Ludmilla M. M. Kubitza
Médica Veterinária
ACQUA & IMAGEM
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Durante o V ISTA, realizado em setembro/2000 no Rio de Janeiro, Phill Klesius, pesquisador líder do Laboratório de Doenças de Peixes do USDA, em Auburn, Alabama, USA, e John Clark, diretor técnico da Aquafeed Technologies, Manila, Filipinas, discutiram os problemas e prejuízos atribuídos às infecções por Streptococcus no cultivo intensivo de tilápias, com enfoque na intensificação do cultivo deste peixe em países como as Filipinas, Tailândia, Taiwan, Israel e Estados Unidos. Somente neste último país foram mensurados prejuízos anuais ao redor de 150 milhões de dólares devido às infecções de tilápia por Streptococcus iniae.
As informações apresentadas durante o V ISTA chegaram no momento exato em que o cultivo de tilápia no Brasil dava sinais de plena consolidação, com muitos produtores apostando alto neste peixe para a safra de 2000/2001. Nas oportunidades em que tivemos de conversar com John Clark, inúmeras vezes ele frisou a necessidade do Brasil ficar alerta ao problema, antes que a indústria assumisse maiores proporções, em uma predição baseada nas experiências de outros países. E, coincidência ou não, a safra de 2000/2001 foi marcada por consideráveis perdas de tilápia por problemas de doenças, que não ficaram restritos aos períodos de inverno, quando as baixas temperaturas diminuem a tolerância das tilápias aos organismos patogênicos. Desta vez os problemas se agravaram em pleno verão, quando tradicionalmente as doenças em tilápias são pouco freqüentes. Os sinais clínicos registrados em diversas propriedades vinham de encontro aos sinais atribuídos a infecções por Streptococcus. Para nossa surpresa, o Laboratório de Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas da Universidade Estadual de Londrina (UEL) identificou cocos gram-positivos e chegou ao diagnóstico de infecção por Streptococcus em tilápias recebidas de produtores de São Paulo e do Paraná.
Estes diagnósticos e os sinais clínicos registrados nos remeteram a problemas encontrados em anos anteriores, no cultivo de tilápias em tanques-rede em pisciculturas do Paraná e de São Paulo. Com a falta de um diagnóstico microbiológico mais preciso, a qualidade das rações sempre foi o aspecto mais questionado e o ônus, invariavelmente, recaía sobre os fabricantes de alimentos. Ao final do ano passado e início deste ano, acompanhamos de perto a evolução do cultivo em cinco pisciculturas em tanques-rede que usavam o mesmo tipo de ração fornecida por um mesmo fabricante. No mês de novembro de 2000, em uma das pisciculturas começou a ocorrer mortalidade de tilápias, enquanto que nas demais a situação era normal. Nas amostras de peixes enviadas ao laboratório da UEL foi isolado Streptococcus. Fotografias bem ilustrativas dos sinais clínicos foram enviadas para John Clark, que de imediato confirmou que os sinais eram muito parecidos aos que ele tem observado em tilápias infectadas por Streptococcus nas Filipinas. A mortalidade foi crônica e massiva, e se estendeu pelos meses de dezembro e janeiro, mesmo com o empenho feito para o tratamento.
Em fevereiro e março de 2001, quando as mortalidades já haviam diminuído (embora com grandes prejuízos), o problema se repetiu em outra piscicultura, que na oportunidade utilizava duas marcas de ração. No entanto, a mortalidade não foi associada a nenhuma das rações utilizadas. Algumas pisciculturas vizinhas, que usavam rações de outros fabricantes, também apresentaram problemas. Os sinais clínicos novamente pareciam com os sinais de infecção por Streptococcus, que foi confirmada pelo laboratório da UEL após a cultura de material obtido de peixes com sinais da doença.
No mês de abril deste ano realizamos um treinamento junto ao Laboratório de Pesquisa sobre Doenças e Parasitoses de Peixes do USDA, em Auburn, Alabama, USA. Lá pudemos observar peixes previamente infectados por Streptococcus e que apresentavam sinais clínicos muito parecidos aos sinais que observamos em tilápias doentes oriundas de pisciculturas e pesque-pagues de São Paulo.
Além dos casos que acompanhamos de perto, obtivemos relato de outros técnicos e produtores em diversas regiões do país que se depararam com problemas parecidos e sinais clínicos semelhantes aos observados aqui em São Paulo. Desta forma, o presente artigo reúne informações detalhadas sobre os fatores desencadeantes, os sinais clínicos, o diagnóstico e as alternativas de profilaxia e controle da septicemia por Streptococcus em tilápia.
Streptococcus sp.
Existem várias espécies de Streptococcus patogênicas aos animais. O Streptococcus iniae parece ser o de maior importância na aqüicultura. A infecção por Streptococcus é uma das principais doenças no cultivo de tilápias e tem sido observada em indivíduos jovens e adultos. O primeiro registro de infecção destes peixes por Streptococcus foi feito em 1970 e severas mortalidades de tilápias, devido à septicemia por Streptococcus, já foram registradas em diversos países, entre eles Estados Unidos, Israel, Japão, Noruega, Austrália, Espanha, Grã Bretanha, África do Sul, Arábia Saudita, Singapura, Tailândia, Taiwan e Venezuela. Nos Estados Unidos a infecção por esta bactéria também tem sido estudada em outras espécies, como o “striped bass”, a truta arco-íris e o bagre do canal (“channel catfish”).
Características
O Streptococcus é uma bactéria gram-positiva, anaeróbica, com formato de cocos, encontrada em ambientes de água doce, salobra ou salgada. Tem sido isolada do rim, do fígado, do cérebro e dos olhos. O Streptococcus iniae foi isolado em amostras de tecidos de tilápias cultivadas em tanques e com um histórico de infecção por esta bactéria.
Modo de Infecção
Presente em peixes mortos ou vivos (moribundos ou de aspecto sadio), o Streptococcus é liberado na água e pode colonizar a superfície da pele de outros peixes ou, até mesmo, causar infecções invasivas que podem levar a grande mortalidade. Esta bactéria também pode permanecer durante um longo período na água, no lodo ou substrato de tanques e viveiros e, até mesmo, em equipamentos usados nas operações rotineiras (redes, puçás, roupas, tanques de transporte, entre outros).
Em alguns países é comum o uso de peixes ou resíduos de peixes no preparo de rações. Esta prática é uma rota comum na transmissão de Streptococcus. O lançamento dos resíduos do processamento de peixes nos viveiros pode favorecer a disseminação deste patógeno.
Fatores que favorecem a infecção
Condições inadequadas de qualidade da água, má nutrição e manuseio excessivo e grosseiro, aumentam a predisposição das tilápias à infecção por Streptococcus. As septicemias causadas por esta bactéria são mais severas e freqüentes em cultivos intensivos. Em sistemas de recirculação nos Estados Unidos e em Israel, as infecções por Streptococcus e outros agentes patogênicos são freqüentes. A mistura das águas de diferentes tanques facilita a disseminação da bactéria. A elevada estocagem de peixes, além de intensificar o contato entre os peixes, exige o fornecimento de grande quantidade de alimento, o que favorece o acúmulo de resíduos orgânicos nas unidades de produção. Estes resíduos servem como substrato para o desenvolvimento e propagação das bactérias e podem prejudicar a qualidade da água, diminuindo a tolerância dos peixes às infecções por Streptococcus e outros patógenos.
Outro fator agravante nos sistemas intensivos (raceways, sistemas de recirculação e tanques-rede) é o maior risco de distúrbios nutricionais. Nesses sistemas as tilápias não encontram a mesma contribuição do plâncton e outros alimentos naturais comparada ao cultivo em viveiros. Deficiências nutricionais podem aumentar a susceptibilidade das tilápias à infecção por Streptococcus.
Temperaturas elevadas também parecem ser um problema. Embora tilápias sejam peixes tropicais, a elevação da temperatura da água para valores acima de 30oC parece aumentar a predisposição deste peixe à septicemia por Streptococcus, segundo John Clark, em comunicação pessoal. Coincidência ou não, os episódios de mortalidade observados em tanques-rede em São Paulo ocorreram entre o final de novembro e o mês de fevereiro, meses em que se registrou temperaturas máximas na água dos reservatórios e açudes entre 29 a 34oC. Os peixes nos tanques-rede não conseguem evitar estes extremos de temperatura, pois geralmente ficam expostos ao primeiro metro da coluna d’água. As temperaturas elevadas, associadas a outras adversidades encontradas pelas tilápias em tanques-rede (acirrada competição pelo alimento, intenso contato entre os peixes; maior incidência de injúrias físicas e a possibilidade de desbalanços nutricionais) podem acentuar a ocorrência de septicemia por Streptococcus.
É bem provável que a influência das altas temperaturas e de outros fatores sobre a predisposição às infecções por Streptococcus varie em função da espécie, linhagem e híbridos de tilápia.
Sinais clínicos
No Quadro 1 são resumidos os principais sinais clínicos externos e internos observados em tilápias infectadas por Streptococcus. Os distúrbios neurológicos apresentados pelos peixes são atribuídos ao caráter neurotrópico (afinidade pelo sistema nervoso) do Streptococcus. A morte pode vir em uma a duas semanas após a infecção. Anexas ao Quadro 1 podem ser observadas fotografias ilustrativas de alguns destes sinais.
O diagnóstico
Os órgãos indicados para a coleta de material para cultura são: o cérebro (Foto 7 ao lado), o fígado e o rim. Também devem ser coletados materiais das lesões nos olhos e na pele, quando estas forem presentes. O meio de cultivo indicado para o isolamento do Streptococcus é o ágar-sangue, suplementado com 5% de sangue de ovino desfibrinado.
O material coletado deve ser semeado em placas de Petri e incubado a 29 ou 30ºC (em atmosfera que contenha gás carbônico) durante 24 a 48 horas (Phillip Klesius, comunicação pessoal).
A partir das colônias de bactérias desenvolvidas nas placas de Petri (Foto 8 abaixo), devem ser realizados os seguites procedimentos: a) coloração Gram (positivo para Strepto); b) teste da catalase (negativa para Strepto); c) observar o tipo de hemólise (b onde ocorre lise total de eritrócitos); d) prova da hidrólise do amido (positiva para S. iniae); e) prova da hidrólise da insulina (positiva para S. iniae) dentre outras. Maiores detalhes sobre estes e outros procedimentos bioquímicos utilizados para a identificação de Streptococcuspodem ser encontrados no Bergey´s Manual of Determinative Bacteriology (9a. edição, p. 552 a 558).
No Brasil existem laboratórios de microbiologia equipados para a identificação de Streptococcus. Apesar dos técnicos destes laboratórios contarem com pouca experiência no diagnóstico de bactérias em peixes, se forem orientados sobre os melhores tecidos para coleta das amostras, sobre os procedimentos de incubação e os testes bioquímicos adicionais, com certeza poderão chegar ao isolamento do Streptococcus. O laboratório de microbiologia da Universidade Estadual de Londrina (em Londrina, PR) em diversas oportunidades realizou o diagnóstico de Streptococcus em tilápias.
Saúde pública
Infecções por Streptococcus também já foram registradas em seres humanos. O Streptococcus iniae foi considerado agente responsável por infecções na pele de pessoas que manipularam tilápias infectadas por Streptococcus nos Estados Unidos. Esta mesma bactéria foi isolada do sangue de algumas pessoas que apresentavam um quadro clinico de edema (inchaço) e vermelhidão nas mãos e nos braços (inflamação cutânea).
Profilaxia e controle
A adoção de boas práticas de manejo pode auxiliar na prevenção de problemas com Streptococcus. Desta forma, os piscicultores devem: a) ficar atentos para não cometer excessos na densidade ou biomassa estocada; b) utilizar taxas de alimentação compatíveis com o sistema de cultivo, de forma a evitar o acúmulo excessivo de resíduos orgânicos e a deterioração da qualidade da água; c) monitorar e corrigir a qualidade da água; d) proporcionar adequada nutrição aos peixes; e) remover peixes mortos e moribundos dos tanques de cultivo; f) planejar bem as operações rotineiras e as transferências de peixes, de modo a evitar manipulações desnecessárias e grosseiras;
Em pisciculturas onde os problemas com Streptococcus são freqüentes, além da adoção de boas práticas de manejo, algumas medidas profiláticas podem ser utilizadas após o manuseio, transferências e transporte de peixes, como por exemplo a aplicação de banhos de sal na concentração de 2 a 3% por pelo menos 30 minutos (tilápias toleram bem altas concentrações de sal); ou banhos com permanganato de potássio na concentração de 10 mg/l por 20 a 30 minutos.
Até o presente momento, o uso de rações medicadas com antibióticos tem sido a única alternativa de controle da septicemia por Streptococcus. No entanto, este tratamento é pouco eficaz quando o problema é diagnosticado tardiamente. Em casos avançados da doença, os peixes deixam de se alimentar e o tratamento apresenta efeito limitado. Em casos menos severos, a mortalidade diminui com o uso de ração medicada. No entanto, recaídas são comuns algumas semanas após o tratamento.
A oxitetraciclina (TerramicinaÒ) incorporada na ração em doses suficientes para que haja um consumo diário de 50 a 75 mg do antibiótico/Kg de peso, pode ser eficaz no tratamento de septicemia por Streptococcus e outras bactérias. A ração medicada com oxitetraciclina deve ser fornecida durante 12 a 14 dias. Em alguns casos observados em São Paulo, o uso de ração medicada com oxitetraciclina foi pouco eficiente na redução da mortalidade de tilápias, mesmo com os resultados do antibiograma indicando que o Streptococcus era sensível a oxitetraciclina.
Outra opção é o uso de sulfadimetoxazina-ormetoprim (RometÒ-30), incorporada na ração em doses equivalentes a um consumo de 50-75 mg/kg de peso vivo/dia, fornecida durante 5 dias. Este antibiótico foi eficaz no controle de infecções por Streptococcus em tilápias cultivadas em tanques-rede nas Filipinas.
A eritromicina também é um antibiótico aprovado pelo FDA para tratamento de bacterioses em peixes e pode ser usado no controle do Streptococcus. No Japão, o uso oral de EritromicinaÒ na dose diária de 25 a 50 mg/Kg de peso vivo fornecida durante 4 a 7 dias demonstrou ser eficaz no controle do Streptococcus em “yellowtail”. O tratamento recomendado consiste do fornecimento de ração medicada a uma dosagem suficiente para assegurar a ingestão diária de 50 a 100 mg de eritromicina por quilo de peso vivo, durante um período de 10 a 14 dias.
A amoxicilina está sendo avaliada nos Estados Unidos, com atenção especial para o controle da septicemia por Streptococcus no cultivo da tilápia. As doses de amoxicilina recomendadas são de 50 a 80 mg/kg de peso vivo/dia, em tratamento de 10 dias.
O piscicultor deve lembrar que o uso indiscriminado de antibióticos pode acelerar o desenvolvimento de resistência por parte das bactérias. Assim, antes de optar pelo uso de antibióticos para reduzir a mortalidade de peixes no cultivo, o produtor deve primeiro se certificar de que o problema está sendo realmente causado por uma infecção bacteriana. Isto somente pode ser feito por um laboratório especializado. Constatada uma infecção bacteriana, o produtor deve solicitar a realização de um antibiograma para identificar qual antibiótico aparentemente é eficaz no controle da bactéria. A quantidade de medicamento a ser incorporada à ração deve ser ajustada em função da dose diária recomendada, da resposta alimentar dos peixes e da concentração de ingrediente ativo no produto. É muito fácil se confundir nos cálculos. Portanto, solicite auxílio a um profissional experiente para estabelecer a quantidade adequada do medicamento a ser incorporada à ração.
O tratamento deve ser aplicado durante todo o período indicado, sem interrupções, mesmo se os peixes apresentarem sinais de recuperação em poucos dias. O piscicultor deve respeitar o período de carência para vender seu peixe para consumo ou pesca. Este período geralmente é de 21 dias após terminado o fornecimento da ração medicada.
Vale ressaltar que muitas doenças são promovidas por problemas de qualidade da água, má nutrição ou inadequado manuseio dos peixes. Assim, muitas vezes a melhora dos peixes é alcançada somente com a correção destes problemas, sem necessitar o uso de medicamentos. Solicite auxílio a profissionais capacitados para melhor definir as estratégias de prevenção e controle a serem implementadas.
Vacinas
Vacinas para imunização de peixes contra Streptococcus estão sendo desenvolvidas e testadas nos Estados Unidos (comunicação pessoal de Phillip Klesius e Craig Shoemaker) e nas Filipinas (comunicação pessoal de John Clark). Durante o V ISTA houve uma sessão destinada à discussão de problemas com doenças, onde os especialistas mencionados (exceto Shoemaker) apresentaram os resultados de alguns trabalhos de pesquisa sobre vacinas obtidas a partir de bactérias vivas (atenuadas) ou mortas.
Uma vacina preparada com Streptococcus iniae morto foi testada pela equipe de Phillip Klesius em tilápia nilótica com peso entre 25 a 100g. A aplicação foi feita através de injeção intraperitoneal. Trinta dias após a vacinação os peixes foram expostos ao Streptococcus. A vacina suprimiu os sinais clínicos da infecção e reduziu significativamente a mortalidade das tilápias. Em abril deste ano foram acompanhamos alguns ensaios avaliando a eficácia de vacinas para Streptococcus em tilápias e “striped bass” no Laboratório de Pesquisa de Doenças de Peixes do USDA. As vacinas eram preparadas com a bactéria morta e receberam a adição de outros produtos coadjuvantes para a prevenção da bactéria. Cada peixe recebeu uma injeção intraperitoneal com 0,5ml da vacina (Foto 9 abaixo). A maioria dos bons resultados alcançados até o momento com a vacinação preventiva contra Streptococcus ainda estão restritos aos experimentos do laboratório do USDA e aguardam liberação das agências de saúde nos Estados Unidos para começarem a ser aplicadas em condições comerciais. No entanto, a imunização em massa dos alevinos pode ser muito onerosa se a administração da vacina tiver que ser por via injetável.
John Clark apresentou, durante o V ISTA, os resultados de um estudo realizado nas Filipinas onde tilápias de 1 ou 2g foram vacinadas em massa por imersão em água na qual foi adicionada a vacina, ou por via oral, com a vacina sendo incorporada à ração. Os dois métodos de vacinação foram eficazes. Os peixes vacinados apresentaram, após 12 semanas de estudo, uma mortalidade acumulada entre 10 a 15% contra 52 a 68% em peixes não vacinados. Segundo projeções apresentadas pelo especialista, o custo da vacinação variou pode variar entre 4 a 25% do custo dos alevinos, dependendo do tamanho dos mesmos no momento da administração das vacinas (de 0,12 a 2g). John Clark também nos informou que Aquafeed Technologies dispõe de uma vacina comercial que pode ser combinada com imunoestimulantes e administrada via ração. Algo interessante de ser avaliado pelas empresas de ração, contando com o suporte das universidades e instituições de pesquisa e dos produtores de alevinos.
Considerações finais
A septicemia causada pelo Streptococcus continua sendo a doença mais séria no cultivo de tilápias. O tratamento convencional com antibióticos ainda tem demonstrado pouca eficácia no controle das infecções e as vacinas praticamente se encontram em fases de desenvolvimento e testes restritos às instituições de pesquisa.
O Streptococcus parece já estar presente em algumas pisciculturas brasileiras e, em função do intenso fluxo de alevinos e peixes entre diferentes localidades, não é de se duvidar que esteja disseminado em diversas regiões do país. Muito provavelmente esta bactéria já causou prejuízos aos produtores em anos passados. No entanto, com as recentes possibilidades de diagnósticos, os prejuízos atribuídos às infecções por Streptococcus assumem proporções maiores do que se suspeitava.
Como as estratégias convencionais de controle são pouco eficazes, a melhor alternativa é prevenir. Para isto os piscicultores devem utilizar boas práticas de manejo e ficar atentos para estabelecer relações entre a incidência da doença e a tolerância de diferentes espécies, linhagens ou híbridos de tilápia que estejam sendo cultivados na propriedade e na região. Assim será possível identificar fontes de alevinos de espécies ou linhagens aparentemente mais resistente às infecções por esta bactéria.
Os produtores de alevinos e as empresas de ração devem ficar atentos aos resultados e problemas experimentados pelos seus clientes. Devem contar com o apoio de laboratórios capazes de realizar um diagnóstico rápido e preciso desta bactéria, de forma a auxiliar no diagnóstico e controle das septicemias. Também devem cooperar com as instituições de pesquisa em esforços visando avaliar a eficácia de vacinas já desenvolvidas em outros países e disponíveis em caráter experimental e até mesmo comercial.