Aconteceu, de 27 a 30 de outubro, em Peruíbe, litoral sul de São Paulo, o VII SIMBRAQ – Simpósio Brasileiro de Aqüicultura. Os SIMBRAQs se caracterizam, principalmente, por abrigarem as assembléias que elegem as novas diretorias da ABRAQ – Associação Brasileira de Aqüicultura e por ser uma oportunidade de, a cada dois anos, reunir todos os setores da aqüicultura nacional para um encontro técnico onde são apresentados os frutos das pesquisas nacionais.
Este ano, paralelamente ao VII SIMBRAQ, também chamado de I Encontro Nacional de Aqüicultura, aconteceu o II ABRAPOA – Encontro da Associação Brasileira de Patologia de Organismos Aquáticos.
O VII SIMBRAQ foi coordenado pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo, à frente o seu simpático presidente Dr. Shigeo Watanabe (não confundir com o Dr. Takeshi Watanabe da Universidade de Tókio, muito esperado pelos participantes, mas que não compareceu alegando motivos de saúde e frustrando os que esperavam sua série de quatro palestras programadas).
Mas valeu o esfôrço para os que compareceram. Em todos os quatro dias do SIMBRAQ, realizado em local pouco confortável e debaixo de um forte calor, muitos pesquisadores, estudantes e produtores de peixes, camarões, rãs, mexilhões, ostras e algas, encontraram seus pares e as rodas de conversa só terminaram mesmo no último dia, ao término do evento.
SETOR TÉCNICO
Técnicamente o evento reuniu um excelente time de pesquisadores, estudantes de pós-graduação e alguns produtores do setor. A alimentação de peixes reuniu um time de primeira categoria com pesquisadores das diversas instituições que se dedicam a este trabalho. A mesa redonda sobre o tema, a primeira do SIMBRAQ, trouxe um debate caloroso onde as tendências atuais das linhas de pesquisas ficaram nitidamente expostas. De um lado aqueles que acham importante lançar mão do uso de sub-produtos da agricultura para alimentar peixes, de outro aqueles que propoem estudos aprofundados da fisiologia das espécies cultivadas para elaboração de rações otimizadas para estas espécies, a exemplo do que ocorre nos principais centros produtores mundiais. No calor do debate discutiu-se até a validade do aproveitamento dos resultados das pesquisas realizadas em outros países, com outras espécies de peixes, para os estudos das espécies nacionais. Controvérsias à parte, bom mesmo foi ver que existe uma dinâmica ao redor dos temas, sinal de vitalidade.
Outra mesa redonda reuniu brasileiros e estrangeiros, especialistas em algas marinhas, com destaque para a apresentação dos trabalhos que são realizados no Brasil com os cultivos, de Gracilaria e Hypnea.
A patologia de organismos aquáticos reuniu conhecidos especialistas na área e foram severas as recomendações para que seja elaborada, o mais breve possível, uma poítica para impedir o trânsito livre de animais aquáticos sem que o origem seja conhecidamente isenta de problemas relacionados a patologia. A questão da ictiosanidade foi apresentada como preocupante já que são vários os relatos de problemas em nossas pisciculturas.
A comercialização não foi um tema que chegou a empolgar. Como sempre é um assunto que sempre será mais interessante ouvir as opiniões daqueles que a praticam rotineiramente e conhecem seus detalhes e suas sazonalidades. Como já foi dito o SIMBRAQ reuniu, na sua grande maioria, pesquisadores, técnicos e estudantes, tendo sido reduzida a presença produtores.
PAINÉIS
As sessões de painéis foram o destaque de Peruíbe. Como não houve apresentação oral dos trabalhos científicos, quase todos os 164 trabalhos enviados ao SIMBRAQ foram apresentados em painéis. É claro que não houve tempo suficiente para ler a todos, mas os resumos foram entregues logo no primeiro dia, servindo de cardápio aos interessados, e ficamos todos aguardando a publicação definitiva dos anais. O nível dos trabalhos foi muito bom, com destaque para a turma de pós-graduação da UNESP, que além de apresentar volume, caprichou na qualidade. Desagradável apenas foi a utilização do espaço único para apresentação dos temas, mostra dos painéis e montagem dos estandes, onde os que sempre sairam prejudicandos foram os que tentaram acompanhar as confêrencias e mesas redondas com o burburinho dequeles que visitavam as empresas expositoras e os painéis.
Os estandes montados contaram com a participação da Mogiana Alimentos, com grande material promocional de sua linha de produtos D’aguabi, a ENGEPESCA, também representada pessoalmente por Philip Conolly que, entre as muitas redes de sua linha de fabricação, encantou a todos com a montagem de um tanque-rede em tamanho natural. Presente também a Nortene Plásticos, à frente Rosemiro Silva Jr., mostrando sua linha de telas para ostras e tanques-rede. A IDEADECO também estava presente em estande ao lado do Grupo SOPOUPE que apresentou, pela primeira vez para muitos, as tilápias vermelhas recém chegadas de Israel. A linha de produtos para análise de águas da Alfa Tecnoquímica também pode ser vista. Em outros estandes estavam a ABRAPOA, com sua competente e animada turma e a UNESP de Jaboticabal, bastante responsável pelo bom resultado final do evento.