O VÍRUS da Síndrome da Mancha Branca

Patrício Bucheli, Fernando Garcia
CONTEC LTDA
[email protected]


Desde a aparição do Vírus da Síndrome da Mancha Branca (WSSV na sigla em inglês) nas Américas até os dias de hoje, têm sido enormes os esforços técnicos, científicos e econômicos que se vêm realizando em vários países para entender e enfrentar este episódio. A experiência do Equador nesta situação tem sido, possivelmente, a mais completa devido ao importante efeito que teve sobre a economia produtiva e do próprio país.

O presente artigo reúne informações que permitem esclarecer alguns aspectos importantes desta Síndrome desde o momento em que foram detectadas e identificadas nos países do Sudeste Asiático e principalmente no Equador. Parte das informações aqui apresentadas foi recopilada em uma publicação sobre o tema (Bucheli, 1999) e também recorre, de uma maneira geral (em consideração a extensão do tema) à experiência e observações de campo, visualizadas em um contexto técnico apropriado.

Epizootias severas surgiram em fazendas de vários países do sudesteasiático, com devastadores efeitos em suas produções. Entre 1993 e 1994, em várias províncias chinesas ocorreram mortalidades superiores a 80% em períodos menores que uma semana em populações de Marsupenaeus japonicus, Farfantepenaeus chinensis, Penaeus monodon. Conforme descrito por Zhan e Wang (1998), com base nos tecidos de camarões infectados, na morfologia dos vírus encontrados e nos sinais semelhantes da doença, o vírus recebeu vários nomes mas optou-se por usar o termo Vírus da Síndrome da Mancha Branca (WSSV); o vírus descoberto foi classificado na subfamília do Nudibaculovirinae, dentro da família Baculoviridae. O vírus pertence ao grupo dos vírus de DNA. Em microscópio eletrônico, ele é ovoidal, com envoltório de tamanho aproximado de 350 x 150 nm.

Em 1993, foram observadas mortalidades importantes em cultivos de M. japonicus, no Japão e P. monodon na Tailândia (Takahashi et al, 1994, em Maeda et al, 1998). Outros países como Taiwan, Índia, Filipinas, Indonésia, Sri Lanka, Malásia, Bangladesh, entre outros, relataram eventos similares, com desastrosos efeitos para as indústrias locais.

Em 1995 o WSSV foi detectado em uma fazenda no Texas, EUA, no Condado de Cameron, não tendo sido relatada ou sugerida nenhuma outra forma de introdução, exceto a de que o vírus foi introduzido no país através da importação do produto congelado. Suspeitas, não confirmadas, dão conta que o vírus também esteve presente no Hawaii. No início de 1999 foi relatada a presença do WSSV na Nicarágua, Guatemala e Honduras (Chamberlain, 1999), sendo este o primeiro relato da presença do WSSV na costa do Pacífico americano. Em abril de 1999, foi confirmada a presença do Vírus da Síndrome da Mancha Branca no Panamá.

Poucos meses mais tarde a enfermidade chegou ao Equador e se estendeu rapidamente pela costa do Perú e a costa pacífica da Colômbia. Como se sabe, este vírus não chegou à costa atlântica deste último. A importação de náuplios provenientes do Panamá tem sido considerada como possível via de introdução desse vírus no Equador e em outros países.

Patogenicidade e comportamento

Os principais sinais clínicos da enfermidade associados com este vírus, são as manchas brancas no exoesqueleto e na epiderme dos camarões, especificamente na parte dorsal do rostrum. É extremamente virulento e pode atacar uma ampla variedade de tecidos (Lo et al, 1996). Pode causar mortalidades massivas em prazo muito curto, logo na detecção dos sinais clínicos (três a cinco dias). O vírus permanece ativo, livre na natureza, pelo espaço de quatro a cinco dias. Na Ásia e Equador, os primeiros eventos de mortalidade resultaram na perda quase total dos viveiros infectados em um período de três a sete dias, observando-se mortalidades persistentes durante todo o ciclo. Os sintomas no camarão cultivado podem ser vistos no Quadro 1.

Quadro 1 – Sintomas da Síndrome da Mancha Branca em camarões cultivados

Atividade reduzida;
Possível coloração café avermelhada, similar à cor do camarão quando este enfrenta uma bacteriemia causada por vibrioses;
Presença de calcificações brancas, arredondadas, de aproximadamente 2 mm na parte interna do exoesqueleto do rostrum;
Atividade do camarão na periferia do viveiro;
Redução rápida no consumo de alimento;
Hemolinfa turva;
A nível microscópico, se observa hipertrofia no órgão linfóide e hepatopâncreas necrosado (Zhan & Wang, op. cit.);
Tem-se observado partículas virais nas brânquias, tecido do trato digestivo e tecido hipodérmico.

 

Alguns fatores têm sido identificados como de risco na transmissão do vírus WSSV (Quadro 2). Tem-se observado que a estabilidade ambiental é um fator importante no controle de eventos de mortalidade. Qualquer fonte geradora de estresse pode converter-se em um sério problema, havendo uma relação direta entre mortalidades e estresse causado pelos fatores listados no Quadro 3.

Quadro 2 – Fatores de risco para a transmissão do WSSV

Camarão congelado;
Importação de animais vivos, reprodutores, náuplios, pós-larvas e água (Chou, et al, 1998);
Vários crustáceos (portadores intermediários);
Alimento vivo;
Alimento fresco para reprodutores: carne de caranguejo ou Krill (possíveis portadores intermediários), carne de ostras e moluscos (possíveis portadores passivos), lula e poliquetas (portadores passivos).

Quadro 3 – Fatores diretamente relacionados com mortalidades

Variações significativas de temperatura, em geral nas diminuições de temperatura;
Variações de pH;
Aparente relação diretamente proporcional entre mortalidade e dureza da água (Fegan, 1999);
Aparente relação inversamente proporcional entre mortalidade e salinidade (Fegan, 1999), Bucheli, (2000, obs. pessoais).

 

Espécies Hospedeiras e vias de infecção


Até o momento sabe-se que as seguintes espécies se mostraram hospedeiras do vírus da Síndrome da Mancha Branca: P. monodon; M. japonicus; F. chinensis; F. Indicus; P. merguiensis; P. penicillatus; L. setiferus (no Texas) e L. vannamei. De maneira experimental mostraram-se hospedeiros em: L. stylirostris, F. aztecus, F. douorarum e L. setíferus (DFO, 1999). A larva de L. vannamei demonstrou-se altamente sensível em ensaios com cepas virais de várias partes do mundo, incluindo China, Índia, Tailândia e EUA (Texas e Carolina do Sul – Wang et al, 1998).
As principais vias de infecção até agora identificadas a partir da experiência da Ásia e da América Central, são listadas no Quadro 4:

Quadro 4 – Principais vias de infecção  

Água nas fontes naturais, camarões moribundos portadores, larvas infectadas, água de transporte de larvas provenientes de laboratórios, entre outros;
Grande variedade de crustáceos, camarões, caranguejos e outros artrópodes em geral. Incluem-se os copépodos como portadores intermediários. Estão identificados mais de 40 portadores que formam parte da biota natural na Ásia;
Os caranguejos têm sido reconhecidos como portadores assintomáticos;
Larvas de camarão infectadas em larvicultura. As larvas se infectam via ovo contaminado, sem que isto signifique que exista transmissão vertical. Basta que os ovos contenham partículas virais a nível externo para que o náuplio se contamine;
Caixas utilizadas na despesca, trazidas por caminhões de beneficiamento. No Brasil, as caixas de isopor apresentam risco especial.

 

Ensaios de inibição

Inúmeros estudos relacionados com a virulência e possíveis mecanismos de controle dos patógenos associados à Síndrome da Mancha Branca têm sido realizados. Merece destaque uma interessante pesquisa realizada por Maeda e colaboradores, que realizaram uma série ensaios de inibição com o PRDV (Penaeid rod shaped DNA virus) e o SEMBV (Systemic ectodermal and mesodermal baculovirus), ambos associados à Síndrome da Mancha Branca. Entre outras descobertas os autores viram que o PRDV foi inativado em uma exposição de 10 min a 5 ppm de HCL e em 30 min a uma concentração de 1 ppm da mesma substância. Este vírus perde seu grau de infecção a 50oC ou mais, a partir de 20 minutos em água do mar esterilizada. Um ensaio sobre a resistência de amostra seca demonstrou que o vírus pode tolerar níveis de umidade tão baixos quanto 3%.

Este vírus e, em geral, todos os vírus de DNA, perdem seu grau de infecção em meio com etil-éter dada a natureza lipossolúvel do químico e a estrutura e composição da envoltura viral (Takahashi et al, 1994). Em outros ensaios foi demonstrado que o NaCl a partir de uma concentração de 12,5% inativa a PRDV. Fica evidente que estes tipos de vírus são sensíveis às altas concentrações de NaCl.

Revisou-se a duração do grau de infecção dos vírus em água do mar, encontrando-se uma relação inversamente proporcional entre a duração do grau de infecção e a temperatura da água. Assim, a 4oC, o grau de infecção se manteve em mais de 120 dias, enquanto que a 25oC, a duração do grau de infecção se reduziu a 60 dias, podendo durar mais dias. Resultados similares foram alcançados em ensaios com o vírus SEMBV. Estes resultados, de acordo com os autores, sugerem que estes vírus em água do mar não podem manter seu grau de infecção por mais de cinco a sete dias.

Meios de identificação

Existem várias técnicas de identificação. As mais importantes e freqüentemente usadas se relacionam a sua confiabilidade e velocidade de aplicação. Em campo, a técnica de “Tingimento rápido das brânquias” (Alday, 1999) é recomendada como um mecanismo confiável, para a detecção de WSSV. Nessa técnica, com o tingimento das brânquias com eosina e ematoxilina, é possível identificar sinais característicos a nível celular.

Têm-se utilizado várias técnicas de laboratório, entre elas a histologia, a Dot Blot, a Hibridação in situ, mediante a utilização de probes de ácido nucléico (Chang et al, 1998) e as técnicas de PCR (Polimerase chain reaction) de um ou dois passos, que emprega o princípio da amplificação de seqüências selecionadas de DNA, como um procedimento de alta confiabilidade em diagnóstico segundo alguns autores (Chanratchakool & Limsuwan, 1998) e não tanto segundo outros (Frelier, dados não publicados, Panamá, 1999), em especial após mais de dois anos de uso frustrante desta técnica por parte dos produtores no Equador, mostrando-se pouco confiável no campo e nos laboratórios comerciais de larvas. O critério de emprego da técnica de PCR como uma ferramenta de campo no Equador mudou muito. De maneira inicial, apenas se adquiria pós-larvas após o resultado de uma análise de PCR. Com o tempo, esta prática deixou de ser empregada pelo custo (até US $50.00 por amostra) e também porque, independentemente dos resultados (positivos e negativos, falsos e verdadeiros), as infecções e processos de mortalidade continuavam ocorrendo nos viveiros. Em várias ocasiões amostras diferentes de tanques iguais davam resultados diferentes em um mesmo laboratório de análise.

Estratégias de manejo de casos de WSSV na Ásia e no Equador

A experiência alcançada no manejo das ocorrências (outbreaks) na Ásia é resumida por Fegan, que menciona que esses manejos têm mostrado algum nível de êxito para P. monodon, de tal maneira que para aplicá-los nas Américas é importante considerar a diferença de espécies, as condições dos cultivos e a facilidade de sua aplicação.

Em Laboratórios:

Algumas observações foram recomendadas, com vários níveis de eficiência:

• Seguir práticas sanitárias e de desinfecção iniciais e tratar a água de maneira apropriada antes de ser utilizada no laboratório, incluindo filtração e desinfecção com UV;
• Em ovos e náuplios devem ser considerados trabalhos de lavagem com água do mar, imersões em formol (100 ppm por 30 segundos) e iodo (20 ppm por 30 segundos);
• Segregar os reprodutores de diferentes origens. Não empregar alimentos vivos de origem desconhecida;
• Considerar a utilização de imunoestimulantes para promover a resistência a enfermidades não específicas;
• Empregar produtos aprovados para eliminar transmissão horizontal entre as larvas;
• Dar um tratamento apropriado às águas residuais dos laboratórios.

Em Fazendas:

• Enfatizar as práticas e procedimentos de preparação de viveiros. É aconselhável a secagem prolongada (em ausência de chuvas) e o uso de cal virgem e iodo (em substituição ao cloro);
• Reduzir as densidades de povoamento, com o objetivo de diminuir a pressão sobre o cultivo;
• Alimentar apenas com produtos de qualidade. Considerar o uso de imunoestimulantes e agregados nutricionais, de qualidade tecnicamente reconhecida (betaglucanos, vitamina C, outros);
• Se for possível, recircular a água;
• Não descarregar águas de viveiros afetados. Não liberar animais infectados e eliminá-los apropriadamente;
• No mesmo sentido, as tarrafas devem ser lavadas em água clorada antes de passar a outro viveiro, durante as coletas de amostras de camarão para várias finalidades. O uso de iodo como desinfetante ajudou de igual maneira, mantendo o estado das tarrafas;
• Revisão diária do estado de saúde da população. Na nossa experiência, a permanência de populações saudáveis reduz substancialmente o risco da ativação viral. Temos confirmado a alta relação entre a ativação viral do WSSV e a presença de outras infecções, como septicemias causadas por Vibrio sp. e NHP.

A eliminação de predadores e competidores, em particular caranguejos e outros crustáceos nativos, foi considerada fundamental nos viveiros na Ásia, mas essa prática no Equador não deu resultados positivos. O uso de cloro ativo em uma concentração de 30 ppm para eliminar predadores em viveiros com problemas foi muito comum na Ásia, mas esta prática no Equador foi totalmente improcedente, não só pelo custo que isto significa, mas pelo impacto ambiental da descarga.

Existem interessantes observações relativas à permanência e duração do vírus nos cultivos. Tem-se mencionado que aparentemente os camarões tenderiam facilmente a se tornar tolerantes à presença do vírus, reduzindo-se, mediante este mecanismo, o impacto negativo destes sobre os cultivos. De acordo com Flegel, a chamada teoria da tolerância é a que poderia estar sendo observada nas populações de camarão no mundo, onde vírus como o IHHN e o TSV estão se tornando endêmicos, com as populações de camarão sendo mantidas dentro de parâmetros aceitáveis. Na Ásia, este fenômeno está se dando precisamente com o vírus da Síndrome da Mancha Branca, o mesmo que no momento está causando importantes perdas para alguns países.

No Equador, de 1999 até hoje, o índice de infecção vem sendo reduzido consideravelmente, demonstrando recuperações cada vez maiores em termos de produtividade. Estes resultados são conseqüência de um enorme esforço técnico-científico e econômico do setor produtivo. O setor camaroneiro equatoriano concentrou seus esforços nas pesquisas sobre o melhoramento genético para a obtenção de reprodutores que permitam gerar larvas resistentes. Estes trabalhos foram realizados de duas maneiras: a primeira mediante a seleção de reprodutores livres do WSSV, mantidos em áreas limpas, e a segunda, mediante a recuperação de animais sobreviventes, para serem levados até a idade de reprodução com o mesmo objetivo.

Aparentemente, a segunda alternativa tem sido a que melhores resultados têm produzido. Vários grupos de produtores debruçaram-se sobre programas complexos de melhoramento genético com seleção fenotípica mediante o isolamento de duas características: sobrevivência e crescimento. Foram selecionados em várias fazendas, camarões machos e fêmeas com características similares, e realizados esforços para manter o isolamento dos reprodutores (por grupos fenotípicos), marcados apropriadamente e alocados em diferentes estações de reprodução. Os produtos (larvas) foram enviados a várias fazendas, com características ambientais distintas, para observar seu desenvolvimento e a partir desses resultados foram sendo definidas novas linhas de reprodutores.

Em um esforço paralelo tem-se realizado até hoje diferentes ensaios com um significativo número de probióticos, com a finalidade de manter populações saudáveis frente à presença de vários quadros patológicos. Resultados interessantes têm sido encontrados no uso de probióticos incluídos nos alimentos (geralmente na mesma fazenda) em benefício do princípio de competitividade excludente, especialmente, em tratos digestivos de camarões de diversas idades.

Biossegurança

A aplicação de conceitos de biosegurança aplicados às fazendas teve maior êxito na Ásia (onde os viveiros raramente são maiores que um hectare), que no Equador onde, apesar dos esforços, não se obteve os resultados esperados. Em algumas fazendas do Equador se considerou o uso de telas para cobrir viveiros, do tipo das empregadas na criação de tilápia na fase de pré-engorda, com a finalidade de evitar a introdução do vírus por aves que vêm de fazendas infectadas. Já os laboratórios, por seu tamanho e tipo de organização, permitiram o estabelecimento de certas rotinas de maneira bastante eficiente. Muitos laboratórios, inclusive, adotaram as rotinas de biosegurança aplicadas nas fazendas de criação de frango, que se caracterizam pelo seu rigor.

De maneira paralela, no ano de 1999, foi iniciada no Equador a prática de produzir camarão em áreas diferentes das típicas estuarinas. Iniciaram-se produções longe da costa, empregando águas subterrâneas de baixa salinidade para a produção, com resultados bastante favoráveis, alcançando produções com sobrevivências de mais de 70% em uma temporada em que a sobrevivência média não superava 15%. Bucheli (1999) descreve tais resultados na primeira fazenda desse tipo tecnicamente dirigida no Equador. Esta prática se popularizou registrando-se mais de 3000 ha de fazendas desse tipo, o que deu o primeiro passo para uma alternativa que tem demonstrado ser muito interessante: a criação de camarão em estufas. Demonstrou-se (CENAIM, 2000; CNA, 2000) que as temperaturas da água superiores a 31oC impediam a manifestação do vírus, mesmo que este tenha sido detectado no cultivo. No entanto, o alto custo das instalações no Equador (entre US$15.000 e US$40.000/ha), limitou sua expansão.

Mitigar impactos

É importante considerar alguns comentários finais que podem permitir definir processos e procedimentos para mitigar impactos severos sobre a produção de camarão.

1. O WSSV é um patógeno altamente virulento e agressivo e de conseqüências devastadoras, que se converte, com o tempo, em um patógeno permanente nos ecossistemas produtivos. Adicionalmente, semelhante a muitos vírus, reduz o grau de infecção natural com o decorrer do tempo, de acordo com a “teoria da acomodação” de Fegan (op.cit.);

2. O grau de infecção natural e as rotas de infecção em ambientes propícios devem ser avaliadas atentamente para definir as áreas de maior risco;

3. A temperatura é o fator mais influente na intensidade da manifestação viral. As baixas temperaturas favorecem a expressão do vírus nos cultivos;

4. Deve-se considerar, devido a importantes resultados observados, o intenso e crítico emprego de agregados bacterianos, bem definidos, tecnicamente sustentados e apropriadamente empregados em um contexto que EXCLUA o uso de antibióticos (já bastam os problemas internacionais relacionados com este tema). A alternativa do uso de probióticos deve ser avaliada em todo o seu contexto. A experiência que temos alcançado nos permite determinar o grau de confiança na aplicação destes elementos de controle, inclusive em algumas fazendas no Brasil, onde vêm sendo utilizados;

5. O estabelecimento de rotinas e disciplinas de campo que permitam controlar o meio ambiente nos viveiros, mediante sistemas de monitoramento específico tanto em água e solos, como na população;

6. Seleção crítica dos alimentos, mediante a reunião de informações sobre sua composição, tipo de ração, estabilidade no manejo, resíduos, preço e relação custo/beneficio;

7. O uso de produtos químicos na água dos viveiros para eliminar a presença de hospedeiros intermediários (desde inseticidas até gás cloro) foi um investimento econômico que não deixou nenhum resultado positivo, apesar de que na Ásia, foram observados melhores resultados, provavelmente devido ao tamanho dos viveiros e a outros fatores;

8. Há uma relação inversamente proporcional entre a salinidade e a expressão viral, isto é, em menor salinidade maior o impacto do WSSV;

9. PCR é uma excelente ferramenta para estudo de evolução viral, para determinação da qualidade dos reprodutores e para outros estudos dessa natureza, mas não deu resultados como ferramenta de campo na avaliação da população, nem como ferramenta na compra de larvas, basta considerar as características de confiabilidade dos ensaios de acordo com o tamanho das amostras ou considerar o rápido desaparecimento dessa prática no Equador devido ao pouco ou nenhum benefício e alto custo do sistema;

10. Talvez a mais importante consideração se relacione ao manejo ambiental apropriado dos viveiros com o objetivo de estabelecer condições de cultivo estáveis, sem grandes flutuações diurnas (em períodos de 24 h) como a de temperatura e de pH, por efeitos de intensos processos de fotossíntese e outros fatores, como a geração de metabólitos tóxicos;

11. Dependendo do grau de infecção natural (do meio ambiente) em algumas fazendas, a produção sem renovação de água foi e segue sendo uma alternativa apropriada. Neste sentido, as práticas de boa alimentação e pouca ou nenhuma fertilização são fundamentais;

12. É muito importante considerar estudos sobre a presença do vírus, sobre seu grau de infecção e nível de extensão nas populações nativas de camarões dos setores afetados;

13. É necessário considerar o estabelecimento de um programa de monitoramento de longo prazo que emita informação periódica referente ao estado das populações nativas de crustáceos, com base nos critérios de difusão viral característica do WSSV, e da evolução de um evento epidêmico;

14. É necessário estabelecer uma comissão científica que defina as políticas de avaliação e monitoramento de fatores e condições, com relação à prevenção e estratégias de controle;

15. Capacitação técnica intensiva em curto prazo, e de amplo alcance (acessibilidade econômica).

Referências
 

Alday, V (1999) Procedimientos del seminario sobre técnicas de prevención derl virus WSSV. Panamá, Abril 8 – 10.

Bucheli, P; Maridueña, L.. (1999) Sindromes de White Spot y Yellow Head. Acuacultura del Ecuador, No. 29 Marzo – Abril. Guayaquil, Ecuador.

Bucheli, P. (2000) Producción optimizada de camarón: Control ambiental y aguas subterráneas. Acuacultura del Ecuador No 39. Guayaquil, Ecuador.

Chamberlain, G (1999), Reporte WAS.

Chang, P.; Tasi, D.; Wang (1998) Development and Evaluation of a Dot Blot for the detection of White Spot Syndrome Baculovirus (WSBV) in Penaeus monodon. Fish Pathol. 33(2)45-52

Chou, H., Huang, C, Kou, G. (1998) Studies on transmission of white spot syndrome associated baculovirus (WSBV) in Penaeus monodon and P. Japonicus via waterborne contact and oral ingestion. Aquaculture 164 (1998) 263-276. Elsevier. Amsterdam.

Chanratchankool, P., Limsuwan, Ch. (1998) Application of PCR and formalin treatment to prevent White Spot disease in Shrimp. In Flegel TW (ed) Advances in shrimp biotechnology

DFO (1999) http://www.pac.dfo.ca/sealane/aquac/pages/wssbcsp.htm

Fegan, D. (1999) Material didáctico, Seminario Sobre técnicas y prevención WSSV. ASPAC Panamá.

Lo. CH., Ho, CH.; Peng, S.; Chen, Ch.; Hsu, H.; Chiu, Y.; Chang, C.; (1996) White Spot syndrome baculovirus (WSBV) detected in cultured and captured shrimp, crabs and other arthropods. Diseases of Aquatic Organisms. Vol 27:215-225

Maeda, M.; Kasornchandra, J.; Itami, T.; Suzuki, N.; Hennig, O.; Kondo, M.; Alvaladejo,, J.; Takahashi, Y. (1998). Effrect of various treatments on White Spot Syndrome Virus (WSSV) from Penaeus japonicus (Japan) and P. Monodon (Thailand)

Takahashi, Y.;Itami, T.; Kondo, M.; Maeda, M.; Fujii, Tomonaga, S.; Supamattaya, K.; Boomnyaratpalin, S. (1994)Electron microscopic evidence of bacilliform virus infection in kuruma shrimp (Penaeus japonicus) Fish. Pathol.29:121-125
USGS (1999) White Spot Disease. http://www.nfrcg.gov/nas/diseases/white.htm

Zhan, Wen-Bin; Wang, Yuan-Hong (1998)Wuite Spot Virus Infection of Cultured Shrimp in China. Journal of Aquatic Animal Health. Am. Fish. Soc. 10:405-410.

Wang, Q; White, B.; Redman, R.; Lightner, D. (1998) Per os challenge of Litopenaeus vannamei postlarvae and Farfantepenaeus duorarum juveniles with six geographic isolates of white spot syndrome virus. Aquaculture 170:179-194. Elsevier.