Universidade Paranaense

Cria Banco de Dados Sobre Parasitos de Peixes


O Prof. Walter A. Boeger, do Depto. de Zoologia da Universidade Federal do Paraná está à frente de um ambicioso projeto para determinar as espécies de monogenoídeos (vermes) que parasitam os peixes cultivados no Brasil que necessita, fundamentalmente, da ajuda dos piscicultores brasileiros. Segundo Boeger, a estratégia é sensibilizar os piscicultores sobre a importância destes organismos para o sucesso econômico dos cultivos e estimulá-los para que remetam exemplares de peixes com suspeitas de estarem sendo parasitados para exames parasitológicos.

VERMES

Monogenoidea (Platyhel-minthes) são, principalmente, ectoparasitos de peixes marinhos e de águas doces, com uma estrutura na extremidade posterior do corpo, o haptor, que é utilizada na fixação destes vermes nos seus hospedeiros. Informações básicas sobre morfologia, sistemática, distribuição e biologia do grupo em diversas regiões biogeográficas, geralmente estão disponíveis, com exceção da América do Sul, paradoxalmente a área com o maior número potencial de hospedeiros (peixes de água doce). Apenas na Amazônia existe aproximadamente 2.000 espécies de peixes. Segundo Boeger, os estudos sugerem que cada espécie de hospedeiro é parasitada por 4 a 5 espécies de monogenoídeos, o que indica a existência de pelo menos 8.000 a 10.000 espécies parasitando os peixes de água doce no Brasil.

Contudo, até o presente momento, apenas cerca de 190 espécies destes vermes foram descritas na região, menos de 2% do total esperado.

Ao serem introduzidos em sistemas de cultivo, muitos monogenoídeos encontram condições ideais para completar seu ciclo vital. A maior densidade de hospedeiros aumenta o sucesso da transmissão e o número de vermes tende a aumentar rapidamente. Nesta situação, mesmo que a patogenicidade do monogenoídeo seja reduzida individualmente, o grande número de indivíduos amplifica seus efeitos negativos sobre o peixe.

No Brasil, algumas mortalidades em cultivos parecem também estar associadas a altas taxas de infestação de dactilogirídeos. Tambaquis encontrados mortos em tanques de cultivo no município de Manaus – AM, apresentavam um grande número de vermes sobre os filamentos branquiais, dos quais todos os tecidos não cartilaginosos haviam desaparecido. Casos como este estão ficando cada vez mais freqüentes na região.

Estes parasitos são difíceis de serem visualizados, mesmo com o auxílio de uma lupa. Infestações de Monogenoidea são, portanto, praticamente invisíveis ao aqüicultor e perdas futuras não são reconhecidas (se reconhecidas) em tempo. A determinação de monogenoídeos como causa-mortis de peixes cultivados é difícil, o que leva, certamente à sub-estimação da importância do grupo. Por exemplo, é comum confundir morte provocada por baixa concentração de oxigênio na água com morte provocada por deficiência respiratória induzida por um grande número de monogenoídeos nas brânquias.

CONTATOS

O objetivo principal deste projeto é criar um banco de dados sobre as espécies de Monogenoidea, que parasitam mais comumente os peixes cultivados no país.

Os responsáveis pelo projeto solicitam aos piscicultores, que entrem em contato com o Depto. de Zoologia da UFPR para saberem como preparar e enviar seus peixes com suspeitas de estarem sendo parasitados. O material coletado e enviado aos executores do projeto será processado e um laudo sobre o estado sanitário dos peixes será emitido, considerando apenas Monogenoidea e outros parasitos.

Os contatos com o Dr. Walter Boeger podem ser dirigidos para o Dep. de Zoologia da UFPR – Caixa Postal 19020 – Curitiba – PR – CEP 83531 -970 – fone: (041) 366-3044 ramal 140/146, fax: (041)-266-2042 e E-mail: [email protected]