Ranicultura Asiática:

Um exemplo de como a Atividade pode Expandir

Por: Gustavo Braga – e-mail: [email protected]


Durante o período de 02 e 14 de março de 1999, o engenheiro agrônomo Gustavo Braga teve a oportunidade de conhecer a ranicultura asiática. Gustavo, que é professor da Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilheus – BA foi convidado para este trabalho pelos coordenadores do Projeto Plataran, com o objetivo de obter informações precisas a respeito da produção de rãs nos países asiáticos. Após três meses de intensa busca de contatos foi possível programar um roteiro de viagem que começou por Taiwan, passando pela República Popular da China (China continental) e terminando na Tailândia. A Indonésia, que a princípio estava incluída entre a lista de países a serem visitados, foi excluída devido a problemas sociais que este país se encontrava.

Taiwan

Depois de 360 anos sendo chamada de Formosa e de 30 anos de China Nacionalista, Taiwan conseguiu ser finalmente reconhecida e respeitada por seu próprio nome que significa prosperidade. Apesar do antigo entrave diplomático com o governo de Beijing, da China continental, os taiwaneses conquistaram um excelente nível de vida e ainda conseguiram manter suas tradições na arte e na arquitetura. Taiwan é uma ilha de 35.962 quilômetros quadrados (pouco menor que o Espírito Santo) e clima quente durante quase todo o ano, situada a 200 quilômetros de distância da China continental. Ao sul, seu vizinho mais próximo é o arquipélago das Filipinas, ao norte está a Coréia e a nordeste o Japão. Ao chegar em Taiwan, me dirigi a sua capital Taipei, onde fui recepcionado por Ming Chao-Ling, pesquisador da National Taiwan University, que me apresentou ao líder dos ranicultores da cidade de Ping Tong, localizada ao sul da Ilha.

Ping Tong caracteriza-se por ser uma região agrícola, tendo as culturas de arroz, banana, goiaba, palmeira e as produções de frango, camarão de água doce e rã-touro (Rana catesbeiana) como as principais atividades. Nessa cidade estão localizados mais de 90% de todos ranários (cerca de 250 a 300) de Taiwan, que em média têm área superior a 1200m2.

O líder local, além de trabalhar diretamente na produção, também organiza as transações comerciais para venda das rãs em Taipei. Parte da produção é vendida viva ou congelada no mercado local e o restante é exportado, vivo ou como coxas, principalmente para os EUA e, em menor proporção, para a França. Segundo as informações locais, entre os países asiáticos, Taiwan detém a maior parcela de exportação de rãs provenientes de cativeiro, tendo a produção anual estimada em 3.000 toneladas de rãs vivas. Assim como no Brasil, os órgãos oficiais locais não possuem dados precisos de produção, abate e comercialização dos produtos da rã.

O sistema inundado é amplamente difundido e utilizado em todos os ranários da Taiwan. Os primeiros modelos de ranários, construídos há mais de 20 anos, eram semelhantes ao nosso conhecido sistema tanque-ilha. Muitos aperfeiçoamentos levaram às instalações preconizadas atualmente, caracterizadas por baias de alvenaria com área útil variando de 16 a 25 m2, paredes laterais com altura de 50 cm e cobertura de sombrite (Foto).

Ranicultura chinesa com baias do sistema inundado
Ranicultura chinesa com baias do sistema inundado

O nível da água nas baias destinadas a fase de recria varia de acordo com o tamanho dos animais, de modo que somente o corpo dos animais fiquem submersos. A água nessas baias é constantemente renovada, entrando por um cano localizado acima do nível desejado e saindo controlada através de um cotovelo móvel instalado externamente. Uma limpeza mais rigorosa é feita a cada 15 dias, utilizando apenas vassoura.

Essas baias também são utilizadas para a obtenção de desovas (setor de reprodução), desenvolvimento dos girinos (setor de girinos) e produção de rãs (setor de recria), sendo as práticas de manejo as principais diferenças entre cada um desses setores. Para o setor de reprodução, as baias têm 1/3 da área coberta com aguapés (local da desova) e a relação entre machos e fêmeas é de 1:1 num total de 40 reprodutores por baia de 25 m2.

Alguns ranicultores adquirem girinos de outros ranários que têm na comercialização do excedente uma fonte de renda secundária. Situação semelhante é observada na ranicultura brasileira, principalmente nos meses mais quentes do ano, quando a oferta de girinos em algumas vezes excede a demanda.

O período de reprodução da rã-touro em Taiwan se estende de fevereiro a agosto, que corresponde às estações de primavera e verão no Hemisfério Norte. Imediatamente após a desova ter ocorrido, os ovos são transferidos para tanques menores (1x1x0,20m), ficando na superfície da água, sobre pedaços de telas de nylon e protegidos da insolação direta. Decorrido o tempo para que os girinos atinjam aproximadamente 1 cm, estes são transferidos para as baias maiores com lâmina d’água em torno 30 cm.

Alguns girinos albinos foram encontrados em um dos ranários, e segundo o líder local, quando alcançam a fase pós-metamórfica, não apresentam capacidade de reprodução. Esta variação incomum e também observada no Brasil, confere menor resistência aos animais.

Concluída a metamorfose (±3 meses), os imagos permanecem na mesma baia com densidades inicial de 200 rãs/m2, sendo gradativamente reduzida para 120 rãs/m2 quando os animais chegam a 300 gramas (6 a 7 meses). A triagem dos animais, feita constantemente, vai do início da fase de recria até as rãs atingirem peso médio de 40 gramas. O objetivo desse trabalho é uniformizar o tamanho dos animais, diminuindo assim problemas de competição e canibalismo.

O índice de sobrevivência desde a desova até o peso de mercado (300 gramas), estimado em 30% é inferior ao observado em muitos ranários no Brasil. O custo de produção gira em torno de US$1,7/kg vivo e o preço médio praticado para exportação por quilo vivo é de US$2,7.

De acordo com produtores de Taiwan, as principais doenças que atacam as rãs são: Red Legs (pernas vermelhas) e distúrbios no Sistema Nervoso Central, cuja sintomatologia é a falta de equilíbrio e comportamento giratório (diagnóstico também detectado no Brasil). No passado alguns problemas com rãs apresentando intestino com sinais hemorragia aconteceram quando se utilizava larva de mosca obtida na natureza. O período de maior incidência de doenças ocorre no verão, embora seja a época de melhor crescimento das rãs.

A faixa de temperatura considerada ideal pelos produtores taiwaneses é a mesma também considerada pelos ranicultores brasileiros e encontra-se entre 25 e 30°C. Os produtores taiwaneses utilizam ração extrusada, lançada diretamente na água. As rações provenientes de diferentes fábricas de Taiwan (Foto), possuem a mesma composição e são vendidas com cinco diferentes tamanhos de peletes. O custo é de US$0,80 por quilo e, segundo alguns ranicultores, a conversão alimentar é de 1:1 (relação dificilmente encontrada em situações de campo nos ranários no Brasil).

O abate das rãs, tanto para venda no mercado interno como para exportação, ocorre em galpões abertos com cobertura de telhas, localizados próximo aos ranários. As rãs são colocadas em recipientes com água e gelo, e o processamento ocorre sobre uma mesa de inox de 5 metros, com dez pessoas (cinco de cada lado). A carcaça é deixada durante à noite em uma solução de água clorada para desinfecção e posteriormente embalada e congeladas em freezer. A embalagem plástica não contém nenhuma especificação sobre o produto, validade e procedência das rãs. Somente as destinadas à exportação contém informações sobre o revendedor e peso da embalagem. O interesse pelo mercado de rãs vivas se dá pelo fato das pessoas apreciarem pratos feitos não só com a carne mas também com certas partes das vísceras (como o estômago).

A China Continental

A segunda parte da viagem, que foi realizada com o apoio da Embaixada do Brasil na República Popular da China, me possibilitou conhecer na superpovoada capital Pequim, o Beijing Fisheries Research Institute (Instituto de Pesquisas com Pescados de Pequim). O pesquisador Dr. Qiu Liming responsável pela área de ranicultura do Instituto além de coordenar a visita, viabilizou a obtenção de todas as informações solicitadas.

A criação de rãs na China foi iniciada a partir de 1959, quando casais de rã-touro trazidos de Cuba, foram introduzidos no país. No mesmo período também foi introduzida no Japão, que apenas a reproduz em laboratório para execução de experimentos.

O clímax da ranicultura, em termos de quantidade de rãs produzida na China, foi entre 1994 e 1996, coincidindo com a introdução do sistema inundado na costa sudeste do continente. O preço no início desse período chegou a 50 Yuan/kg (1US$=8,29 Yuan’s) e este foi o principal fator a incentivar o aparecimento de inúmeros ranários. Como houve uma super oferta do produto no mercado, o preço despencou e muitos ranários foram fechados. Atualmente a situação se encontra mais estável com o quilo vivo variando de 20 a 30 Yuan’s (US$ 2.40 a 3.60).

Segundo informações do Dr. Qiu Liming, além da Rana catesbeiana, existem mais outras quatro espécies do mesmo gênero sendo cultivadas. A R. grylio também originária da América do Norte, tem peso máximo entre 600 e 800 gramas e é tão cultivada na China quanto a própria rã-touro. Outras três espécies são encontradas naturalmente no território chinês. A R. boulengeri, com peso máximo de 400 gramas, é muito procurada por ter indicação médica (no tratamento de doenças digestivas) e por isso, está cada vez mais difícil de encontrá-la. A R. temporaria chensinensis (peso máximo = 100g) e R. tigrina rugulosa, originária da Tailândia (Foto) começaram a ser criadas em cativeiro a partir de 1994, em pequena escala.

Exemplar de Rana tigirina rugulosa
Exemplar de Rana tigirina rugulosa

A diversidade climática, aliada as peculiaridades das regiões explicam os diferenças observadas entre as instalações utilizadas pelos ranários em diferentes regiões da China. O maior número de ranários se concentra nas regiões mais ao sul do país onde a temperatura é mais favorável para o desenvolvimento das rãs. De uma forma geral pode-se destacar três formas básicas (sistemas) para criação de rãs nesse país. A primeira delas é caracterizada por um sistema semi-intensivo, onde as rãs são criadas nos tabuleiros de arroz nos meses mais quentes do ano. Na primavera, imagos produzidos em estufas agrícolas (green houses) ou mesmo em tanques de terra maiores com uma ilha central, são colocados nos tabuleiros de arroz, cercados com tela de nylon. Nesse momento as plantas têm altura próxima a 25 cm e as rãs apresentam peso entre 25 a 30 gramas. O arraçoamento é feito apenas no início até que a população de insetos (atraídos à noite por lâmpadas) seja suficiente para garantir a alimentação dos animais. O ponto de colheita do arroz coincide com a coleta das rãs e este processo é utilizado até o início de outono.

O segundo sistema é semelhante ao de baias inundadas, utilizado em Taiwan, porém não é muito difundido por requerer maior custo de implantação. Para conhecer o terceiro e último sistema fomos para a Província de Hainan, uma ilha localizada mais ao sul da China, com 38.000 km2 . Inicialmente, a produção de rã nessa província se caracterizava pela exploração da rã-touro, entretanto, os consumidores de rãs têm preferência pelo sabor da carne da R. tigrina rugulosa. A criação desta espécie alcançou maior desenvolvimento em 1998, ano em que a produção chegou a 800 toneladas de animais vivos.

Uma das cidades da Província de Hainan, com 40.000 habitantes, possui 58 ranários, todos com o mesmo modelo, copiado de uma ranário pioneiro na região, implantado em 1994, com mais de 1 hectare de área construída (Foto).

Ranário da Província de Hainan
Ranário da Província de Hainan

As baias com 12 m2 tem uma ilha de 2m2 , localizada sob a parte coberta que representa 1/3 da área da baia. As baias têm a versatilidade de serem usadas para obtenção de desovas e criação de girinos e rãs, variando-se apenas a densidade de animais e o nível da água.

Os diretores de Departamentos de Agricultura e Aqüicultura da província estão muito interessados em iniciar a exportação de animais, e por isso, mostraram-se bastante interessados em obter informações a respeito do processamento e comercialização do produto. Reconhecem a necessidade de adquirir mais tecnologia para executar tais procedimentos, propondo para isso a formação de parcerias com países como o Brasil.

O comércio de rãs nessa província ocorre em mercados e também em restaurantes, onde são expostas em aquários ao público. Após a escolha do animal, esse é abatido em casa ou na cozinha do restaurante e limpo de forma bastante semelhante ao pescado em geral. Era comum encontrar pratos a base de carne de rã nos cardápios dos melhores restaurantes das cidades.

A maior parte da produção chinesa de rãs é consumida internamente, pois tradicionalmente a carne de rã é utilizada na culinária e a forma mais comum de comercialização nos mercados é a venda de animais em pacotes de 500 gramas, com preço variando de 12 a 15 Yuan’s, enquanto que nos restaurantes os pratos têm preços triplicados. Como existe um mercado informal bastante significativo e não há nenhum controle por parte de instituições ou mesmo de associações, o volume de produção é praticamente impossível de se mensurar. A venda de rãs nos mercados populares de Beijing (Pequim) está proibida pelo governo há dois anos, devido a constatação de contaminação por cólera. De acordo com as normas locais, somente pode-se obter carne de rã em restaurantes, porém consegue-se comprar o animal vivo em mercados clandestinos.

O interesse de conhecer o sistema de produção de rãs utilizando estufas agrícolas me levou a visitar a Província de Hebei, situada a 100 km ao sul da capital, onde o clima é frio da região, com temperatura ao redor de 10°C no início da primavera. Nesse sistema os imagos produzidos em estufas, ao invés de serem colocados nos tabuleiros de arroz, permanecem nas estufas até o ponto de venda. Cada módulo tem aproximadamente 200 m2 e as paredes laterais têm estrutura de tijolo maciço (Foto).

Produção de rãs utilizando-se estufas agrícolas
Produção de rãs utilizando-se estufas agrícolas

O teto coberto por plástico apresenta uma inclinação onde o lado mais alto tem altura de 1,80m e o mais baixo ao redor de 40 cm, em relação ao chão. A piscina, com profundidade máxima de 50 cm, representa 50% da área do piso e a parte seca de cimento é utilizada para a colocação do alimentos. A obtenção de desovas e o desenvolvimento de girinos e rãs ocorrem em módulos exatamente iguais ao descrito anteriormente. Para as rãs em crescimento, a densidade utilizada nesse tipo de instalação é de 5 rãs/m2 e a porcentagem de sobrevivência do girino até o animal adulto é inferior a 10%, sendo que na fase inicial acontecem as maiores perdas.

Dr. Qiu Liming, relatou que na década de 80 foram usados outros alimentos alternativos como peixes, porém com o aumento da produção de rãs houve a necessidade de se utilizar alimentos de maior qualidade nutritiva e em maior quantidade. Inicialmente importava-se ração de Taiwan que posteriormente passou a ser fabricada no próprio país. Para os girinos, a porcentagem de proteína nas rações é de 40%, para rãs jovens é de 36% e, para os adultos e reprodutores, 30 %; as matrizes recebem ração com maior quantidade de minerais. O valor pago por quilo de ração decresce a medida que se reduz o teor de proteína. Utiliza-se ração e alta porcentagem de larvas de Tenebrio utilizados como atrativo. Na opinião do produtor é mais fácil produzir larvas deste coleóptero do que as larvas de mosca, com custo de produção ao redor de US$0,50/quilo.

Problemas com doenças, especialmente a do “olho branco” (com pouca importância no Brasil), ocorrem principalmente no mês de setembro após o término do verão.

Tailândia

A última parte da viagem ficou reservada à Tailândia, um país que se caracteriza por suas cores vibrantes, pelas multi-facetas de sua cultura e pela hospitalidade generosa do seu povo. Na capital Bangkok, uma metrópole cujo caos reflete o dinamismo evidente do seu comércio, a produção de rãs não é permitida pelo governo. Entretanto, na Chulalongkorn University realizam-se pesquisas com rãs nas área de reprodução, genética, entre outras. A Dra. Putsatee Pariyanonth, professora de Biologia nessa universidade, localizada na capital me auxiliou nas visitas aos ranários da cidade de Chiang Mai, localizada a 400 Km ao norte da cidade de Bangkok, cuja temperatura ambiente é bastante conveniente para a criação de rãs. Tais temperaturas se assemelham as encontradas na região Centro-Oeste do Brasil.

Grande parte da produção é consumida no próprio país e uma pequena parte é exportada esporadicamente para países vizinhos como Singapura. Os tailandeses têm o hábito de comer carne de rã, sendo a da espécie Rana rugulosa mais apreciada que a R. catesbeiana. Além da carne, alimentam-se também das vísceras, e em alguns pratos a pele é mantida. A Rana rugulosa, é encontrada em vários locais na natureza e também na maioria dos ranários. O tempo necessário para que essas rãs alcancem a metamorfose varia de 28 a 45 dias, atingindo ponto de venda após cinco a seis meses, tempo este semelhante ao observado para o desenvolvimento da rã-touro. O animal é vendido vivo nos mercados com peso médio de 200 gramas e o preço por quilo varia entre US$ 4,00 e US$ 5,00.

A cidade de Chiang Mai caracteriza-se por possuir áreas planas de baixadas cercadas por montanhas, e seus ranicultores podem ser separados em três grupos, distribuídos nas pequenas vilas. O primeiro, situado na parte intermediária das montanhas, é representado por pequenos produtores rurais, os quais têm grande diversidade na produção, sendo a ranicultura mais uma opção de fonte de renda. Em geral, possuem em torno de 8 a 10 baias, com área inferior a 4m2/baia. Produzem principalmente a rã nativa, ficando o inverno destinado à produção da rã-touro que, segundo eles, tem melhor desempenho nessa estação. O segundo grupo, localizado nas partes mais altas da montanha refere-se a produtores que se estabeleceram em áreas irregulares e ainda menores que as anteriores. No entanto, a ranicultura tem a mesma função de complementação de renda. Cada produtor, normalmente, tem no máximo duas baias (1X2m). A preferência é pela rã-touro pois, segundo eles, é mais fácil de ser criada e nos meses de baixa temperatura, quando não se encontra a rã nativa no mercado, a rã-touro alcança mais valor. No último grupo que ocupa áreas planas como no primeiro, as baias de diferentes produtores estão localizadas em uma mesma área. A mesma instalação é utilizada para a produção de girinos e rãs. A densidade normalmente preconizada é de 100 rãs/m2, independente da espécie produzida. Todos os produtores visitados são assistidos pelo Huai Hong Khrai Royal Development Study Center, onde a Dra. Putsatee realiza pesquisas, ensino e treinamento, além do trabalho de reprodução e distribuição de girinos para os produtores. Nesse Centro existem baias com a rã nativa e a rã-touro, que são consideradas matrizes. Através da aplicação de hormônios gonadotróficos é possível obter desovas dessas espécies por um período maior de tempo quando comparado com situações naturais. Os girinos são transferidos para outros tanques nos primeiros dias de vida, onde recebem oxigenação.

Quanto à alimentação, todos os produtores são instruídos a fornecer aos animais ração comercial, destinada à criação de catfish. Para os girinos, o arraçoamento é feito com peletes extruzados contendo 35% de proteína bruta. Após a metamorfose, os imagos são alimentados com peletes pequenos e a medida em que as rãs se desenvolvem, aumenta-se o tamanho do pelete, também reduzindo o teor de proteína. O custo da ração está próximo de US$0,50/kg e, até o momento não existem problemas com doenças.

A Malásia, Indonésia, Vietnã e Tailândia também participam do mercado de exportação de rãs, mas infelizmente não foi possível obter informações concretas da atividade nesses países.

Como resultado da visita pude perceber que o consumo de carne de rã é bastante comum entre os asiáticos e que Taiwan é um dos locais mais evoluídos na técnica de criação em cativeiro, apresentando boa produtividade e mercado consolidado.