Nova Cooperativa assume Frigorífico desativado da CAROL

Ao comercializarem seus peixes vivos diretamente para os pesqueiros paulistas, os piscicultores associados da CAROL – Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia, terminaram por inviabilizar a operação de seu bem montado frigorífico localizado em São Joaquim da Barra, no norte do Estado de São Paulo, que fechou suas portas em outubro de 1998. Entretanto, passado quase um ano, os produtores de tilápia já aprenderam que é necessário uma organização conjunta para buscar novas alternativas de mercado que não seja somente os pesque-pagues, que além de não serem compradores freqüentes de suas produções, nem sempre são bons pagadores.

Pensando desta forma, um grupo de produtores de tilápia vem, desde o início do ano, estudando uma forma de novamente colocar em funcionamento o frigorífico desativado e para isso formaram a COOPERFISH, uma nova cooperativa composta por cerca de 30 produtores, muitos deles também associados da CAROL e ex-usuários da infra-estrutura do beneficiamento de pescado de São Joaquim da Barra.

COOPERFISH

A nova cooperativa possui uma filosofia distinta da que era usada pela CAROL, onde o produtor vendia seu peixe para a cooperativa, que o congelava e comercializava. Já os associados da COOPERFISH entregarão seus peixes ao frigorífico, que os beneficiará para venda através de um esquema de comercialização que incluirá possivelmente a exportação para EUA e Alemanha. Do preço final obtido, a cooperativa deduzirá as despesas que teve com beneficiamento e devolverá o restante para o produtor, agindo dessa forma como uma prestadora de serviços.

Segundo Paulo de Mesquita Sampaio, tilapicultor que hoje produz 30 toneladas mensais na Fazenda D’Águas localizada em Araraquara – SP e um dos idealizadores da COOPERFISH, outra diferença básica entre as duas cooperativas é que, sob a administração da CAROL, apenas o filé era aproveitado do peixe, enquanto que agora, também os produtos secundários como as vísceras e peles serão também beneficiadas para se transformarem em silagem, que, após comercializada, resultará em recursos capazes de pagar a folha de funcionários contratados para a mão de obra da filetagem. Para isso, já está em andamento um convênio com o ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos, cuja parceria garantirá mais um produto de qualidade a ser oferecido pela cooperativa, já que o ITAL possui a metodologia da produção e credibilidade.

PLANOS

Otimista, o tilapicultor espera manter até o final deste ano uma média diária de dua toneladas de peixes abatidos quando então aumentará sua produção até alcançar as quatro toneladas até abril do ano que vem. Segundo Paulo Sampaio novos cooperados serão bem-vindos já que a COOPERFISH quer fornecer os filés, em quantidades garantidas em qualquer época do ano.

No início os associados deverão entregar a sua produção na sede em São Joaquim da Barra, já que a cooperativa ainda não dispõe de caminhão próprio para o transporte dos peixes, que também deverão ser entregues depurados. Faz parte dos planos da COOPERFISH a construção de tanques próprios para depuração, de forma a assegurar ainda mais que os peixes sejam abatidos sem off-flavour. O que se pretende, segundo Paulo Sampaio é processar somente tilápias com peso ao redor de 600 gramas ou mais, capazes de gerar filés de 90 a 150 gramas, o que garantirá um produto de tamanho padronizado.

Numa segunda fase a Cooperfish pretende negociar junto aos fabricantes de ração, melhores preços no fornecimento por atacado além de criar condições de financiamento para produção da ração. Pretende ainda formar um fundo de reserva e outro de investimento, que já tem na pauta a compra de máquinas para beneficiamento como equipamentos de desossa mecânica e evisceração.

De acordo com os dados fornecidos pela CAROL, o custo estimado para o abate, beneficiamento e congelamento giram ao redor de R$ 0,45, considerado muito alto por Paulo Sampaio, mas justificado em razão de serem apenas os 2.000 quilos de peixe  por dia que manterão toda a estrutura de beneficiamento composta por três câmaras frias, fábrica de gelo, além de uma moderna estação de tratamento de efluentes, muito dispendiosa mas necessária. Já estão adiantados também os entendimentos para uma parceria com a AGA, produtora de gases, que desenvolverá o produto final utilizando a técnica de atmosfera modificada, alterando a composição dos gases atmosféricos de dentro da embalagem, que mantém o frescor do produto por muitos dias sob leve refrigeração.

Paulo Sampaio acredita que se a COOPERFISH puder oferecer ao produtor o mesmo preço que os pesque-pagues oferecem, além da garantia de colocação no mercado de todo o peixe produzido durante o ano, será muito mais negócio para o produtor fornecer o peixe para a cooperativa, já que terá sempre como escoar sua produção e, acrescenta: “o produtor deve ter em mente que é preciso estar integrado na cadeia produtiva, que abrange desde a alimentação dos alevinos até a comercialização do peixe adulto. O produtor não pode ter uma postura passiva nem na hora em que está adquirindo uma ração. Ele precisa atuar nesta  cadeia para deixar de ser um coitado e eterna vítima do governo. Isso é o que nós temos em mente ao formar essa cooperativa”.