Em 1991 o setor de engorda, o maior de um ranário, foi o que mais requereu a atenção dos produtores enquanto os setores de reprodução e girinagem pouco evoluíram. A tendência atual é a utilização de galpões de engorda com baias onde podemos encontrar um conjunto de abrigos, cachos e piscinas para os animais. É a mescla do sistema de confinamento desenvolvido pela Universidade Federal de Uberlândia com o sistema Anfigranja da Universidade Federal de Viçosa.
Infelizmente a prática de improvisar para baratear o investimento inicial tem impedido que os objetivos iniciais de produtividade sejam alcançados. Mesmo assim levantamentos realizados pela ARERJ indicam que a produtividade média na engorda alcançou em 1991 5 kg/m2/ano.
Um novo sistema de engorda vertical, o Ranamig, foi lançado no mercado. Neste, as rãs são alojadas em andares sobrepostos. A idéia, ao que parece, seguiu o principio da criação em gaiolas desenvolvido pelo Instituto de Pesca de São Paulo, mas, o Instituto vem. utilizando as gaiolas com o objetivo de determinar metodologias de pesquisa, ainda estando em estudo o seu uso à nível comercial. Diversos criadores, estão usando a idéia básica desse sistema com modificações e experimentando o equipamento. Ainda é muito cedo para falarmos do desempenho dos animais, haja visto, que ainda não dispomos de uma produção de carne significativa neste sistema, nem informações técnico-científicas, de órgãos de pesquisa, mas acompanhamentos estão sendo feitos à nível de campo.
Outro avanço foi com relação as práticas de manejo utilizadas, entre elas, o manejo profilático dos animais e instalações, que reduziram o índice de mortalidade de 50% em 1988 para 28% em 1991. Na tabela 1 está o resumo da produção nacional de carne de rã. Cabe salientar que, por terem sido recentemente implantadas em 1991, muitas anfigranjas cuja capacidade de produção era de 46 mil kg, não trabalharam com capacidade plena.
ALIMENTAÇÃO
Na fase inicial de engorda, as rãs precisam de um estímulo para iniciar o consumo de ração. A mosca doméstica criada em confinamento, alimentada com leite e açúcar na fase adulta e com ração na fase larvar ainda é o atrativo mais usado. A larva é consorciada na proporção de 30 a 5 % com a ração até a sua eliminação total. Já não se faz uso de sub-produtos de entrepostos de pesca e abatedouros para a obtenção de larvas pois esse tipo de procedimento levou ao fechamento muitos ranários por problemas de ordem sanitária. O uso do cacho vibratório ainda passa por estudos de viabilização.
No ano de 1991, de acordo com levantamento realizado pela ARERJ no estado do RJ, a conversão alimentar no setor de engorda melhorou significativamente. De 4:1 em 1989 a taxa de conversão caiu para 2,4:1 em 1991. Esta melhoria deveu-se à disponibilidade de ração a um custo relativamente baixo, viabilizado pela compra em conjunto, pela ARERJ e ABRAT, possibilitando uma maior padronização do tempo de engorda e um melhor desempenho dos animais.
Ainda permanecem desconhecidas as exigências nutricionais e a digestibilidade dos ingredientes utilizados nas rações em todas as fases do ciclo vital das rãs. Seguindo as sugestões dos pesquisadores da área, as rãs vem sendo alimentadas com rações peletizadas e extrusadas para trutas (peixes carnívoros) por serem os peixes próximos dos anfíbios na escala zoológica e ser este grupo bem estudado.
Com o fortalecimento da atividade, grandes fabricantes de ração começaram a se interessar e ver na ranicultura um mercado promissor. Recentemente a Mogiana Alimentos S.A. lançou sua ração experimental para engorda (DaRã) e que vem passando por perfeiçoamentos. A Vitasa Com. E Exp. Ltda. Já comercializa ração farelada para girinos, estando o seu uso restrito a poucos produtores.
O avanço das pesquisas, aliado ao interesse dos fabricantes de ração em entrar no mercado, devem acarretar, em futuro próximo, um grande avanço na alimentação de rãs.
PROCESSAMENTO
A maioria dos ranários é de pequeno a médio porte. O abate dessas rãs vem sendo feito dentro das condições higiênico-sanitárias satisfatórias seguindo a metodologia de abate padronizada pelo Ministério da Agricultura – MARA. A meta das associações e entidades de classe é ter um abatedouro-frigorífico comum a todos os produtores para o abate em instalações ideais conforme as exigências do Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Apesar do número reduzido, muitos dos abatedouros frigoríficos existentes hoje, operam no vermelho com um alto custo de operacionalização e manutenção. Assim as ‘empresas-ranários’ mesmo já possuindo abatedouros-frigoríficos, começam a comercializar animais vivos para o mercado externo.
Os produtores precisam de uma legislação mais adequada ao seu porte de produção viabilizando dessa maneira a construção de um abatedouro frigorífico para o seu produto.
PROBLEMAS E SOLUÇÕES
Os problemas ainda são muitos. A ranicultura não possui um pacote tecnológico fechado, a exemplo da avicultura e suinocultura. Atualmente muitos problemas estão sendo apenas contornados e virias pesquisas estão em andamento.
A inexistência de linhagens comerciais que venham a responder de maneira satisfatória às evoluções nas instalações, manejo e nutrição é hoje o fator mais limitante e isto sem resolvido através de um rigoroso trabalho de melhoramento genético.
Quanto às soluções; 1991 marcou a união de pesquisadores e técnicos em ranicultura de todo o País. Duas reuniões importantes foram realizadas na Universidade Federal de Viçosa – MO, onde foram discutidos problemas e soluções práticas, andamento, observações e metodologias aplicadas na pesquisa.