Melhores Técnicas de Manejo
Por: Alexandre Wainberg – Biólogo marinho, estudante de mestrado da UFRN, vice-presidente da COOPERCAM, e proprietário da Primar com 42 hectares
Em virtude da minha participação na Cooperativa dos Produtores de Camarão Marinho do Rio Grande do Norte – COOPERCAM, tenho estado em constante contato com pequenos e médios engordadores de camarão. Neste relacionamento pude constatar que o produtor deste porte quer se munir de uma “receita de bolo” que possa seguir passo a passo e, ao final, obter a tão desejada produção. Muitos poderão pensar que esta é uma visão acanhada e que a médio prazo poderá limitar o progresso continuado do processo produtivo. Isto é parcialmente verdade, mas parte do ingênuo pensamento de que a aqüicultura é uma atividade tipicamente rural como outra qualquer e que o produtor tem algum conhecimento prévio acumulado tal como na criação de gado, galinha, porco, etc. Na realidade, a maioria absoluta dos pequenos e médios produtores nunca teve nenhum contato com algum tipo de aquicultura, muito menos com os métodos mais modernos da carcinicultura industrial. As técnicas de engorda de camarão variam um pouco em relação com o clima, espécie, nível de intensificação, porte do empreendimento e outros e, consequentemente, a tecnologia empregada também varia. A COOPERCAM elaborou uma pequena cartilha de métodos de cultivo para orientar os produtores no seu dia a dia e nela está baseado o texto abaixo. A cartilha foi elaborada por mim e por Silvana Pereira, contando também com auxílio e revisão de outros colaboradores. A cartilha não substitui a visita semanal dos técnicos da COOPERCAM, mas serve como guia básico de métodos, cuja adaptação as peculiaridades de cada propriedade são feitas de acordo com a necessidade. O cultivo de camarão é uma atividade nova e o produtor não deve prescindir de assistência técnica. As pessoas com experiência técnica no setor deparam-se todos os dias com novas situações e dificuldades, imagine um produtor sem preparo!
1 – Preparando o Viveiro para o Povoamento
A preparação do viveiro para um novo cultivo é uma etapa muito importante, influindo no sucesso ou insucesso do próximo ciclo. Algumas etapas devem ser seguidas nesse processo, como:
Secagem do Solo – O solo deve ser exposto ao sol para que seque até ficar rachado, isto acontece normalmente no prazo de 7-10 dias, em épocas sem chuva. No período chuvoso não se deve esperar pelo secagem do solo.
Manutenção de Taludes e Comportas – Durante o período de secagem do solo o produtor deve realizar, quando necessário, serviços de manutenção e reforço de taludes . Neste período deve ser realizadas, também, a limpeza das valas do fundo do viveiro, escavando pelo menos duas vezes por ano, e a manutenção das comportas e telas de comportas.
2 – Monitoramento e Correção do pH do Solo
O pH do solo do viveiro deve ser medido no período após a despesca e antes do próximo povoamento para que mediadas de correção sejam tomadas antes de ser iniciado o ciclo seguinte. A correção do pH é feita através da aplicação de calcário e as quantidades a serem distribuídas variam de acordo com o pH encontrado no solo do viveiro. O pH do solo deve ser medido coletando 6-7 amostras por hectare do viveiro (figura ), misturando as amostras em um balde e retirando uma amostra do balde para medição. A amostra deve ser seca à sombra e depois peneirada em tela de mosquiteiro. Misturar a amostra de solo peneirada em água destilada em proporções iguais, por exemplo: 100 gramas de solo + 100 gramas de água, e medir o pH da mistura. A partir do valor de pH obtido aplicar calcário segundo os valores indicados abaixo (segundo Claude E. Boyd):
pH do solo
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Quantidade de Calcário (Kg/ha)
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Maior que 7,0
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0
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7,0 – 6,5
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500
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6,5 – 6,0
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1000
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6,0 – 5,5
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2000
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menor que 5,5
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3000
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O ideal é que a dosagem do calcário seja dividida em duas partes iguais e após aplicar a primeira metade, arar o fundo do viveiro manualmente ou com micro trator, e então aplicar o restante da dosagem. No inverno, muitas vezes não é possível aplicar o calcário e arar pois o fundo do viveiro fica permanentemente úmido e é difícil andar. Neste caso o calcário pode ser aplicado de barco, com o viveiro com uma lamina d’água apenas suficiente para navegação.
Nas valas, poças e outros locais úmidos é conveniente aplicar 500 Kg/ha de cal virgem.
Eliminação de Peixes Predadores e Competidores
A eliminação de predadores e peixes do viveiro é feita pela aplicação de cloro (HTH) somente nas áreas onde houver água e em quantidades suficientes para matar os peixes. No dia seguinte à aplicação do cloro deve ser feita uma lavagem no fundo do viveiro, utilizando uma tela de mosquiteiro, para retirar o excesso de cloro. A aplicação do cloro deve ser feita no mínimo após 2-3 dias da aplicação do calcário e cal virgem.
Abastecimento do Viveiro
Após a retirada do excesso de cloro é iniciado o abastecimento do viveiro, para receber as pós-larvas, que deve ser feito utilizando a mesma tela de mosquiteiro. O abastecimento do viveiro sempre que possível deve ser feito somente com bombeamento. A entrada de água deve ser filtrada com tela de mosquiteiro para evitar a introdução de predadores. O povoamento somente pode ser realizado após dez dias do início da entrada de água. O viveiro não deve ser abastecido até o seu nível máximo antes do povoamento, deixando uma folga de 15-20 centímetros, para que se possa colocar alguma água enquanto as pós larvas ainda são pequenas.
3 – Fertilização do Viveiro
O objetivo de fertilizar o viveiro é promover o desenvolvimento de alimento natural para as pós-larvas recém estocadas e, também, para os camarões em desenvolvimento. Um viveiro rico em alimento natural significa o uso de quantidades menores de ração.
A primeira fertilização é realizada antes do povoamento, durante o abastecimento do viveiro. Para a distribuição do fertilizante devem ser observados os seguintes pontos:
– Diluição do fertilizante em um tanque ou caixa com água (isto pode levar até dois dias);
– A distribuição deve ser feita no período da manhã, de preferência entre as 7:00 e 10:00 hs;
– A aplicação do fertilizante deve ser realizada em dias ensolarados. A distribuição não deve ser feita em dias nublados ou chuvosos, evitando o desperdício dos nutrientes.
Outra forma de aplicar o fertilizante durante o enchimento do viveiro é coloca-lo em sacos de ráfia na frente da entrada de água para ir dissolvendo aos poucos a medida que o viveiro enchendo.
A quantidade de fertilizante a ser aplicada varia de acordo com a área do viveiro. Como sugestão pode-se utilizar 10 Kg/ha de uréia ou 25 Kg/ha de nitrato de cálcio + 1 Kg de superfosfato triplo ou MAP (monoamônio fosfato). Para realizar a primeira fertilização deve-se encher o viveiro até uma lâmina d’água de pelo menos 30 cm. Após a distribuição, espera-se 7 dias, durante os quais o viveiro continua sendo abastecido e após este período é aplicada outra dose se necessário de acordo com a leitura do disco de Secchi.
4 – Aclimatação das Larvas e Povoamento
A aclimatação é uma etapa muito importante do ciclo produtivo, pois tem por objetivo minimizar o estresse das pós-larvas, causado pela mudança brusca do ambiente do laboratório para o do viveiro, com parâmetros físico-químicos diferentes.
No dia anterior ao povoamento todo o material necessário para a aclimatação deve ser checado separado e os equipamentos maiores, tais como garrafa de oxigênio, tanques (500 ou 1000 litros) e preparação de galpão de proteção devem ser levados e armados.
O primeiro procedimento para aclimatação é liberar cuidadosamente as pós-larvas nos tanques de fibra de vidro ou tanques de aclimatação. Estes devem estar bem lavados para receberem as pós-larvas. A densidade não deve ultrapassar 400-500 pós-larvas/litro no final, ou seja, para um tanque de 500 litros o máximo a ser colocado é 200.000-250.000 PL´s.
Os parâmetros temperatura, pH , salinidade e oxigênio dissolvido da água das pós-larvas e da água do viveiro devem ser medidos. A comparação entre as duas situações dará ao produtor condições de definir a velocidade da aclimatação que é realizada adicionando água do viveiro no tanque. Mesmo que todos os parâmetros sejam iguais, aclimatar por pelo menos 2 horas. Todos os parâmetros medidos durante a aclimatação devem ser anotados.
Salinidade
O produtor deve informar ao laboratório fornecedor das pós-larvas a salinidade da água do viveiro, com três dias de antecedência à data de povoamento. Mesmo assim, pode acontecer de haver diferenças entre a salinidade da água das pós-larvas e a da água do viveiro, medidas no dia do povoamento. Portanto, durante a aclimatação essa diferença deve ser zerada ou minimizada, de acordo com a tabela a seguir.
Salinidade
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Troca em 1 hora
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36 – 45
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4 ppt/hr
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36 – 20
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4 ppt/hr
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20 – 15
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3 ppt/hr
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15 – 10
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2 ppt/hr
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10 – 5
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1 ppt/hr
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5 para menos
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0,5 ppt/hr
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Temperatura
Em geral quando a salinidade se iguala, a temperatura também já se igualou. No entanto, quando as pós larvas são provenientes de laboratórios muito distantes é comum que as pós larvas sejam embaladas com a temperatura reduzida. Neste caso aclimatar na velocidade de 2 graus a cada 30 minutos.
pH
As pós larvas não devem ser soltas no viveiro se o pH estiver com mais de 0,5 pontos de diferença. Neste caso a aclimatação deve continuar até que esta diferença seja atingida.
Oxigênio Dissolvido (OD)
As pós-larvas são embaladas no laboratório em sacos plásticos com água saturada de oxigênio, porém ao serem liberadas nos tanques de aclimatação esta concentração de oxigênio começa a diminuir. Para evitar que o teor de oxigênio dissolvido na água dos tanques chegue a níveis muito baixos, durante o processo da aclimatação, é necessário que o produtor faça a oxigenação da água das PL´s, através do uso de garrafas de oxigênio.
Comportamento das Pós-larvas
A observação do comportamento e estado das PL´s é importante para o estabelecimento do ritmo de aclimatação a ser realizado. Alguns fatores são indicadores de estresse do animal tais como o nível de atividade, a opacidade do músculo da cauda (cauda esbranquiçada), a freqüência de muda e a mortalidade, e natação em parafuso. Nesses casos a velocidade de alteração dos parâmetros deve ser diminuída ou até interrompida por algum tempo. Durante a aclimatação é importante que o produtor tenha náuplios de artêmia disponíveis para alimentar as pós-larvas. O alimento deve ser previamente solicitado ao laboratório na quantidade de 20 náuplius de artêmia por unidade de pós larva por hora de aclimatação.
Após a aclimatação, as pós-larvas devem ser transferidas para o viveiro por sifonamento. Este processo é executado com a utilização de uma mangueira, que deve ser usada somente para esta finalidade e estar sempre limpa (Figura ). Com o objetivo de estimar a sobrevivência e avaliar a eficiência da aclimatação, o produtor deve colocar número conhecido de animais dentro de caixas de sobrevivência , fixadas ao fundo do viveiro. Devem ser contadas para determinação da sobrevivência após 24 e 48 horas. Se possível, efetuar também uma biometria de uma amostra das pós larvas medindo o comprimento do corpo sobre papel milimetrado. Pós larvas maiores e mais uniformes em geral são melhores.
5 – Rotinas de Engorda
Nesta etapa está incluída uma série de procedimentos diários de monitoramento dos parâmetros físico-químicos da água e de alimentação dos animais.
Monitoramento dos Parâmetros (Hidrologia)
O monitoramento de alguns parâmetros de qualidade da água do viveiro, junto com observações diárias da coloração e aspectos da água, são formas de se conhecer as necessidades e as providências a serem tomadas ao longo dos cultivos (renovação de água, fertilização, calagem,etc.).
O acompanhamento dos parâmetros (hidrologia) deve ser realizado diariamente, com a utilização de equipamentos disponíveis pelo produtor (oxímetro, salinômetro, medidor de pH de água e solo, disco de Secchi, régua de nível, termômetro, entre outros), nos horário sugeridos abaixo:
Horário
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Parâmetros |
5:00 hs (manhã)
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Concentração de Oxigênio dissolvido, pH e temperatura |
11:00 hs (manhã)
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Nível dos viveiros, salinidade e transparência |
17:00 hs (tarde)
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Concentração de Oxigênio dissolvido, pH e temperatura |
O oxigênio dissolvido, a temperatura, o pH e a salinidade devem ser medidos na superfície e no fundo. Sempre que um valor “estranho” for encontrado, a medição deve ser repetida. Todos os parâmetros devem ser anotados em folhas próprias de controle. Os valores ideais para os parâmetros encontram-se na tabela abaixo:
Parâmetro | Faixa Ideal |
Oxigênio | maior que 3 mg/l |
Temperatura | 28 – 30º C |
Salinidade | 15 – 30 ppt |
PH | 8 – 8,5 |
Transparência | 40 – 50 |
Biometria
O acompanhamento do crescimento dos camarões é feito através de biometrias (medidas de tamanho e peso dos animais) realizadas semanalmente. A primeira ocorre 14 dias após o povoamento e, devido ao pequeno tamanho dos animais, deve ser realizada com pequenos arrastos com tela de mosquiteiro. A partir da segunda biometria, dependendo do resultado da primeira, pode ser usada tarrafa de malha de 5mm para a captura dos animais. A partir de 2 gramas pode-se usar uma tarrafa de malha maior.
A coleta de camarões para a biometria deve ser feita em torno de todo o viveiro e em um mesmo dia, capturando cerca de 100 animais. Estes devem ser separados e quantificados de acordo com o tamanho, para a identificação do peso médio de cada grupo e do peso médio da população.
Durante a coleta também devem ser identificados camarões doentes, com deformidades, moles, a uniformidade de tamanho da amostra e presença de camarões da maré, peixes e outros animais. Todos os dados da biometria devem ser anotados em fichas próprias de controle.
Alimentação
A época de início da alimentação está relacionada com a densidade de camarões estocados no viveiro, de acordo com o seguinte:
Densidade de povoamento | Início do Arraçoamento |
menor que 8 / m2 | 15 – 30 dias (de acordo com técnico)* |
maior que 8 / m2 | Imediatamente (de acordo com técnico) |
* Com densidades de povoamento inferiores a 8/m2 o início do arraçoamento será quando a biomassa atingir 20 g/m2.
Existem três tamanhos de grãos (pelets) de ração disponíveis no mercado: inicial, crescimento e engorda. Para viveiro povoados com mais de 8/m² usar ração inicial distribuída pela borda do viveiro duas vezes por dia na quantidade de 2-3 Kg para cada 100.000 pós larvas por uma semana. Na segunda semana aplicar 50 gramas de ração de crescimento duas vezes por dia no pé das varas das bandejas. A partir da terceira semana colocar ração de crescimento nas bandejas e reajustar de acordo com o consumo. Passar para ração de engorda quando o camarão já tiver tamanho suficiente para manipular o pelet.
Nos locais sujeitos a infeções de NHP, doença que ataca o estômago (hepatopâncreas) do camarão, é conveniente aplicar ração medicada com oxitetraciclina a 5 ppm por 5-7 dias tão logo os camarões consigam manipular o pelet de engorda e novamente ao alcançar 6-8 gramas. A ração medicada deve ser aplicada somente nas bandejas (nunca a lanço) e com no um mês mínimo de antecipação da despesca para evitar resíduos na carne do camarão.
Uso de Bandejas
As bandejas ou comedouros são utilizadas para melhor controle da ração a ser distribuída. A quantidade de bandejas por viveiro depende da densidade de povoamento, segundo tabela abaixo:(ENTRA TABELA)
Após a densidade de 20/m² não colocar bandejas nas valas do viveiro.
Forma de Distribuição
A ração deve ser distribuída pelo menos duas vezes ao dia, pela manhã às 6:00 horas e pela tarde às 16:00 horas. O início do arraçoamento é sempre feito com a distribuição de 50g de ração por bandeja por turno. A partir de então, é iniciado o controle das sobras de ração, que servirá para indicar a necessidade de reajustes. Quando for encontrada uma quantidade grande de sobra de ração, o alimentador deve reduzir a quantidade a ser distribuída no próximo período. Caso não haja sobra alguma de ração, o alimentador deve aumentar a quantidade de ração. O ideal é que a quantidade de ração, de sobra, nas bandejas seja bem pequena para demonstrar o nível de satisfação alimentar do camarão.
As bandejas devem ser limpas regularmente, pelo menos duas vezes por semana, com o cuidado de não deixar dentro do viveiro os resíduos da limpeza.
É importante observar que a concentração de oxigênio dissolvido no viveiro deve estar acima de 2,0 mg/l (medida no período da manhã) para ser feita a distribuição de ração. Para aqueles produtores que não dispõem de oxímetros, deve ser verificada a turbidez (disco de Secchi). Para situações em que a turbidez (disco de Secchi) estiver inferior a 30cm, não se deve realizar o arraçoamento matinal.
Fertilização Complementar
A fertilização inicial, realizada durante a preparação do viveiro, às vezes não é suficiente para manutenção da condições ideais de produtividade natural e, consequentemente, dos níveis adequados de turbidez da água durante todo o cultivo. Assim sendo são necessárias fertilizações complementares, que devem ser realizadas em função da turbidez (disco de Secchi) e do teor de oxigênio dissolvido na água. È aconselhável que a fertilização seja feita em viveiros com turbidez (disco de Secchi) maior que 50cm. Porém não fertilizar em viveiros com turbidez (disco de Secchi) inferior a 30cm e níveis baixos de oxigênio dissolvido.
Da mesma forma que a fertilização inicial, as fertilizações complementares utilizam 10 kg/ha de uréia ou 25 Kg/ha de nitrato de cálcio + 1 Kg/ha de superfosfato triplo ou MAP, sendo o fertilizante distribuído já diluído e antes das 10:00 horas da manhã. O fertilizante também pode ser aplicado em sacos de ráfia distribuídos pelo viveiro.
Renovação de Água
A renovação de água do viveiro tem o objetivo de evitar que o teor de oxigênio dissolvido atinja níveis muito baixos. Portanto, deve-se realizar troca de água sempre que houver uma queda do teor de oxigênio dissolvido ou a turbidez (disco de Secchi) da água estiver menor que 30 cm.
Para uma troca de água eficiente, as telas das comportas devem ser limpas freqüentemente para evitar o entupimento, que reduz a passagem de água pelas comportas. Quando os camarões atingirem peso médio superior a 6g, as telas de 1mm podem ser trocadas por telas de 4 ou 5mm, permitindo melhor renovação da água. No entanto esta troca não pode ser efetuada quando o abastecimento é realizado pela comporta e não através de bomba.
6 – A Despesca
Ao final do cultivo, o viveiro deve ser preparado para despesca, começando pela interrupção do arraçoamento dois dias antes da data da despesca e limpeza (raspagem) das paredes e piso da comporta. Depois deve ser iniciada a drenagem do viveiro para redução do nível d’água. Caso ainda estejam sendo usadas telas de 1mm, a troca por telas de 5mm deve ser efetuada, para melhorar a eficiência de drenagem. Na véspera da despesca, todo material deve ser separado e preparado para ser levado ao local de despesca. Também na véspera da despesca, tarrafear os camarões para verificar se existem camarões moles em grande número. Neste caso adiar a despesca por 2 dias.
É importante só iniciar a despesca após a chegada do gelo. A quantidade de gelo programada é de 1,2-1,5 Kg de gelo para 1,0 Kg de camarão a ser despescado. A despesca deve ser realizada preferencialmente à noite.
Todo camarão deve ser retirado vivo do viveiro e colocado imediatamente em tanques (500 ou 1000 litros) com bastante gelo e água (choque térmico), durante pelo menos 1 hora, para que fique bem gelado. Após o choque térmico o camarão deve ser limpo e separado de peixes ou outros animais, ainda existentes dentro do viveiro. Depois de separado e limpo, o camarão é pesado e embalado em caixas de térmicas (isopor) com gelo, em camadas alternadas de camarão e gelo, sendo a última camada de gelo. Desta forma o camarão está pronto para ser comercializado fresco ou enviado para indústrias de processamento, onde passará por beneficiamento.
7 – Avaliação da Produção
Ao encerrar a despesca o produtor deve estar de posse de todos os dados de cultivo: produção (Kg), quantidade de ração consumida (Kg), peso médio final (g), duração do ciclo de cultivo (dias). Desta forma pode ser avaliada a eficiência e produtividade do viveiro através do cálculo de produtividade (Kg/ha), sobrevivência (%), taxa de conversão alimentar, entre outros. Todos esses dados devem ser anotados em fichas próprias de controle, para que o produtor tome por base para comparação com outros cultivos do mesmo viveiro, buscando alternativas mais adequadas de manejo.
Próximos temas a serem abordados:
(5) fazendo contas; e
(6) enfrentando os problemas.