Jornais e sites naturalistas de todo o mundo têm bombardeado os cientistas genéticos com acusações de que são manipuladores das vidas de animais e vegetais. Estes por sua vez, se justificam através de argumentos de que seus experimentos podem trazer inúmeros benefícios ao ser humano, sejam através da possível substituição de seus órgãos ou da saciação da sua fome.
Cientistas que criaram a ovelha Dolly, o primeiro clone do mundo, já anunciaram ter desenvolvido porcos clonados, cujo feito pode revolucionar a medicina, produzindo porcos transgênicos em série, com órgãos humanizados para transplantes. Mas, como é vista a aqüicultura no meio dessa questão? De que forma o melhoramento genético dos peixes é encarado pelos ambientalistas e pela sociedade consciente?
A seguir, por sua relevância e contemporaneidade, reproduzimos a informação veiculada no “Cadê Notícias” e que fez parte dos assuntos levantados por Sergio Tamassia da EPAGRI de Santa Catarina, em abril passado, em nossa lista de discussão Panorama L.
Peixes transgênicos podem ser liberados
Ambientalistas de todo o mundo já devem estar preparando novas manifestações. A empresa norte-americana AF Protein, pode receber até o fim deste ano a permissão para comercializar os primeiros peixes geneticamente modificados. Será a primeira vez que animais transgênicos chegarão às mesas dos consumidores norte-americanos. Em fase final de testes em uma ilha do Canadá, as trutas e salmões geneticamente modificados receberam dois tipos de genes: um para aumentar a produção do hormônio de crescimento e outro para ativar este gene.
Os peixes estarão disponíveis para os consumidores dos EUA tão logo recebam o aval da Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano que regula a comercialização de alimentos e medicamentos. “Os peixes são bastante gostosos. Servimos aqui o tempo todo. Enquanto não podemos vender, nós nos alimentamos deles”, disse Elliot Entis, executivo da AF Protein.
Ecologistas são contra os “Alimentos Frankenstein”
Os defensores dos alimentos geneticamente modificados afirmam que a nova tecnologia poderia ajudar a acabar com a fome nos países subdesenvolvidos, reduzir custos de produção e reduzir a demanda por pesticidas. Segundo os ecologistas que chamam os peixes de “Alimentos Frankenstein”, os animais alterados geneticamente, cujo crescimento é até dez vezes mais rápido que o normal, poderiam representar um grande risco para a natureza, sendo necessários mais testes para que possam ser vendidos e consumidos.
Os críticos do projeto afirmam que os riscos para a saúde representados por esses novos alimentos são desconhecidos, e que os danos à natureza são potencialmente alarmantes e imprevisíveis.
Segundo a AF Protein, a tecnologia garante que apenas os peixes modificados conseguirão produzir o hormônio de crescimento e que todos eles serão estéreis.
Mas estas afirmações foram contestadas por Andrew Kimbrell, do Centro para Segurança de Alimentos, com base em Washington-EUA. Ele disse que é impossível garantir que 100% dos peixes modificados sejam estéreis. E ecologistas afirmam que se tal espécie começasse a se reproduzir na natureza, as conseqüências seriam desastrosas. Para evitar este tipo de desastre ecológico, diversas leis relacionadas à criação de peixes transgênicos vêm sendo desenvolvidas, principalmente nos EUA.