WAS’96 – E a presença brasileira no encontro de Bangkok

Bangkok abriu suas portas para sediar o mais importante evento da aqüicultura mundial, o WAS ’96 – encontro anual da World Aquaculture Society – Sociedade Mundial de Aqüicultura.

A entidade, para a sua versão 96, contemplou a Tailândia para sediar o evento. Nada mais natural para um país que já é o primeiro exportador mundial de pescado, atingindo em 1995 o montante de US$ 4 bilhões. Os tailandeses, não perderam tempo e aproveitaram a ocasião para mostrar ao mundo que, com trabalho, vontade política e empresários de visão, tudo fica bem mais fácil.

Dentre os sete brasileiros que compuseram a delegação verde-amarela presente em Bangkok, quatro se destacaram pela apresentação de seus trabalhos. Foram eles: Luiz Antonio Gomes (Aquaculture and Fisheries International), que apresentou oralmente na Seção Marine Finfish o tema “Os peixes ornamentais marinhos podem ser propagados comercialmente?”; Antonio Lisboa Nogueira da Silva, da UFRPE, que apresentou na seção de poster, o trabalho “Estudo comparativo sobre modelos de engorda em aqüicultura” em co-autoria com Maria do Carmo G. Rosa e José A. Aleixo da Silva, ausentes ao evento, Mônica Y. Tsuzuki, doutoranda da Tokyo University of Fisheries, que apresentou um trabalho sobre a tolerância de pós-larvas de Penaeus paulensis em diferentes temperaturas, desenvolvido em co-autoria com Ronaldo O. Cavalli e Adalto Bianchini, ausentes em Bangkok Paulo A. M. dos Nascimento da UFSC, que apresentou um trabalho que estabelece relações ente o peso do corpo e o peso do espermatóforo do camarão branco Penaeus schmitti, em co-autoria com Lamartine Richard Jr.

Outros seis trabalhos de brasileiros foram submetidos e aprovados, tendo seus abstracts publicados, mas seus autores não foram a Bangkok apresentá-lo. O restante da delegação foi: Eudes de Souza Correia (UFRPE), Paulo Armando M. Nascimento (UFSC), Marcelo Chammas (Fishtec) e Oscar Luiz Hennig (Nagasaki University). Segundo Marcelo Chammas, a organização do WAS ’96 foi impecável, tanto pela programação técnica como pelas atividades extra-seminário.

O resultado foi um excelente intercâmbio técnico e comercial, principalmente no Seafood Show (feira destinada aos pescados) que, para Chammas, estava primoroso. Além disso, a festa de abertura, a cada ano mais produzida e disputada foi apontada, por unanimidade, como a melhor da história da World Aquaculture Society – WAS.

DESTAQUES

A retomada da produção da carcinicultura marinha em regiões afetadas por doenças, foi um dos grandes destaques de Bangkok, onde foram apresentados novos manejos e tratamentos que vem diminuindo sensivelmente as perdas no cultivo de camarões marinhos.

Destacou-se também a consolidação da piscicultura marinha na região do Mediterrâneo, apesar da queda média de 50% nos preços do peixe gordo nos últimos 10 anos, em conseqüência do aumento da produção.

Outro caso semelhante, que também mereceu destaque no WAS ’96 foi o boom na produção mundial de salmão que provocou uma queda acentuada nos preços internacionais no final de 1995. A situação dos salmonicultores só não ficou pior, porque a sensível diminuição no uso de antibióticos e nos níveis de farinha de peixe nas rações, associado aos avanços no melhoramento genético, geraram reduções significativas no custo de produção. Além disso, nos últimos anos, o preço do smolt (alevino de salmão pronto para ser levado ao mar) caiu 80%. Em Bangkok, as promessas de um “super salmão”, produto de engenharia genética, com um crescimento até 170% maior que as linhagens atuais, agitaram os produtores deste peixe.

HACCP

Nesse encontro, onde a tilápia foi apontada como o peixe do ano 2.000 para aquicultura mundial, iniciaram-se as reuniões de um grupo incumbido de debater a sustentabilidade na aqüicultura, já que as pressões dos órgãos ambientais de alguns países se intensificaram bastante nos últimos anos.

Para os brasileiros, outro tema de grande interesse, foi a adoção da HACCP (Harzard Analysis Critical Control Points ou Análise Aleatória de Controle de Pontos Críticos) como padrão para os exportadores de pescado para a América do Norte, Europa e Japão. Tal fato, inegavelmente, obrigará melhorias nas plantas e nos órgãos de inspeção sanitária dos países interessados em atuar no mercado internacional.

O grande número de trabalhos e palestras, além de uma seção especial sobre patologias de animas aquáticos, veio mostrar que as doenças vão estar cada dia mais presentes na vida do aqüicultor. Não faltaram ao encontro, novos parasitas, vírus e bactérias.

WAS ‘97

Já está agendada a próxima reunião da WAS para 1997. Será realizada em Seattle nos EUA, de 20 a 23 de fevereiro de 1997. Mais uma vez, e pelo segundo ano consecutivo, o comitê organizador da parte cientÍfica da World Aquaculture Society, adotou um trabalho dos brasileiros Sergio Zimmermann e Ema M. Leboute como modelo das normas a serem seguidas para o envio dos trabalhos a serem apresentados em Seattle.

Cinco Anos de Presença Brasileira nos Encontros da World Aquaculture Society - WAS