Um projeto que pretende propor soluções para os problemas da produção, abate, processamento e comercialização dos produtos da Ranicultura
Até 1995, era comum entre os ranicultores a afirmativa de que a comercialização dos produtos da ranicultura não apresentava problemas, pois a produção nacional não atendia à demanda, e estimulados por esta premissa, vários investimentos foram realizados em diversas regiões do país. O preço da carne de rã, principal produto da atividade, alcançou valores exorbitantes no mercado interno: US$ 18,00 a US$ 25,00, superando em muito os preços do mercado externo (US$ 6,00 a 8,00), historicamente abastecido por países que praticam o extrativismo das rãs (caça).
Em 1998 porém, esse quadro se alterou bruscamente promovido pelo aumento da produção e portanto, da oferta de carne de rã no mercado e, simultaneamente, pela redução do consumo face a crise econômica, trazendo, como conseqüência, prejuízos para os ranicultores.
Nos dois últimos anos a produção interna duplicou, sinalizando uma saturação da oferta para uma demanda historicamente reprimida. Os preços praticados começaram a cair, aproximando-se dos limites mínimos das margens de comercialização. Também a exportação, caminho natural do excedente da produção interna, ainda é um mercado pouco conhecido, pois os produtores se preocupam somente em atender a demanda nacional, não só pelo preço praticado, como também pelas dificuldades de viabilizar volumes mínimos exigidos pelos importadores.
Existem no país 11 indústrias de abate e processamento de rãs, com limitada capacidade de distribuição e comercialização dos produtos. Cinco possuem inspeção sanitária federal (SIF) e as demais são inspecionadas pelo estado (SIE). Apesar de haver teoricamente possibilidades de ampliar o valor agregado à atividade através da oferta de vários produtos das rãs, somente a carne (carcaça) é que tem sido explorada comercialmente, porque o volume de produção da matéria prima sempre foi pequeno para viabilizar os investimentos na tecnologia do processamento de produtos alternativos e/ou sub-produtos. Portanto, existe a necessidade de se criar oportunidades que possam apontar alternativas de mercado para os outros produtos da ranicultura.
Apesar da grande potencialidade que se vislumbra para a atividade, detecta-se que um dos entraves que restringe o mercado e amplia os riscos para o consumidor é que a maioria dos ranicultores são micro produtores que geralmente comercializam diretamente seus produtos de maneira artesanal, com oferta irregular e baixa qualidade, fugindo da indústria instalada.
PLATARAN
Motivado pelo desafio de solucionar os pontos de estrangulamento da produção, processamento e comercialização dos produtos da ranicultura através da efetivação de projetos cooperativos e de parcerias, surgiu o projeto “PLATARAN – Problemas da Produção, Abate/Processamento e Comercialização dos Produtos da Ranicultura” com objetivos específicos de levantar e organizar informações sobre os diversos segmentos do setor, de modo a permitir a identificação dos problemas e das potencialidades existentes. Financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia tendo como interveniente o CNPq, o projeto visa integrar os agentes que atuam na cadeia produtiva, para que, analisando conjuntamente as questões, possam definir estratégias de ação que permitam o pleno desenvolvimento da ranicultura.
Para atingir seus objetivos o PLATARAN vem realizando visitas técnicas aos principais ranários, indústrias de abate e processamento, aos distribuidores e outras empresas de comercialização e levantando dados sobre a atual situação do mercado internacional, de forma a identificar o potencial de produção dos países concorrentes, a demanda do mercado consumidor e as barreiras alfandegárias ao produto nacional nos principais países consumidores.
Segundo Samuel Lopes Lima, coordenador geral do Projeto PLATARAN, espera-se ao final do trabalho a efetivação de convênios, acordos e negócios que possibilitem a consolidação de uma rede de produção e comercialização mais eficiente e segura, gerando mais divisas para o país e renda para o setor, garantindo assim a preservação dos investimentos efetuados até então no desenvolvimento tecnológico desta atividade.
Parcerias
Para Tancredo Almada Cruz, coordenador de comercialização do projeto, as propostas do PLATARAN devem resultar em parcerias com ranicultores e empresas de diversos segmentos para aumentar a capacidade de produção nacional, viabilizando assim a industrialização de novos produtos e propiciando um maior volume de negócios na atividade. Espera-se parcerias com as indústrias de ração, visando a redução do custo desse que é o principal insumo da criação de rãs e com as indústrias de abate e beneficiadoras de carne e outros sub-produtos, para ampliar as alternativas e o valor agregado da atividade. Espera-se também parcerias com empresas de alimentos congelados, enlatados e similares e a centralização das informações de todas as etapas do processo produtivo, viabilizando uma política de gerenciamento integrado entre os diversos participantes da cadeia de negócios que envolvem a ranicultura.
Já na fase inicial, o PLATARAN identificou a falta de dados para orientar os grupos interessados em investir na atividade, já que a indústria que irá beneficiar a carne produzindo embutidos ou enlatados necessita saber qual é o volume de matéria prima disponível, qual a atual produção nacional de rãs e onde se localiza. Precisa saber também em que regiões do país há capacidade de expansão do setor, dados sobre o perfil do consumidor e, características do mercado interno e externo.
Workshop
Consultores convidados para o Projeto PLATARAN estão elaborando individualmente seus pareceres para apresentá-los em reunião que acontecerá em Viçosa (8 e 9 de abril) para, em conjunto, elaborarem uma lista de propostas e recomendações que será apresentada aos ranicultores, industriais e comerciantes na plenária de um workshop que seguirá a esta reunião (10 e 11 de abril).
Visando atingir o objetivo desse seminário, a comissão organizadora espera a participação das lideranças e dos representantes regionais do setor a quem solicita que a inscrição seja providenciada com antecedência pois o acesso às atividades será exclusiva aos convidados que confirmarem previamente a presença. Não será cobrada nenhuma taxa de inscrição e as despesas de viagem, hospedagem e alimentação serão custeadas pelos participantes. Mais informações na FUNARBE/ Campus Universitário, Tel.: (031) 891-3204 ou e-mail: samuel @ mail.ufv.br