Rio de Janeiro vai sediar o ISTA 2000

A American Tilapia Association – ATA, escolheu o Brasil e a Cidade do Rio de Janeiro para sediar o seu 5o International Symposium on Tilapia in Aquaculture e, para isso, contará com o apoio da Revista Panorama da AQÜICULTURA, que recepcionou em julho último seu Vice presidente, Kevin Fitzsimmons. Além dos acertos referentes a esse importante evento, que acontecerá de 2 a 5 de setembro do ano 2000, a Panorama da AQÜICULTURA conversou com Kevin sobre as expectativas que giram ao redor do ISTA e suas impressões sobre a Cidade Maravilhosa.


Panorama – Por quê o Brasil foi escolhido para receber o ISTA do ano 2000?
Kevin Fitzsimmons – O primeiro International Symposium on Tilapia in Aquaculture – ISTA, foi realizado em Israel em 1984. Israel foi um dos primeiros países a desenvolver bastante a tilapicultura. O segundo ISTA aconteceu em 1987 na Tailândia, outro importante centro de pesquisa e produção desses peixes. O terceiro ISTA foi em Abidjan na Costa do Marfim em 1991 e, o quarto foi realizado em Orlando – EUA, em 1997. Nosso interesse agora é promover um encontro na América do Sul, por ser uma região na qual ainda não realizamos nenhum congresso e também porque a produção de tilápia no Brasil tem crescido muito rapidamente. Seus grandes recursos hídricos e climáticos e sua grande disponibilidade de terra e mão de obra, obviamente asseguram que esse crescimento vai prosseguir, e de forma muito acelerada.

Panorama – Quantas pessoas estiveram em Orlando e qual a sua expectativa para o 5º ISTA no Rio de Janeiro?
Kevin Fitzsimmons – Tivemos 400 participantes na conferência de Orlando e tenho a expectativa de que mais de 600 pessoas estarão reunidas em torno da tilápia, na conferência do Rio de Janeiro, em setembro do ano 2000. Panorama – De que forma a realização de um ISTA pode contribuir para o desenvolvimento da tilapicultura no país onde é realizado? Kevin Fitzsimmons – Esses encontros têm diversas seções e nelas temos muitas apresentações técnicas que divulgam os resultados de pesquisas, que trazem novas informações sobre nutrição, doenças, hibridações, etc., de grande interesse para os produtores. Também temos seções chamadas “outros produtores” onde produtores de diferentes países relatam como desenvolvem suas produções, o que acreditamos será de grande ajuda para os produtores brasileiros. Outra importante parte do congresso é a feira, sempre uma grande oportunidade para as empresas que vendem rações, equipamentos, produtos ou serviços voltados para a produção de tilápia, se apresentarem para o seu público. Além disso, a feira é também uma grande oportunidade que os produtores possuem para fazer comparações entre os produtos que lhes são oferecidos.

Panorama – Já existem confirmações importantes para o evento?
Kevin Fitzsimmons – Sim, teremos um grande grupo de pessoas vindo da maior fazenda produtora de tilápias do mundo, que está localizada na Costa Rica. Já está confirmada também a presença do Dr. Phil Klisias da Auburn University, um dos maiores especialistas do mundo em doenças de tilápia. O evento trará pesquisadores do International Center for Living Aquatic Resources Management – ICLARM das Filipinas, um dos nossos co-patrocinadores internacionais para este evento e, atrairá também participantes da Tailândia, Inglaterra, México, Jamaica, Argentina, Colômbia, Venezuela, além de alguns países da África. Para nós da American Tilapia Association (ATA) é importante poder contar também com a presença dos especialistas brasileiros para falar aos demais sobre os recentes avanços da tilapicultura no Brasil, bem como das diversas possibilidades deste peixe no mercado local.

Panorama – O comércio internacional será destaque nesse 5º ISTA?
Kevin Fitzsimmons – Sim, um dos principais temas será o comércio internacional de tilápias.

Panorama – Como um especialista, como você vê a entrada da tilápia brasileira no mercado americano?
Kevin Fitzsimmons – A demanda por tilápia está aumentando nos EUA. Estamos vendendo mais em lojas, restaurantes, escolas o que faz com que cada vez mais pessoas conheçam a tilápia, aumentando essa demanda. Uma pesquisa realizada recentemente constatou que somente 3% das pessoas em toda a América conhecem a tilápia. Dessa forma, temos ainda um mercado representado por 97% da população americana para consumir tilápia. Estou certo de que toda produção com boa qualidade encontrará mercado dentro dos EUA.

Panorama – Será difícil para o Brasil concorrer com outros países, principalmente os da América Central, tradicionais fornecedores do mercado americano?
Kevin Fitzsimmons – Costa Rica, Honduras, Panamá e El Salvador, todos esses países estão produzindo praticamente no limite de seus recursos hídricos. A maior dificuldade que alguns grandes produtores estão tendo no momento é que estão usando toda a água que têm disponível. Atualmente muita pesquisa e esforço estão sendo necessários para que possam fazer um melhor uso da água através de recirculação ou filtragem.

Panorama – Isso significa que esses países estão no limite do que podem produzir?
Kevin Fitzsimmons – Acho que estão próximos desses limites máximos se continuarem a utilizar a tecnologia que utilizam no momento. O único meio que têm para produzir mais é utilizar novas tecnologias.

Panorama – Que tipo de vantagens o Brasil pode ter sobre os demais países?
Kevin Fitzsimmons – Acho que o Brasil pode ser bastante competitivo com relação a outros países produtores. Por outro lado o Brasil tem outra vantagem, principalmente sobre países menores que produzem muita tilápia, que é o fato de poder desenvolver um grande mercado local. Desta forma, entre mercado internacional e mercado local, brevemente o Brasil será um dos principais produtores nas Américas e, em poucos anos, poderá ser um dos maiores produtores de tilápia do mundo.

Panorama – Com relação ao ISTA e ao Rio de Janeiro, onde você se hospedou por quase uma semana, quais foram as suas impressões sobre a Cidade Maravilhosa e o que você gostaria de dizer para aqueles que não a conhecem ainda e pensam em visitá-la na ocasião do ISTA? Sem cerimônias hein !!! (risos)
Kevin Fitzsimmons – Eu achei o Rio de Janeiro um lugar perfeito para receber esse tipo de congresso, com todas as instalações modernas necessárias para atender as necessidades de um evento internacional como este, sem contar que é muito fácil chegar ao Rio de Janeiro vindo de qualquer parte do mundo e, uma vez aqui, não tive problemas em me locomover pela cidade. Obviamente o Rio de Janeiro é muito lindo e o seu cenário faz jus à fama que tem em todo o mundo.

Panorama – Você se sentiu alguma vez inseguro na sua estadia no Rio de Janeiro?
Kevin Fitzsimmons – De jeito nenhum. Eu me senti seguro em todos os lugares. Andei bastante a pé, principalmente por Copacabana e Ipanema, durante o dia e algumas vezes a noite e me senti seguro, com muitas pessoas ao redor sempre muito amistosas e atenciosas. Como em toda cidade grande é preciso saber onde se pode ir. Mas não tive qualquer tipo de problemas durante minha estada na cidade. Ao contrário, me senti seguro e certamente vou trazer minha família durante o congresso.