O maior evento já realizado na América Latina
Nos congressos científicos é natural termos que escolher uma entre duas ou três sessões que acontecem simultaneamente. Esse determinismo, no entanto, não nos serve como consolo e antes mesmo dos eventos começarem, já sabemos que algum tema importante será perdido. No caso dos eventos da World Aquaculture Society este problema multiplica-se. No Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, durante o WAS 2003 havia momentos em que aconteciam até 12 sessões simultâneas. A sensação era parecida com aquela que sentimos quando entramos numa sorveteria paraense e temos que escolher apenas um entre as dezenas de sabores maravilhosos disponíveis.
Já que não foi ainda inventada uma forma de solucionar este problema, permitindo que todos participem de tudo ao mesmo tempo, apela-se para os conhecidos livros de resumos ou abstracts, que contêm os resumos de tudo o que é apresentado, desde os pôsteres ou painéis, até as apresentações orais. Através dos resumos é possível ter uma idéia dos trabalhos e ainda saber a direção do autor para, se
desejarmos, entrarmos em contato.
No WAS 2003 foram distribuídos aos congressistas dois volumes de resumos, cada um, com a espessura de um catálogo telefônico de uma grande cidade, totalizando 904 páginas. A seguir, apresentaremos nesta e na próxima edição, alguns estaques extraídos desses livros. A quantidade de trabalhos submetidos no WAS e a enorme quantidade de temas abordados, tornaram o trabalho de seleção uma tarefa não muito fácil já que, por questões de espaço desta revista, muitas pesquisas relevantes não poderão ser aqui abordadas.
Algas
Apesar do grande potencial para desenvolver o cultivo comercial de macroalgas,
esta atividade jamais foi levada adiante no Brasil, apesar da grande vocação da nossa costa. Em decorrência, o Brasil segue importando grandes quantidades de ficocolóides – agar e carragenana, produtos extraídos do processamento das macroalgas e largamente utilizados pela indústria em uma gama imensa de produtos. As importações anuais brasileiras de ficocolóides alcançam US$ 13,5
milhões, sendo US$ 1,3 milhões somente de agar. Por outro lado, a produção nacional de agar e carragenana é extremamente pequena pois o país conta somente
com uma única indústria de processamento localizada em João Pessoa – PB, que opera utilizando algas de arribação, coletadas quando chegam às praias pelas populações litorâneas, ou ainda algas coletadas na natureza, colocando em sério risco os estoques naturais. No WAS 2003 foram apresentados alguns trabalhos
voltados aos cultivos das macroalgas, dentre eles o da equipe do pesquisador Miguel da Costa Accioly do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia <[email protected]> desenvolvido na Barra dos Carvalhos, no litoral baiano. O trabalho, intitulado “O desenvolvimento do cultivo de macroalgas como
uma alternativa para as comunidades da pesca do Nordeste”, foi patrocinado pelo
BMLP (Brazilian Mariculture Linkage Program) e numa primeira fase avaliou, entre seis espécies disponíveis, a que mais se adaptava às condições locais, levando em consideração a produtividade, taxa de crescimento, taxa de perda, facilidade de manejo e susceptibilidade ao epifitismo. A espécie que atendeu melhor a essas exigências foi a Gracilaria córnea, seguida pela Gracilaria domingensis. Da mesma forma, o estudo estabeleceu a melhor profundidade (60 cm) e a densidade ideal (160 plantas por m2) para o cultivo. No momento estão sendo realizados os cultivos em larga escala, numa área de um hectare de águas rasas, utilizando estruturas chamadas MLL (multi long-lines). As produtividades esperadas são de 1,5 toneladas de algas secas por hectare por mês.
Outro grupo de pesquisadores, desta vez da Universidade Federal do Ceará, liderado por Toivi Mashi-Neto <[email protected]>, também apresentou um trabalho sobre o cultivo das macroalgas no evento da WAS. As pesquisas, patrocinadas pela FAO, visaram conhecer o potencial do litoral cearense para o cultivo de macroalgas e contaram com a colaboração do Instituto Terramar e da Associação dos Moradores de Flecheiras, no município cearense de Trairí. O grupo apresentou dois trabalhos, sendo o primeiro voltado para descobrir as melhores áreas do litoral para o cultivo, e o segundo para verificar o potencial aqüícola da alga Gracilaria birdae. No levantamento de áreas foi levado em consideração a dinâmica da costa, os tipos de substratos, a ocorrência de algas, a influência de rios, rotas de navegação e as fontes poluentes. O estudo mostrou que 16,47% dos 573 km de extensão da costa cearense foram consideradas ótimas para a atividade, sem nenhuma restrição; 35,47% foi considerada boa, apenas com restrições moderadas e, 48,06% foi também considerada boa, mas com severas restrições. Os pesquisadores consideram ainda que, em face da maior parte da costa cearense apresentar-se como “mar aberto”, sem baias e enseadas, os custos, principalmente os de implantação, serão altos, sendo ainda necessário testar diferentes estruturas, segundo as características de cada praia. Para conhecer os potencial da Gracilaria birdae, os
pesquisadores a cultivaram em long-lines, onde plantas com peso de 50 a 70 gramas, após dois meses de cultivo alcançaram um peso médio de 750 gramas, um ganho de biomassa de 1.250%. Os resultados mostraram a viabilidade do cultivo para que se torne uma alternativa de renda e trabalho para as comunidades de pescadores locais.
As algas do gênero Gracilaria constituem 60% das 39 mil toneladas anuais de algas (peso seco) produzidas para a extração de Agar, no mundo. No WAS 2003, além dos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores na Bahia e no Ceará com este gênero de algas, foram apresentadas também as pesquisas desenvolvidas em Santa Catarina pelos pesquisadores do Laboratório de Algas Marinhas da UFSC.
O grupo, da qual faz parte Fabrício F. Nunes e Paulo Horta <[email protected].
br> avaliou o crescimento da Gracilaria domingensis e G. caudata, nativas da
costa catarinense, em sistemas de cabos flutuantes. A Gracilaria domingensis
apresentou os melhores resultados, praticamente triplicando a sua biomassa inicial
em um mês. A dinâmica do ambiente de cultivo (extremo sul da Baia Sul de
Florianópolis) mostrou, porém, que novas técnicas de cultivo ainda necessitam que
sejam postas em prática, para evitar as perdas encontradas no manejo.
A equipe da pesquisadora Natalia Strattman <[email protected]> apresentou um trabalho sobre a larvicultura e a produção de alevinos do bijupirá. Os ovos foram obtidos de peixes capturados na natureza. A larvicultura foi feita em tanques de 20 toneladas usando um sistema chamado de “pseudo mesocosmo”. A 26-28 0C, os ovos eclodiram em menos de 24 horas e as larvas começaram a se alimentar em 2-3 dias após a eclosão (DAE). A alimentação larvar consistiu de
microalgas, rotíferos, zooplâncton natural e náuplios de artêmia. Segundo a
especialista, o bijupirá exibe pigmentação (melanóforos) já na eclosão e aos
11 DAE, além de estar com intensa pigmentação, já apresenta células sanguíneas
vermelhas, indicando que a respiração branquial já se faz presente nesses primeiros estágios larvares. Nas primeiras desovas foi observado o canibalismo no momento da mudança alimentar, quando passam a receber então a ração balanceada. As mortalidades encontradas inicialmente foram atribuídas à qualidade da água utilizada.
Bijupirá
O bijupirá das águas brasileiras Rachycentron canadum, foi alvo de vários trabalhos apresentados no WAS 2003 por pesquisadores da Universidade de Porto Rico, da Universidade de Miami e do Instituto de Pesquisas Pesqueiras de Taiwan. Este peixe marinho, também conhecido como cobia na língua inglesa, tem uma larga distribuição mundial, do Atlântico ao Indo-Pacífico. Durante o WAS 2003, a equipe da qual faz parte o brasileiro Daniel Benetti <[email protected]>, professor da Rosenstiel School of Marine and Atmospheric Science, da Universidade de Miami, apresentou vários trabalhos envolvendo esta espécie que, em muitos países, é bastante apreciada por seu sabor, alcançando alto valor comercial. Nos EUA, as pesquisas para a obtenção de alevinos do bijupirá iniciaram em 1999, em parceria com as empresas Aquaculture Center of Florida Keys, Inc. e Snapperfarm, Inc., e já em 2002 permitiram a produção de milhares de alevinos obtidos através de reprodução natural e também de técnicas de indução hormonal. Neste mesmo período, o grupo de pesquisadores também desenvolveu a tecnologia para a reprodução do Lutjanus analis, a nossa cioba ou o mutton snapper, na língua inglesa.
Os resultados das primeiras engordas experimentais do bijupirá foram apresentadas por Stevens Owes <[email protected]>, da mesma equipe. Foram feitas em tanque-rede circular de 10 metros de diâmetro e sete metros de profundidade, com malha de ½ polegada. O experimento inicial foi realizado em um lago salgado em Florida Keys e os peixes foram alimentados com ração Aqua-Xcel, da Burris, com 53% de proteína bruta e 10% de gordura. O povoamento foi com bijupirás de 59 DAE, pesando 10,62 gramas e 12,95 centímetros de comprimento. Aos 167 DAE os peixes já apresentavam 1.008 g e 47,7 cm, com uma taxa de sobrevivência de 90% e conversão alimentar de 0,75. Alevinos também foram enviados para a empresa Snapperfarm, Inc., em Porto Rico, para que fossem engordados nas proximidades da Ilha de Culebra, num imenso tanque-rede submerso fabricado pela empresa Ocean Star, com capacidade de 3.000 m3. Brian O’Hanlon <[email protected]> apresentou no WAS 2003 os primeiros resultados dessa engorda em águas com profundidades que variaram de 23 a 27 metros, temperatura média de 27 0C e transparência que variava de 15 a 36 metros. Os peixes permaneceram numa rede berçário por cerca de 4 semanas. Nos resumos do congresso, O’Hanlon relata que os bijupirás que eclodiram em 12 de julho de 2002, foram estocados em Porto Rico em 19 de agosto com 2,3 a 3 gramas. Em 5 de outubro, os peixes foram medidos pela primeira vez e já apresentaram 140 gramas, medindo 26 centímetros, com menos de 5% de mortalidade.
Mas os chineses já conhecem o bijupirá de longa data e também presentaram trabalhos no WAS 2003 sobre o seu cultivo. Segundo I Chiu Liao <[email protected]> do Instituto de Pesquisas Pesqueiras de Taiwan, o bijupirá, por ser peixe também nativo nas águas de seu país, destaca-se como uma espécie ideal para o cultivo em gaiolas. Os altos preços alcançados no mercado internacional, e mesmo no mercado de Taiwan, fizeram com que a tecnologia de cultivo fosse rapidamente desenvolvida nos últimos anos, incluindo propagação em massa através de desovas espontâneas dos reprodutores mantidos em cativeiro; técnicas de larvicultura; berçários em tanques-rede, viveiros e gaiolas próximas a costa e, engorda em mar aberto. As desovas espontâneas ocorrem de março a outubro em águas com temperaturas que variam de 23 a 27 0C. Liao relata que os ovos fertilizados eclodem de 21 a 37 horas em água de 22 a 310C. Os relatos da equipe de pesquisadores taiwaneses mostram que o desenvolvimento larvar do bijupirá é rápido. As larvas são robustas, com
bastante vitalidade e bastante tolerantes às condições ambientais, se comparada
a outros peixes marinhos. Segundo a equipe de Liao, em Taiwan os alevinos são produzidos em massa em tanques externos com custos relativamente baixos.
Aos 20 dias já aceitam alimentos balanceados. A fase de berçário, onde crescem de 20g a 1 kg pode ser feita em viveiros escavados ou tanques-rede instalados próximo à costa. Nos últimos anos têm sido utilizados sistemas intensivos e semi-intensivos de recirculação na fase de berçário (2g a 100-150g) com sobrevivências de 90%. Nos tanques-rede em mar aberto, o bijupirá precisa de 1 a 1,5 anos para crescer de 100-1.000g até 6-8 kg (se exportados para o Japão) ou 8-10kg se for para o mercado de Taiwan. Atualmente, cerca de 80% dos tanques-rede marinhos de Taiwan estão povoados com o bijupirá. Segundo os pesquisadores, os problemas que ainda restam para serem resolvidos dizem respeito ao canibalismo durante a fase larval e, doenças nas fases de berçário e engorda, que algumas vezes determinam baixas produtividades. As principais doenças que são encontradas em Taiwan incluem bactérias (pasteurellosis, vibriosis e streptococcosis), parasitas (Myxosporidea, infestação de Benedenia a Amyloodinium) e vírus (Limphocystis).
Jundiá
Rhamdia quelen, um bagre que ocorre desde o sul do México até o centro da
Argentina, conhecido no sul do Brasil como Jundiá, tem merecido a atenção de diversos grupos que apresentaram trabalhos no WAS 2003. Pesquisadores do CEPC/EPAGRI de Camboriú (SC) apresentaram os resultados de produtividade
na engorda intensiva desses peixes no período de março a setembro (outono/
inverno). Duas densidades foram testadas – 4 peixes por m2 (T1) e 8 peixes por m2
(T2), alimentadas com ração comrcial de 40% de proteína bruta duas vezes ao dia,
cinco dias por semana. Ricardo Hoinkis <[email protected]> relata que a
taxa de alimentação diária foi de 10% da biomassa na fase de juvenil e 5% e 3%
nas fases de terminação. Os peixes do T1 (4 peixes por m2) tiveram uma taxa
de sobrevivência de 50% e os do T2 (8 peixes por m2) tiveram uma sobrevivência
de 40,4%. Segundo os pesquisadores, as baixas taxas de sobrevivência também
estão associadas a predação por pássaros e a uma água com altos níveis de matéria orgânica. As análises estatísticas não mostraram diferenças significativas entre as duas densidades e as suas taxas de crescimento. Entretanto, a produtividade do grupo T2 (4.186 kg/ha) foi 1,6 vezes maior que o grupo T1 (2.584 kg/ha), mostrando as vantagens de se utilizar a densidade de 8 peixes por m2.
Também no CEPC/EPAGRI em Camboriú <[email protected]>, os pesquisadores Gosuke Sato e Hilton Amaral Junior testaram o crescimento dos jundiás cinza e rosa junto com a tilápia nilótica. Um experimento foi realizado com dois tratamentos. O primeiro viveiro (T1) foi povoado com 3.000 tilápias, 2.500 jundiás cinza, 2.500 jundiás rosa por hectare e o segundo viveiro (T2) recebeu 3.000
tilápias, 3.500 jundiás cinza e, 3.500 jundiás rosa, todos alimentados com ração
de 32% de proteína bruta. Depois de 240 dias o peso médio dos peixes do T1 foi 360,3 g para as tilápias, 217,2 g para os jundiás cinza e 269,6 gramas para os jundiás rosa. No T2, as tilápias alcançaram 334 g, os jundiás cinza 252,1 g e os
jundiás rosa 213,3 gramas. A sobrevivência total foi de 96,7%. Foi concluído que
não existe diferença de crescimento entre os jundiás cinza e rosa quando os sexos
estão misturados. Mas as fêmeas cinza e rosa mostraram um crescimento de 20,76% e 31,96% maior que os respectivos machos. A produtividade no T2 foi de
9.031 kg/ha e no T1 foi de 7.373 kg/ha.
O pesquisador da UFSM Bernado Baldisseroto <[email protected]>
apresentou suas pesquisas sobre o jundiá acrescentando que os alevinos suportam
10% de água salgada e pH variando de 4 a 8.5, com o melhor crescimento ocorrendo com o pH entre 8 e 8.5. A dureza da água ao redor de 70 mg de CaCO3 por litro melhora o crescimento dos peixes e as taxas altas de cálcio também reduzem a mortalidade. Resistem a temperaturas que variam de 3 a 32 0C e as melhores taxas de crescimento de larvas e alevinos foram obtidas quando foram expostos a escuridão continua. A propagação artificial é obtida utilizando-se 400 UI/kg de gonadotrofina coriônica humana (HCG) ou extrato de pituitária (5 mg/kg para fêmeas e 3 mg/kg para machos). O desenvolvimento larvar dura cinco dias e a
larva aceita a alimentação artificial desde o primeiro dia, sendo o melhor alimento
aquele baseado em levedura, fígado de boi ou frango e farinha de arroz. Baldisserotto disse ainda que o maior problema do cultivo desta espécie está na infestação de Ichthyophthirius multifiliis, cujo tratamento se faz com imersões em água contendo 4 g/l de sal comum até que os pontos brancos desapareçam. Na opinião do pesquisador ainda são necessários estudos adicionais na engorda de juvenis e pesquisas acerca da conversão alimentar de forma a estimular o cultivo comercial da espécie.
O cultivo do jundiá em tanque-rede foi tema da pesquisa de Juan Ramon
Esquivel <[email protected]> e colaboradores, da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Alevinos de Rhamdia quelen com comprimento médio de 11,4 cm e peso médio de 12 gramas foram estocados em nove tanques-rede dentro de um reservatório de aproximadamente 2.000 m2 com 1,8 metros de profundidade. Foram utilizadas três densidades de povoamento (10, 20 e 30 peixes por m3), e os peixes foram alimentados com ração de 40% de proteína bruta. O experimento foi de
agosto a dezembro de 2002 (140 dias), onde a temperatura da água variou de
18,2 a 27,50C. As sobrevivências dos três tratamentos não mostraram diferenças
significativas (média 87,3%). No entanto, os pesos médios finais dos peixes estocados nas gaiolas com 10/m3 (233 g) foram significativamente maiores que os das gaiolas com 20/m3 (189 g) e 30/m3 (177 g). Os pesquisadores acreditam, portanto, na viabilidade do cultivo desses peixes em gaiolas em águas dos estados da Região Sul do Brasil.
Apesar da importância do jundiá para o desenvolvimento da piscicultura brasileira, principalmente nos estados do sul do País, pouco se sabia acerca dos requerimentos nutricionais desse peixe. Durante o WAS 2003, Débora M. Fracalossi <[email protected]> pesquisadora do LAPAD – Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, apresentou os resultados da pesquisa que realizou com colaboradores, para conhecer os requerimentos protéicos deste peixe. Para isso, realizou um experimento onde cinco concentrações protéicas (26, 30, 34, 38 e 42% de proteína bruta) alimentaram jundiás em dietas contendo duas
concentrações energéticas (3000 e 3500 kcal kg-1). Com 3000 kcal o ganho de
peso (GP) e a taxa de eficiência alimentar (EA) cresceram na medida em que a
concentração protéica cresceu, entretanto, peixes alimentados com 42% e 38% não
se diferenciaram em GP e EA. Por outro lado, com as rações de 3.500 kcal, o GP e
a EA cresceram na medida em que a concentração protéica cresceu, mas somente
até 34% de proteína bruta. Não houve diferença significativa em GP e EA entre
os peixes alimentados com dietas de 34, 38 e 42% nas dietas de 3.500 kcal. Esses
e outros resultados encontrados sugerem que o aumento de 3.000 para 3.500 kcal
pode reduzir os requerimentos nutricionais dos alevinos de jundiá de 38% para
34%.
Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR,
entre eles Paulo César Falahghe Carneiro <[email protected]>,
apresentaram no WAS 2003 os resultados dos experimentos que relacionaram
a freqüência alimentar ao crescimento dos alevinos do jundiá. No estudo testaram quatro freqüências (1, 2, 3 e 4 vezes ao dia). O resultados dos ensaios que duraram 65 dias em águas que variaram de 23 a 27ºC não mostraram diferenças significativas entre os diferentes regimes de alimentação. Jundiás alimentados uma vez ao dia apresentaram crescimentos similares aos demais. Segundo os pesquisadores, estes resultados ajudarão a otimização da mão de obra e os lucros no cultivo do peixe.
Já no Rio Grande do Sul, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, entre eles Juvêncio Pouey <juvencio@ ufpel.tche.br> estão se dedicando ao conhecimento das características do jundiá. O grupo testou alimentos complementares para larvas do peixe, estabeleceu as relações de comprimento
de peso, estudou o conteúdo estomacal dos peixes em ambiente natural, além de elaborar um experimento para também comparar três níveis de proteína na ração dos jundiás. Este experimento testou rações com 38%, 51% e 53% de proteína bruta, todas com 3.000 kcal/kg. Segundo os pesquisadores não houve diferenças significativas nos parâmetros químicos e físicos da água, da mesma forma que também não foram observadas diferenças significativas para o ganho de peso e comprimento. A sobrevivência (T1=73%, T2=43% e T3=80%), entretanto, mostrou
diferenças significativas, levando os pesquisadores a concluir que a ração com 38% de proteína bruta é a melhor para o jundiá.
Camarão de Água Doce
Pesquisadores brasileiros e estrangeiros que trabalham com o Macrobrachium
rosenbergii aproveitaram o WAS 2003 para apresentar seus resultados. A alimentação nos diferentes estágios larvares mereceu a atenção da pesquisadora
Helenice Pereira de Barros <[email protected]> do Departamento de Biologia
Aplicada da CAUNESP, em parceria com Wagner Valenti. Seu trabalho investiga a aceitação de diferentes tipos e tamanhos de alimentos, vivos e inertes, durante cada um dos estágios larvares. Os laboratórios de larvicultura comercial utilizam náuplios de artêmia recém eclodidos durante todo o ciclo larval e, segundo a pesquisadora, esse é um manejo alimentar que resultou de observações empíricas, já que o comportamento e a nutrição larval do M. rosenbergii ainda precisam ser mais conhecidos. Helenice Barros alimentou larvas nas diversas fases com alimentos de todos os tipos e tamanhos analisando posteriormente seus tratos digestivos. Os resultados indicaram que as larvas devem ser alimentadas somente com náuplios de artêmia até o 6o estágio larval. A suplementação alimentar deve começar a partir do 7o estágio, usando partículas que poderão variar de 250 a 1190 mm, segundo a conveniência do produtor.
A exemplo de outros animais, a medida que os conhecimentos relativos à fisiologia
dos camarões M. rosenbergii ficarem mais aprofundados, mais avanços, sob a ótica zootécnica, serão possíveis de serem introduzidos nos manejos dos cultivos comerciais. Uma grande contribuição sobre o metabolismo alimentar, com ênfase no metabolismo da dieta de fibras, foi o resultado do trabalho realizado por Carmen Gonzáles-Peña <[email protected]> do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da USP.
O crescimento compensatório do M. rosenbergii foi o alvo das pesquisas de Hélcio Luis Marques <[email protected]> e Julio V. Lomabardi <[email protected]>, pesquisadores do Institudo de Pesca da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Pós larvas de M. rosenbergii, após
35 dias mantidas em berçários primários (tanque-rede) e com peso médio de 0,026g foram distribuídas em 12 cercados (berçários secundário), estocados em diversas densidades (50, 400, 800, 1200 por m2) por um período de 60 dias. Após esse período, os pesos médios dos camarões estocados foram de 2,1g, 0,5g, 0,3g e 0,1g, respectivamente. Por fim, animais de cada um desses grupos (tratamentos) foram
colocados para engordar numa mesma densidade de 12/m2, por um período de sete meses, alimentados com ração com 35% de proteína bruta. Após os primeiros sete meses de engorda não havia diferença significativa registrada para a sobrevivência, mas o peso médio final e a biomassa do grupo de animais estocados o com maior peso médio inicial era ainda maior que os demais. Entretanto, depois de 8 meses de engorda a sobrevivência, peso médio final e biomassa, não mostraram mais diferenças significativas entre todos os tratamentos. A partir desses resultados, os autores confirmaram a ocorrência de crescimento compensatório no crescimento
do M. rosenbergii, o que pode viabilizar o cultivo em gaiolas em altas densidades
na fase de berçário secundário.
Os mesmos pesquisadores do Instituto de Pesca, avaliaram nos últimos seis anos a viabilidade do uso de tanques-rede nas fases de berçário. Segundo eles, no Brasil
os cultivos de M. rosenbergii são feitos na maioria das vezes em sistemas semi-intensivos através da estocagem direta de 5 a 10 pós-larvas por m2. O uso dos viveiros berçários não foi difundido, pois sempre se esbarrou nas despesas da construção de mais viveiros, na falta de espaço físico ou até mesmo nas dificuldades no manejo do transporte dos juvenis para os viveiros de engorda. Segundo Hélcio Marques e Julio Lombardo, o uso de tanques-rede pode solucionar esses problemas. Os trabalhos sobre a viabilidade do uso dos tanques-rede nas fases de berçário de M. rosenbergii, apresentados por eles no WAS 2003, mostraram que
quando usados como berçário primário (pós-larvas recém metamorfoseadas até
20 dias), os resultados foram sempre melhores do que os encontrados em viveiros escavados para este fim. Já para berçários secundários (cultivo de juvenis por 60 dias), a sobrevivência sempre foi melhor, apesar do crescimento ainda ser maior nos tanques escavados, nesta fase. Mas, segundo os pesquisadores, o crescimento
compensatório observado nessa espécie estimula o uso dos tanques-rede pra servirem de berçário secundário, antes dos camarões serem transferidos para os viveiros de engorda.
Entre as contribuições vindas de outros países para o cultivo de M. rosenbergii,
neste WAS 2003, mereceram aquelas trazidas pelo grupo de pesquisadores indianos, entre eles B. Madhusoodana Kurup <[email protected]>, da
Escola de Pesca Industrial da Universidade de Ciências e Tecnologia de Cochin.
Os trabalhos foram voltados para os aspectos fisiológicos que determinam os
diferentes morfotipos encontrados nos machos da espécie. Estudos histológicos
do grupo mostraram as diferenciações celulares encontradas entre as células
das glândulas androgênicas dos “machos pequenos”, nos daquelas de cor laranja
forte e nos daquela de cor azul escuro e também entre todos os machos que se
encontram nos estágios intermediários de cada um desses morfotipos. Da mesma
forma, o grupo apresentou técnicas utilizando a eletroforese protéica como
ferramenta para elucidar e definir marcadores genéticos no estudo das
diferenciações morfotípicas do M. rosenbergii. Ainda acerca dos diferentes
morfotipos de machos, os pesquisadores indianos pesquisaram as diferentes
atividades enzimáticas, o consumo de alimentos e a eficiência na assimilação
dos alimentos de cada um dos tipos. Como resultado, verificaram que os
crescimentos maiores observados nos machos daquelas com a cor laranja
forte está associado a alta eficiência na assimilação dos alimentos que são
determinadas pelas grandes variações das atividades enzimáticas.
O potencial do Macrobrachium amazonicum para o cultivo comercial está
sendo estudado, neste momento no Brasil, por mais de 20 pesquisadores, é o que
afirmou Wagner Valenti <[email protected]> e colaboradores. Pós-larvas
já vem sendo produzidas desde 1996 no Pará e um projeto piloto de engorda já
está em funcionamento. Os pesquisadores informam que M. amazonicum tem
nove estágios larvares, e a larvicultura pode ser feita em águas com salinidades
que variam de 2 a 14 ppt. A 28 oC a duração da larvicultura pode levar de 20 a 25 dias. Juvenis e adultos são onívoros e consomem facilmente rações comerciais. Quatro morfotipos de machos ocorrem e os dominantes podem alcançar 16 cm e 30 g. Na engorda alcançam 8-12 g em 4-8 meses. Dentre as limitações encontradas para o cultivo comercial destaca-se a baixa fecundidade, a maturação precoce das fêmeas que determina crescimentos baixos, um crescimento heterogêneo dos machos e um relativo tamanho pequeno. Os resultados preliminares das pesquisas estão demonstrando o excelente potencial de cultivo da espécie, principalmente para promover o desenvolvimento social e econômico, principalmente na região amazônica.
Pirarucu
Uma das promessas da aqüicultura nacional, o pirarucu Arapaima gigas,
apareceu no WAS 2003 pelas mãos de pesquisadores colombianos, peruanos
e brasileiros. Em nosso país, os estudos acerca da fisiologia do peixe têm sido realizados pelos pesquisadores da Coordenação de Pesquisa em Aqüicultura
do INPA – Instituto de Pesquisa da Amazônia, entre eles Bruno Cavero < [email protected] >. A equipe de pesquisadores vem estudando as respostas fisiológicas do peixe diante de algumas situações de cultivo que provocam estresse no animal. Uma das pesquisas procurou conhecer como reage o pirarucu a níveis crescentes de amônia já que, segundo os especialistas, para ser um bom candidato ao cultivo em altas densidades, um peixe deve tolerar níveis altos de amônia. Os
resultados mostraram que os juvenis do pirarucu são bastante tolerantes a este produto primário do metabolismo do nitrogênio dos peixes teleósteos.
Os pesquisadores do INPA, entre eles André Lima Gandra e Rodrigo Roubach
<[email protected]> também testaram a influência da freqüência alimentar (2, 3 e 4 vezes por dia) na engorda dos juvenis de pirarucu. Os resultados apontaram que diferentes freqüências alimentares não influenciam no crescimento do peixe nessa
fase e, dessa forma, recomendaram que a alimentação seja feita duas vezes ao dia, otimizando também o uso da mão de obra.
Os pesquisadores da Coordenação de Pesquisas em Aqüicultura do INPA, entre
eles Daniel Ituassu <dituassu@@inpa. gov.Br>, também buscaram conhecer o melhor percentual de proteína bruta a ser utilizado na ração do pirarucu. Um
experimento foi feito utilizando peixes de 22,3 ± 0,3 cm e 120,6 ± 3,5 gramas,
engordados em tanques-rede por 45 dias, alimentados com ração contendo 30, 36,
42 e 48% de proteína bruta. Ao final, os peixes alimentados com o percentual mais alto (48%) de proteína bruta apresentaram o melhor ganho de peso. A análise das carcaças desses peixes mostraram diferenças significativas, tendo os peixes
alimentados com 36% de proteína bruta apresentado o menor nível de lipídeo. As
curvas de respostas mostraram, entretanto, que os requerimentos protéicos são
ainda maiores que 48%, sendo necessário a confecção de novos ensaios.
Já na Colômbia, pesquisadores do Laboratório de Nutrición de Peces da
Universidade Nacional de Colômbia, entre eles Omar E. Bustos <gigasernesto@
hotmail.com>, fizeram uma avaliação de três níveis de proteínas (35, 40 e 45%) na
alimentação do pirarucu. Foi comparado também a fonte protéica, animal e vegetal
(soja). Alevinos de 6,5 g e 8,8 cm foram alimentados três vezes ao dia até se saciarem, o que representou aproximadamente 5% da biomassa. Os animais alimentados com ração com 40% de proteína bruta de origem animal foram os que apresentaram as melhores performances nos 47 dias de experimento, alcançando 26,36 cm e 244 gramas.
Conhecido como paiche no Peru, o pirarucu já vem sendo cultivado há três anos por pequenos produtores daquele país, dentro do Programa de Segurança Alimentar para as Unidades Familiares Produtivas. O Programa forneceu a 32 produtores localizados próximos a Rodovia Iquitos-Nauta, ao longo do rio Tigre, seis alevinos de pirarucu com comprimento de 32-34 cm e pesos de 190 a 325 g, para serem cultivados em policultivo no sistema de produção predador-presa, utilizando espécies forrageiras locais. Os viveiros, com tamanho médio de 2.500 m2 e 80 cm de profundidade, receberam fertilização mensal de 500 kg/ha/mês. Os peixes forrageiros foram estocados com 2 a 3 meses de antecedência com bujurqui (Cichalsoma amazonarum) e o mojarra (Gymnocorimbus thayeri e Tetragonopterus sp.) em densidades de 20 a 30 mil peixes/viveiro. Após um ano e uma sobrevivência de 100%, os peixes mediam de 92 a 110 cm cada um e pesavam de 7 a 11,15 kg, com um ganho de peso diário que variou de 18,8 a 33,9 gramas. Segundo o trabalho apresentado no WAS 2003, os produtores ficaram muito satisfeitos com a experiência e demonstraram um forte desejo de continuar esse trabalho, entretanto, a legislação peruana (Ministério da Pesca do Peru) terá que ser revisada no que se refere a dificuldades para obter a permissão de ter pirarucu confinado, tanto para cultivo como para produção de alevinos. (Instituto de Investigaciones de la Amazônia Peruana, Programa de Ecosistemas Acuáticos, Av. Abelardo Quiñónez Km 2,5, Iquitos, Peru, A.P. 784).
Os manejos alimentares do pirarucu também foram tema das pesquisas da
Embrapa do Acre. Os pesquisadores do Sistema de Produção Aqüícola, entre
eles Roger Crescêncio <[email protected]>, investigaram se o ganho
de peso dos peixes estaria associado à alimentação diurna (AD), noturna (AN)
ou contínua (AC). O experimento foi realizado em tanques-rede e os peixes
foram alimentados até que ficassem saciados. Os juvenis de pirarucu, segundo
os pesquisadores, preferem se alimentar à noite, de preferência às 21:00 horas.
Em decorrência, os peixes alimentados à noite (AN) consumiram mais ração
que os alimentados durante o dia (AD). Entretanto, os peixes alimentados continuamente (AC) tiveram o maior consumo de ração. No final do experimento,
os peixes alimentados durante o dia (AD) tiveram pesos finais semelhantes aos
peixes alimentados à noite (AN), mas inferiores ao peso dos animais alimentados
continuamente (AC). A taxa de conversão alimentar dos peixes alimentados
durante o dia foi menor que os demais tratamentos. Os dados mostraram aos
pesquisadores que o pirarucu prefere se alimentar à noite, mas acreditam que
num cultivo comercial, devido aos custos de mão de obra e logística, esse horário
de arraçoamento torna-se inadequado. Peixes alimentados à noite e durante o
dia têm o mesmo crescimento, e como os alimentados a noite consomem mais
ração, concluíram que o manejo mais adequado para alimentar os pirarucus é
mesmo durante o dia.
Surubim
O cultivo do pintado, Pseudoplatystoma coruscans foi apresentado por João Lorena Campos <[email protected]> da empresa Mar & Terra Ltda..
Esse bagre Sul Americano habita as bacias dos rios Paraná e São Francisco.O
nome pintado é utilizado principalmente nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Nas Regiões Nordeste e Norte é chamado de surubim. Vive nas calhas dos rios
e nas lagoas marginais, alimentando-se da macrofauna. Sua carne sem espinhas,
com coloração e sabor suaves, faz com que o peixe ocupe um lugar de destaque
na aqüicultura brasileira. Segundo João Campos, outras espécies do gênero
Pseudoplatystoma, como o P. afsciatum e P. tigrinum, possuem características
semelhantes.
A produção de alevinos de pintado, segundo João Campos, teve início no
final da década de 89 na empresa Projeto Pacu, no Mato Grosso do Sul e o cultivo
comercial iniciou-se com a Agropeixe Ltda., em 1997, posteriormente incorporada
pela Mar & Terra Ltda..
No Mato Grosso do Sul, alevinos de 15 gramas, estocados em viveiros escavados e alimentados com pelletes de ração flutuante, contendo 40% de proteína bruta, alcançam o tamanho de mercado de 2 kg em 12 meses, com um crescimento médio diário de 5,5 g. Campos relata que, em viveiros de 2 a 5 ha, com pouca troca d’água e utilizando somente aeração de emergência, são despescados 4.800 kg/ha (2.400 peixes/ha), com uma taxa de conversão de 1,95 (1,95 quilos de ração para se produzir 1 kg de peixe).
Doenças, principalmente parasitas e bactérias, têm sido reportadas e têm demonstrado ser potencialmente perigosas se não forem imediatamente cuidadas especialmente durante os meses frios. Segundo João Campos, há um grande potencial a ser explorado para melhorar a performance da engorda, já que são poucas as pesquisas voltadas para os sistemas de produção, nutrição, genética, sanidade e fisiologia dessas espécies.
Atualmente o Brasil importa de países vizinhos, pintados capturados na natureza.
João Campos afirma que, apesar de não haver estatísticas confiáveis, o Brasil deve
estar produzindo ao redor de 2.000 toneladas anuais de pintado, que são comercializados nos pesqueiros e nos pontos de venda de peixes para consumo. O déficit interno associado ao grande potencial de exportação do peixe, principalmente para a Europa, traz boas perspectivas para o futuro do cultivo do pintado no Brasil.
Pesquisadores da Escola de Veterinária da UFMG, entre eles Daniel V. Crepaldi
<[email protected]>, apresentaram no WAS 2003 um trabalho onde
compararam o desempenho do surubim híbrido (P. coruscans x P. fasciatum)
com a linhagem pura de P. coruscans, num experimento de 83 dias. O teste
levou em consideração três densidades e utilizou peixes pesando em média 210
kg. Os animais foram alimentados numa taxa de 2,5% da biomassa por dia, duas
vezes por dia na proporção de 70% (18:00 hrs) e 30% (06:00 hrs). Todos os peixes
cresceram durante o experimento, mas os híbridos mostraram os melhores resultados em todos os parâmetros analisados.
O crescimento médio, ganho total de peso e ganho diário de peso para os híbridos foram de 9,06 cm, 263 gramas e 3,16 gramas. Para a linhagem pura esses resultados foram 7,9 cm, 226 gramas e 2,7 gramas. O experimento comprovou o que os aqüicultores e produtores de alevinos afirmam acerca da melhor performance
do híbrido, independente da estocagem inicial.
Uma equipe de pesquisadores da UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense, entre eles Dalcio R. de Andrade <[email protected]> e Denílson
Burkert <[email protected]> apresentaram um trabalho que fizeram sobre a filetagem
do surubim. Os peixes foram cultivados por um ano em tanques-rede, e alimentados
com três rações contendo 40% de proteína crua. O objetivo do trabalho era saber o efeito das rações no corte final do surubim e na qualidade da carne. Os peixes tinham um peso médio de 1.357 gramas e comprimento médio de 54 centímetros, e os cortes revelaram que a cabeça representava 17,07% do peixe. A carcaça com a pele, 73,31% e sem a pele 66,98%. O total de filés representou 47,79%, sendo os filés abdominais 12,22% e os filés laterais 35,57%. Os fígados representaram 1,087% do peso dos peixes. Os resultados obtidos no trabalho de Dalcio e Denilson não mostraram diferenças significativas entre as rações utilizadas. Os filés dos surubins apresentaram 58,66% de proteína bruta e 38,66% de extrato etéreo, sem que houvesse também diferenças significativas entre os tratamentos.
Um sistema mais intensificado de cultivo, utilizando filtragem biológica mostrou ser eficiente, segundo pesquisadores do Instituto de Pesca, entre eles João Donato Scorvo <[email protected]>. O estudo foi conduzido em um único tanque de 10 x 15,5 x 1,2 m instalado numa fazenda em Cerquilho, região de Sorocaba – SP. Este tanque foi dividido em seis compartimentos conectados uns aos outros, ligados a um filtro biológico. Nele, 169 animais com pesos inicias de 89 a 132,9 gramas foram distribuídos, gerando ao final de 421 dias, animais com pesos que variaram de 1,6 a 7 kg. Segundo os pesquisadores, o cultivo de pirarucu em São Paulo, em sistema fechado, com filtragem biológica e troca de apenas 5% da água diariamente, pode
ser autorizado pelo IBAMA já que o sistema não mostrou danos ao meio
ambiente, além de oferecer novas alternativas aos produtores que se dedicam
a produzir peixes voltados ao consumo humano.