De: Elias de Souza Souza
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Assunto: Desova induzida
Caros participantes da lista, em um ano normal em que não há muita mudança do clima, qual seria o período para se fazer a desova induzida do tambaqui na Região Norte do país?
De: Edson Falcão
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Assunto: Re: Desova induzida
De acordo com a experiência, seria de setembro a maio. Entretanto, o mais correto é verificar os sinais característicos em exemplares com idade de maturação sexual.
De: Suleiman
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Assunto: Re: Desova induzida
Eu estou aqui no Maranhão e estou fazendo desovas desde dezembro. Ontem a “peixa” desovou igual uma torneira, então aproveito o gancho e pergunto a todos da lista: 1) Por que meus machos de tambaqui sangram tanto? 2) Existe, a título de curiosidade, sêmen de peixe pra vender, igual existe o de boi? 3) Em dia de incubadeira (3o, 4o ou 5o dias) devo fazer aquele procedimento de parar a circulação da água para retirar o excesso de casca de ovos? Por quanto tempo posso para a circulação?
De: Flavio L.
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Assunto: Re: Desova induzida
Caro Suleiman, respondendo as suas perguntas: 1) O sangramento ocorre provavelmente por excesso de aperto na extrusão principalmente na papila, um macho bem preparado e/ou maior número de machos podem resolver o problema; 2) Desconhecemos sêmen de peixe comercial; 3) O tempo dependerá do número de larvas e da qualidade da água, você pode desligar e ir observando e decantação e o movimento das larvas, se o oxigênio começar a rarear elas subirão.
De: Danilo Streit
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Assunto: Re: Desova induzida
Um dos motivos que provocam sangramento em reprodutores machos é o fato do animal não estar totalmente “preparado” para liberar sêmen. Por vezes o animal libera um pouco de sêmen durante a checagem, e após a indução, ocorre a falta do mesmo. Este processo de manipulação de captura, indução hormonal e depois extrusão do sêmen provoca um estresse significativo no animal, podendo levar a retração na liberação dos gametas, seja no macho ou na fêmea. Nós na Universidade de Maringá (PeixeGen) em conjunto com a Duke Energy, de São Paulo, temos utilizado com sucesso a reprodução “seminatural”. Após a segunda aplicação do extrato de hipófise colocamos dez machos e dez fêmeas, por exemplo, em tanques circulares. Abandonamos a extrusão e os resultados com o processo seminatural têm sido ótimos. No último evento da Aquaciência nosso grupo apresentou resultados de produção e de análise genética de pacus, provenientes dos dois sistemas comparados, extrusado e seminatural. Dê uma consultada. Você vai notar a diferença. O sistema seminatural é muito menos agressivo para as matrizes e, talvez isso explique a sua maior eficiência.
De: José Maria
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Assunto: Adubo orgânico
Tenho uma dúvida e gostaria de compartilhar com vocês: vou fazer uma adubação em meus viveiros com cama de frango visando melhorar a conversão alimentar. Consegui uma boa quantidade com um vizinho que tem engorda de aves. Tem algum problema utilizá-lo, uma vez que sabemos que a ração de frangos contém hormônios?
De: Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Re: Adubo orgânico
Caro José Maria, a ração de frangos não contém hormônios. Isso é um dos inúmeros boatos propagados pela internet (hoax), tais como aspartame ser altamente tóxico, invasão de extraterrestres, cartilha dos EUA mostrando a Amazônia como área internacional, foto de criança queimada pedindo ajuda financeira, e muitos outros. Cama de frango é composta basicamente por celulose (serragem), com fezes e alguma ração residual misturada. Por isso, a relação carbono/nitrogênio é bem desfavorável. A decomposição da cama no viveiro, pelo seu altíssimo teor de carbono pode levar a um alto consumo de oxigênio dissolvido na água, deixando a água inabitável para os peixes devido à carência de oxigênio (ambiente anóxico). A compostagem da cama de frango poderia melhorar o seu perfil para este uso, pela oxidação prévia da maior parte da matéria orgânica. Mas pelas suas mensagens anteriores à lista, você faz engorda de tilápia até o tamanho de abate. Geralmente quem está nessa atividade tem problema de excesso de fertilização do viveiro, pelos nutrientes liberados da ração e das fezes dos animais. Sendo assim, será que você já não teria nutrientes mais que suficientes no seu viveiro?
De: Francisco Abraão G. de Oliveira Neto
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Assunto: PNCR-2007
Prezados, nos últimos meses o Brasil tem vivido fortes pressões quanto ao seu Programa Nacional de Controle de Resíduos – PNCR, chegando ao ponto de ter suas exportações de pescados para a União Européia sob o risco de suspensão, além de trazer sérios impactos negativos da imagem do Brasil no mercado internacional. A SEAP junto com o Ministério da Agricultura e o CONEPE tem realizado diversas reuniões com o setor em todos os cantos do País para discutirmos o assunto. Nossa maior dificuldade tem sido justamente para os “peixes de cultivo”, onde o número de exportadores é muito reduzido, aumentando a carga de análises sob cada frigorífico. Atualmente são realizadas análises de diversos antibióticos e contaminantes, tais como: metais pesados; metabólitos de nitrofurano; cloranfenicol; além de clortetraciclina; substância de ação anabolizante-I; penicilina; verde malaquita; sulfatiazol; zeralenona; sulfametazina; sulfadimetoxina; dietilestilbestrol; tetraciclina; oxitetraciclina; clortetraciclina. Em reunião recente com o Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários – DFIP/MAPA descobrimos que não existe nenhuma substância aprovada para uso em aqüicultura até o momento, e que atualmente apenas uma substância está em fase de regularização de uso. Acreditamos que muitas drogas inclusas na lista acima não são utilizadas na atividade e que, por isso, deveriam estar fora da lista de análises do PNCR para peixes de cultivo, reduzindo assim os custos de análises para os frigoríficos. Considerando que este é um fórum de discussão sobre o tema da aqüicultura, achei pertinente que tratássemos do assunto como forma de trazer mais informações técnicas utilizadas atualmente no Brasil, tanto para as rações como para o manejo em si nos cultivos. Esperamos contar com o apoio de todos para que possamos apresentar uma proposta de substância a ser analisada neste ano. (Nota da Redação: Nos dias 28, 29 e 30 de março de 2007, em Brasília, haverá uma reunião entre o MAPA, SEAP, setor produtivo e demais envolvidos, como laboratórios e indústrias farmacêuticas, para tratar do uso de medicamentos e produtos químicos na aqüicultura. Mais informações com Francisco Abraão Gomes de Oliveira Neto pelo tel.: (61) 3218-3714).
De: Álvaro Graeff
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Assunto: Re: PNCR-2007
Caro Abraão, o assunto em pauta é bastante polêmico, mas quem gosta de ver as coisas funcionando de uma forma legal não pode se furtar de trocar informações. Sabemos todos nós que não existe ainda no Brasil um produto farmacológico ou outro nome que se queira dar, para controle das doenças e patologias em peixes. Mas, com toda certeza, existem problemas nos empreendimentos piscícolas e todos têm sido controlados com fórmulas caseiras, produtos não habilitados para tal e outras fórmulas. Então, pergunto: quais os problemas existentes nos empreendimentos e quais as medidas para serem controlados? Existem produtos ou fármacos que podem controlar? Se sim, por que não estão liberados? Por que em outros países existem produtos legalizados e aqui ainda não? Com o que estão os produtores controlando fungos, bactérias e parasitos em suas propriedades? Não se pode fazer de surdo e cego em uma atividade altamente hoje econômica, quando alguém buscar informações de como controlar problemas A ou B em suas propriedades?
Gerdian Cabral
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Assunto: Aqüicultura x Cianobactérias
Onde consigo informações sobre Aqüicultura x Cianobactérias? Sou estudante da área no Rio Grande do Norte e preciso dessas informações.
De: Roberto Cavalcante
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Assunto: Re: Aqüicultura x Cianobactérias
Caro Gerdian, tenho algumas informações e vou passá-las a você, na esperança de que tenhamos um enriquecimento do tema. Penso que aqüicultura se refere a todo cultivo em águas. Tanto a produção de animais, plantas e todos os outros bichinhos mais. O Álvaro passou informações sobre cianobactéria muito interessante, e que vale a pena ser visto e analisado, se referindo especificamente a Spirulina ou Espirulina. Trata-se de um cultivo muito promissor, sendo empreendido com muita responsabilidade.
Ricardo Y. Tsukamoto
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Assunto: Aqüicultura x Cianobactérias
A Spirulina é uma cianobactéria que necessita de condições bastante específicas para crescer (pH, íons, circulação contínua da água, etc.), o que torna dispendioso o seu cultivo. Com isso, a principal utilização potencial da Spirulina – como fonte de proteína – não conseguiria competir em preço com outras “commodities” tradicionais de proteína, como a soja. E lembre-se de que você está no país que mais produz soja no mundo. Um tipo de vegetal aquático que produz muito mais proteína e mais fácil de cultivar que a Spirulina são as plantinhas flutuantes conhecidas como “lentilha-d´água”, dos gêneros Lemna e Spirodela. Elas podem produzir até 30 vezes (= 3.000 %) mais proteína por área que a soja, e crescem em qualquer lago, ou mesmo em lagoas de tratamento de esgoto. Estão presentes em qualquer brejo do Brasil. Porém, a sua utilização no mundo não avançou mais do que uma fonte alternativa de proteína para criações rudimentares de peixes e patos no Sudeste Asiático, apesar de apoio financeiro do Banco Mundial e ONU. Faça uma pesquisa no Google com a palavra “duckweed”. Existem ainda outras opções de vegetais/algas. Praticamente o único mercado existente para a Spirulina no mundo é a utilização como “nutracêutico” ou suplemento alimentar em cápsulas para pessoas. E tal mercado já está saturado com a modesta produção de países de baixo custo, como a China. Com a demanda saturada, já houve até tentativa de venda no Brasil, de Spirulina em pó, importada, para ração de peixe (como fonte de carotenóides) – mas obviamente o custo foi limitante. Além disso, trabalhos recentes vêm mostrando que a Spirulina comercial pode conter as mesmas toxinas carcinogênicas (cancerígenas) e hepatotóxicas (destrói o fígado) que as cianobactérias tóxicas tradicionais, e que frequentemente são alvo de discussão nesta lista. Portanto, mesmo o escasso mercado como nutracêutico pode desaparecer.
De: Elias de Souza
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Assunto: Quantidade de sêmen
Gostaria de ter informações sobre a técnica de indução hormonal do piauçu para aumentar a quantidade de sêmen, pois manteve a característica de pouco sêmen mesmo depois do tratamento hormonal. Alguém tem experiência com a pré-dosagem de 5% antes da dosagem normal?
De: Marcos Weingartner
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Assunto: Re: Quantidade de sêmen
Caro Elias, independentemente das doses que você aplica, o macho de piauçu tem como característica a liberação de pouco sêmen. Um resultado que tem permitido boas taxas de fertilização dos ovos é a indução dos machos e fêmeas e posterior desova natural, onde você pode colocar umas duas fêmeas e uns quatro machos numa caixa de 1000 litros e deixar a desova acontecer naturalmente. Normalmente, os resultados são melhores do que quando você extrusa a fêmea e coleta sêmen para realizar a fertilização a seco.
De: Elias de Souza Souza
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Assunto: Re: Quantidade de sêmen
Obrigado pela resposta, mas para fazer a reprodução semi natural ainda tenho algumas dúvidas. Depois da indução, quando devo colocar os machos e as fêmeas juntos? Depois da 2º dose nas fêmeas? Como coletar os ovos e saber que já estão fecundados? Poderia dar mais detalhes de instalação da caixa para a desova natural?
De: Marcos Weingartner
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Assunto: Re: Quantidade de sêmem
Você pode colocar os casais juntos após a segunda dose e a desova vai ocorrer normalmente dentro da faixa de horas graus que você já vem observando. Quanto a fecundação dos ovos, este processo é praticamente simultâneo com a desova, bastam alguns segundos para ocorrer a fertilização, no entanto, não é aconselhado mexer nos ovos enquanto não hidratam completamente, eles são muito frágeis neste momento e se romperiam com facilidade durante a coleta. E a coleta é realmente o ponto negativo deste método, além de você não poder pesar os ovos após a extrusão para estimar a produção de larvas, você tem que manejar ovos já fertilizados, o que não é bom. Mas a maneira mais utilizada é: primeiro retire os reprodutores da caixa com puçá assim que observar que já houve a desova, e quando você perceber que os ovos já estão bem hidratados, você deve utilizar uma rede fina, tipo para coletar zooplâncton e passar no tanque com cuidado, concentra os ovos e retira com auxílio de algum recipiente, que pode ser um pequeno balde, bacia ou Becker e transfere para a incubadora. Um método que você pode utilizar para quantificar a desova é medir o volume dos ovos já hidratados, retirar uma pequena amostra (2 ml de ovos), contar a quantidade de ovos desta amostra e extrapolar para o volume total de ovos que você recolheu da caixa de desova. No entanto, eu não gosto muito disto, pois para você medir corretamente o volume de ovos, você deve deixar os ovos parados um tempo para decantarem e assim obter o volume correto, isto implica que durante este tempo, os ovos mais do fundo, podem ficar um tempo em situação de baixo nível de oxigênio, podendo comprometer a fertilização.