nosso vizinho Chile, onde os hoje consagrados setores de produção e exportação de vinho, salmão e frutas foram gerados pelo governo, que conduziu o setor privado na empreitada. A diferença do Chile para o Brasil está na grande abrangência dos programas e, principalmente, na sua independência dos sucessivos governos. Em país sério, o programa é do país, e não do governante do momento. Ao contrário, a prática política no Brasil é justamente de desmantelar a cada 4 anos, tudo o que havia antes, para daí pensar em reinventar a roda, o que inviabiliza programas consistentes. Com isso, o Brasil, que já foi mais poderoso que os EUA na época colonial, continua a andar para trás. Por exemplo, o nosso maior concorrente atual no mercado internacional do café não é mais a Colômbia (que já atingiu patamar de qualidade muito superior ao nosso), mas o pequenino Vietnam, totalmente destruído pela guerra até duas décadas atrás. Em piscicultura de água doce, o Vietnam é um concorrente cada vez mais poderoso em peixes de carne branca (com tilápia e pangassius). E por aí vai…

De: Carlos Henrique
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Assunto: Colágeno
Estou desenvolvendo um trabalho para retirada ou produção de colágeno da escama de tilápia, estou procurando alguém que tenha experiência no assunto ou alguma literatura a respeito, se alguém puder me ajudar indicando um profissional que queira trabalhar e que já tenha experiência muito me ajudaria, estou tendo dificuldade de encontrar alguém disponível que já fez extração de colágeno de escamas de peixes ou que tenha alguma experiência a respeito.

De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Colágeno
Caro Carlos Henrique, o colágeno é a proteína que dá estrutura ao tecido conjuntivo dos animais vertebrados. No peixe, a sua maior fonte são a pele ou os tendões. Em contraste, a escama é composta basicamente por osso, de natureza calcárea. Por isso, o colágeno é obtido da pele, após fervura de várias horas para solubilizar a proteína. Solubilizado, ganha o nome de “gelatina”. Portanto, colágeno = gelatina. O mocotó da cozinha brasileira também é constituído basicamente por colágeno. Você pode fazer experimentalmente em casa, bastando cozinhar um lote de peles em panela de pressão. Ao filtrar o caldo, você já estará com o colágeno dissolvido em água. Industrialmente, essa água é removida e o sólido resultante se torna o colágeno ou gelatina comercial. Conforme a espécie de peixe, o colágeno ou gelatina dissolvido em água pode não endurecer (gelificar) quando resfriado em geladeira, como acontece com a gelatina tradicional (que é produzida a partir de tendões e couro de gado). O colágeno ou gelatina de peixe é muito vendido como alimento com função estética, porém, não há nada concreto nesse objetivo.

De: Ismael Moraes
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Assunto: Branchonetas
Boa noite a todos: Estou fazendo uma pesquisa sobre Branchonetas (Dendrocephalus brasiliensis). Gostaria de saber como se cria, reproduz, enfim, seu ciclo de vida. Existe bibliografia e/ou trabalhos disponíveis? Existe alguma empresa que já as comercializa? Peço ajuda aos companheiros da lista.

De: Davi Dias
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Assunto: Re: Branchonetas
Prezado Ismael, no Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE tem o professor Alfredo Oliveira um dos maiores especialistas em aqüicultura e algocultura que já desenvolveu várias pesquisas com a branchoneta e creio que ele pode ajudá-lo com algo. O e-mail é: [email protected] e o telefone do Departamento de Pesca e Aqüicultura é: 81 3320-6501.

De: Jomar Carvalho Filho
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Assunto: Re: Branchonetas
Prezado Ismael, a Revista Panorama da AQÜICULTURA publicou dois excelentes artigos sobre a Branchoneta: na Edição 50 (Novembro/Dezembro – 1998) – “Branchoneta: o Microcrustáceo que pode substituir a Artêmia” (José do Patrocínio Lopes, Antonio Lisboa N. da Silva, Athiê J. G. dos Santos e Rui A Tenório); e na Edição 94 (Março/Abril’2006) “A Branchoneta na piscicultura ornamental” (José Patrocínio Lopes, Cibele Soares Pontes e Arrilton Araújo).

De: Roberto Sampaio
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Assunto: Matrizes
Alguém poderia me informar pisciculturas, de preferência próximo do Estado do Maranhão, que vendem matrizes de peixes das espécies (tambaqui, pacu e curimatá), e a partir de que peso é formado uma matriz de curimatá?

De: Alvaro Graeff
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Assunto: Re: Matrizes
Pegando um gancho no seu e-mail sobre matrizes, pergunto: Quanto custa uma matriz pronta para reprodução? Dentro de meu conceito de matriz, uma fêmea preparada e comprovada leva no mínimo 2 anos para estar pronta. Admitindo que ela seja fêmea de curimbatá, dever ter no mínimo 2 quilos e 3 anos de idade, portanto tem possibilidade de no mínimo 150.000 ovos viáveis. Supondo que ela tenha fertilidade suficiente e seu par/macho também com 70%, logo teremos 105.000 ovos fertilizados. Também supondo que somente eclodem 50%, teremos 52.500 larvas. Acreditando que destas somente 50% tornem-se alevinos, temos 26.500. Cada milheiro em minha região é vendido a R$ 60,00. O resultado de uma matriz de 3 anos na primeira investida em propagação dará como resultado, R$ 1.590,00 (1 ano e os outros?). Logo quem vender uma matriz pronta por menos disto esta deixando de ter um lucro presumível. O produtor de alevino deve por questão de qualidade de suas matrizes, formar seu próprio plantel, pois disto fará sua marca de bom produtor e diminuirá custos. Em nosso caso temos renovado nosso plantel de carpas húngaras e Israel em torno de 20% ao ano, com matrizes de nossos próprios plantéis, não fazemos melhoramento genético, mas evitamos o pioramento genético.

De: Andre Muniz Afonso
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Assunto: Preço do peixe
O peixe de maneira geral não é caro, o povo é que ganha mal. A renda per capita do brasileiro é deprimente. Em relação às propriedades nutricionais, o peixe e o pescado, de maneira geral, não podem ser comparados a qualquer outro tipo de carne que vemos constantemente no mercado (boi, porco, frango). Um dos melhores alimentos de origem animal é a sardinha verdadeira e seu custo não ultrapassa os R$ 5,00/kg. Daí pegunto: quanto custa um bom filé mignon? Uma picanha? Uma carne de segunda? Por esses e outros motivos repito: não acho o valor do peixe caro!

De: Sergio Tamassia
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Assunto: Re: Preço do peixe
O seu produto somente passa a ter valor no momento em que o consumidor se dispuser a comprar, e o valor dele é o valor que o consumidor se dispuser a investir naquela aquisição. Assim sendo, não existe preço caro ou barato, existe o valor que o consumidor está disposto ou não a disponibilizar. Decorrente disto, o valor é função do mercado ou do nicho do mercado que se está considerando. E aí devemos considerar a existência de uma sincronia de escalas entre os requisitos daquele mercado/nicho e a capacidade de atender esse nicho. Para que mercado/nicho você está falando que não acha o valor do peixe caro?

De: Francisco Moreira Dubeux Leão Junior
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Assunto: Re: Preço do peixe
Sem dúvida, a discussão do caro ou barato depende de haver ou não consumidores dispostos a pagar um preço que cubra os custos e remunere a atividade. Por exemplo: tanque-rede em larga escala (de 200 toneladas anuais em diante) tem um custo de produção próximo aos R$ 2,00 por quilo. Em cima deste custo é preciso colocar impostos (se for pessoa jurídica que beneficie o pescado). Em cima do imposto, ainda vai o custo da logística de transporte e armazenamento, sem falar no beneficiamento. Colocando tudo isto, se você não conseguir vender o filé por mais de R$ 13,00/kg você quebra!!!! E se você vai vender em supermercado, ainda tem todos os custos de apresentação do produto no ponto de venda, que o supermercado desconta do preço de venda. Portanto, o filé de tilápia de tanque-rede no supermercado não custa menos do que R$ 18,00 por quilo para o consumidor. Quantos brasileiros têm poder aquisitivo para pagar R$ 18,00 pelo quilo do filé? Ou R$ 6,00 pelo peixe inteiro? Esta é a pergunta. Atualmente, como o consumo de tilápia ainda é pequeno, a produção pode ser colocada no mercado e girar sem muitos problemas, mormente se os grandes produtores estão mais voltados para o mercado de exportação. Muito se fala em organizar a cadeia. Um dos pontos mais cruciais na minha avaliação é a questão da distribuição.

De: Daniel Y. Sonoda
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Assunto: Preço do peixe
Basicamente existem dois grandes mercados para a aqüicultura: o nacional e o internacional. O internacional está sujeito a todas as regras de sanidade, cada país com a sua, além do risco de preço (internacional) e de câmbio (nacional). O nacional tem suas peculiaridades: mercado de pesque-pagues e mercado convencional de pescados. O problema é que existem diversos sistemas de produção, cada qual com sua particularidade e custos. Encaixar o tipo de produto (qualidade e preço) no mercado certo é um verdadeiro quebra cabeça. Mas não podemos nos esquecer de que não são só os supermercados que vendem peixe, existem outros estabelecimentos comerciais como peixarias, feiras livres, restaurantes (pesque pagues), mercados municipais. Aí é que o produtor se pergunta: como é que posso atingir todos estes mercados, e ainda produzir ao mesmo tempo? Entra então o papel das associações e cooperativas que têm a função de dar escala para comprar (insumos) e comercializar (produção) melhor. A organização da cadeia produtiva não é algo que necessariamente precise de uma iniciativa externa (governo). Basta que um número x de produtores se juntem e contratem uma pessoa competente em compra e venda. Logicamente a administração dos conflitos será um fator crucial para o sucesso desta união de produtores. A verticalização é uma outra forma de melhorar a comercialização. Pelo menos, saber para quem o produtor vende e como o produto chega ao consumidor. Esta visão de: “vendi meu peixe e o pós – porteira não é problema meu” tem que mudar. Se o peixe não atrai o consumidor final, a produção fica limitada. É preciso atrair novos consumidores de pescados! Este é o real problema de mercado! A pergunta é: Como?…Talvez incentivando os restaurantes dos pesque-pagues, de beira de rios, açudes, praias, etc. Talvez pessoas que freqüentem estes locais estejam mais pré-dispostas a consumir peixes do que num restaurante comercial convencional. E, fazer com que os peixes que sejam servidos nestes locais sejam de primeira (frescos, sem off-flavor, no tamanho e gordura adequados etc.). Compromisso! Este é um tipo de marketing que pode ser aplicado (efetivo e barato).

De: Francisco Moreira Dubeux Leao Junior
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Assunto: Re: Preço do Peixe
O Daniel tem uma observação muito importante que é o preço versus canal de distribuição. Desta forma, pode-se calcular que quanto menos intermediário entre o produtor e o consumidor final houver, mais caro se venderá o peixe, não significando, contudo, que o maior preço daria a maior margem de lucro. Por exemplo: um produtor numa escala de tamanho médio, digamos 60 toneladas/ano, tem um custo de produção de aproximadamente R$ 2,50 por quilo em tanque-rede. Daí ele escolhe: a) Vende para o restaurante a R$ 6,50/kg; b) Vende para o filetador a R$ 2,70/kg; c) Vende para o pesqueiro a R$ 3,80/kg. O restaurante quer o peixe na porta, em pedidos pequenos e com freqüência de 2 a 3 vezes por semana. Se esta logística custar mais do que R$ 2,70 por quilo, não vale a pena entregar para o restaurante, e sim compensa entregar para o pesqueiro. No caso do filetador, a não ser que ele engorde o próprio peixe, eles ainda vão continuar queixando-se de “falta de peixe no mercado”, principalmente em São Paulo onde os pesqueiros abundam. O peixe não falta. É que dependendo da região do país, ou ele está no pesqueiro, ou ele está com o exportador. Eu acredito que, ainda hoje, o mercado ainda está alinhando as margens e preços. Este processo é penoso e demorado. É muito complicado falar para quem vai ter que abrir mão da margem de comercialização que ele vai ter que ganhar menos dinheiro porque o “mercado está se arrumando”. Dependendo do canal, o produtor coloca a ênfase em diferentes partes do processo. Por exemplo, o produtor do pesque-pague tem que ter giro rápido e “embutir” a inadimplência no preço do produto. Por outro lado, o que produz para o filetador tem que ter volume para que o custo de produção abaixe, e ele tem que ficar em cima de custos e desperdícios durante todo o dia. O produtor do restaurante tem que colocar a sua ênfase em custo de distribuição (logística) e vendas para não ficar sem margem. Isto é só um exemplo. Não está sendo considerado aqui a exportação, a feira livre, a venda porta em porta (delivery), a peixaria, etc. … Cada um destes canais tem o seu cacoete que o torna diferente dos demais. Cabe a nós produtores selecionarmos o canal mais adequado, de acordo com o nosso volume, localização geográfica e qualidade do produto. No fundo, criar peixe é muito mais um exercício de marketing e logística do que, propriamente, uma atividade agropecuária…Eu acho que o pescado cultivado vai ficar barato quando: a) conseguirmos alternativas viáveis em relação às rações balanceadas que são 70% do custo da produção em tanque rede; b) quando desburocratizar o estabelecimento de novas estruturas de abate para distribuição local; c) quando os custos de logística diminuir; d) quando o consumo aumentar e puxar a produção, o que vai fazer com que a escala aumente e o custo caia. É tudo uma questão de matemática. Aliás, eu acho que a sua tese foi a respeito disto, não verdade? Sabe que eu baixei uma cópia pela internet porque achei o trabalho absolutamente brilhante. Parabéns.

De: Daniel Y. Sonoda
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Assunto: Re: Preço do Peixe
Obrigado pelo elogio, Francisco. Cada sistema de produção tem a sua peculiaridade, no caso dos tanques-rede um deles é a ração. Na minha dissertação (mestrado) proponho um sistema de ciclos múltiplos, em que parte do crescimento (270g) é feito em viveiros escavados e a terminação seja feita em tanques-redes (700g). Nesta proposta o principal enfoque é a redução (economia) de tempo de permanência dos peixes nos tanques o que permitiria mais ciclos de produção no mesmo período de tempo, fora a economia em ração na primeira fase. Mas o problema é onde que vai ser colocado (mercado) este incremento de produtividade… Por isso que na minha tese (doutorado) estudei especificamente a demanda. Não consegui responder esta questão, mas ela traz pistas importantes para ampliá-la. Já adianto que não tem milagre, o negócio é atrair novos consumidores. Acredito que até dezembro já esteja disponível.

De: Francisco Moreira Dubeux Leao Junior
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Assunto: Re: Preço do Peixe
Daniel: numa cidade como São Paulo, consumidor é o que não falta! O problema é fazer o peixe chegar até ele. Eu acredito muito em rede de micro ou pequenos distribuidores, cada um com a sua cadeia de clientes. A verticalização, isto é, o produtor querer fazer também a distribuição, exige uma capacidade de organização e um investimento que dificilmente o produtor teria. Portanto, ainda temos que esperar estes micros ou pequenos empresários aparecerem. Outro aspecto é a diferença entre trabalhar com peixe inteiro, peixe eviscerado e peixe filetado. Para cada um destes produtos existe um impacto diferente quanto às estruturas que o produtor deverá ter na propriedade. Por exemplo, o peixe comercializado inteiro, o produtor emite uma nota fiscal de produtor rural e menciona na nota o número do SIF ou SISP do estabelecimento a que a mercadoria se destina. Já o peixe eviscerado e/ou filetado, o produtor teria que ter instalações adequadas e regulamentadas para este fim, o que significa mais investimentos. Por enquanto, dependendo de onde o produtor está localizado, o pesqueiro deixa todo mundo preguiçoso porque é uma comercialização arriscada, porém barata e simples, por um preço interessante. Entretanto, ela também tem seus problemas e seus segredos. Portanto, talvez, uma parte do marketing seria atrair gente para empreender na distribuição. Por exemplo: se o indivíduo tem um transporte pequeno, com uma caixa térmica de isopor, retirando o pescado de um produtor que tenha uma máquina de fazer gelo, já o possibilita entregar peixes inteiros sem grandes problemas. O que ele teria que fazer é ter uma carteira de clientes bem organizada. O difícil é atrair gente interessada que esteja com disposição de começar o negócio.