A experiência bem sucedida da Piscicultura Peixe Vivo na reprodução do pintado e na comercialização de seus alevinos instigaram o interesse de seus proprietários em estudar novas espécies nativas de grande potencial zootécnico. Foi desta forma que Carlos Linares, proprietário e responsável pelo setor de reprodução, larvicultura e alevinagem da fazenda e o biólogo Paulo Sérgio Ceccarelli pesquisador no CEPTA/IBAMA, iniciaram as pesquisas com o jundiá, o Leiarius marmoratus, um peixe de beleza rústica e bastante esportivo quando fisgado no anzol (foto de abertura).
O hábito alimentar do animal, bastante receptivo às dietas oferecidas, e a qualidade de sua carne (detalhe) despertou ainda mais o interesse da Peixe Vivo em iniciar os trabalhos com essa espécie. Na desova induzida realizada em Mato Grosso, próximo à divisa com o Estado do Pará, utilizou-se dez exemplares de jundiá (peixe onça) que foram capturados através de pescaria de anzol no rio Teles Pires e mantidos em tanques de terra na própria região, por aproximadamente um ano. Neste período, foi observado que o Jundiá, diferenciando-se da maioria das espécies de bagre, aceita muito bem a ração e frutos regionais que lhe foram oferecidos.
Os peixes variaram de 2 a 5 quilos e apresentaram dimorfismo sexual na região genital. Os machos apresentaram testículos denticulados, característica de peixes de desova parcial, enquanto as fêmeas, um par de gônadas de coloração amarela com pigmentação mais forte próximo ao período de desova, que ocorre entre novembro e janeiro.
Reprodução
A desova foi induzida com extrato hipofisário de carpas (EHC), seguindo doses de aplicações convencionais para a maioria das espécies de peixes reofílicos. Os ovários dos peixes são relativamente grandes e os óvulos pequenos se comparados aos do pintado. Os machos liberam pouca quantidade de sêmen, enquanto a ovulação das fêmeas é apenas parcial em condições de laboratório.
A Peixe Vivo, que conseguiu pela primeira vez no Brasil a reprodução induzida do jundiá, acredita que essa espécie causará um impacto positivo na piscicultura nacional e está se preparando para isso ao concentrar nela um grande esforço de pesquisa. Os alevinos são pesquisados no laboratório da fazenda e Cleuber Linares, um dos sócios da piscicultura, esclarece que a reprodução ainda não está sendo feita em escala comercial, sendo necessário uma avaliação dos primeiros resultados concretos de campo.