Em julho passado estivemos visitando fazendas e laboratórios de pós-larvas de P. vannamei e P. monodon no Vietnã, com o objetivo de atualizar as metodologias de produção, conhecer como estão enfrentando os desafios de altos custos de produção e preços de venda abaixo dos custos e buscar possibilidades para incrementar a indústria da carcinicultura do Brasil. Naquele período, tivemos a oportunidade de participar do “Shrimp Summit”, evento realizado entre os dias 24 e 26 em Ho Chi Minh City, Saigon.
Foram dois dias de rico networking e dois dias de visitas a projeto intensivo de P. vannamei – Min Phu Tank Farm e cultivo orgânico de P. monodon do mesmo grupo. Entre as diversas apresentações e mesas redondas, teve um assunto que chamou a atenção por contrapor a estratégia que se usa na Ásia e a que se emprega no Equador: melhoramento genético de P. vannamei.
Dentre os palestrantes, dois chamaram a atenção por seus comentários, de certa forma, opostos: Robins MacIntosh defendeu o uso de instalações controladas e sem patógenos, enquanto o geneticista João Luis Rocha argumentou pelo uso do ambiente comercial como ele é naturalmente. Destaco a seguir os pontos principais da mesa redonda.Atualmente as empresas de Melhoramento Genético usam três tipos de programas: Cada um desses programas tem seus pontos favoráveis e desfavoráveis, embora nenhum deles deva ser desconsiderado num momento de decisão sobre qual caminho adotar e como investir.
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A escolha por um ou outro programa vai depender do objetivo que se pretende com relação à “produtividade” de uma empresa ou da indústria, desde que essa esteja organizada para tal demanda e, principalmente, dos recursos destinados ao investimento. Cada indústria tem sua particularidade, demanda, organização, suporte público, tipo de comércio interno ou internacional. Ao final, busca-se a lucratividade e viabilidade do negócio num contexto de uma indústria organizada e próspera.
Segue um resumo dos ganhos alcançados pela indústria do Equador, que tem adotado a Seleção Massal, apresentado pelo geneticista João Luis Rocha.
Para ilustrar, são mostrados a seguir alguns dados de 2022 de países que têm usado a opção de exclusão dos patógenos, Seleção de Famílias em Núcleos de Melhoramento fora da indústria, em sistemas intensivos, semi-intensivos e extensivos.
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Fica a pergunta: existe um programa de melhoramento melhor do que o outro? Os comparativos apresentados mostram que há, sim, diferentes opções de melhoramento levando em conta a realidade de cada indústria. Cabe a cada uma estudar os prós e os contras específicos para o seu negócio e fazer a melhor escolha.