Com um investimento de cerca de R$ 2,5 milhões, foi inaugurado no dia 19 de outubro, em Extremoz, Região Metropolitana de Natal – RN, o Centro Tecnológico de Aqüicultura (CTA), um empreendimento idealizado para ser um centro difusor de pesquisas desenvolvidas com camarão, peixes, ostras, micro e macroalgas, que beneficiarão toda a cadeia produtiva do setor aqüícola. O CTA se destina também a ser um centro provedor de qualificação profissional, que beneficiará pequenos e grandes produtores do Estado do Rio Grande do Norte, estado escolhido para sediar o centro por ser o maior produtor nacional de camarão e o terceiro do país na produção aqüícola.
O CTA é uma iniciativa do governo do Estado através da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), e fruto de uma parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), que destinou R$ 290 mil para a construção do Setor de Treinamento do CTA, destinado à realização de cursos e programas de capacitação. Os primeiros cursos devem acontecer já no começo do próximo ano, voltados a pequenos produtores aqüícolas.
Referência tecnológica
O novo centro gerador de tecnologia deverá ser uma referência em todo o país, gerando tecnologias que vão beneficiar a qualificação e o desenvolvimento sustentável e inclusivo da carcinicultura nacional, além de outras áreas de cultivo de organismos aquáticos. As pesquisas desenvolvidas no CTA serão públicas, mas em suas instalações também poderão ser executados outros trabalhos para o setor, contratados por particulares.
Para a solenidade de inauguração a governadora Wilma de Faria, contou com a presença dos ministros Sérgio Rezende e Altemir Gregolin, que aproveitou a ocasião para anunciar a construção do Terminal Pesqueiro a ser construído no Porto de Natal e para o qual serão revertidos R$ 12 milhões dos cofres públicos. A expectativa é que o porto comece a ser construído ainda este ano.
Durante a inauguração Wilma de Faria lembrou que, inicialmente, o CTA foi imaginado para atender apenas a carcinicultura, mas que depois o projeto foi ampliado para atender também os produtores de ostras, peixes e algas, que poderão contar com um novo suporte para a organização dessas cadeias produtivas e para o incremento sustentável das atividades. Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão – ABCC, Itamar Rocha, o setor reivindica há tempos a concretização dessa idéia, e espera que as pesquisas que serão desenvolvidas no novo centro ajudem a reduzir custos de produção e que elas acompanhem as necessidades práticas dos viveiros de cultivo. Itamar frisou que o setor precisa estar ancorado em bases tecnológicas, e o melhoramento genético, permitiria a criação de camarões selecionados e livres de doenças. “Esse tipo de estudo tem alavancado a carcinicultura nos países asiáticos”, disse Itamar.
Fase experimental
O CTA divide suas instalações em duas bases. Uma em Extremoz, na Fazenda Samisa, cedida pela UFRN, já funcionando em fase experimental há três meses com aulas práticas, laboratórios para a análise de água, setor de treinamento, viveiros, alojamentos e refeitórios e outra em Natal, onde se encontra o Laboratório de Larvicultura, localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN, na Praia de Areia Preta, que está em fase de conclusão.
O Laboratório de Larvicultura, que produzirá as larvas que serão utilizadas durante o processo de aprendizagem na Fazenda Samisa oferecerá também estágios para os estudantes em formação na UFRN.
Antes mesmo da inauguração oficial o CTA já vem funcionando como sede de estudos para um grupo de pesquisadores, que desenvolvem trabalhos cujos resultados já estão disponíveis para os carcinicultores. Dentre as pesquisas que os técnicos já começaram a desenvolver e que ganharão impulso com a inauguração do centro estão as voltadas para o tratamento das águas residuais dos viveiros de criação de camarão, através do uso de microorganismos, e um estudo que envolve o cultivo de tilápia e camarão de forma consorciada, voltado para a redução dos custos finais de produção. Além desses temas estão sendo estudados o desenvolvimento de tecnologias de fertilização de viveiros de camarão em ambientes hipersalinos; inoculação de microalgas em viveiros de camarão em ambientes hipersalinos, entre outros.
Biodiesel de microalgas
O Centro de Tecnologia em Aqüicultura coloca o Rio Grande do Norte na vanguarda da pesquisa, uma vez que dará suporte também para o estado vir a produzir biodiesel a partir de microalgas. Nos Estados Unidos, as pesquisas a respeito do potencial dessa matéria-prima começaram há cerca de 20 anos, e os resultados foram animadores. A Emparn está desenvolvendo, agora, estudos com o objetivo de descobrir como atingir a produção de biodisel a partir de microalgas em larga escala. O trabalho terá o apoio da Petrobras.